Programação completa de trabalhos 2025

 
 

01/10


CI 14: Lounge cuir: aperitivos e drink de boas vinda

01/10 às 9h00
A criança cuir cresceu
Diego Paleólogo Assunção (UERJ)VINICIOS KABRAL RIBEIRO (UFRJ)
Esta proposta nasce de uma constelação de ensaios sobre infâncias cuirs e memórias visuais. Investiga, por meio de um vídeo-ensaio, como a frase “a criança cuir cresceu” mobiliza fabulações do presente. A partir de autoetnografias e imagens do cinema e da TV, busca-se mapear repertórios afetivos e estéticos que moldaram desejos e agências. A infância cuir, aqui, não é universal, mas gesto político de ruptura, permanência e reinvenção diante do mundo.
Investigando sensorialidades cuir no audiovisual brasileiro dos anos 1970 e 1980
Erly Milton Vieira Junior (UFES)
Entendendo as sensorialidades cuir como experiências derivadas de modos de engajamento sensório que conectam intimamente corpos filmados e espectatoriais LGBTQIAPN+, busca-se aqui investigar suas possibilidades num contexto audiovisual brasileiro anterior às imagens hápticas e câmeras-corpo contemporâneas. Serão abordados filmes como Onda nova, A mulher que inventou o amor e Anjos da noite, além de videoclipes e vídeos experimentais, para mapear os modos de engajamento recorrentes no período.
Leona Vingativa: histórias cuir da videoarte
Beatriz Morgado de Queiroz (VIS IDA UNB)
Acolhida no elástico abrigo experimental da Tenda Cuir que será erguida em solo amazônico, proponho uma conversa-acontecimento com a artista paraense Leona Vingativa sobre o lugar do vídeo em sua produção artística. Deste modo, buscaremos questionar a historiografia oficial do videoarte no Brasil, a partir de um olhar que incorpore tanto os estudos ampliados sobre audiovisual quanto as estéticas “cuir” e periféricas.

ST Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual – Sessão 1

01/10 às 9h00
O Plágio de Spielberg? A Children’s Film Foundation como precursora do Suburbanismo Fantástico
PEDRO ARTUR BAPTISTA LAURIA (UFF)
O presente trabalho propõe a análise de três desses filmes. Os média-metragens Supersonic Saucer (1956), Kadoyng (1973) e The Glitterball (1977), produzidos pela Children’s Film Foundation, uma organização sem fins lucrativos que fazia filmes infantis para TV britânica. Os três precederam os elementos semânticos, sintáticos, estéticos e narrativos de E.T. – O Extraterrestre (1982) – e trazem novos olhares para as origens do suburbanismo fantástico e ampliam os debates sobre suas influências.
A bruxaria infantil como motriz do rearranjo familiar em A Sombra do Pai, de Gabriela Amaral Almeida
Rafael Oliveira Carvalho (UNEB)
Propormos uma leitura sobre a figura arquetípica da bruxa a partir da protagonista infantil do filme A Sombra do Pai (2018), dirigido por Gabriela Amaral Almeida. Mais do que enquadrá-la no arquétipo feminino da bruxaria e mesmo redimensioná-lo, a partir das capacidades sobrenaturais e mágicas apresentadas pela garota, nos interessa entender como essa posição assumida pela criança agencia um desejo de rearranjo familiar, ainda que pela aceitação do macabro.
A infância como território do insólito: trauma e amadurecimento em Dorm: O Espírito (2006)
Pedro Henrique Alves Silva (UFF)
O estudo analisa como Dorm: O Espírito (Songyos Sugmakanan, 2006) utiliza elementos do insólito para representar experiências infantis. Apoiando-se nos conceitos de liminaridade e do fantástico, a pesquisa examina como o filme tailandês posiciona crianças como agentes ativas frente ao sobrenatural, transformando o elemento fantasmagórico em memória de traumas infantis. O estudo contribui para a compreensão do horror infanto-juvenil e amplia perspectivas sobre produções não-ocidentais.

ST (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências – S1 Cinemas e Audiovisual Femininos Negros

01/10 às 9h00
Cineastas negras no centro-oeste do Brasil: políticas de coletividade e pertencimento além das telas
Ceiça Ferreira [Conceição de Maria Ferreira Silva] (UEG)
A partir do legado de pioneiras e de contextos de ascensão e visibilidade propiciados por políticas públicas de expansão das universidades, como a criação de cursos fora do eixo Rio-São Paulo, a formulação de ações afirmativas direcionadas para o setor e a emergência de coletivos de profissionais negros e negras, é que este trabalho apresenta um breve panorama da produção audiovisual feminina negra no centro-oeste do país.
Contra-realismos antirracistas no audiovisual feminista contemporâneo
Karla Bessa (Unicamp)
Nesta apresentação proponho uma análise do episódio Mancha, da série Histórias Impossíveis (2022). Idealizada, escrita e dirigida por um time de criadoras negras e indígenas, as Histórias impossíveis apresentam o que Rosalind e Schoonover denominam de imaginários anticoloniais, queer e afrocentrados. Destaco no episódio o modo como as tensões e conflitos raciais e sociais são abordadas na clássica relação entre patroa/empregada, dentro de uma proposta estética que aproximo do contra-realismo.

CI 22: Crítica cinematográfica no brasil: arquivos, vozes e representações

01/10 às 9h00
A voz de Carlos Vieira em Imagem, Filme e Celulóide: notas da história da crítica cineclubista
Pedro Plaza Pinto (UFPR)
O trabalho de agentes do cineclubismo e das cinematecas foi determinante para a circulação em Portugal de pautas e fatos relacionados com a cultura cinematográfica brasileira. De certo modo, mostrou a vitalidade da crítica antes do impacto de filmes na primeira metade dos anos 1960. A presença de Carlos Vieira é utilizada como fio da meada para o estudo das contradições do processo histórico deste prolongamento da crítica brasileira e do cineclubismo para revistas especializadas portuguesas.
Gilka Machado e a coluna “Cine-Rio” (1918): crônicas de cinema da jovem poeta
Luciana Corrêa de Araújo (UFSCar)
Em 1918, depois de ter publicado dois livros de poemas que chamaram a atenção tanto pela qualidade literária quanto pela carga erótica, a poeta Gilka Machado assinou entre os meses de março e abril a coluna diária “Cine-Rio”, no Rio-Jornal. Nos textos, o que se destaca é a experiência de ir ao cinema – incluindo não só os filmes, mas sobretudo os comentários e reações de personagens (reais e inventados) e da própria Gilka, em abordagens próximas ao estilo simbolista e sensual de sua poesia.
Entre Xica e Zezé: arquivos e performances em Xica da Silva (1976) de Cacá Diegues
Gustavo de Oliveira Brandão (UFBA)Davi Miguel de Souza Santos (UFBA)Eduarda caroline Borges dos Santos (UFBA)
Analisamos como críticas arquivísticas ao filme Xica da Silva (1976) constroem a performance de negritude de Zezé Motta. A partir de jornais e revistas das décadas de 1970 e 1980, exploramos como sua atuação foi evocada, reforçando sua imagem como sex-symbol em um Brasil que sustentava o mito da democracia racial. Com base em Taylor (2013) e Sharpe (2023), investigamos os vestígios da escravidão na recepção da performance da atriz, evidenciando tensões entre exclusão e visibilidade.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 1 Manifestos e análises no documentário latino-americano

01/10 às 9h00
Por um olhar feminista aos manifestos do Nuevo Cine Latinoamericano
Renata Masini Hein (UFF)
A comunicação pretende apresentar a hipótese da nossa tese de doutorado, em seu atual estado de desenvolvimento. Buscaremos defender que as mulheres cineastas, ainda que a princípio não tenham escrito manifestos dentro do contexto do Nuevo Cine Latinoamericano, certamente os filmaram.
(In)visibilidades do documentário social/militante de Dolly Pussi
Cristina Alvares Beskow (UNICAMP)
Dolly Pussi (1938-2022) foi uma documentarista do Nuevo Cine Latinoamericano. Apesar da pouca projeção, dirigiu os curtas-metragens El hambre oculta (1965), Pescadores (1968), Operativo Estanislao Lopez (1973) e Historia argentina: la nación desmembrada (1973), em meio às turbulências políticas e ditaduras militares na Argentina. Esta apresentação analisará as (in)visibilidades destes documentários sociais e militantes, buscando refletir sobre os apagamentos das cineastas mulheres do período.
A temática “civil-militar” no documentário chileno contemporâneo sobre a ditadura
Ignacio Del Valle Dávila (UNICAMP)
No documentário chileno, a partir de 2010, observa-se um auge de produções relacionadas à responsabilidade de civis na ditadura. O interesse por essa temática surge como resposta à vitória da direita em 2010 e à chegada ao poder de ex-colaboradores da ditadura. Coincide também com a introdução do conceito de ‘ditadura civil-militar’ no Chile. Para analisar o fenômeno, estudarei a representação do civil-militar nos documentários El mocito (2011), El pacto de Adriana (2017) e Chicago Boys (2015).

CI 42: Circuitos, produção e distribuição: ecossistemas audiovisuais regionais e novas lógicas de mercado

01/10 às 9h00
SALCINE E BAHIA FILMES: Interfaces com a produção independente no ecossistema audiovisual baiano
KÁTIA MORAIS (UNEB)
O objetivo deste artigo é discutir o desenho do ecossistema audiovisual baiano a partir da entrada da Salcine e da Bahia Filmes articulados ao segmento de produção independente. Em especial, busca-se observar o potencial desses novos agentes em promover movimentações no segmento das produtoras e que lógicas parecem mobilizar essas interações. A análise se apoia em publicações da Ancine, da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado da Bahia, além de notícias publicadas na imprensa.
Cine Passeio e a festa do Oscar 2025.
Tamara Fernanda Carneiro Evangelista (UNESPAR)
O presente artigo aborda o Cine Passeio – único cinema de rua com circuito comercial em funcionamento, em Curitiba –, trazendo uma análise de alguns dos eventos culturais, junto à sua programação regular ofertada, como uma forma de engajar o público a frequentá-lo. O recorte para esta comunicação são as exibições das temporadas de premiações de 2025, mais especificamente, o Oscar e o Globo de Ouro. A pesquisa pode ser classificada como documental e bibliográfica de caráter teórico-prático.
A Comunidade de Espectadores: a Política da Distribuição Colaborativa de Cinema
Anastasia Lukovnikova (UNL)
A pesquisa explora a experiência de ir ao cinema como uma prática comunitária, baseando-se nas ideias de Rancière sobre o espectador emancipado e na teoria performativa de assembleia de Butler. Examina o potencial político da comunidade de espectadores, conforme se revela nas modalidades de distribuição colaborativa. Refletindo sobre a política representacional, questiona quem tem o direito de aparecer no ecrã e na sala de cinema e analisa as dinâmicas de poder entre os curadores e os públicos.

CI 18: Cinema e formação comunitária

01/10 às 9h00
Formação Clandestina de Cinema
Daniele Santos Santana (UniRio)Agnes Aparecida Santos (UFRGS)
A Formação Clandestina é uma das atividades desenvolvidas pelo Coletivo Clandestina e tem por objetivo oferecer cursos sobre a contribuição feminina no cinema, com o propósito de evidenciar a história das mulheres no cinema brasileiro e, em especial, no cinema goiano.
Manejar as imagens: um olhar metodológico junto a filmes e processos em contextos comunitários
Leonardo Mont’Alverne Câmara (Sem vínculo)
Este trabalho surge de uma pesquisa sobre a produção audiovisual realizada por jovens em contextos de formação comunitários no interior do Ceará. Interessa-nos pensar como os processos de criação com as imagens se entramam às reivindicações identitárias e coletivas de um território, fazendo da prática audiovisual exercício de aprendizagem, fabulação e agência política. No seminário, analiseremos os filmes Taba dos Anacé (2019) e Reino da Encantaria (2023), realizados por jovens indígenas Anacé.
Cartas e Sonhos de Linharinho
Marcia T Medeiros (UFF)
O Projeto Cinequilombola é inspirado no projeto Revelando os Brasis e na Pedagogia do Dispositivo.
Na comunidade de Linharinho, no Espírito Santo, o projeto realizou dois curta metragens: Jangolá (2023) e Sonhos (2024)
Os filmes foram realizados a partir de dois dispositivos de criação distintos: cartas e sonhos.
Quais os efeitos dessa diferença nos processos de subjetivação e na linguagem audiovisual ?

