Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    João Paulo Lopes de Meira Hergesel (PUC-Campinas)

Minicurrículo

    Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Doutor em Comunicação (UAM), com pós-doutorado em Comunicação e Cultura (Uniso). Mestre em Comunicação e Cultura (Uniso) e licenciado em Letras (Uniso), Pedagogia (Sumaré) e Artes Visuais (ETEP). Membro do grupo de pesquisa Entre(dis)cursos: sujeito e língua(gens).

Ficha do Trabalho

Título

    Telenovela infantojuvenil: à procura de um conceito

Resumo

    Como definir o que é telenovela infantojuvenil? Estudos contemporâneos trazem algumas confusões a esse respeito. Neste trabalho, objetivamos avançar na construção de um conceito para o formato, explorando seu histórico e suas características. Para isso, realizamos uma revisão teórica, histórica e empírica. Consideramos, por fim, que se trata de uma narrativa de ficção seriada, pensada para exibição televisiva diária, que enfoca características interessantes a jovens na fase da pré-adolescência.

Resumo expandido

    A produção de ficção televisiva infantojuvenil no Brasil ruma a seu septuagenário, mas pesquisas nesse segmento habitam um território pantanoso. Como exemplo disso, ainda existe uma dúvida primária: como definir o que é uma telenovela infantojuvenil? É sinônimo de infantil? Ou de juvenil? É o formato que abrange tanto um público quanto outro? Estudos contemporâneos trazem algumas confusões a esse respeito: em alguns momentos, o termo “infantojuvenil” parece designar tudo que diz respeito aos menores de idade; em outros, é tratado como equivalente a quaisquer produtos direcionados para a infância.
    No trabalho proposto, objetivamos avançar na construção de um conceito para a telenovela infantojuvenil, explorando o histórico e as características desse formato, de modo interdisciplinar, com o auxílio de teorias advindas da literatura e dos estudos de mídia. Desse modo, propomos a realização de uma pesquisa exploratória e bibliográfica, revisando o estado da arte e desenvolvendo uma exposição crítico-descritiva que contribua para contornar os desafios, especialmente terminológicos, envolvendo este tipo de objeto de estudo.
    Para isso, utilizou-se primeiramente o método da revisão sistemática e bibliométrica, buscando pelo termo “telenovela infantojuvenil” no Google Acadêmico (HERGESEL, 2020a). Na sequência, fez-se a delimitação do estado da arte, expondo de forma geral seu público e suas tendências (HERGESEL, 2020b). Para este trabalho, avançou-se na revisão teórica, histórica e empírica, cruzando informações registradas em livros, artigos científicos e trabalhos publicados em anais de evento.
    No âmbito da literatura, Nelly Novaes Coelho (2000, p. 37) caracteriza o “infantojuvenil” como um segmento de consumidores cuja leitura “segue apoiada pela reflexão; a capacidade de concentração aumenta, […] alargando ou aprofundando seu conhecimento ou percepção do mundo”. Para a autora, nessa faixa etária, centrada na pré-adolescência, “desenvolve-se o pensamento hipotético dedutivo e a consequente capacidade de abstração”.
    No campo dos estudos de mídia, Juliana Doretto (2018, p. 23) demonstra que o termo “infantojuvenil” também aparece como representativo da fase de transição entre a infância e a adolescência, mesclando esses dois públicos. De acordo com a autora, essa nomenclatura é geralmente atribuída a “leitores com 11 ou 12 anos de idade, que têm mais contato com celulares e tablets e o fazem com maior liberdade do que as crianças menores”.
    Embora as produções cinematográficas para crianças e adolescentes tenham se tornado objetos de pesquisa para a ciência brasileira – e.g. João Batista Melo (2011), Mirian Ou (2012) e Luciana Alves Rodrigues (2020) – e que os estudos de telenovela tenham se tornado um campo teórico estável – e.g. Maria Immacolata Vassallo de Lopes, Vera da Rocha Resende e Silvia Helena Simões Borelli (2002), Renata Pallottini (2012) e Maria Lourdes Motter (2013) – é notória a carência de teorias, conceitos e análises que se concentrem em telenovelas cujas temáticas são dirigidas prioritariamente ao público que se situa entre a infância e a adolescência.
    Retomando as ponderações de Nelly Novaes Coelho (2000) e propondo uma transição para os estudos de audiovisual, consideramos que a telenovela infantojuvenil é a narrativa de ficção seriada, pensada para exibição televisiva diária, que enfoca uma ou mais características interessantes a jovens que estão na fase de não se considerarem mais crianças, mas ainda não serem totalmente adolescentes. São exemplos dessas particularidades: presença de heróis e heroínas que lutam pelo que é justo; combinações entre a o apelo à emotividade e o despertar do raciocínio lógico; diálogos relativamente elaborados, ainda que em tom coloquial; identificação com os desafios (sentimentais ou aventurescos) dos personagens inerentes à sua faixa etária; passagens que envolvam mitologia, ficção científica ou investigações; a comunhão da fantasia com o realismo; e a descoberta do amor.

Bibliografia

    COELHO, N. N. Literatura infantil. São Paulo: Ática, 2000.
    DORETTO, J. A participação das crianças no jornalismo infantojuvenil português e brasileiro. FAMECOS, v. 25, n. 1, ID 27327, 2018.
    HERGESEL, J. P. Revisão sistemática e bibliométrica (RSB) como metodologia para os estudos televisivos. In: CONINTER, 9., 2020. Anais […]. Campos dos Goytacazes: UENF, 2020.
    HERGESEL, J. P. O lugar da telenovela infantojuvenil brasileira na pandemia de SARS-CoV-2. In: INTERCOM, 43., 2020. Anais […]. São Paulo: Intercom, 2020.
    LOPES, M. I. V.; RESENDE, V. R.; BORELLI, S. H. S. Vivendo com a telenovela. São Paulo: Summus, 2002.
    MELO, J. B. Lanterna mágica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
    MOTTER, M. L. Ficção e realidade. São Paulo: Alexa Cultural, 2013.
    OU, M. Poética do cinema infantil brasileiro. Dissertação – UFSCar, São Carlos, 2012.
    PALLOTTINI, R. Dramaturgia de televisão. São Paulo: Perspectiva, 2012.
    RODRIGUES, L. A. A poética da infância no cinema. Dissertação – UFG, 2020.