Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Lúcia Ramos Monteiro (UFF)

Minicurrículo

    Doutora em estudos cinematográficos pela Universidade Sorbonne Nouvelle Paris 3 e pela Universidade de São Paulo, Lúcia Ramos Monteiro é professora adjunta do curso de cinema da Universidade Federal Fluminense. Realizou pesquisa de pós-doutorado na ECA-USP e na Universidade de Grenoble, com bolsa Fapesp. Atua também como crítica e curadora.

Ficha do Trabalho

Título

    A câmera embarcada e os cinemas amazônicos: simetrias, assimetrias

Seminário

    Cinema Comparado

Resumo

    No âmbito de uma pesquisa em curso sobre os cinemas amazônicos, esta proposta pretende analisar planos filmados com “câmera embarcada”, presentes em uma parte significativa de um extenso corpus, ainda provisório. Se imagens realizadas com câmera embarcada foram incluídas já nos primeiros filmes da/na região amazônica, a apresentação se concentrará em “Iracema” (J. Bodanzky e O. Senna, 1974) e em filmes mais recentes, como “Para ter onde ir” (Jorane Castro, 2016) e “A febre” (Maya Da-Rin, 2019).

Resumo expandido

    No âmbito de uma pesquisa em curso sobre os cinemas amazônicos, esta proposta pretende analisar planos filmados com “câmera embarcada”, presentes em uma parte significativa de um extenso corpus, ainda provisório. Se imagens realizadas com câmera embarcada foram incluídas já nos primeiros filmes da/na região amazônica (como os de Ramon de Baños e Silvino Santos, entre outros), a apresentação se concentrará em “Iracema” (Jorge Bodanzky e Orlando Senna, 1974) e em filmes mais recentes, como “Para ter onde ir” (Jorane Castro, 2016) e “A febre” (Maya Da-Rin, 2019).
    O estudo comparado dos planos de câmera embarcada nesses filmes revela simetrias e assimetrias interessantes, repetições e diferenças significativas. Alguns exemplos de configurações estudadas, a partir da relação entre quem filma e quem é filmado (e a relação da lente do cineasta homem branco com a personagem mulher de origem indígena é um tema central), estão no posicionamento da câmera (da plongée à contra-plongée), na direção do movimento (chegando à cidade ou chegando à floresta), e na localização do plano na integralidade do filme.
    Do ponto de vista metodológico, o interesse pelo estudo comparado se deve menos à busca de uma configuração geral comum a todos os títulos do que ao interesse pelo desenho de configurações singulares, e nesse sentido a referência às propostas de Foucault é fundamental. No campo dos estudos do cinema, os trabalhos de Lúcia Nagib (2005) e Ismail Xavier (2007) são uma fonte de inspiração importante, ainda que não abordem diretamente a questão da câmera embarcada. No caso específico do estudo de “Iracema”, procuro estabelecer diálogo não apenas com o trabalho seminal de Xavier (2004), mas também com leituras mais recentes do filme, por parte de pesquisadoras como Fontinele (2021) e Pacheco (2017), entre outras.
    A pesquisa enfrenta ainda a questão das delimitações, forçosamente indefinidas, do conjunto de filmes que podem ser incluídos na categoria “cinemas amazônicos” (Monteiro, 2020). Para isso, são importantes os trabalhos de Costa (2000; 2006) e Lobato (1987), entre outros.

Bibliografia

    COSTA, Selda Vale da. “Cinema na Amazônia”. Revista História, Ciência, Saúde, vol. VI, set. 2000, p. 1073-1123.
    __________________. “O Cinema na Amazônia e a Amazônia no cinema”. Eptic On-Line (UFS), v. 2, 2006, p. 94-113.
    FONTINELE, N. “Iracema, uma transa amazônica: uma aventura estética de força política inventada em “cinema direto” na Amazônia. C-Legenda, 2021.
    LOBATO, A. L. “Os ciclos regionais de Minas Gerais, Norte e Nordeste (1912- 1939). In: Fernão Ramos (org.), História do Cinema Brasileiro. São Paulo: Art Editora, 1987, p. 65-95.
    MONTEIRO, L. Cinémas amazoniens en temps de lutte. In: Fordlandia/Suspended Spaces. Paris: Les presses du réel, 2020.
    NAGIB, L. A utopia no cinema brasileiro. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
    PACHECO, A. P. “Iracema-74: cinema, malandragem, capitalismo”. Nova Síntese, Portugal, v. 12, 2017. p. 219-236.
    XAVIER, I. “Iracema, o cinema-verdade vai ao teatro”. Devires, v. 2, n. 1, 2004, p. 70-85.
    XAVIER, I. Sertão Mar. São Paulo: Cosac Naify, 2007.