ST Histórias e tecnologias do som no audiovisual – Sessão 1

01/10 às 9h00
Ao som de um buraco negro: processo de criação de trilha sonora integrada em A noite amarela
Ian Costa Cavalcanti (UFCG)
O presente trabalho investiga a construção da trilha sonora integrada do filme A noite amarela (Ramon Porto Mota, 2019), processo colaborativo baseado na formulação de conceitos abstratos para composição musical que acaba por desembocar em uma simbiose entre música e desenho de som. Para tanto, este estudo faz uso de análise fílmica e do espectro sonoro, apoiados no conteúdo de correspondências trocadas entre a equipe da obra durante o processo de pós-produção.
Estranho Fruto: Nina Simone, narrativa policial e racismo
Lucas Ravazzano de Mattos Batista (UFBA)
O presente trabalho visa analisar uma cena de um episódio da série Cold Case a partir do uso da canção Strange Fruit de Nina Simone na cena. O trabalho parte na noção de biografia social da canção para demonstrar como a canção foi usada como protesto ao racismo, articulando esse histórico com os temas do episódio. A análise também levará em conta a noção de copaganda e como séries policiais criam uma visão positiva sobre a polícia e sua relação com minorias, mesmo que não reflita a realidade.
Música clássica e cinema autoral francês contemporâneo: recorrências e tecnologia
Luíza Beatriz Amorim Melo Alvim (USP)
Apresentamos os resultados do uso de música clássica ocidental em 51 filmes franceses selecionados a partir dos festivais de Cannes, Veneza e Berlim dos anos 2010. A tecnologia digital facilita o controle dos cineastas sobre a música. Há concentração de repertório antigo (Bach, Vivaldi e Mozart), mas também música minimalista de Philip Glass e Arvo Pärt. Esteticamente, a música clássica é usada como pontuação, em momentos-chave e no clichê de sua associação a classes abastadas e intelectuais.

CI 8: Territórios, conflitos e cosmovisões

01/10 às 9h00
Martírio (2016) vai à Comissão de Agricultura: quem é “índio” e quem é “brasileiro”?
Carlos Eduardo da Silva Ribeiro (UFSM)
Analisamos uma cena de Martírio (Vincent Carelli, 2016) na Câmara dos Deputados, na qual ocorre uma discussão oficial acerca da demarcação de territórios indígenas. Nos detemos, contudo, em uma discussão menor e concomitante, que se passa às margens da sala: indígenas e ruralistas acusam uns aos outros de “falsos brasileiros” e “falsos índios”. Buscamos compreender como o desentendimento dá a ver mais do que uma divergência entre modos de identificação, mas entre cosmovisões.
Metodologia da terra: uma análise territorializada de Zawxiperkwer Ka’a-Guardiões da Floresta (2019)
Rodrigo Wallace Cordeiro dos Santos (UFMG)
Este trabalho pretende trazer uma análise territorializada do documentário Zawxiperkwer Ka’a – Guardiões da Floresta (2019). A partir de uma pequena vivência na Terra Indígena Caru, no estado do Maranhão, pretendo trazer elementos presentes no território e apresentados por um dos cineastas do documentário, Jocy Guajajara
Imagens da Amazônia: marcas da exploração do território no documentário nacional
JANAINA WELLE (UNICAMP)
A presente comunicação apresenta as reflexões desenvolvidas na pesquisa de doutorado em andamento “Imagens da Amazônia: marcas da exploração do território no documentário” que investiga as narrativas construídas pela produção documental brasileira sobre o extrativismo capitalista e de larga escala na Amazônia nas últimas cinco décadas.

CI 25: Do musgo à multidão: poéticas da cidade em perspectiva audiovisual

01/10 às 9h00
A cidade e seus musgos: Cartografia Sensorial e a Poética da Observação em “Here” de Bas Devos
Angela Freire Prysthon (UFPE)
Este artigo analisa o filme “Here” (Bas Devos, 2023) a partir das relações entre musgos, cidade e interações humanas. O filme, situado em Bruxelas, opera uma cartografia sensorial da cidade através das plantas e das relações entre os personagens, tecendo uma poética do efêmero e do imperceptível. Inspirado em reflexões de Coccia, Berger e Ingold, o artigo investiga como “Here” propõe um cinema da atenta observação, onde os musgos emergem como metáfora das formas de habitar e experienciar.
Cinema e Espaço nas séries de espionagem: a Shanghai da Era Republicana (1912-1949)
Marina Soler Jorge (UNIFESP)
Esta comunicação analisa séries chinesas de espionagem ambientadas na Shanghai dos anos 1930, explorando como a cidade é construída como um singular espaço narrativo e ideológico. A partir da tensão entre seu glamour cosmopolita e sua complexa geopolítica, refletimos sobre como Shanghai funciona como personagem central na dramatização audiovisual da luta comunista.
A rua, o indivíduo e a multidão: China 1922-2019
Cecília Antakly de Mello (USP)
Nesta palestra, vou me concentrar na concepção e na função da multidão na última sequência de três filmes chineses: A Verdadeira História de Ah Q, Xiao Wu e Present.Perfect. Como vou sugerir, uma análise paralela entre essas sequências oferece um vislumbre de diferentes momentos de mudanças sociais, econômicas e tecnológicas na China, com a multidão e o indivíduo aparecendo tanto como testemunhas quanto como personificação dessas mudanças.

CI 28: Experiência e espaço no cinema e na videoarte

01/10 às 9h00
As ideias cinematográficas de Sonia Andrade: dos “roteiros imaginados” à filmagem
Ian de Vasconcellos Schuler (UFRJ)
Nessa apresentação, analiso alguns trabalhos de Sonia Andrade, considerada uma pioneira da videoarte brasileira, a partir da seguinte questão: durante a realização de seus vídeos, Andrade recorria ao que, em outras vertentes audiovisuais, chamamos de “roteiro”? Comentando sua produção, Andrade fala em “roteiro imaginado” e também sobre sua relação com o cinema. Assim, analiso processos de produção em videoarte que se cruzam com o cinema, e como ambos podem se influenciar.
Efeito-cinema infratênue: do estático ao movimento em 2 ensaios fotográficos de Rineke Dijkstra
Maria Angélica Del Nery (ECA-USP)
Poderiam os ensaios fotográficos Almerisa (1994-) e Oliver (2000-03), de Rineke Dijkstra, fornecerem uma experiência cinematográfica? Quando tomamos a sequência dos retratos (campo visível da imagem) e o espaço vazio entre os instantâneos (campo invisível da imagem), um efeito-cinema infratênue pode ser percebido como imagem mental. A partir dos escritos de Aumont, Belting, Bellour, Dubois e Duchamp, propõem-se analisar a travessia infratênue entre imobilidade e mobilidade, fotografia e cinema.
A cinematografia e a placidez superficial das ruínas
Rogério Luiz Silva de Oliveira (UESB)
Um estudo sobre a relação entre cinematografia e espaço na videoinstalação “Debaixo dessa, outras cidades” (2022, 8’’), do artista Thiago Costa (Bananeiras, PB), integrante da exposição “Direito a forma” (23.09.2023 a 01.03.2024), no Instituto Inhotim-MG. A intenção é compreender tanto o modo como a obra se insere na perspectiva de uma visualidade háptica (Marks, 2000, p. 162) – ao associar uma câmera estática com as ruínas da Baía da Traição -, quanto a maneira como ocupa um espaço expositivo.

ST Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual – 1. Curadoria, festivais e construção de imaginários

01/10 às 9h00
O que fabricam as curadorias quando dialogam com a história?
Izabel de Fátima Cruz Melo (UNEB)
As incidências entre pesquisa, história, cinema e curadoria têm chamado minha atenção há algum tempo, visto que sou uma destas pessoas que está, junto com muitas outras, nessa zona fronteiriça. Não pretendo reivindicar nenhuma novidade nesta posição, mas gostaria de pensar, ampliando o questionamento de Michel de Certeau (2017[1975]), a respeito da relação entre os historiadores a escrita da história, recolocando-a da seguinte forma: o que fabricam as curadorias quando reivindicam a história?
A tarefa da curador(i)a: resistências furtivas e lampejos
Ana Luiza Rocha de Siqueira (UFMG)
A apresentação parte da minha experiência de 11 edições na direção artística de um festival de cinema realizado no âmbito de uma instituição pública, considerando a curadoria como tradução e mediação entre duas dimensões entrelaçadas – institucional e poética -, que sofrem incidências mútuas. Remetendo à ideia da prática curatorial enquanto labor, busca-se pensar em sua “furtividade” diante dos poderes que buscam exercer controle, capturar, ou mesmo instrumentalizar esta atividade.
Entre o espetáculo e a floresta: construção de imaginários no Amazonas Film Festival
Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) (UFF)
Entre 2004 e 2013 foi realizado em Manaus o Amazonas Film Festival, evento criado pelo Estado do Amazonas e pela empresa francesa Le Public Système. Partindo da premissa de que festivais são experiências de cidade e ao mesmo tempo instâncias discursivas, nesta comunicação iremos analisar o AFF a partir de um viés para as estratégias discursivas que promovem construções imaginárias sobre o Amazonas, com o intuito de inseri-lo na indústria cinematográfica mundial, e promover o turismo na região.

ST Teoria de Cineastas: dos processos de criação à dimensão política do cinema – Sessão 1: Práticas inventivas: crítica, ensino e criação no cinema

01/10 às 9h00
A realização de curtas de ficção no contexto acadêmico: métodos e processos criativos
Cristiane Ventura (IFG)
Nossa pesquisa buscou investigar como professores de diferentes cursos de cinema vêm desenvolvendo metodologias de ensino sobre a prática de realização de ficção, e como os alunos têm desenvolvido processos criativos e de produção no contexto da formação acadêmica. Coletamos dados e materiais sobre casos de filmes “fracassados” ou não concluídos, a fim de compreender o processo de aprendizado nesses casos, problematizando como esses materiais não se tornam dados a serem arquivados e analisados.
Docentes cineastas na criação de Professoras (2024): disrupção e resistências na escola pública
Eduardo Tulio Baggio (Unespar)Juslaine de Fátima Abreu Nogueira (Unespar)
A comunicação trata do processo de criação do filme Professoras (2024) e como as experiências do trabalho de quatro docentes da educação básica pública foram concebidas como documentário. Diante da digitalização do ensino pós-pandêmico, o filme foi construído entre cenas de uma escola sequelada e outras que miravam as formas de resistência das docentes. A pesquisa apresenta esses procedimentos do fazer fílmico e tece considerações analíticas sobre as escolhas dos mesmos como encontro criativo.
Fazer teoria a partir de críticos-cineastas
Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva (UFPR)
Crítico-cineasta, categoria para a descrição e análise da obra de pessoas que atuaram com periodicidade entre a crítica e a realização de filmes. À luz da Teoria de Cineastas e do caso do crítico-cineasta brasileiro David Neves, visamos apresentar possibilidades teórico-metodológicas para a análise da obra destes profissionais, no cotejo entre suas críticas, manifestações verbais e obras fílmicas, respeitando a autonomia das obras, e visando o estudo de seus projetos cinematográficos.

ST Edição e Montagem audiovisual: reflexões, articulações e experiências entre telas e além das telas – 1 – Usos da IA na edição audiovisual

01/10 às 9h00
Natureza, montagem e Inteligência artificial em “Somos: A criação Ybirá-Ubuntu”
Wilson Oliveira da Silva Filho (UNESA e PPGCINE/UFF)
Análise exploratória do filme experimental “Somos: A criação Ybirá-Ubuntu”, de Ricardo Palmieri a partir de sua montagem que mescla imagens mapeadas em vídeo e segmentos realizados com inteligência artificial. Um filme sobre a natureza em si e uma outra natureza audiovisual. A partir de temas em media ecology e do conceito de imagem rítmica de Steven Shaviro, esse artigo pretende explorar e não somente explicar novas aberturas para a edição através do uso criativo de emergentes tecnologias.
Continuidade, montagem e IA: imaginando futuros
Márcia Bessa (Márcia C. S. Sousa) (Faculdade CAL)Vanessa Guimarães Lauria Callado (UERJ)
Este trabalho visa repensar as relações entre continuidade e montagem no cenário da inteligência artificial (IA), considerando as possíveis implicações técnicas e criativas suscitadas no cinema por essa nova tecnologia. Ressaltamos que a IA já é uma realidade no meio audiovisual atual. De um ponto de vista mais amplo, pretendemos valorizar o cargo de continuísta dentro da equipe técnica e da indústria cinematográfica e contribuir para a adaptação da função a essa nova realidade.
Montagem e IA: a análise do estilo de montagem de Maximo Barro
Elianne Ivo Barroso (UFF)
Investigaremos como a IA pode analisar o ‘estilo de montagem’ de um filme. A partir de ferramentas de IA voltadas para o audiovisual, a ideia é alimentar as plataformas e programas de IA com o que chamamos ‘estilo de montagem’ (fragmentação ou invisibilidade do corte, duração de planos, transições, ritmo, continuidade espaço-temporal, som etc.) para, em seguida, submeter trechos de filmes para a análise. Como estudo de caso, escolhemos 3 obras do montador Máximo Barro (1930 – 2020).

ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS – Sessão 1 – Coordenação: Ana Claudia da Cruz Melo

01/10 às 9h00
Epistemologias negras na formação cultural do Rio de Janeiro, a partir do cinema de Zózimo Bulbul
Igor Nolasco Rocha Marçal (UFF)
Este trabalho visa discorrer sobre como o cineasta Zózimo Bulbul, nos filmes “Pequena África”, “República Tiradentes” e “Samba no Trem”, exemplifica a importância das epistemologias negras no desenvolvimento cultural do Rio de Janeiro. Através de uma bibliografia multidisciplinar, busca-se compreender o papel ocupado por uma população marginalizada que firmou suas bases em um Rio que almejava modernizar-se à moda da arquitetura e dos costumes europeus — e mudou radicalmente o curso dessa cidade.
Coutinho por Calligaris: o que apontam as costuras, os nós e as emendas no filme O fio da memória?
Christiane Matos Batista (FEUSP)
A partir de reflexões sobre os modos como a escravidão organizou estruturalmente a sociedade brasileira, este trabalho propõe um diálogo entre o filme O fio da memória, do cineasta Eduardo Coutinho, e o livro Hello, Brasil!, do psicanalista e escritor Contardo Calligaris.
Criatividade Amefricana quanto à musicalidade em Totém, Três Tigres Tristes e O dia que te conheci
Paulo Henrique Vaz de Castro (UFRB)
Nesta comunicação analisaremos as principais tendências quanto ao uso da música como elemento de expressão audiovisual nos filmes latino-americanos premiados em 2023 em três festivais da região. Compreenderemos qual tipo de projeto musical é destacado na escolha das obras consagradas, se os projetos de musicalização desses filmes privilegiam o uso de músicas instrumentais, canções originais ou canções pré-existentes e como se opera a música em paralelo com a narrativa fílmica consagrada.
A Cosmovisão Andina e Questões Sociais no Cinema Regional Peruano Contemporâneo
Ernesto David Pari Loaiza (UFF)
A proposta busca fazer a análise comparativa entre os filmes Wiñaypacha (2017) e Mamapara (2020), exemplos do cinema regional peruano, da região de Puno. Ambos tratam da cosmovisão andina e das questões sociais enfrentadas pelo povo andino, especialmente pessoas idosas, o que rompe com a hegemonia do cinema comercial peruano. Esses filmes são representantes contemporâneos de um cinema em foco no país, pois resgatam os valores tradicionais andinos e denunciam descasos governamentais.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 1 – Coordenação: Luiz Fernando Wlian

01/10 às 9h00
O afeto da vingança e o ritual nos filmes Bacurau (2019) e Propriedade (2022)
TATIANA GOMES DOS SANTOS (PPGCOM/UFRGS)
O principal objetivo desta pesquisa é identificar os aspectos afetivos da vingança no cinema brasileiro, com ênfase nos filmes que abordam vinganças coletivas de caráter sacrificial ou ritualístico em contextos de disputas políticas e sociais, como Bacurau (2019) e Propriedade (2022).
​​“NÃO SOU NADA DO QUE VOCÊ PENSOU”: ESTRATÉGIAS DE AUTO INSCRIÇÃO EM JAMES BALDWIN
Diego Silva Souza (UFMG)
A proposta investiga como James Baldwin atua como protagonista no cinema documental, desafiando diretores ou colaborando com eles para construir sua autoimagem. Para isso, analisa-se três filmes em que o escritor aparece como personagem entre 1970 e 1982, explorando suas estratégias de autorrepresentação e resistência. A partir de teóricos como Rancière e Comolli, destaca como Baldwin reconfigura narrativas e propõe um “cinema de sua mente”, articulando sua própria visão sobre o cinema.
COMO O ENQUADRAMENTO DOS CORPOS REPRESENTA O DESEJO E A CULPA EM HILDA FURACÃO (1998)?
Laura Tainá Sales Bandeira (UNIFOR)
Na presente pesquisa, analisaremos a minissérie Hilda Furacão (Glória Perez, 1998), adaptação do romance homônimo de Roberto Drummond (1991), a partir da visão psicanalítica. Pretendemos demonstrar que a obra analisada é marcada por rastros da culpa cristã e intentamos compreender como ela impacta os personagens e a dinâmica entre eles.

ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL – Sessão 1 – Coordenação: Gabriel Marinho

01/10 às 9h00
Tendências narrativas nos desenhos animados infantis brasileiros contemporâneos
Jahnavi Devi Farias Dias (UFF)
Esta proposta investiga as tendências narrativas nos desenhos animados infantis brasileiros contemporâneos, com base em entrevistas realizadas em 2023 com grandes produtoras brasileiras. Observa-se a queda de vilões, aumento no protagonismo infantil, abordagem de sentimentos considerados “ruins”/difíceis, e incentivo ao diálogo entre crianças e seus cuidadores. Exploramos como essas mudanças narrativas podem ser relacionadas a avanços nos eixos da Comunicação, Neurociência e Psicologia Infantil.
A PRODUÇÃO DE SENTIDO NOS FIGURINOS DAS ANIMAÇÕES PERNAMBUCANAS: O QUE DIZEM AS DIFERENTES TÉCNICAS?
Thiago Estevão Azevedo de Lima (UFPE)
O cinema de animação em Pernambuco possuí uma longa história desde o seu surgimento até crescente expansão. O trabalho investiga o processo de criação dos figurinos em produções animadas pernambucanas, com foco no processo de geração de significado nas narrativas com base nas diferentes técnicas usadas na criação do traje de cena.
Extrativismo simbólico e barreiras à entrada: o impacto das plataformas de streaming no audiovisual
Heverton Souza Lima (UFRGS)
A pesquisa investiga como plataformas de SVOD impõem barreiras contratuais, institucionais e simbólicas a pequenas produtoras brasileiras. A partir do modelo Estrutura–Conduta–Desempenho, analisa contratos, práticas curatoriais e efeitos sobre a sustentabilidade do setor independente, propondo uma leitura crítica do streaming como forma de extrativismo simbólico e de concentração de valor no campo audiovisual.
FRICÇÕES: Enquanto Tocam as Obras Distrativas
Tábata Clarissa de Morais (UFPB)
A Netflix teve um alto índice de perda de assinaturas em todo o mundo e adotou a política de não publicar mais quantidade de assinantes. O estudo visa refletir sobre o uso referencial de algoritmos para eleição de critérios narrativos adotados pelas plataformas de streaming – e seu reflexo na criação de originais em fronteiras transnacionais. Serão abordados aspectos simbólicos como pós-colonialidade, estetização da violência, criação de personagens, a fim de proporcionar digressões críticas.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 1 – Coordenação: Lucas Honorato Cordeiro Contreiras Teles

01/10 às 9h00
A alegoria espectral nas poéticas de Janaína Wagner e Apitchatpong Weerasethakul.
Myllena Matos Souza de Jesus (UFPE)
No rastro de autores como May Ingawanij a partir de suas considerações sobre animismo no cinema de Apichatpong, de Lucia Monteiro referenciando uma temporalidade geólogica ao cinema, e das considerações do tempo espectral de Bliss Cua Lim. Esta pesquisa analisa os filmes Curupira e a máquina do destino (2021) e Tio Boonme, que pode recordar suas vidas passadas (2010) a partir da sua condição de representações sensíveis de alegorias históricas através da possibilidade intermidiática do cinema.
Antonin Artaud e o cinema como poética do pensamento.
Giovanna MASTENA PALANGA (PPGMPA- USp)
O trabalho discute a relação entre cinema e pensamento elaborada por Antonin Artaud durante sua breve trajetória no cinema (1923-1935). A proposta é retomar os escritos teóricos de Artaud sobre cinema junto a sua produção prática, com destaque ao roteiro de Concha e o Clérigo (1928), a fim de circunscrever o ponto central de sua proposição: o cinema enquanto expressão do pensamento e assim, cotejar sua contribuição para a teoria do cinema.
REALISMO ENCANTADO EM PARA TER ONDE IR
Izabele Caroline Leite Medeiros (UFF)
Em Para Ter Onde Ir (2016) a realizadora Jorane Castro explora a realidade amazônica atrelada a misticidades típicas da região. O filme apresenta três mulheres viajando de Belém rumo à Amazônia Atlântica. Neste trabalho, o termo “realismo encantado”, é utilizado para caracterizar a forma como a vivência amazônica carrega elementos do imaginário regional no seu cotidiano, entendendo duas passagens do filme como demonstrações destes cruzamentos entre o real e o imaginado.
Poéticas do segredo: experiências fantasmagóricas nos processos de criação.
Priscila de Assis Lopes de Andrade (UFC)
Esta comunicação investiga as noções de fantasmagoria, ficção e fabulação em processos de criação, com ênfase na obra finalizada Cavalo Serpente (vol.1) (2024) e na obra em andamento Cavalo Serpente (2025), ambas de Priscila Smiths. Examinando o pensamento fantasmagórico e sua capacidade de diagnosticar sintomas históricos, com foco na criação artística da mulher negra, trabalha-se a fabulação crítica numa costura – conluio contra-colonial – entre experiências vividas e processos artísticos.

CI 15: Corpos, desejos e atmosferas cuir

01/10 às 11h00
Sujeições gestuais do sexo fílmico: imaginações coreográficas sobre os desvios inaugurais dos homens
Daniel Magalhães de Andrade Lima (UFPE)
Cenas de sexo gay no cinema são frequentemente imaginadas como momentos “inaugurais” de desvio. O sexo, assim, aparece como um espaço de reinvenção em que coreografias organizam corpos, desejos e identidades, revelando e negociando normas de gênero. A sugestão aqui é que a coreografia fílmica, capaz de dar prazer, mas também de esquadrinhar o sexo, pode evocar noções normativas sobre sexualidade, mas ajuda também a refletir sobre o papel do outro na formação do sujeito dissidente.
Orgia e ficção ecoqueer: uma análise do filme brasileiro A Torre (2021)
João Paulo Pinto Wandscheer (UFRGS)
Parte de uma tese em desenvolvimento, este trabalho analisa a cena de orgia que ocorre em meio à natureza no longa-metragem brasileiro A Torre (2021), dirigido por Sérgio Borges. O filme coloca em tensão normas, imposições sociais e preconceitos, conectando também a vivência dos personagens com a floresta, possibilitando assim que se alcance uma ideia de futuro não apenas desprendida de regulações cisheteronormativas, mas também que apresente novas formas de habitar o planeta.
Bibiana, Baby e Vitória: invocações audiovisuais entre potência de vida e de vida
Milene Migliano Gonzaga (ESPM-SP/UFRB/CLACSO)
Entre “Baby” e “Vitória” miro em fragmentos dos filmes no qual existências dissidentes de sexualidade e gênero (SOUZA, BRANDÃO, 2020; ROCHA, 2023) proporcionam um alento sensorial/afetivo nas tramas, o qual flui (VIEIRA JR, 2020) em uma materialidade cuir que brilha ao existir nas ruas, e nas telas invoca audiovisualmente os sentidos com a dança envolvente (MIGLIANO, 2024; RIBEIRO, 2024) para que a potência de vida, audiovisual e imaginária seja mais que o respirar: seja vencer (GELAIN, 2023).

ST Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual – Sessão 2

01/10 às 11h00
Assombros coloniais: o gótico e a estética negativa em “A herança” (2024), de João Cândido Zacharias
Marcelo Miranda da Silva (UAM)
O filme “A herança” (2024), de João Cândido Zacharias, atualiza as “poéticas do mal” do gótico literário, transpondo-as para um casarão colonial brasileiro como crítica às estruturas de poder nacionais e à opressão do indivíduo em suas singularidades. Através de elementos como o espaço arquitetônico opressivo, o passado fantasmagórico e a monstruosidade social e metafórica, o filme revela como o gênero do horror pode desvelar constrangimentos íntimos a partir do gótico expressivo.
Traumas tropicais: violência, horror e melodrama em “Propriedade”, de Daniel Bandeira
Renato Souto Maior Sampaio (UNICAMP)
Esta comunicação investiga o filme “Propriedade” (2023), de Daniel Bandeira, a partir de noções e conceitos como a violência, o horror e o melodrama. Elementos tidos como violentos e melodramáticos são encontrados na narrativa da obra e atravessados por uma ideia e estado excessivos. O longa utiliza artifícios de tais segmentos do cinema de gêneros para potencializar a presença, encontro e tensão de articulações que envolvem sentimentos em registro de excesso, como o medo, trauma e emoção.
‘O lodo’ de Murilo Rubião e a adaptação de Helvécio Ratton: o neofantástico de fonte kafkiana
Adérito Schneider Alencar e Távora (IFG)
O lodo é um conto neofantástico de Murilo Rubião influenciado pela obra de Franz Kafka (em especial, O processo e A metamorfose). Adaptado para o cinema por Helvecio Ratton (que assina o roteiro com L.G. Bayão), o filme homônimo traz elementos kafkianos presentes no conto, mas também bebe na fonte kafkiana para apresentar elementos inéditos. Assim, a proposta do artigo é comparar o conto (original) e o filme (adaptação) em diálogo com a obra kafkiana sob a luz dos teóricos do (neo)fantástico.

