Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Alexandre Brasil de Matos Guedes (OSB)

Minicurrículo

    Alexandre Brasil é músico, videoartista e editor de som. Doutor em música pelo PPGM/UFRJ, desenvolveu sua pesquisa na área das poéticas da criação musical e da sonologia. Produz um trabalho em videoarte, objeto de uma exposição individual realizada em 2019 na Galeria Gustavo Schnorr e é músico da Orquestra Sinfônica Brasileira desde 1998. Atua como editor e desenhista de som desde 2012, principalmente no circuito independente e acadêmico.

Ficha do Trabalho

Título

    TIPOLOGIA PRELIMINAR DOS MODOS AUDIOVISUAIS

Resumo

    A proposta parte da observação cotidiana das diversas manifestações do fenômeno audiovisual para propor uma organização segundo modos de imbricação entre regimes de audibilidade e visibilidade. Como numa arqueologia informada pela partilha dos sensíveis luz e som, procurarei oferecer uma tipologia preliminar, segundo os modos de prevalência e relação que se estabelecem entre um e outro. Tal esboço deve, também, considerar os problemas históricos como pano de fundo (ou tela de encobrimento).

Resumo expandido

    TIPOLOGIA PRELIMINAR DOS MODOS AUDIOVISUAIS A PARTIR DAS CLIVAGENS SONORO-LUMINOSAS DE SEUS DISPOSITIVOS
    Esta proposta parte da observação cotidiana das diversas manifestações do fenômeno audiovisual a nossa volta para propor uma organização segundo modos de imbricação entre regimes de audibilidade e visibilidade. Como numa arqueologia informada pela partilha dos sensíveis luz e som, procurarei oferecer uma tipologia preliminar, segundo os modos de prevalência e relação que se estabelecem entre um e outro. Para além do entendimento da forma cinema, da forma vídeo e das demais formas como tem sido abordadas pelas teorias da imagem audiovisual em geral, mas pensando junto com algumas correntes específicas que surgem no âmbito destas teorias, gostaria de aventar, como hipótese, a coisa audiovisual como potência latente e lugar de clivagem, atualizados segundo os recursos técnicos e conforme sua disponibilidade e apresentação. Desta forma, no atual quadro de convergência digital, pode se revelar interessante uma distinção de tipos feita por meio da observação das relações de tensão e reforço entre tudo que, hoje, se produz como imagem nas conjugações entre auto-falante(s) e tela(s).
    A diversidade dos aparatos audiovisuais em nossos dias é grande. Desde modelos emblemáticos surgidos no século XX, como o cinema e a televisão, até as formas aparecidas desde a difusão dos smarthphones, como o Youtube, Instagram e o zoom, passando pelos games e não deixando de reconhecer os aspectos audiovisuais da palavra grafada, é possível e, principalmente, útil organizá-los segundo as formas e relações entre visível e audível? Essa tipificação pode ajudar a compreender ou enriquecer as maneiras como se organizam os conteúdos aurais e visuais? Ou, talvez, após uma primeira e esquemática organização em formas de hierarquização sensorial, sempre suscetível a inúmeras contraprovas, torne-se mais ou menos evidente que a coisa audiovisual, esse locus privilegiado pelo desejo de comunicação humana, revele embates mais pervasivos? Entre cena e discurso, por exemplo?
    Ao definir seu conceito de pós-história, Vilém Flusser localiza uma crise na política, desencadeada pela televisão: na Romênia de 1989, se houve uma revolução, esta não foi política, mas sim nas formas de usar as imagens. No terceiro mundo, mais especificamente no Brasil de hoje, os descompassos entre a história contada e os pulsos da vida se produzem em tantas camadas que parecemos viver num loop sem fim. Talvez uma observação mais atenta às formas de interação entre imagens sonoras e visuais, e aos modos com que ambas se tornam presas dos interesses discursivos, seja um caminho a mais para que possamos entender o importante papel representado pelas imagens em geral e pelas imagens audiovisuais em particular em nosso mundo. O esboço de uma tipologia preliminar de modos audiovisuais deve, também, considerar os problemas históricos como pano de fundo (ou tela de encobrimento).

Bibliografia

    ALLOA, Emmanuel (Org.). Pensar a imagem. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
    ALVIM, Luiza.O campo dos estudos do som no audiovisual, observação como método e áudio-logo-visão: entrevista com Michel Chion, in Revista Brasileira de Música, PPGM/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 33, n. I, jan./jun., 2020, p. 465-486.
    BUHLER, James. Theories of the Soundtrack. Nova York: Oxford University Press, 2019
    CAESAR, Rodolfo. O som como imagem. IV Seminário de Música, Ciência e Tecnologia: Fronteiras e Rupturas. São Paulo: ECA/USP, 2012. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/smct/ojs/index.php/smct/issue/view/6. Acesso em: 28 fevereiro de 2017.
    ELSAESSER, Thomas. Cinema como arqueologia das mídias. São Paulo: edições SESC, 2018.
    FLUSSER, Vilém. Pós-história: Vinte instantâneos e um modo de usar. São Paulo: Annablume, 2011b.
    MONDZAIN, Marie-José. A imagem pode matar?. Lisboa: Nova Vega, 2009.
    PARIKKA, Jussi. What is Media Archeology. Cambridge: Polity Press, 2012.
    STEYERL, Hito. Vamos falar de fasci