Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Fátima Luiza da Silva Santos (UFF)

Minicurrículo

    Formada em Letras/Inglês pela UFPE, mestranda em Cinema e Audiovisual pelo PPGCine/UFF, tutora da Licenciatura em Cinema e Audiovisual da UFF.

Ficha do Trabalho

Título

    Tutoria de “Documentários contemporâneos’: imagens em liberdade

Resumo

    Este trabalho com teor ensaístico apresenta os encontros de Tutoria de “Documentários contemporâneos” da Licenciatura em Cinema e Audiovisual da UFF como uma proposta de transgressão dos limites das imagens impostas por um cânone excludente. A discussão circula ao redor das bases teóricas, da práxis pedagógica e das implicações práticas dos debates estendidos a uma disciplina obrigatória de documentário. Em um momento de ensino remoto os desafios das imagens se tornam ainda mais pertinentes.

Resumo expandido

    A proposta deste trabalho é apresentar os encontros de tutoria de “Documentários contemporâneos” como um desafio das imagens. Primeiro, há uma explicação sobre o Programa de Tutoria em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense enquanto um programa que foca na permanência dos estudantes na graduação, promovendo diferentes atividades coordenadas por tutores que são estudantes da pós-graduação. Em seguida, é apresentado um arcabouço teórico visitado para a proposta dos encontros. Enquanto vivemos em um cenário pandêmico, em que Krenak (2020) vê como uma crise do modo de vida dos humanos distantes da natureza, a educação vive uma transição de crise, em que a adaptação ao Ensino Remoto Emergencial, doravante ERE, impõe limites às práticas pedagógicas ao mesmo tempo que inflama nossos sentimentos enquanto educadores de revisitar a práxis. Paulo Freire já menciona as transições da sociedade brasileira em “Educação Como Prática da Liberdade” (1967) o qual escreve sobre a necessidade de a prática educativa não ser uma ferramenta ou um instrumento utilitário, mas a liberdade do sistema educacional considerando professores e estudantes. Liberdade, palavra-chave esta, que constituiu a base dos encontros: liberdade pensamento, crítica e escolhas. Os encontros eram complementares a uma disciplina obrigatória que tinha como base o livro “Cineastas e Imagens do Povo” de Jean-Claude Bernardet (1985) com imagens do povo brasileiro que recorrem a um imaginário das décadas passadas que são atualmente desafiadas pela exclusão de imagens urgentes de brasis esquecidas pelo cânone cinematográfico. Nessa perspectiva, a construção dos encontros era baseada em documentários contemporâneos realizados por negros, LGBTQIA+, indígens e regionalistas, somados a leituras de textos cuja proposta era a descolonização do pensamento sudestino elitista de temas caros aos estudantes. Quais imagens recorrem na vida daqueles estudantes que emergem de diferentes lugares do Brasil, apresentando suas próprias histórias como vivência na educação? São imagens que se desafiam entre si, convocando debates emergentes e caros à experiência de futuros profissionais formados do audiovisual. As provocações das imagens em tela associadas a encontros com pesquisadores e realizadores trouxe consequências práticas aos trabalhos e futuros debates realizados pelos estudantes. É dentro de toda essa temática que circula esse trabalho. O foco é nas experiências vividas, não nos números, que embora importantes, não traduzem totalmente a qualidade dos debates. O teor ensaístico da apresentação das experiências condiz com a tentativa do trabalho de não seguir metodologias pré-programadas para a pesquisa em Cinema assim como reproduz as vivências de encontros com um tema, porém sem um seguimento quadrado e fechado das discussões. Não é sobre isso? Imagens que ensinam e são ensinadas, debates que são compartilhados e não canalizados, uma educação que é uma prática de liberdade e não um depósito de informação. Quanto mais os alunos forem livres para pensar, perceber, atuar e se reconhecer em qualquer tela que possam enfrentar, mais poderemos enfrentar essa transição com autoconsciência e sem medo.

Bibliografia

    BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Brasiliense, 1985.
    FREIRE, Paulo. Educação Como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
    _____________. Pedagogia do oprimido. 71. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019
    KRENAK, Ailton. O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.