ST (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências – S2 Fugitividade e Ontoepistemologia

01/10 às 11h00
Cultivar a ambiguidade: a fuga nos cinemas experimentais afro-diaspóricos
Edson Pereira da Costa Júnior (Unicamp)
A partir de um repertório conceitual dedicado à arte da fuga em práticas artísticas e sociais afro-diaspóricas, a comunicação investiga possíveis variações de um ethos fugitivo em filmes experimentais negros realizados nas Américas e no Caribe na última década. Interessa inquirir as estratégias formais que despistam os modos de captura e determinação dos sujeitos em cena a partir de jogos semântico-sintáticos, numa emancipação amparada pelo cultivo da dúvida e dinamismo dos sentidos.
Cinema Implicado: outras desordens
Matheus Araujo dos Santos (UFRB)
Neste trabalho aprofundo a construção do conceito de Cinema Implicado. Busco apontar nos cinemas negros estratégias de desarticulação da linearidade temporal e da distinção entre sujeito e objeto, pilares ontoepistemológicos do mundo moderno. Localizo tais táticas como responsáveis pelo tencionamento de mundos onde a vida e a morte negra não estejam submetidas às determinações do Espaço e do Tempo; tampouco sejam cristalizadas em posições de precariedade, violência e vulnerabilidade.
Quando a biblioteca pegar fogo você salvará livros ou fósforos?
LINA CIRINO ARAUJO OLIVEIRA DOS SANTOS (USP)
Debato se a Academia pode ser sabotada a partir de dentro, com um diálogo entre Re/de/composição (Silva) e Opacidade (Glissant), para interrogar o filme Corpus Infinitum (2020), que resiste como direito à não tradução, protegendo o que a escrita acadêmica não captura. Questiono o preço de transformar rebeldia em estudo. Decomponho o filme como gesto fugitivo (Robinson, Moten, Hartman), que recusa e desvia da captura. Proponho que textos sejam fósforos.

CI 58: Acervos, produção e difusão do cinema regional e inovação na preservação audiovisual

01/10 às 11h00
Digitalização de Acervos do Cineclube Coxiponés: primeiras ações de preservação e difusão
Aline Wendpap Nunes de Siqueira (UFMT)Diego Baraldi de Lima (UFMT)Moacir Francisco de Sant´Ana Barros (UFMT)
Este trabalho apresenta os primeiros resultados do projeto de digitalização dos acervos do Cineclube Coxiponés (UFMT), com foco na preservação e difusão da memória audiovisual de Mato Grosso. Entre os materiais analisados, destacam-se filmes Super 8 da década de 1970, incluindo registros do grupo musical “Cinco Morenos”. A iniciativa articula ações técnicas e teóricas para garantir acesso e fomentar pesquisas sobre cinema e cultura regional.
TV DOCUMENTO E O INÍCIO DA PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS NA TV CULTURA DO PARÁ
FELIPE MARCOS GONCALVES CORTEZ (UFPA)
Este trabalho propõe um sobrevôo pelo acervo do programa “TV Documento”, que marca o início da produção de documentários na TV Cultura do Pará, compondo uma experiência de realização que se encontra na intersecção ética e estética entre televisão e cinema. São apresentadas três obras que marcam o início desta produção singular e ainda hoje invisibilizada na Amazônia.
Cinematografia Regional Argentina: A Obra de Rosendo Ruiz e o Novo Cinema Cordobês
Tereza Violeta de Queiroz Martinez (UFBA)
Este trabalho analisa a obra de Rosendo Ruiz no contexto da cinematografia regional argentina, focando em como seus filmes constroem a identidade cultural de Córdoba. A pesquisa aborda três filmes do diretor: De Caravana (2011), Tres D (2014) e Maturità (2015), destacando seu estilo realista e o uso de técnicas como o plano-sequência. A obra de Ruiz contribui para o Novo Cinema Cordobês, desafiando as narrativas dominantes de Buenos Aires e valorizando a cultura local.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 2 Representatividade e espaço: diálogos na diversidade audiovisual

01/10 às 11h00
AFETIVIDADES NEGRAS NA TELENOVELA VAI NA FÉ: disputas entre agência e colonialidade das imagens
Jéssica Elaine Moreira Sampaio (Ufes)
Este estudo investiga as relações afetivas entre mulheres negras na telenovela Vai na Fé (2023), analisando como essas representações tensionam padrões hegemônicos da teledramaturgia, historicamente marcados por uma colonialidade das imagens. Com abordagem teórico-analítica e revisão bibliográfica, a pesquisa articula debates sobre raça e gênero no audiovisual, considerando disputas estéticas, políticas e epistêmicas na mídia televisiva.

Palavras-chave: Telenovela; Representações; Raça e gênero

Artistas-Pesquisadores e Videodança na Amazônia: diálogos metodológicos com o Coletivo Difusão (AM)
Uriel Nascimento Santos Pinho (DU)
Este é um ensaio sobre como as perspectivas de artistas-pesquisadores, especialmente da segunda metade do século XX na América Latina e no Caribe, podem inspirar metodologicamente a pesquisa acadêmica sobre audiovisual na Amazônia. Este exercício é conduzido junto ao Coletivo Difusão, de Manaus (AM), e seu trabalho com videodanças entre 2009 e 2011. Focamos em possíveis contribuições em dois pontos: no desenho de pesquisas colaborativas e na análise fílmica de algumas das obras do Difusão.
Apenas duas moças latino-americanas sem dinheiro no banco: ‘Bete Balanço’ (1984) e ‘Sussi’ (1987)
Fabián Rodrigo Magioli Núñez (UFF)
A partir das reflexões sobre o declínio da ideia de “cidade latino-americana” e o aumento da segregação socioespacial de nossas metrópoles, ocorrida durante as “décadas perdidas” na América Latina, os anos 1980 e 1990, pretendemos realizar um estudo comparativo entre os longas ‘Bete Balanço’ (Brasil, 1984), de Lael Rodrigues, e ‘Sussi’ (Chile, 1987), de Gonzalo Justiniano.

CI 44: Cartografias da produção e regulação no audiovisual

01/10 às 11h00
As pessoas em estúdios de animação e as mudanças na indústria criativa brasileira em uma década
MARTA CORREA MACHADO (UFSC)
Este estudo dá continuidade a uma pesquisa de 2012. Verificou-se que, naquele momento, a retenção dos colaboradores em estúdios de animação se dava mais pela identificação com as atividades e o ambiente de trabalho do que pelas recompensas financeiras. Treze anos depois, os achados apontam para o crescimento do setor, a maior mobilidade dos colaboradores entre estúdios e as dificuldades de retenção destes, já que o mercado brasileiro vem perdendo talentos para produções estrangeiras.
O mapeamento da produção audiovisual maranhense no século XXI (2000-2023)
Andréia de Lima Silva (IFMA)
O século XXI marcou a entrada da produção de longa-metragem no mercado cinematográfico do Maranhão. Esse fato possibilitou que o cinema do estado chegasse pela primeira vez às salas comerciais de cinema (Silva, 2024). Entre 2000 e 2023 foram lançadas 18 obras nos cinemas, sendo apenas 10 delas devidamente registradas (CPB/CRT) na Ancine. No OCA/Ancine houve 30 registros CPBs para longas-metragens, indicando uma defasagem entre o número de produções registradas e lançadas comercialmente.
A GOVERNANÇA DO FSA E SEU IMPACTO NO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO MERCADO AUDIOVISUAL
Angélica Coutinho (CES-COIMBRA)
A seleção de projetos audiovisuais por editais é um constante desafio tanto para os entes oficiais quanto para os produtores. Nesta comunicação faremos um breve histórico do processo seletivo de editais geridos pela ANCINE como secretaria executiva do FSA. O objetivo é demonstrar como o processo de governança no qual o Comitê Gestor – composto por representantes do governo ao mercado – define as regras do processo seletivo, muitas vezes, ignorando relatórios da área técnica, promove distorções.

CI 32: Cinema e educação: experiências e modos de ver

01/10 às 11h00
Oficina de cinema como exercício decolonial do ver
Karine Joulie Martins (UFRJ)
O capitalismo de plataformas consolida-se como um novo modelo colonial que tem nas redes sociais ferramenta de controle dos modos de ver. A compreensão aprofundada, a formulação de discursos articulados e críticos é limitada pela leitura persuasiva e fragmentária das imagens. Como contraposição, propõe-se uma educação audiovisual em oficinas de cinema com ênfase na análise fílmica e montagem cinematográfica fundamentadas nas teorias eisensteinianas que devolvam ao sujeito o controle do “ver”.
O futuro (das imagens) é ancestral: pensando letramento digital a partir de brinquedos ópticos
Ludmila Moreira Macedo de Carvalho (UFRB)
Partimos de uma investigação a respeito das relações entre infância e os primórdios do cinema através da construção de brinquedos ópticos. A princípio, a construção de brinquedos antigos pode parecer anacrônica diante da realidade midiatizada em que vivem crianças e jovens atuais. No entanto, argumentamos que os brinquedos ópticos podem contribuir com o debate sobre educação midiática, compreendendo que as complexas relações entre juventudes e mídias remontam ao próprio nascimento do cinema.
PAISAGEM NA NEBLINA DA ARTE CINEMATOGRÁFICA: um pacto cinéfilo do Cineclube da APCC
Marco Antonio Moreira Carvalho (UFPA)
“Paisagem na Neblina da Arte Cinematográfica: um pacto cinéfilo do Cineclube da APCC” é baseado em pesquisas e reflexões realizadas a partir das atividades do Cineclube da Associação Paraense de Críticos Cinematográficos (APCC). Este cineclube, fundado em 1967, tinha como objetivo ampliar a cinefilia paraense por meio de exibições de filmes selecionados com apresentações e debates após as sessões. A partir de sua história, foram elaboradas propostas de ações vinculadas ao cinema e educação.

ST Histórias e tecnologias do som no audiovisual – Sessão 2

01/10 às 11h00
A criação sonora dos filmes A mesma parte de um homem e O sol das mariposas
Débora Regina Opolski (IFPR)
Esta comunicação apresenta uma análise da criação sonora dos filmes A mesma parte de um homem (Ana Johann, 2021) e O sol das mariposas (Fábio Allon, 2024). Utilizando como abordagem metodológica a crítica de processos (SALLES, 2004) pretendemos discutir como estes filmes, ambos paranaenses, utilizam os sons de foley e de ambientes como mediadores entre os seres humanos e não humanos, entre os lugares e as relações que se estabelecem nesses lugares, na produção audiovisual.
Os sons que seguram o céu: anotações de trabalho em “A menina e o pote”
Felippe Schultz Mussel (PPGCA-UFF)
Um memorial sobre o processo de construção da banda sonora da animação “A menina e o pote” (2024). Realizado através de uma técnica de pintura sobre vidro, o filme propõe um trabalho de desenho sonoro igualmente artesanal, guiado pelo desafio técnico e artístico de tentar dar conta do papel político e estético que o som e a escuta desempenham para muitos povos ameríndios da Amazônia, em especial para os Yanomani e os Baniwa, etnias nas quais a história narrada se inspira livremente.
Ressonâncias insulares: som direto, edição e mixagem em “Lista de Desejos para Superagüi”
Gabriel Kitofi Tonelo (UFF)
A apresentação evidencia como a cadeia produtiva do som audiovisual pode servir propósitos narrativos no documentário “Lista de Desejos para Superagüi” (Pedro Giongo, 2024). A partir de fontes primárias, apresentarei de que maneira som direto, edição e mixagem do som evidenciam uma identidade acústica particular da Ilha de Superagüi – entre falas, pautadas por uma prosódia específica de seus habitantes, e a fusão de sons naturais de uma geografia sonoramente heterodoxa.

CI 7: Amazônia: estereótipos, resistência e imaginários

01/10 às 11h00
A Amazonia do cinema internacional
Antonio Carlos Tunico Amancio da Silva (UFF)
A Amazonia, mais que um território física e politicamente determinado, é uma construção imaginária que incorpora significações geradas no processo social, em diversos momentos da história da Cultura . Moldada por diferentes tradições, a representação daquela região no cinema internacional se vale normalmente de clichê se estereótipos para construir suas narrativas, moldadas por condicionantes da tradição e também da pura fantasia.
Amazonizar o cinema : A resistência indígena e a ocupação das telas.
Camila Dutervil (UnDF)
O presente trabalho discute os desafios éticos da representação dos povos da Amazônia. Os coletivos de cinema indígena da região amazônica estão passando por um momento de autodeterminação, resistem à extensiva exploração das imagens da floresta e de sua cultura. Ao tomarem as rédeas de suas próprias narrativas, criam uma linguagem autêntica e impactante, que tem conquistado visibilidade em renomados festivais nacionais e internacionais.
O cinema de língua alemã e as imagens dos povos originários da Amazônia
Johannes Kretschmer (UFF)
Pretendo analisar primeiro o “entusiasmo pelo indígena” e o ideal romântico da “natureza pura”, tal como esboçado na cultura alemã. A partir de filmes de Werner Herzog e Edgar Reitz procuro indagar como a produção cinematográfica de língua alemã (des)constrói a visão de culturas dos povos originários no Brasil. Por fim tentarei recuperar a experiência do antropólogo Koch-Grünberg, provavelmente o primeiro a captar imagens em movimento na Amazônia e a mostrá-las na Alemanha.

