Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Ana Catarina Pereira (UBI)

Minicurrículo

    Ana Catarina Pereira é docente na Universidade da Beira Interior e doutorada em Ciências da Comunicação, na vertente Cinema e Multimedia, pela mesma universidade. É também representante da Faculdade de Artes e Letras na Comissão para a Igualdade da UBI. Investigadora do centro LabCom, é autora dos livros “A Mulher-Cineasta: Da arte pela arte a uma estética da diferenciação”, entre outros. Coordena o GT de Estudos Fílmicos da Sopcom.

Ficha do Trabalho

Título

    Leonor Teles: O autorretrato de uma jovem cineasta portuguesa

Resumo

    “Rhoma Acans” (2012) e “Balada de um batráquio” (2016) são as únicas duas curtas-metragens realizadas por Leonor Teles que, aos 23 anos, era já a mais jovem cineasta a ser premiada em Berlim. Rejeitando o peso da representatividade, dedicou os seus filmes a uma comunidade à qual não pertence, mas que faz parte da sua identidade.

Resumo expandido

    “Rhoma Acans” (2012) e “Balada de um batráquio” (2016) são as únicas duas curtas-metragens realizadas por Leonor Teles que, aos 23 anos, era já a mais jovem cineasta a ser premiada em Berlim. Rejeitando o peso da representatividade, dedicou os seus filmes a uma comunidade à qual não pertence, mas que faz parte da sua identidade. Com ascendência cigana, Leonor Teles não chegaria a receber uma educação tradicional, mas a sua curiosidade documentarista fê-la questionar o que teria sido a sua vida caso a sua mãe fosse também cigana, num exercício de reconstrução da memória do que não viveu. Com a câmara, procura as histórias de disrupção das mulheres da sua família, assumindo-se simultaneamente como fruto dessa contestação e realizadora de um cinema de intervenção, com uma estética minimalista.
    Filmando em super 8, recorrendo a imagens de arquivo e interpelando quem assiste, Leonor Teles é um caso de estudo também pelo facto de os seus filmes identificarem a presença de uma mulher por detrás desta câmara, especialmente atenta à situação da mulher dentro da referida comunidade. Por outro lado, dissertar sobre dois filmes, um deles realizado ainda em contexto académico, e outro numa fase prematura do percurso da jovem, é um exercício de equilíbrio entre as inúmeras expectativas que as distinções em festivais vão criando e a crítica paternalista. A nossa análise partirá, portanto, de uma futura entrevista com a realizadora e centrar-se-á na imagem e na narrativa construída em ambos as obras, dirigindo-se ao percurso posterior da jovem cineasta portuguesa, que mais tarde dirigiu a longa Terra Franca (2018), e que tem colaborado com canais de televisão nacionais.
    Pelo seu percurso também activista, a sua linha de trabalho situa-se no feminismo interseccional, pelo que a analisaremos em diálogo com essa área de estudos.

Bibliografia

    Candau, J. (2008). Mémoire et identité. Paris: Presses Universitaires de France – PUF.
    Candau, J. (1996). Anthropologie de la mémoire. Paris: Armand Colin.
    Collins, P. H. (2000). Black feminist thought: knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. New York: Routledge.
    Foucault, M. (2010). Ditos & Escritos. Vol. V. “Ética, Sexualidade, Política”. 2nd ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
    Hall, S. & Gay. P. (1996). Questions of cultural identity. Thousand Oaks: Sage Publications.
    Pereira, A. C. A mulher-cineasta: da arte pela arte a uma estética da diferenciação. Covilhã, Portugal: Editora LabCom.IFP, 2016.
    Ricoeur, P. (2004). Memory, History, Forgetting. Chicago: The University of Chicago Press.
    Sartre, J. P. (2005). O ser e o nada. Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Petrópolis: Editora Vozes.
    Sen, A. (2007). Identidade e violência. Lisboa: Tinta da China.