Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Afrânio Mendes Catani (USP; UFF)

Minicurrículo

    Afrânio Catani
    Mestre, Doutor e Livre-Docente em Sociologia (USP). Sócio-fundador e ex-presidente da SOCINE, é professor titular na FEUSP e na UFF. Pesquisador do CNPq. Autor de “A chanchada no cinema brasileiro” (1983, com J. I. Melo Sousa); “A Sombra da Outra: a cinematográfica Maristela e o cinema industrial paulista nos anos 50” (2002); “História do Cinema Brasileiro: 4 ensaios” (2004); “A Revista de Cultura Anhembi (1950-62): um projeto elitista para elevar o nível cultural do Brasil (2009)

Ficha do Trabalho

Título

    “Ribeirinho”: ator, diretor, argumentista, dialoguista e revisteiro

Resumo

    Francisco Carlos Lopes Ribeiro (1911-1984), ator, diretor, argumentista e administrador teatral, fez seu début profissional aos 19 anos em “A Maluquinha de Arroios”, de André Brum (1929), no teatro da Companhia de Chaby Pinheiro. Nos 50 anos subsequentes integrou várias companhias teatrais, atuou, escreveu e dirigiu dezenas de revistas. No cinema atuou em 12 filmes, vários na idade de ouro da comédia portuguesa (anos 1940-1950) e dirigiu o clássico “O Pátio das Cantigas” (1941).

Resumo expandido

    Francisco Carlos Lopes Ribeiro (1911-1984), mais conhecido como “Ribeirinho”, fez um pouco de tudo no teatro e no cinema português enquanto esteve ativo, ao longo de mais de cinco décadas: foi ator, diretor, argumentista, dialoguista, administrador teatral, compôs canções, supervisionou a realização de películas y otras cositas más.

    Pertenceu a uma geração de atores da comédia cinematográfica feita em Portugal nas décadas de 1940 e 1950, cujos expoentes foram Vasco Santana (1898-1958) e António Silva (1886-1971). Reza a lenda que aos 6 anos representou a revista “Tiros Sem Bala”. Entretanto, aos 19 anos fez estreou no teatro da Companhia de Chaby Pinheiro em “A Maluquinha de Arroios” (1929). Desenvolveu exitosa carreira, alternando comédias teatrais, dramas, revistas e cinema (filmou 12 vezes).

    Trabalhou nas companhias Alves da Cunha-Berta Bivar, Luísa Santanela-Estêvão Amarante e maria Matos-Mendonça de Carvalho e, em 1937, fundou a Companhia Comediantes de Lisboa, em parceria com seu irmão, o diretor e produtor António Lopes Ribeiro (1908-1995). No teatro dito comercial – em especial com operetas e revistas -, popularizou-se com o nome de “Ribeirinho”. Já trabalhando como encenador teatral, e contando com o apoio de António Ferro, diretor do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) salazarista entre 1933 e 1949, foi indicado em 1944 para dirigir o Teatro do Povo, De 1947 1949 fez longa turnê pelo Brasil integrando a Companhia António de Macedo-Piero Bernardon. Nos anos 50 dirigiu o Teatro da Mocidade Portuguesa e o Teatro Universitário, ao mesmo tempo em que atuava na Companhia Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro. No final dessa década e ao longo dos anos 1960, capitaneou o projeto itinerante do Teatro do Povo, e foi designado para a direção do Teatro Nacional Popular, tendo aí encontrado, segundo J. Leitão Ramos, “o momento mais alto de sua carreira teatral”, quando encenou e interpretou, “A Espera de Godot”, de Beckett(1960).

    Nos anos 70 tornou-se diretor da Companhia Rafael de Oliveira, trabalhando intensamente em revistas e comédias. Mesmo tendo recebido generosos beneplácitos durante o Estado Novo (1932-1974), sobreviveu artisticamente ao 25 de Abril de 1974 e, em 1977, integrou a Comissão Instaladora do Teatro Nacional, culminando com sua nomeação (1978) no posto de diretor desse local, tendo lá permanecido até 1984, quando faleceu.

    No cinema, a contribuição de Ribeirinho foi mais modesta, se comparada ao seu labor teatral. Seu irmão, António Lopes Ribeiro, um dos produtores mais prolíficos do cinema, rádio e televisão foi, desde praticamente o início de suas atividades profissionais, um cineasta de confiança do salazarismo. Ribeirinho, conforme mencionado antes, atuou em 12 filmes, sendo dirigido 5 vezes por António (“A Revolução de Maio”, 1937; “O Feitiço do Império”, 1940; “O Pai Tirano”, 1941; “A Menina da Rádio”, 1944 e “O Grande Elias”, 1950), ele se auto-dirigiu em “O Pátio das Cantigas” (1941) e quatro outros diretores o fizeram uma vez cada, a saber: Ladislao Vajda (“Três Espelhos”, 1947), João Mendes (“O Costa de África”, 1954), Pedro Martins (“Aqui Há Fantasmas”, 1964) e L. J. Teixeira da Fonseca (“O Diabo Desceu à Vila”, 1979). Foi, ainda, supervisor de “O Costa de África”, argumentista e dialoguista em “O Pátio das Cantigas” e “O Pai Tirano”, além de co-autor dos argumentos de “O Grande Elias”, “O Costa do Castelo” e de “Aqui Há Fantasmas” e de compor música para “O Pátio das Cantigas”.

    Seus maiores êxitos ocorreram em suas atuações nas comédias “O Pátio das Cantigas”, “O Pai Tirano”, “A Menina da Rádio”, “A Vizinha do Lado” e “O Grande Elias” que, embora com participações desiguais, garantiam ao público rir por ao menos uma hora e meia

Bibliografia

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