ST Cinema e Espaço – Sessão 1 Espaço, memória e política: cinema como contra-monumento

01/10 às 11h00
Fordlandia Malaise: estratégias visuais para superar o olhar extrativista
Xosé Iván Villarmea Álvarez (iHUS-USC / CEIS20-UC)
Esta comunicação tenciona analisar as estratégias de encenação utilizadas pela cineasta portuguesa Susana de Sousa Dias na médio-metragem Fordlandia Malaise (2019) com o intuito de refletir sobre o confronto entre diferentes olhares e relatos que ainda hoje condicionam a percepção da natureza amazónica. A ideia é assim pôr em causa o olhar extrativista através de elementos como a montagem intersticial de fotografias de arquivo, o registo de imagens ambientais ou a inclusão de testemunhos locais.
De Copacabana ao Pantanal: representações do espaço na incursão de Arne Sucksdorff no Brasil
Letícia Xavier de Lemos Capanema (UFMT)Esther Hamburger (USP)
Este estudo se volta à construção do espaço na obra do cineasta sueco Arne Sucksdorff realizada no Brasil, destacando aspectos da representação de dois universos singulares: Copacabana e Pantanal. Durante os 30 anos em que esteve no Brasil (1962-1993), Sucksdorff realizou o longa-metragem “Fábula” (1965) e a série para a TV Sueca “Mundo à Parte” (1972), sua derradeira obra. Como esses dois filmes nos provocam a pensar formas menos antropocêntricas de abordar o espaço?

CI 60: Lacunas, interrupções e estranhamento no cinema contemporâneo

01/10 às 11h00
O filme imprevisto em Ruína (2016), ou quando o rosto permanece em quadro
Roberto Ribeiro Miranda Cotta (UFPel)
Esta proposta pretende analisar a composição da mise en scène documental no curta-metragem Ruína (2016), de Gabraz, a partir da incorporação da imprevisibilidade durante a gravação de um plano-sequência. Para tal propósito, discute-se como o filme é modulado pelas ações e reações da atriz social às interações com a equipe e demais intervenções que surgem fora de quadro.
Lacunas e interrupções: uma comparação da estética da duração em Twin Peaks – O Retorno e La Flor
Milton do Prado Franco Neto (Unisinos)
Esta comunicação propõe uma análise comparativa da estética da duração na série Twin Peaks – O Retorno (2017) e no filme La Flor (2018), a partir da presença do estranhamento provocado por lacunas e interrupções. Combinando noções da narratologia com a noção de Infamiliar (Freud, 2019), propomos o ponto de partida para uma análise duracional como preconizado por Gaston Bachelard (1988).
A estranheza do mundo em Memoria (Apichatpong Weerasethakul, 2021)
Fabio Allan Mendes Ramalho (UNILA)
Nesta comunicação, proponho uma análise de Memoria (Apichatpong Weerasethakul, 2021) a partir da noção de estranhamento e suas reverberações nos estudos de cinema. A abordagem se centra nos procedimentos por meio dos quais o filme é capaz de suscitar uma apreensão inabitual do meio sensível. Busco examinar como certos elementos dissonantes (sons, eventos inexplicáveis) perturbam a protagonista em cena, desencadeando um singular senso de deslocamento e uma relação intensificada com o mundo.

ST Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual – 2. Festivais, patrimônio e memória

01/10 às 11h00
Olha já! Os Crias do FBCU
Julia Couto (UFRJ)
Em 22 edições, o Festival Brasileiro de Cinema Universitário contribuiu com a formação de grandes cineastas brasileiros. Passaram pelas telas do festival realizadores, professores, curadores, gestores e profissionais da área, que tiveram a oportunidade de exibir e debater sobre suas primeiras produções junto ao público do festival. O projeto Crias do FBCU propõe a investigação da trajetória do festival para contribuir com a reflexão sobre as contribuições estudantis para o setor.
Mostra de filmes “Memória em Movimento” (2013-23)
NEZI HEVERTON CAMPOS DE OLIVEIRA (COC/Fiocruz)
Este trabalho se propõe a analisar a realização da mostra “Memória em Movimento” dedicada a filmes sobre a memória e o patrimônio. O objetivo é refletir sobre a diversidade temática e estética dos filmes exibidos e sobre como denotam a reivindicação e a consolidação de uma nova noção de patrimônio, centrada na valorização da cultura viva e do saber-fazer popular.
Filmes restaurados em grandes festivais
Vivian Malusá (Paris 8)
Na última década, observou-se um aumento significativo nas seções de filmes clássicos em festivais de cinema de grande porte. Exemplos notáveis incluem Cannes Classiques e Venezia Classici, além da Mostra Internacional de São Paulo e do Festival do Rio, que também tem aberto cada vez mais espaço para essas obras. Esta comunicação pretende analisar a presença de filmes restaurados em festivais não especializados, avaliando seu impacto na valorização do cinema patrimonial.

ST Teoria de Cineastas: dos processos de criação à dimensão política do cinema – Sessão 2: Poéticas do pensamento: elaboração conceitual e o dom do imprevisível

01/10 às 11h00
Criação e crítica de conceitos na teoria de cineastas
Bruno Leites (UFRGS)
O objetivo da comunicação é sistematizar definição, possibilidades e desafios da pesquisa com foco em criação e crítica de conceitos dentro da teoria de cineastas. Para tanto, pretendo evidenciar como cineastas criam e se apropriam de conceitos em seu processo produtivo e reflexivo, a partir da experiência de pesquisas realizadas e em andamento na linha de pesquisa Agenciamentos da Imagem (GPAGI/GPESC). Finalmente, será o caso de avaliar a utilização da expressão “criação e crítica”.
UM RETORNO A FREUD E BARTHES PARA PENSAR A CRÍTICA DE PROCESSOS DE CRIAÇÃO DE CINEASTAS
Bárbara Piazza dos Reis (UFPR)
Discute-se a proposta teórico-metodológica de minha dissertação de mestrado, onde a Psicanálise Freudiana, a Semiologia Barthesiana, a Teoria de Cineastas e a Crítica de Processos de Criação auxiliam a: explorar relações entre a biografia e a cinematografia de Petra Costa; compreender como se opera, em termos psicológicos, e como se figura, em termos narrativos, sua insistência no tema da morte; e interpretar como se dá o processo de conversão do desprazer ao prazer na atividade criativa.
Entre o Demiurgo e a mortalidade: a Teoria de Cineastas e o dom do acaso
Marcelo Carvalho da Silva (UTP)
Esta proposta de comunicação pretende pensar a incursão do acaso no filme. Para tanto, ressaltamos as relações entre o cineasta e o acaso, problematizando questões de fundo que balizariam a Teoria de Cineastas. Em uma arte na qual a autoria ainda determina a pesquisa, tratar daquilo que foge ao agente criador torna-se um passo adiante na compreensão do filme. Afinal, os cineastas também se constituem pelas relações que são capazes de manter com o que escapou ao próprio gesto de criação.

ST Edição e Montagem audiovisual: reflexões, articulações e experiências entre telas e além das telas – 2 – Montagem-ambiente

01/10 às 11h00
Montagem Expandida no Cinema de Realidade Virtual: Formas e Tendências Emergentes
ALEXANDRE MUNIZ (UFRJ)
Este estudo investiga os desdobramentos da montagem audiovisual no Cinema de Realidade Virtual (CRV), analisando como a linguagem tradicional se transforma diante da imersão, interatividade e espacialidade. A partir das ideias de Eisenstein e Tricart, observa-se que a montagem no CRV migra da lógica temporal para a espacial, valorizando a imagem parada, a agência do espectador e formas narrativas híbridas, o que amplia as possibilidades expressivas e sensoriais da experiência cinematográfica.
Montagem Infinita: a imersão do espectador-montador em telas sem bordas
João Cláudio Simões de Oliveira (JC Oliveira) (PPGCine-UFF)
A montagem é um dos pilares do que chamamos linguagem cinematográfica. Porém quando saímos da tela retangular do audiovisual tradicional e nos encontramos diante de uma tela sem bordas, como em experiências imersivas de realidade virtual e vídeo 360, a montagem final é feita pelo próprio espectador, que define enquadramentos, ritmo e “cortes”. Nasce, assim, o paradigma de uma montagem infinita, já que diferentes espectadores-montadores poderão fazer diferentes escolhas, indefinidamente.
Mário de Andrade, O Turista Aprendiz e Inferninho: a viagem como efeito visual
Silvia Okumura Hayashi (USP)
Mário de Andrade, o Turista Aprendiz (2024) e Inferninho (2018) são dois filmes brasileiros contemporâneos que se utilizam de recursos de montagem, os efeitos visuais, para a construção de viagens puramente cinematográficas. As relações entre o cinema, a viagem e as tecnologias de produção e exibição de imagens remontam ao primeiro cinema e se desdobram nos dias atuais, gerando composições de corpos e paisagens que conduzem, através da montagem, as experiências de personagens e espectadores.

ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS – Sessão 2 – Coordenação: Ana Claudia da Cruz Melo

01/10 às 11h00
Amazonas Amazonas e Maranhão 66: documentários de Glauber Rocha e o extrativismo de imagens do povo.
Adriano Del Duca (não há)
Os documentários de Glauber Rocha enunciam aspectos do barroquismo de seu discurso, reforçando contradições sociais na tensão que criam entre o que se vê e o que se escuta. A crítica social acompanha uma postura documental que extrai dos sujeitos recortes de suas experiências e as rearticula a outros elementos, tornando dissonantes os discursos sobre o povo, a política e o território. Nos interessa observar a exposição dos sujeitos, bem como a sobreposição de suas vozes pelo discurso fílmico.
Violência e extrativismo: As encarnações dramáticas da modernidade americana.
Vinicius Boni Lacerda (FAAP)
Esta pesquisa analisa como o cinema sintetiza contradições estruturais da sociedade, projetando-as em suas narrativas e personagens. Os filmes São Bernardo (1972) e There Will Be Blood (2007), baseados nos romances consagrados de mesmo nome, de Graciliano Ramos (1934) e em Oil de Upton Sinclair (1927) exploram como o extrativismo predador não só estrutura as relações sociais mas também personas paradigmáticas, marcadas pela violência da acumulação primitiva, naturais ao capitalismo brasileiro.
O TERRITÓRIO: PRÁTICAS COLONIALISTAS NA AMAZÔNIA RONDONIENSE DOCUMENTADAS PELO CINEMA
Ariadne Joseane Felix Quintela (UFGD)
Circunscrita nas discussões em torno do cinema, história e política, a análise do documentário O Território é mais que uma expressão ou manifestação da sétima arte e, se configura, no campo da história indígena como um documento de denúncia contra as práticas colonialistas na Amazônia rondoniense, produzido e protagonizado pelo povo indígena Uru-eu-wau-wau. Como desdobramento, demonstramos três dimensões do cinema: i) como fonte histórica, ii) como histografia e, iii) o cinema como política.
O Cinema na Retomada Tikmũ’ũn_Maxakali
Iakima Delamare (UFMG)
Este trabalho analisa o cinema Tikmũ’ũn_Maxakali como tecnologia de salvaguarda da memória, em que os vínculos com os yãmîyxop, a terra e os ancestrais são atualizados por meio de cantos, imagens e narrativas orais. A partir da noção de tempo espiralar, propõe-se que o gesto de filmar atua como prática de escuta e continuidade, em que o cinema não apenas registra, mas compõe o próprio mundo que deseja manter vivo.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 2 – Coordenação: Yanara Cavalcanti Galvão

01/10 às 11h00
Antes de mães, mulheres: autonomia e subversão nos filmes de Camille Billops.
Maria Luiza Silva Sena (UFMG)
Em Finding Christa (1991) e Suzanne Suzanne (1982), Camille Billops desmonta a idealização da maternidade, e quais os papéis espera-se de mulheres. Através de uma abordagem autobiográfica e experimental, a cineasta questiona estereótipos como o amor incondicional e o sacrifício materno, apresentando mulheres complexas cujas escolhas desafiam normas sociais. Seus filmes não apenas expõem a maternidade compulsória, mas também propõem novas formas de narrar a experiência feminina.
A ilusão de emancipação em Poor Things, de Yorgos Lanthimos
Matheus Camargo Jardim (USP)
O filme Poor Things (2023) expõe a ilusão de emancipação da protagonista Bella Baxter, cuja busca por liberdade é continuamente frustrada por estruturas capitalistas e patriarcais. A obra explora o grotesco como estética ambígua, revelando como aparente transgressão é absorvida e neutralizada pela lógica mercantil, questionando a possibilidade real de autonomia no capitalismo contemporâneo.
“Atreve-te a saber” e a poetização da identidade política das mulheres
Maria da Conceição Fontoura de Paula Cardoso (UFPE)
Esta pesquisa se volta para um vídeo produzido em 1985 pela ONG feminista SOS Corpo em parceria com a TV Viva, “Atreve-te a saber”. A produção é o registro de um encontro de mulheres na periferia do Recife (PE) para tratar da questão da saúde e vida sexual feminina. Trata-se de um vídeo importante para a memória do movimento feminista pernambucano e nos interessa investigar como as lutas das mulheres se inscrevem nas imagens através das escolhas éticas e estéticas utilizadas na produção.

ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL – Sessão 2 – Coordenação: Gabriel Marinho

01/10 às 11h00
“Os Autos das Compadecidas” – uma análise comparada dos filmes de Guel Arraes e Flávia Lacerda
Silvia Seles Peres (UAM)Marcella Ferrari Boscolo (UAM)
Esta pesquisa propõe uma análise comparada dos longas O Auto da Compadecida (2000) e O Auto da Compadecida 2 (2024), com base nos conceitos de adaptação e intertextualidade de Robert Stam. O estudo investiga como as duas versões fílmicas reinterpretam elementos centrais da obra de Ariano Suassuna, como a fé, a cultura popular e a teatralidade, explorando as continuidades e transformações na transposição da obra teatral para o cinema, ao mesmo tempo em que aponta para mudanças no cinema nacional.
A Trilha do Melodrama Televisivo: Pedagogia Moralizante e Distinções Culturais
Isabela dos Santos Vieira (UFF)
Esta comunicação foca nos aspectos da trilha sonora presentes nas telenovelas brasileiras, a fim de refletir sobre as representações e processos de distinções culturais articulados à luz de estratégias melodramáticas. Para tal, a pesquisa parte do estudo de caso da telenovela América (2005), buscando aplicar elementos estéticos-narrativos do melodrama à uma análise formal de passagens específicas da obra, a fim de evidenciar o caráter pedagógico-moralizante do melodrama nas telenovelas.
As Telenovelas Brasileiras e o Engajamento Melodramático
MONTEZ JOSE OLIVEIRA NETO (UFPE)
Este trabalho pretende entender como o melodrama, historicamente ligado à simplificação moral (Brooks, 1995), provoca forte engajamento emocional dentro de redes sociais como o Twitter/X. Partindo das telenovelas brasileiras, através de uma pesquisa bibliográfica de teóricos como Brooks (1995), Singer (2011), Williams (1991) e análise de exemplos, objetiva-se observar como essa estrutura intensificou a polarização moral, se adaptando ao digital e reforçando dinâmicas de controle social.
Supernatural e o papel do homem na família
Fê Fernandes Pereira (ESPM)
O seriado de terror/drama da The CW, Supernatural, acompanha os irmãos Sam e Dean Winchester enquanto caçam criaturas místicas e sobrenaturais e os desdobramentos de suas vidas de caçadores. Essa pesquisa investiga como o programa é influenciado pelo papel social do homem na família. Com o foco do seriado no par de irmãos que possuem uma relação conturbada com seu pai, o seriado nos permite questionar quais são os papéis do homem nessa unidade familiar e se esses papéis são benéficos para ele.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 2 – Coordenação: Lucas Honorato Cordeiro Contreiras Teles

01/10 às 11h00
A Cenografia Sonora na obra Lunch Break de Sharon Lockhart
Mário Sérgio Teixeira Guimarães (UFRB)
O trabalho analisa o som e o seu uso no filme experimental Lunch Break (2008), realizado pela fotógrafa e diretora estadunidense Sharon Lockhart. Como fio condutor para a análise é abordado o conceito de Cenografias Sonoras criado por Virgínia Flôres (2013), com metodologia calcada em Chion (2011). A análise sonora nos revela aspectos pertinentes sobre a construção sonora realizada na pós-produção com sons captados na locação.
O Som e Sua Narrativa: Um Olhar Sobre O Folk Horror Em You Are Not My Mother (2021), De Kate Dolan
Lauren Marinho de Cerqueira Lima (UFBA)
No folk horror, particularidades sonoras emergem de forma a evocar elementos folclóricos e contribuir para a edificação da narrativa. Para tanto, o objetivo geral deste trabalho é analisar o filme You Are Not My Mother (2021), de Kate Dolan, sob a luz de estudos sobre som no cinema de terror, folk horror e cinematografia irlandesa. A metodologia é a análise de conteúdo (Bardin, 1977), e espera-se que a pesquisa promova discussões multiculturais através do cinema irlandês de terror.
Por uma estética de cinema sustentável: Renée Nader Messora e o analógico na direção de fotografia
Rebeca Franco Fonseca de Freitas (UFPel)
Este artigo analisa os filmes Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos (2019) e A Flor do Buriti (2023), com o foco no trabalho da direção de fotografia de Renée Nader Messora em ambos os filmes. As obras revelam a fotografia analógica como uma escolha estética e política. Dessa maneira, o trabalho busca compreender como as perspectivas visuais podem suscitar reflexões sobre memória e discursos socioambientais em um contexto contemporâneo predominante digital
Ciência e magia no cinema da Marvel: a figura do caleidoscópio em Doutor Estranho (2016)
Heloísa Maria Ferreira Torres (UFPA)
Esta proposta tem como objetivo analisar Doutor Estranho (2016), filme do Universo Cinematográfico Marvel que introduz as narrativas relacionadas ao campo da magia na franquia. A partir da abordagem neoformalista (Thompson, 1988), analisaremos a figura do caleidoscópio, brinquedo óptico do século XIX, que é empregada em alguns efeitos visuais do filme, procurando entender, com o auxílio de Crary (2012), a possível ligação que esta escolha teria com a narrativa, que relaciona magia e ciência.

ST Tenda Cuir – Abertura – Erguendo a Tenda na floresta: danças, fugidinhas e dildolândias

01/10 às 14h30
A floresta cuir: notas sobre o amor desencarnado
Cristian Borges (USP)RENATO SZTUTMAN (USP)
Em MAL DOS TRÓPICOS (2004) e QUEER (2024), a relação amorosa entre dois homens subverte a linguagem e os limites do corpo: seja pelo mergulho no universo mitológico em que um humano reencontra seu amante, agora como espírito que se transmuta em diferentes animais; seja através de um psicoativo (ayahuasca) que permite uma conexão sem palavras (telepática) envolvendo uma dupla indiscernibilidade: dos corpos dos amantes entre si e com a floresta. A mata como locus de um amor cuir desencarnado.
“Um instrumento de seu prazer”: o cinema como dildolândia
Ramayana Lira de Sousa (UNISUL)Alessandra Soares Brandão (UFSC)
Com base na pesquisa para um curta sobre a relação de mulheres cuir e pessoas trans com brinquedos sexuais, esta apresentação parte da proposta de Maria Lugones de alianças minoritárias criativas e lúdicas. Assim, forma-se uma comunidade cuir brincante, onde o trauma do “sair do armário” se desloca para o gesto de “tirar da gaveta”, discutindo metodologias que, ao cuirizar o brinquedo, talvez ludifiquem o cuir.
Entre a Fuga e a Fabulação estamos nos divertindo: bichas em fuga, enquanto dançam.
Andrey Rodrigues Chagas (UFRJ)
Na história da sexualidade as bichas estão localizadas no arquivo da violência, condicionadas desde a colonização a um regime de morte. Neste artigo pretende-se abrir uma disputa sobre a vida de bichas racializadas na Amazônia Paraense. Olharemos para Moonlight (2016), Majur (2018), videoclipes de “Frescah no Círio” de Leona Vingativa, imagens e vídeos, como ferramentas para tecer uma escrita onde a bicha esteja em festa e em comunhão com o território.

CI 29: Espaço como narrativa: autobiografia, horror e coreografias fílmicas

01/10 às 14h30
Espaço e autobiografia no cinema de Jean Eustache: um estudo de “A Mãe e a Puta”
Júlia Meireles de Lima (UNICAMP)
Esta análise investiga “A Mãe e a Puta” (1973), de Jean Eustache, a partir de sua dimensão autobiográfica para compreender a representação dos espaços do filme como índices da vida do diretor e do momento histórico do pós-Maio de 68. Mais do que meros cenários, acredita-se que esses espaços se tornam extensões dos personagens e do próprio Eustache, refletindo a vivência íntima do diretor e a atmosfera de uma cidade em transição, atravessada por desilusões políticas e mudanças socioculturais.
Trabalho, barbárie e espaço racionalizado em O Iluminado, de Stanley Kubrick
Eduardo de Faria Carniel (DLM – FFLCH – USP)
Analisaremos O Iluminado como uma leitura da dinâmica de racionalização do trabalho, interpretando o espaço do Hotel Overlook não como entidade sobrenatural, mas como estrutura econômica que molda subjetividades. Ao seguir a trajetória de Jack Torrance, observa-se como a lógica gerencial, representada pelo personagem Ullman, é internalizada até o ponto de ruptura. O horror do filme emerge da tensão entre racionalização, alienação e violência, revelando o monstro como produto do trabalho moderno.
Uma perspectiva coreográfica no filme Arca Russa: espaço, museu e montagem em movimento
Isis Ferreira Gasparini (ECA USP)
Esta comunicação analisa o filme Arca Russa, de Aleksandr Sokurov, a partir da noção de coreografia. Filmado em plano-sequência no Museu Hermitage, o longa antecipa a montagem para o momento da captação, organizando o tempo narrativo por meio de uma ação contínua. O museu torna-se dispositivo narrativo e cênico, articulado por uma coreografia complexa entre atores e equipe, que conecta espaços e tempos em um fluxo performático.

CI 11: Memória afro-diaspórica e fabulação crítica

01/10 às 14h30
Irreverência dos corpos pretos especulativos ante a tirania da luz branca
Irene de Araújo Machado (USP)
Orientando-se pela noção de “corpos especulativos” que Saidyia Hartman formula para escrever a contra-história dos povos disaspóricos, o presente estudo examina os contra-discursos produzidos pelo ato de filmar peles pretas fora da lógica da luz baseada na pele branca. Enquanto os padrões de exclusão denunciam atitudes de racialidade, oc contra-discursos audiovisuais põe em relevo a textura e a rugosidade das peles pretas, modelizando novos repertórios crítico-analítico da história única.
“Quem tem direito à memória familiar no cinema brasileiro?”
Naira Evine Pereira Soares (UNEB)
Através da apropriação do cinema por mãos e perspectivas negras, muitos temas passaram a sobressair, um deles são as memórias. Muitos filmes tem partido de questionamentos dentro de seus ambientes familiares e proposto diálogos coletivos. Parte-se do pressuposto de que memórias negras foram (e são) sistematicamente apagadas da história nacional, tornando-se uma lacuna coletiva. A pesquisa se fundamenta também em autores como Bamba (2008) Martins (2021), Sharpe (2023) e Hartman (2021).
ENTRE O DITO E O NÃO DITO, O MAU DITO BETWEEN THE SAID AND NOT SAID, THE BADLY SAID
RENATA PYRRHO NASCIMENTO (UFRN)Daniel Dantas Lemos (UFRN)
Este estudo reflete sobre arte afro-brasileira, racismo, memória e representação. A partir dos filmes A Morte Branca do Feiticeiro Negro e Tudo que é Apertado Rasga, insere-se na fabulação crítica (Hartman, 2020), revisita arquivos coloniais (Barbosa, 2016) e discute estratégias de transcodificação (Hall, 2016) como resistência ao silenciamento, à má representação e à exclusão de pessoas negras na arte e na mídia.

ST Arquivo e contra-arquivo: práticas, métodos e análises de imagens – Sessão 1 – Acervos e preservação

01/10 às 14h30
Um panorama do cinema amador no Brasil, entre 1920 e 1980, a partir do acervo do LUPA-UFF
Rafael de Luna Freire (UFF)
O LUPA-UFF é um arquivo audiovisual especialmente voltado para a preservação e promoção do cinema amador fluminense. A reunião de um acervo de centenas de filmes 8mm, 9.5, Super 8 e 16mm e a capacidade do próprio laboratório digitalizar essas películas garantem um corpus amostral substancial, o que motiva essa proposta de um panorama do cinema amador brasileiro, entre os anos 1920 e 1980, em termos quantitativos e qualitativos.
Digitalização e restauração de filmes no Brasil: algumas reflexões
Débora Lúcia Vieira Butruce (USP)
A diminuição dos custos dos equipamentos e ferramentas de digitalização e restauração de filmes nos últimos anos vem gerando a ampliação do acesso ao patrimônio audiovisual brasileiro. Entretanto, ainda que a qualidade destas versões digitais esteja ligada ao estado de conservação dos materiais originais, esse fator segue parecendo distante do grande público. Este trabalho pretende analisar em que medida esses processos estão contribuindo para a conscientização sobre a importância da preservação
A testemunha ocular na cadência do samba: a imprensa audiovisual na tensão democrática de 1963
Rodrigo Archangelo (Cinemateca Brasileir)
A análise comparativa do telejornal O Seu Repórter Esso e do cinejornal Canal 100 de 1963. A pesquisa, catalogação, preservação e acesso na Cinemateca Brasileira; e a demonstração de como tais discursos midiáticos constituíram aspectos da cultura política brasileira. Esta comunicação é resultado de dois projetos: Audiovisual, História e Preservação: o lugar dos cinejornais e das telerreportagens brasileiros na construção da memória; e Preservação de Acervo Audiovisual e Atualização Tecnológica.

