Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Belisa Brião Figueiró (UFSCar)

Minicurrículo

    Mestre em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutoranda em Ciência, Tecnologia e Sociedade, na mesma instituição. Autora do livro Coprodução de Cinema com a França: Mercado e Internacionalização (Editora Senac São Paulo, 2018). Foi produtora de informação e imagem do Programa Cinema do Brasil/Apex-Brasil e editora assistente da Revista de Cinema. É professora do Centro Universitário Barão de Mauá.

Ficha do Trabalho

Título

    O Brasil em Cannes (1966-1969): políticas do INC e o apoio da França

Seminário

    Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência

Resumo

    Esta comunicação analisa as primeiras tentativas de políticas de internacionalização por meio do Instituto Nacional de Cinema (INC). O objetivo é compreender até que ponto essas medidas contribuíram para a difusão dos filmes brasileiros no Festival de Cannes, entre 1966 e 1969, e quais eram as condições desse apoio. Também examinaremos a influência dos críticos e curadores franceses na inserção dessas obras no festival, abordando as entrevistas realizadas com Sylvie Pierre e Pierre-Henri Deleau.

Resumo expandido

    Os festivais internacionais de cinema se tornaram as maiores vitrines para os filmes de autor realizados no Brasil, nas últimas seis décadas. No escopo da internacionalização brasileira, o alcance a essas mostras esteve presente entre as prioridades dos produtores e cineastas, não raras vezes estimulados pelas próprias políticas públicas voltadas para o setor, sobretudo neste começo do século XXI. Ao mesmo tempo, a circulação das obras no circuito comercial de salas de cinema dos mais diversos países ficou em segundo plano, embora as coproduções internacionais tenham se intensificado a partir de novas medidas e incentivos por parte das autoridades cinematográficas brasileiras. Em outras palavras, a difusão e a promoção dos filmes se sobrepuseram à exportação e à distribuição no exterior, historicamente, investindo-se mais na inserção dessas obras nas telas dos festivais do que propriamente no amplo acesso dos mais diversos públicos (FIGUEIRÓ, 2018).

    Nesta pesquisa, o foco do estudo recai sobre o Festival de Cannes, considerado o maior festival de cinema do mundo no que se refere à escala de visibilidade para os filmes que lá estreiam, ampliando as possibilidades de prestígio diante da crítica e de distribuição para os mais diversos países (VALCK, 2006). A partir de um mapeamento dos longas-metragens brasileiros que foram selecionados e premiados, a tese investiga se os esforços concentrados na produção de filmes de autor resultaram na seleção para o festival, se houve premiações capazes de impulsionar uma difusão para outros festivais ou mesmo a comercialização para outros territórios, e quais foram as ações pontuais de promoção e divulgação.

    Para esta comunicação, examinaremos especialmente o período de 1966 a 1969, o qual abarca as primeiras tentativas de políticas de internacionalização por meio do Instituto Nacional de Cinema (INC). Ou seja, o objetivo é compreender até que ponto essas medidas contribuíram com a difusão dos filmes brasileiros no Festival de Cannes e quais eram as condições desse apoio. Até o presente momento, foi possível analisar de que forma os cineastas do Cinema Novo driblaram a censura oficial e recorreram a outros meios para alcançar a participação não apenas na Competição Oficial, mas também na mostra paralela Quinzena dos Realizadores, cuja primeira edição ocorreu com ampla exibição de filmes brasileiros.

    O capítulo relacionado a este período conta com duas entrevistas exclusivas já realizadas por esta autora: uma com a crítica francesa Sylvie Pierre; e a outra com o fundador da Quinzena dos Realizadores, Pierre-Henri Deleau. Para esta comunicação na Socine, pretende-se apresentar os primeiros detalhes dessas conversas.

    Em última análise, vale destacar que os estudos sobre a participação do Brasil em festivais internacionais ainda é um recorte pouco explorado na historiografia cinematográfica. Nessa perspectiva, este trabalho igualmente se dedica a entender melhor como o filme brasileiro é difundido no exterior, considerando a presença ou a ausência do apoio oficial das diferentes instituições e órgãos responsáveis pelo fomento, regulação, promoção e difusão.

Bibliografia

    BENTES, Ivana (Org.). Glauber Rocha: Cartas ao mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

    FIGUEIRÓ, Belisa. Coprodução de cinema com a França: mercado e internacionalização. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018.

    FIGUEIRÔA, Alexandre. Cinema Novo: A onda do jovem cinema e sua recepção na França. Campinas: Papirus, 2004.

    PIERRE, Sylvie. Glauber Rocha: textos e entrevistas com Glauber Rocha. Campinas: Papirus, 1996.

    RAMOS, Fernão Pessoa. A ascensão do novo jovem cinema. In: ____; Schvarzman, Sheila. (Orgs.) Nova História do Cinema Brasileiro. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018. v.2.

    RAMOS, José Mário Ortiz. Cinema, Estado e Lutas Culturais. São Paulo: Paz e Terra, 1983.

    ROCHA, Glauber. Revolução do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

    SIMIS, Anita. Estado e cinema no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2015.

    VALCK, Marijke de. Film festivals: History and theory of a European phenomenon that became a global network. Universiteit van Amsterdam. 2006.