Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Beatriz Rodovalho (UPJV)

Minicurrículo

    Beatriz Rodovalho é doutora em Estudos cinematográficos pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Atualmente, é professora assistente na Université de Picardie Jules Verne. É também co-coordenadora do ST Outros Filmes na Socine.

Ficha do Trabalho

Título

    Matar os pais: por uma arquivologia emancipatória

Seminário

    Outros Filmes

Resumo

    A partir de arquivos de filmes domésticos divergentes, que perturbam as normas patriarcais, heterossexuais, burguesas e etnocêntricas inscritas nos filmes de família aos quais se dedicam majoritariamente a arqueologia, a arquivologia e a historiografia do cinema amador, esta comunicação propõe questionar a “lei” do Arquivo e o gesto de arquivagem.

Resumo expandido

    A partir de arquivos de filmes domésticos divergentes, que perturbam as normas patriarcais, heterossexuais, burguesas e etnocêntricas inscritas nos filmes de família aos quais se dedicam majoritariamente a arqueologia, a arquivologia e a historiografia do cinema amador, esta comunicação propõe questionar a “lei” do Arquivo e o gesto de arquivagem. Jacques Derrida, examinando as origens do conceito de arquivo, refere-se aos arcontes das cidades gregas: magistrados superiores, eles representavam a autoridade e a lei, e suas moradas eram lugares de poder. Para o arquivo, aliás, essa domiciliação, como escreve Derrida, “marca a passagem institucional do privado ao público”. Nessa “topo-nomologia” do arquivo, essa função árquica, é, como bem sublinha Derrida, patriárquica. Nesse sentido, no caso do arquivo do filme de família, a lei do Arquivo é patriarcal mas também paterna, considerando seu lugar (a casa, e o lar) e sua ordem, seu suporte e sua autoridade. Em Mal de Arquivo, Derrida evoca igualmente Freud e a herança de seu pai e inscreve seu pensamento sobre o arquivo em uma “linha paterna”. O que acontece, então, quando se “matam” os pais? O que acontece quando não há pais e patriarcas no arquivo? Pode-se libertar o arquivo e construir-se uma arquivologia emancipatória?

Bibliografia

    BARON Jamie, The Archive Effect : Found footage and the audiovisual experience of history, Routedge, New York / London, 2014.
    DERRIDA Jacques, Mal d’archive, Paris, Galilée, 1995.
    DERRIDA Jacques, Trace et archive, image et art, INA, Bry-sur-Marne, 2014.
    FARGE Arlette, Le Goût de l’archive, Seuil, Paris, 1989.
    FOUCAULT Michel, L’Archéologie du savoir, Gallimard, Paris, 2014
    FOSTER Hal, « An Archival Impulse », October, no 110, automne 2004, pp. 3-22.
    POLLOCK Griselda, Encounters in the Virtual Feminist Museum: Time, Space, and the Archive, 2007.