CI 19: Múltiplos olhares sobre o cinema latino-americano: questões geopolíticas, estéticas e narrativas

01/10 às 14h30
Geopolítica das imagens: Stroessner e as narrativas transnacionais em “Bajo las banderas, el Sol”
Andrea C. Scansani (UFSC)
O documentário “Bajo las Banderas, el Sol” (2025), de Juanjo Pereira, investiga a ditadura de Stroessner no Paraguai (1954-1989) por meio de um extenso material de arquivo. A obra revela como o cinema constrói ideologias e apaga memórias. Combinando análise fílmica, entrevistas e pesquisas sócio-históricas, este estudo examina o papel do cinema na consolidação de regimes totalitários, em uma perspectiva global, na busca por compreender as narrativas geopolíticas atuais na América Latina.
O que é a fase neobarroca do Nuevo Cine Latinoamericano?
Marco Túlio de Sousa Ulhôa (PUC Minas)
Ao questionar a existência de uma fase neobarroca do Nuevo Cine Latinoamericano, o estudo indaga não só se o movimento teria de fato uma história dividida em etapas, mas se o resgate das formas do barroco, encontradas no mesmo contexto nos campos da literatura e das artes, também se manifesta no cinema latino-americano. É compreendendo as especificidades do conceito de neobarroco que a pesquisa lança uma série de interrogações sobre os filmes realizados na América Latina, a partir dos anos 1970.
Das casas assombradas aos cabarés e vecindades: os gêneros cinematográficos mexicanos nos anos 1940
Maurício de Bragança (UFF)
A comunicação apresenta uma hipótese sobre a falsa ideia de “desaparecimento” do cinema de horror mexicano dos anos 1940 através de dois eixos que se combinam. O primeiro, a própria semântica do gênero naquela época, que delimitava os espaços do fantástico, afastando-os dos fluxos da vida comum. O segundo, o contexto político dos anos 1940, que investia na ideia de Unidade Nacional, buscando novas configurações em torno do popular na indústria cultural.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil – 1: Modos de exibir, modos de ver.

01/10 às 14h30
“Que filmes ver, por que ver, e como ver?”: programação cineclubista como dispositivo opositor
JULIANA VIEIRA COSTA (PUCRS)
Partindo do exemplo do cineclube Mate com Angu, esta comunicação vai se debruçar sobre as práticas e ideias dos seus fundadores sobre programação. Considerando as perguntas: “Que filmes ver, por que ver, e como ver?” vamos refletir sobre o gesto da programação coletiva cineclubista e seus desdobramentos como um dispositivo (AGAMBEN, 2009) opositor ao circuito comercial de exibição fílmica e a fruição doméstica, individualizada e algoritimizada do mercado de streamings.
Em torno de uma curadoria territorializada
Fabio Rodrigues da Silva Filho (UFMG)
A partir do conceito de gestão territorializada, discutimos aqui a proposta de uma curadoria territorializada. Tal práxis será defendida não como método de programação, mas uma elaboração em curso, a partir do campo da exibição no Brasil, especialmente nas salas públicas, ancorando-nos em um caso situado: o Cinema do Dragão. Pensando os cinemas como política pública continuada, ressaltamos a necessidade das salas de cinema para um comum que não silencie as diferenças e que desenvolva contextos.
Média de público por sessão: uma análise aprofundada da ocupação de salas de cinema no país
Felipe Lopes (ESPM-Rio)
O trabalho coloca em foco a análise comparativa de público por sessão de obras brasileiras e dos EUA, em especial as distribuídas por majors em mais de 1000 salas. A partir deste indicador, somado a outras investigações críticas da economia e política audiovisual, em especial nos segmentos de distribuição e exibição, observa-se uma evidente ocupação predatória na programação de cinemas, algo que tem origem desde os primeiros atos dos grandes estúdios na construção da hegemonia hollywoodiana.

MESA Territórios sensíveis: cosmologias, corpos e encruzilhadas audiovisuais

01/10 às 14h30
Fundamentos exuísticos no processo criativo da montagem cinematográfica
marcelo pedroso holanda de jesus (UFRN)
A presente comunicação busca relacionar fundamentos da cosmologia de Exu, Orixá da comunicação e criatividade no xirê afro-brasileiro, às poéticas da montagem cinematográfica. Para tal, evocamos o marco conceitual da encruzilhada, pioneiramente apresentado por Leda Maria Martins, relacionando-o a relatos míticos transcritos nas obras de Nei Lopes e Reginaldo Prandi a fim de aferir sua ressonância com concepções teóricas de montagem cinematográfica.
Processos de individuação e criação audiovisual territorializada
Isaac Pipano Alcantarilla (Unifor)
Esta comunicação propõe uma reflexão sobre a pedagogia do cinema centrada na criação audiovisual como processo de territorialização e desterritorialização. Por meio da análise de experiências pedagógicas vivenciadas na escola Porto Iracema das Artes, um equipamento público do governo do estado do Ceará, apresentamos práticas sensíveis que rompem com o regime da representação e afirmam novas composições entre o mundo vivido e o mundo-imagem.
Espírito, sinestesia, mutação: por um novo instrumentário para pensar o cinema e a formação
Mariana Porto de Queiroz (UNIFOR)
O presente trabalho busca fundamentos teóricos para pensar a avaliação de processos formativos audiovisuais com pessoas neuro-divergentes, considerando as possibilidades de o cinema ser agente ativo na incorporação de sensibilidades diversas nos espaços de ensino e aprendizagem.

CI 34: Música e tecnologias sonoras no audiovisual

01/10 às 14h30
Zimbo Trio no cinema.
FABIO RADDI UCHOA (PPGCOM-UAM.)
A partir das presenças do Zimbo Trio em quatro longas-metragens dos anos 1960, serão examinadas as figuras audiovisuais e os respectivos significados sociais. A abordagem enfatiza as características sonoras e dos gêneros musicais (samba-jazz e bossa nova), para uma posterior análise audiovisual (CHION, 2011); levando-se em conta também, as tensões entre engajamento político e adesão à indústria cultural (NAPOLITANO, 2010), ou entre nacionalismo e universalismo cinematográfico (RAMOS, 1983).
“Watch my mouth!”: voz, lipsync e ventriloquia em Veludo azul
Felipe Ferro Rodrigues (USP)
Nesta comunicação analisamos Veludo azul (Blue Velvet), 1986, de David Lynch, nos debruçando sobre as relações entre voz, corpo e ventriloquia. Partindo da fragmentação sensorial sugerida pela imagem da orelha amputada que inicia a trama, investigamos como o deslocamento (ou tentativa de deslocamento) da voz, via dublagem e lipsync, opera como transação sensual e dispositivo de poder, evidenciando a voz como locus do erótico e a boca como objeto de fetiche.
Transformações tecnológicas e estéticas: o hiper-realismo sonoro e a superpopulação de sons
Francisco José Pereira da Costa Júnior (UERJ)
O presente artigo pretende perpassar por tecnologias que possibilitaram a sonorização fílmica, principalmente observando e escutando os resultados para a sua projeção. Sistemas que foram evoluindo e proporcionando criações estéticas como o hiper-realismo sonoro, recurso que se estabelece como padrão da indústria e passa a traduzir uma superpopulação de sons com inclinações imperialistas para domínio nos campos político, econômico e cultural.

ST Cinemas, Comunidades, Territórios: interpelações aos gestos analíticos – Sessão 1

01/10 às 14h30
A cena, o tempo e os arquivos: ver o que está fora da imagem
Maria Ines Dieuzeide Santos Souza (UFC)
Este trabalho elabora primeiras considerações a respeito de três curtas palestinos realizados na última década, e das operações tecidas com as imagens de arquivo. Articulamos os filmes “I signed the petition”, de Mahdi Fleifel (2018), “Seu pai nasceu com 100 anos, assim como a Nakba”, de Razan AlSalah (2018), e “The flowers stand silently, witnessing”, de Theo Panagopoulos (2024), para pensar como as imagens em tela nos provocam a ver algo que está fora, em outro tempo, mas ainda na mesma cena.
Andanças pela “arte popular do nosso chão”
Cláudia Cardoso Mesquita (UFMG)André Guimarães Brasil (UFMG)
O texto se dedica a Andança – Os encontros e as memórias de Beth Carvalho, em suas possibilidades de diálogo com a tradição documentária brasileira, seja os filmes em torno do fenômeno musical e do samba, seja aqueles que, por meio da montagem de arquivos, se propõem a elaborar a história do País, especialmente no período da redemocratização. Em Andança, as imagens inscrevem o samba e o pagode como “comunhão de todos”, “arte popular do nosso chão”, enraizada nos lugares onde se cria.

ST Cinema e Espaço – Sessão 2 Paisagens insulares, pitorescas e desindustrializadas

01/10 às 14h30
Da janela aberta para o mundo ao parque de atrações. As paisagens em dois filmes de Jia Zhangke.
Thiago Ferreira Pinto (UFPE)
O trabalho analisa os filmes O Mundo (2004) e Em busca da vida (2006), de Jia Zhangke, a partir da noção de paisagem, contextualizando-a dentro de suas relações com as mídias e os aparatos modernos. Inserido no campo da Cultura Visual, o estudo convoca o conceito de Pitoresco, observando como, nas duas obras, a assimilação das categorias Veduta e Capriccio revela as tensões envolvidas na fantasia de penetração no espaço que mobilizou a representação paisagística ao longo do tempo.
Transformações da paisagem urbana em São Paulo e Santiago: visões do rio e da desindustrialização
Vivian Javiera Castro Villarroel (UNIFESP)
O intuito desta comunicação é fazer uma reflexão teórico-metodológica sobre a realização de dois curta-metragens que tratam sobre as cidades de São Paulo (Brasil) e Santiago (Chile). O primeiro, Rio Desborde (2019) realizado no âmbito de meu doutoramento, segue as margens do rio Tietê e o rio Mapocho em seu perímetro urbano; uma observação de lugares afetados pelas águas e esquecidos. O segundo, Memórias da desindustrialização (2025), registra o passado e presente de antigas fábricas têxteis.
Sinófonoceno: crise climática, tecnologia e espacialidade em práticas audiovisuais de origem chinesa
Ruy Cézar Campos Figueiredo (UFF)
Propõe-se, aqui, colocar em diálogo os conceitos de cosmotécnica (Yuk Hui) e arte cosmopública (Hai Ren) com a obra de artistas sinófonos que refletem o debate sobre o Antropoceno ao trabalharem com cinema e audiovisual no âmbito da arte contemporânea: “Water System Project” de Cao Minghao e Chen Jianjun, “A Darkness Shimmering in the Light” de Liu Yujia, “The Lonely Age” de Connie Zheng e “Phantom Landscape” de Yang Yongliang.

ST Estética e Teoria da Direção de Arte Audiovisual – Abertura – ST Direção de Arte convida o Projeto Visual Altar Sonoro

01/10 às 14h30

ST Estudos Comparados de Cinema – Sessão 1. Violência, distopia e relações de classe no cinema brasileiro

01/10 às 14h30
O cinema marginal e o independente contemporâneo: distopia, abjeção e bandidagem libertina
Fábio de Carvalho Penido (UFMG)
O trabalho é um exercício comparativo entre filmes nacionais do cinema marginal (1968-70) e do independente contemporâneo (2018-2018) a partir do repertório visual que os dois grupos evocam, de abjeção e horror, e seus temas de distopias, bandidagem e libertinagem sexual. A lida comparativa busca analisar as semelhanças, diferenças e limites das formas do cinema brasileiro experimental em sua lida com as crises históricas.
De O som ao redor a Propriedade: a explicitação da violência nas relações de classe no cinema br
Mariana Souto (UnB)
O trabalho investiga a violência nas relações de classes no cinema brasileiro contemporâneo, apontando a transição de um retrato mais sutil e alusivo para uma abordagem explícita e brutal. Por meio de uma comparação ponto-contraponto (Xavier, 1983), aproximamos um filme da primeira metade da década de 2010 – O Som ao Redor (2012) – de uma obra mais recente – Propriedade (2023). No conjunto, vemos a transição para uma luta de classes mais literal e sangrenta.

CI 49: Curadoria e circuitos de exibição

01/10 às 14h30
Curadoria de curtas e produção de sentido na primeira Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte.
Marcio Blanco (UFMS)
A análise das diversas linhas de força que compõe a curadoria de curtas-metragens da primeira Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte mostra que o formato se presta a uma montagem que ao mesmo tempo que forja uma noção de cinema negro que dialoga com as lutas identitárias do seu tempo, também procura ultrapassar essa mesma lógica, propondo novos horizontes de discurso por meio da programação dos filmes.
Mostras e Festivais de Cinema e Audiovisual na Zona da Mata de Minas Gerais
RAFAELLA PEREIRA DE LIMA (UFJF)
O artigo apresenta a pesquisa em andamento acerca da dimensão sociocultural das mostras e festivais de cinema e audiovisual em cidades da Zona da Mata de Minas Gerais, que tem como objetivo compreender, pelos diversos aspectos que envolvem a realização destes festivais, de que forma eles atuam na formação de público e de profissionais da área do cinema nesta região.
André Bazin, crítico de filmes brasileiros (1953-1955)
Victor Santos Vigneron de La Jousselandière (UFF)
Este trabalho pretende caracterizar os comentários do crítico francês André Bazin sobre filmes brasileiros exibidos em diferentes festivais entre 1953 e 1955. A análise parte das entradas dedicadas a filmes brasileiros ou a coproduções no país no conjunto da produção de Bazin. Tal procedimento pretende jogar luz sobre os parâmetros de circulação de imagens associadas ao Brasil nos festivais dos anos 1950, considerando o olhar de um relevante crítico na Europa ocidental.

