Ficha do Proponente
Proponente
- Belisa Brião Figueiró (UFSCar)
Minicurrículo
- Mestre em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutoranda em Ciência, Tecnologia e Sociedade, na mesma instituição. Autora do livro Coprodução de Cinema com a França: Mercado e Internacionalização (Editora Senac São Paulo, 2018). Foi produtora de informação e imagem do Programa Cinema do Brasil/Apex-Brasil e editora assistente da Revista de Cinema. É professora do Centro Universitário Barão de Mauá.
Ficha do Trabalho
Título
- O Brasil em Cannes (1966-1969): políticas do INC e o apoio da França
Seminário
- Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência
Resumo
- Esta comunicação analisa as primeiras tentativas de políticas de internacionalização por meio do Instituto Nacional de Cinema (INC). O objetivo é compreender até que ponto essas medidas contribuíram para a difusão dos filmes brasileiros no Festival de Cannes, entre 1966 e 1969, e quais eram as condições desse apoio. Também examinaremos a influência dos críticos e curadores franceses na inserção dessas obras no festival, abordando as entrevistas realizadas com Sylvie Pierre e Pierre-Henri Deleau.
Resumo expandido
- Os festivais internacionais de cinema se tornaram as maiores vitrines para os filmes de autor realizados no Brasil, nas últimas seis décadas. No escopo da internacionalização brasileira, o alcance a essas mostras esteve presente entre as prioridades dos produtores e cineastas, não raras vezes estimulados pelas próprias políticas públicas voltadas para o setor, sobretudo neste começo do século XXI. Ao mesmo tempo, a circulação das obras no circuito comercial de salas de cinema dos mais diversos países ficou em segundo plano, embora as coproduções internacionais tenham se intensificado a partir de novas medidas e incentivos por parte das autoridades cinematográficas brasileiras. Em outras palavras, a difusão e a promoção dos filmes se sobrepuseram à exportação e à distribuição no exterior, historicamente, investindo-se mais na inserção dessas obras nas telas dos festivais do que propriamente no amplo acesso dos mais diversos públicos (FIGUEIRÓ, 2018).
Nesta pesquisa, o foco do estudo recai sobre o Festival de Cannes, considerado o maior festival de cinema do mundo no que se refere à escala de visibilidade para os filmes que lá estreiam, ampliando as possibilidades de prestígio diante da crítica e de distribuição para os mais diversos países (VALCK, 2006). A partir de um mapeamento dos longas-metragens brasileiros que foram selecionados e premiados, a tese investiga se os esforços concentrados na produção de filmes de autor resultaram na seleção para o festival, se houve premiações capazes de impulsionar uma difusão para outros festivais ou mesmo a comercialização para outros territórios, e quais foram as ações pontuais de promoção e divulgação.
Para esta comunicação, examinaremos especialmente o período de 1966 a 1969, o qual abarca as primeiras tentativas de políticas de internacionalização por meio do Instituto Nacional de Cinema (INC). Ou seja, o objetivo é compreender até que ponto essas medidas contribuíram com a difusão dos filmes brasileiros no Festival de Cannes e quais eram as condições desse apoio. Até o presente momento, foi possível analisar de que forma os cineastas do Cinema Novo driblaram a censura oficial e recorreram a outros meios para alcançar a participação não apenas na Competição Oficial, mas também na mostra paralela Quinzena dos Realizadores, cuja primeira edição ocorreu com ampla exibição de filmes brasileiros.
O capítulo relacionado a este período conta com duas entrevistas exclusivas já realizadas por esta autora: uma com a crítica francesa Sylvie Pierre; e a outra com o fundador da Quinzena dos Realizadores, Pierre-Henri Deleau. Para esta comunicação na Socine, pretende-se apresentar os primeiros detalhes dessas conversas.
Em última análise, vale destacar que os estudos sobre a participação do Brasil em festivais internacionais ainda é um recorte pouco explorado na historiografia cinematográfica. Nessa perspectiva, este trabalho igualmente se dedica a entender melhor como o filme brasileiro é difundido no exterior, considerando a presença ou a ausência do apoio oficial das diferentes instituições e órgãos responsáveis pelo fomento, regulação, promoção e difusão.
Bibliografia
- BENTES, Ivana (Org.). Glauber Rocha: Cartas ao mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
FIGUEIRÓ, Belisa. Coprodução de cinema com a França: mercado e internacionalização. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018.
FIGUEIRÔA, Alexandre. Cinema Novo: A onda do jovem cinema e sua recepção na França. Campinas: Papirus, 2004.
PIERRE, Sylvie. Glauber Rocha: textos e entrevistas com Glauber Rocha. Campinas: Papirus, 1996.
RAMOS, Fernão Pessoa. A ascensão do novo jovem cinema. In: ____; Schvarzman, Sheila. (Orgs.) Nova História do Cinema Brasileiro. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018. v.2.
RAMOS, José Mário Ortiz. Cinema, Estado e Lutas Culturais. São Paulo: Paz e Terra, 1983.
ROCHA, Glauber. Revolução do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
SIMIS, Anita. Estado e cinema no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2015.
VALCK, Marijke de. Film festivals: History and theory of a European phenomenon that became a global network. Universiteit van Amsterdam. 2006.