Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Lucas Procópio Caetano (UNICAMP)

Minicurrículo

    Graduado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde atualmente desenvolve uma pesquisa de doutorado acerca do gênero horror no cinema. Possui interesse no campo de História e Teoria do Cinema com ênfase no estudo de gêneros cinematográficos.

Ficha do Trabalho

Título

    Rastros de ódio: o horror como representação dos traumas da ditadura

Resumo

    O trabalho discutirá longas-metragens latino-americanos que rememoram as violências sofridas por vítimas das ditaduras nestes países através de elementos estilísticos e/ou temáticos do gênero horror como ferramentas de elaboração dos traumas nacionais causados por tais regimes.

Resumo expandido

    Realizados na chave do realismo e interessados nas reconstituições históricas, os filmes que retratam as ditaduras militares na América Latina são, muitas vezes, calcados no melodrama e parecem se restringir a poucas experiências com outros gêneros cinematográficos. Neste grupo, podemos incluir títulos como Zuzu Angel (Sergio Rezende, 2006), A História oficial (Luis Puenzo, 1985), No (Pablo Larrain, 2012), entre outros.

    Contudo, mais recentemente dois filmes relacionaram o repertório imagético e temático do horror em narrativas que centralizam o trauma das ditaduras: o curta-metragem brasileiro “O segredo da família urso” (Cíntia Domit Bittar, 2014) e o longa-metragem guatemalteca “La Llorona” (Jayro Bustamante, 2020). No primeiro, ambientando durante a ditadura militar brasileira nos anos 1970, uma garotinha descobre no porão de sua casa um homem torturado pelo governo; já no segundo, a família de um ditador guatemalteca, o qual dizimou o povo indígena de seu país, passa a ser assombrada pelos fantasmas daqueles que o patriarca assassinou.

    Segundo Linnie Blake em seu livro “The Wounds of Nations: Horror Cinema, Historical Trauma and National Identity”, as quais as convenções genéricas e subgenéricas do horror possibilitam uma decodificação das memórias traumáticas de eventos históricos chocantes, as quais já se encontram codificadas no imaginário coletivo de determinada nação.

    Isto se daria de maneira potente por conta das ferramentas audiovisuais que o horror fornece aos realizadores para que traumas reprimidos pela memória coletiva ou mesmo pelo apagamento histórico, e, portanto, tido como irrepresentáveis, reemerjam de forma concreta, como espectros e/ou situações que evoquem a violência brutal que marcou estes períodos históricos.

    A partir da análise dos filmes, será discutido de que forma o horror enquanto gênero historicamente é um importante meio de elaboração dos males que permeiam diferentes gerações.

Bibliografia

    Avelar, Idelber. The Untimely Present: Postdictatorial Latin American Fiction and the
    Task of Mourning. Durham, NC: Duke University Press, 1999.

    BLAKE, L. The Wounds of Nations: Horror Cinema, Historical Trauma and National Identity. Manchester University Press, 2008.

    LOWESTEIN, A. Shocking Representation: Historical trauma, national cinema and the modern horror film. Columbia University Press: 2005.

    SELIPRANDY, F. (2015). Documentário e memória intergeracional das ditaduras do Cone Sul. 2018. 377p. Tese (Doutorado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. 2018.