Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Lívia Maria Gonçalves Cabrera (UFF)

Minicurrículo

    Graduada em Ciências Sociais e Cinema e Audiovisual, mestre em Cinema e Audiovisual pelo Programa de Pós Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (PPGCine/UFF). Atualmente é doutoranda pelo PPGCine/UFF com a pesquisa “A constituição da Brasil Vita Filme: a formação de um empresariado nacional entre o modelo studio system, o projeto governamental para o cinema e o diferencial brasileiro” e chefe do Cine Arte UFF, sala de cinema ligada à Universidade.

Ficha do Trabalho

Título

    A PRODUÇÃO DE INCONFIDÊNCIA MINEIRA NOS PERIÓDICOS BRASILEIROS.

Resumo

    A apresentação consiste em uma apresentação e reflexão do mapeamento dos acontecimentos durante os doze anos de produção de Inconfidência Mineira (Carmen Santos 1936-1948). A partir da construção de uma linha do tempo feita com notícias publicadas nos jornais da imprensa carioca, procuraremos acompanhar as realizações e as dificuldades do longa-metragem, procurando entender onde estavam os principais pontos de dificuldade e os motivos para a demora da apresentação do filme.

Resumo expandido

    Inconfidência Mineira foi produzido, escrito, dirigido e estrelado por Carmen Santos, que trabalhou nele de 1936 a 1948, quando finalmente o lançou no circuito encabeçado, no Rio de Janeiro, pelo Cinema Plaza, de propriedade do empresário Vital Ramos de Castro, em 22 de abril de 1948. Houve muita expectativa do público e da imprensa em torno da obra, principalmente pela demora da produção e pelo volume de matérias da imprensa ao longo dos anos, amplamente ilustradas com fotografias que mostravam a ousadia da empreitada de Carmen, sendo uma veterana do cinema brasileiro, tomando a direção para si pela primeira vez, transpondo para a tela um pretensioso filme de reconstituição histórica.
    Segundo informações encontradas na imprensa, Carmen Santos começou a trabalhar no projeto e divulgá-lo em 1936, e desde então foi possível encontrar alguns anúncios da empreitada em jornais e revistas, posto que Carmen Santos sempre conversou muito com a imprensa, principalmente a especializada, como Cinearte e A Cena Muda, divulgando sua imagem, suas ideias e seus projetos. Ana Pessoa (2002) em seu trabalho pioneiro sobre Carmen Santos, mostra como Carmen sabia usar imprensa a seu favor, divulgando seus trabalhos e se mantendo em evidência, encontrando na exposição uma maneira de ser reconhecida enquanto atriz e produtora, abrindo caminhos para colocar em prática seus projetos e a aproximando de nomes importantes que apoiaram suas iniciativas. Ao longo desta pesquisa, veremos quanto a imprensa escreveu sobre o projeto de Inconfidência Mineira e, por não ter passado despercebido esse volume, tal material adquiriu um valor diferenciado, pois forneceu uma extraordinária quantidade de informações acerca do filme, este impossível de ser acessado em sua totalidade nos dias de hoje.
    Com a intenção de mapear os acontecimentos durante os doze anos de produção de Inconfidência Mineira, a proposta desta apresentação é de construir uma linha do tempo a partir das notícias publicadas nos jornais da imprensa carioca. O levantamento em questão foi realizado através de pesquisa realizada na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e complementada com alguns recortes encontrados na Cinemateca Brasileira e Cinemateca do MAM/RJ. O que foi divulgado ao longo da produção em diversos veículos da imprensa, de 1936 a 1947, será utilizado para acompanhar as realizações e as dificuldades pelas quais o longa-metragem passou, procurando entender onde estavam os principais pontos de dificuldade e os motivos para a demora da apresentação do filme. A busca permitiu também levantar alguns dados técnicos da produção e do estúdio da Brasil Vita Filme, o envolvimento de pesquisadores, técnicos e atores, além dos espaços percorridos pela obra e sua produtora, contrastando com alguns dados da produção conhecidos até então.
    Acredita-se que o processo de produção e de recepção da ideia de transpor para o cinema o episódio da Inconfidência Mineira será essencial para a compreensão histórica do filme e as relações sociais, culturais e econômicas estabelecidas com a sociedade do período. No levantamento realizado procurou-se organizar as relações entre pessoas e instituições que permearam o filme e formaram seu contexto de produção, tais como processo de pesquisa, escrita do roteiro, equipe envolvida, valores gastos, etc. Ainda que Carmen seja o grande nome por trás da produção, cinema é criação coletiva, sendo difícil determinar o grau de interferência de cada colaborador na obra. O conjunto de profissionais que trabalham em um filme é também um elemento de grande importância para se compreender o processo de produção do mesmo, pois a equipe foi responsável por executar e organizar os recortes da realidade a partir dos quais será fabricado o “conteúdo visível” da obra cinematográfica. (OLIVEIRA, 2016, p. 134).

Bibliografia

    BERNARDET, Jean Claude. Historiografia clássica do cinema brasileiro: metodologia e pedagogia. São Paulo: Annablume, 1995.
    CABRERA, Lívia M. G. “O maior drama nacionalista do Brasil”: produção, recepção e circulação de Inconfidência Mineira (1936-1948). Dissertação (Mestrado em Cinema e Audiovisual). Niterói, Universidade Federal Fluminense, Instituto de Artes e Conunicação Social, 2020.
    OLIVEIRA, Celso Fernando C. A Sra. Miniver vai ao Brasil: A recepção dos ‘Filmes de Home Front’ na Imprensa do Rio de Janeiro (1942-1945). Tese (Doutorado em História). Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, 2016.
    PESSOA, Ana. Carmen Santos: o cinema dos anos 20. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.
    RAMOS, Fernão & Schvarzman, Sheila. Nova História do Cinema Brasileiro. 1. ed. São Paulo: Edições SESC, 2018. Dois volumes.