CI 53: Identidade e representação no rádio e na tv brasileiras

01/10 às 14h30
A telenovela “Travessia” e a representação da adolescência cuir
João Paulo Lopes de Meira Hergesel (PUC-Campinas)
O presente trabalho tem por objetivo discutir a representação do menino adolescente assexual na telenovela brasileira, com enfoque no personagem Rudá, de “Travessia”, obra com autoria de Gloria Perez (TV Globo, 2022-2023). Com apoio da FAPESP (2023/05698-8) e ancorado nos estudos cuir e no método de análise de personagens, a pesquisa discorre sobre a reconfiguração da masculinidade e a presença de adolescências não heterossexuais no audiovisual.
Na tela da TV
Laís Lima Pinho (UFSCar)
O presente trabalho se dedica a investigar e refletir sobre as mudanças que vêm acontecendo no cenário brasileiro do audiovisual, especialmente na televisão brasileira, sobre a representação do negro na televisão especificamente das mulheres negras. E como hoje em dia é possível mulheres negras contarem suas próprias histórias em grandes conglomerados de mídia do audiovisual como a Rede Globo. Tendo como objeto desta reflexão a série “História (Im)Possíveis”, criada por três mulheres negras.
Ecos do rádio: A chanchada e a adaptação cômica de programas radiofônicos
Carolina Rodrigues Mendonça Martins (UFRJ)
Este trabalho investiga a relação entre a escrita cômica das chanchadas e dos programas cômicos de rádio na mesma época, explorando-se o conhecimento do público sobre tropos e estrelas comuns aos dois meios e como se dava essa adaptação também de personagens e esquetes, fenômeno que também se repetiria posteriormente na televisão brasileira.

CI 36: Procedimentos estéticos e gestos de montagem

01/10 às 14h30
Articulação da montagem em “Um filme para Beatrice” (2024).
Mariana Ribeiro da Silva Tavares (UFMG)
A proposta deste trabalho é analisar de que forma Helena Solberg, em seu mais recente documentário – “Um filme para Beatrice” (2024) – lança mão dos procedimentos de montagem que marcam seu estilo autoral: narração autorreferencial; uso da ficção no documentário; elipses; diálogo entre a narração em off e a trilha sonora do filme; uso de material de arquivo sonoro e imagético para repensar seus filmes de forma dialógica, tornando seu cinema objeto de investigação fílmica.
APRENDENDO A VER EM RÉCITS D’ELLIS ISLAND DE ROBERT BOBER E GEORGES PEREC: UMA REFLEXÃO ESTÉTICA
Ana Lúcia Barbosa Moraes (UFRN)
Este trabalho pretende mostrar como procedimentos estéticos no filme de não ficção Récits d’Ellis Island (Relatos da Ilha Ellis), discutidos e teorizados por seus autores, Robert Bober e Georges Perec, a partir do questionamento do que significa “ver”, denunciam lugares pré-definidos pelos poderes instituídos, apontando para a impossibilidade de construções de sentido individuais e pré-determinadas, já que toda enunciação é coletiva, social e política.
Substituição figural, imagens sem órgãos: por uma dialética negativa em Hipernormalização (2016)
Jyan Carlos Sales de França (UFPE)Taís Marques Monteiro (UFPE)
Este trabalho analisa “Hipernormalização” (Adam Curtis, 2016) como filme-ensaio que mobiliza imagens de arquivo numa economia visual tormentosa. Analisamos três momentos: as relações políticas nas imagens do 11/9; o impacto metanarrativo da primeira decapitação pública, e o papel da música como dispositivo sensível. Há conexões entre gestos de montagem e da imagem. Sugerimos duas possibilidades de relação estética: substituição figural ondulante e imagens sem órgãos.

ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS – Sessão 3 – Coordenação: Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva

01/10 às 14h30
A institucionalidade na construção da memória em “Ainda estou aqui”, “No” e “Argentina,1985″
ANA GABRIELA DOURADO TEIXEIRA DE SOUZA (Unicamp)
Nessa apresentação propomos um olhar para os cinemas contemporâneos de Brasil, Chile e Argentina para analisar qual a relação que se tem mantido com a memória das violações de direitos humanos nas ditaduras desses países. “Ainda estou aqui”, “No” e “Argentina, 1985” se entrelaçam ao partirem de resgastes históricos envolvendo a esfera pública e institucional desses países e são base de uma análise que busca entender quais formas discursivas são elaboradas a partir dessas narrativas.
Resistir era preciso: apontamentos na sobrevivência do filme Você Também Pode Dar Um Presunto Legal
Lucas Nakazato Jacobina (UFMS)
Este trabalho propõe analisar o filme “Você também pode dar um presunto legal” (1970/2006) do diretor Sergio Muniz (1935-2023) para investigar a sua relação de produção clandestina e da preservação através da construção das imagens e dos sons propostos pela obra. Sendo o objetivo principal compreender como o filme articula a censura e a violência durante o período ditatorial no Brasil no início da década de 1970.
O audiovisual como ferramenta de revisão da história e memória: Um caso Brasil Paralelo
Júlio Cesar Cruz Alves (UAM)
Este trabalho observa como o filme “1964: O Brasil Entre Armas e Livros” (2019) da empresa Brasil Paralelo, vendido como documento histórico, utiliza o estilo clássico do documentário, socialmente prestigiado como representação da verdade, para legitimar sua obra e propor um novo entendimento da história e da memória da Ditadura Civil Militar Brasileira (1964-1985) visando influenciar a política brasileira para um rumo mais conservador e liberal.
CONTEMPLAÇÕES PARALELAS: REFLEXÕES ESTÉTICAS SOBRE PRODUTORA BRASIL PARALELO ATRAVÉS DA SÉRIE UNIT
Felipe Duarte Carneiro (UFPE)
A mídia audiovisual contemporânea configura-se como elemento central nas disputas políticas, notadamente no fortalecimento da extrema-direita. Nesse contexto, os estudos estéticos emergem como instrumentos analíticos para o enfrentamento de conteúdos ideológicos Este ensaio analisa a atuação da produtora Brasil Paralelo por meio de uma abordagem estética e experiencial da minissérie “Unitopia”, contemplando a estrutura da empresa como elemento formador e objetivo da estética de seu audiovisual.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 3 – Coordenação: Kênia Freitas

01/10 às 14h30
Mulheres, militância e a invenção de contra-espaços
Laura de Aguiar Miranda (PUC-Rio)
Com o filme Torre das Donzelas (2018), nos aproximamos de mulheres militantes na ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), buscando a experiência heterotópica como conceito operador de análise. Esta, destaca os afetos como potências políticas, para pensar a invenção de contra-espaços. Trata-se de um filme que desafia as práticas institucionais de memória e as formas convencionais de escrita da história que insistem em capturar as experiências, esvaziando-as de sua multiplicidade.
AFLUÊCIAS: processo criativo e de autodescoberta espiritual na realização de um documentário
MARIA IASMIN DA COSTA SOARES (UFPB)Flávia Affonso Mayer (UFPB)
O presente trabalho analisa a obra documental Afluências, com o objetivo de investigar a espiritualidade como parte central no modo de fazer cinema indígena de mulheres. Para tanto, adotamos como metodologia entrevistas, pesquisa documental, análise fílmica e autoetnografia – já que uma das autoras deste trabalho é roteirista, diretora e produtora indígena. Como resultado, foram encontrados marcadores de identidade espiritual da diretora enquanto mulher indígena.
Encruzilhadas em cena: O audiovisual como possibilidade de inscrições e disputas a partir de imagens
Bárbara Lima Martins (UFRB)
Esta escrita se costura diante das trajetórias e encruzilhadas das e dos participantes presentes no audiovisual Caminhos Abertos (2023). A partir da perspectiva da comunicação de Exu (Rufino, 2018) que embaralha a linearidade ocidental imposta, transgride a narrativa dominante colonial e que a partir da inscrições de imagens (Flusser 2009) possibilita a reinvenção de narrativas, corpos e vidas.
Desafios e representatividade feminina na maquinaria no cinema e audiovisual Brasileiro
CLARA ‘REWAI’Õ IDIORIÊ XAVANTE (UEG)
Pesquisa sobre mulheres na maquinaria cinematográfica brasileira, setor predominantemente masculino. Analisa os desafios enfrentados de acesso e permanência na profissão, através de questionários e entrevistas com profissionais das cinco regiões do Brasil. Resultados preliminares apontam barreiras estruturais e necessidade de políticas inclusivas, contribuindo para debates sobre equidade de gênero no audiovisual.

ET 5 – ETAPAS DE CRIAÇÃO E PROCESSOS FORMATIVOS EM CINEMA E AUDIOVISUAL – Sessão 1 – Coordenação: Danielle Parfentieff de Noronha

01/10 às 14h30
TECENDO EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS COM UM CINEMA ARTEIRO
Maria Gabriela Capper (UFF)
Esta comunicação aborda o cinema no campo da educação a partir da noção de cinema expandido (YOUNGBLOOD, 1970), pensa o deslocamento do cinema para a escola, as conexões que surgem desse trânsito e que implicam na ampliação dos modos de ver o mundo. Problematiza a relação dos estudantes com o cinema industrial, e atende aos chamados de um cinema xamânico (RUIZ, 2000) que incita singularidades. Propõe a experimentação coletiva do cinema em devir-criança (DELEUZE, 1995), um cinema arteiro.
CAMINHOS DE UMA MONITORIA: OS RESULTADOS DO TRABALHO JUNTO AO PROJETO DE EXTENÇÃO ÁRA ÊNDU ANHETÊ
Ana Júlia Olivier Rocha (UFRB)
A Monitoria Acadêmica vinculada ao Projeto Ára Êndu Anhetê, do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UNESPAR e da Terra Indígena Araça’í do povo Mbya Guarani, colaborou com a promoção de uma a tradução intercultural sobre o Som como experiência cosmológica e produziu o documentário “Sonhos Afluentes”, que explora experimentações sonoras, reflexões discentes e registros audiovisuais do projeto. A análise aborda o processo criativo do filme e resultados da monitoria como recurso formativo.
CINEMA, QUILOMBOS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES
Mariana de Lima Siqueira (UFF)
A partir da experiência de uma oficina de cinema em um quilombo no Espírito Santo e a realização de um filme a partir desse encontro, a apresentação pretende analisar como o território e as corporeidades em uma comunidade quilombola se envolvem em certos processos de criação. Tomando o cinema como elemento que pode ativar processos de produção de subjetividade, desejamos pensar em como o território, a amizade, a memória e a força de invenção de um quilombo incidem nas imagens.
Reflexões sobre as temáticas anuais propostas pelo programa Cinéma, Cent Ans De Jeunesse no Brasil.
Diego Blanco de Amorim (UFRJ)
Durante os últimos quinze anos o projeto Imagens em Movimento seguiu a linha pedagógica e o método elaborado pelo programa francês Cinéma, Cent Ans De Jeunesse (CCAJ), oferecendo oficinas de cinema em escolas públicas do Rio de Janeiro e em outros estados brasileiros. O intuito desse trabalho é levantar uma série de reflexões sobre esse modelo, focando nas escolhas temáticas anuais e sua aplicabilidade no contexto brasileiro.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 3 – Coordenação: Izabel de Fátima Cruz Melo

01/10 às 14h30
A intersecção de gêneros narrativos e a intertextualidade entre realidade e ficção no documentário
Ana Carolina Lopes Francisco (UERJ)
Esta análise examina a tênue fronteira entre fato e representação no cinema documental, em narrativas híbridas que mesclam ficção e realidade, assim como integram diferentes linguagens artísticas – cinema, teatro e literatura. Faz-se a defesa de uma abordagem híbrida para adaptar obras clássicas, podendo, através de práticas como a autorrepresentação e autoficção, contribuir para a visibilidade de vivências antes limitadas ou marginalizadas pelos meios tradicionais de produção cultural.
Relações entre a enunciação e a montagem: o universo Yanomami expresso pelo filme-ensaio
Luca Manso Fraietta (UEG)
O estudo em questão, explora a manifestação da enunciação e a montagem nas produções ensaísticas: Mãri Hi-A Árvore do Sonho, Thuë pihi kuuwi-Uma Mulher Pensando e Yuri U Xëatima Thë-A Pesca com Timbó. Logo, temos como hipótese que as práticas do filme-ensaio potencializam e estruturam as reflexões e fabulações dos realizadores Yanomami. Metodologicamente, adotamos uma abordagem analítica, investigando segmentos específicos das obras para compreender como a montagem e a enunciação operam.

ST Tenda Cuir – Sessão 2 – “Sapatonas! Eu sinto longe o cheiro de couro”

01/10 às 16h30
Eu como outras, outras como eu: comunidades sapatão nos vídeos de Cheryl Dunye
Carla Italiano (UFMG)
A proposta é analisar as formas de elaborar comunidades sapatão nos trabalhos iniciais em vídeo da estadunidense Cheryl Dunye. Olhando em particular para She Don’t Fade (1993) e The Potluck and the Passion (1993), abordaremos como eles criam imagens contra o apagamento negro e de dissidências de gênero, enquanto deslizam entre as esferas de pessoal e coletivo, encenação e “real”. A comunicação se vale da metodologia de uma curadoria de filmes como caminho de tensionamento e expansão.
Quando falo de mim estou dizendo de nós: relatos de si sapatão no cinema contemporâneo brasileiro
Luiza Nascimento (UFMG)
Por meio da análise dos curtas-metragem Trópicos de Capricórnio (2020) de Juliana Antunes e Rebu – A egolombra de uma sapatão (2019) de Mayara Santana, filmes construídos a partir de registros íntimos e narrativas pessoais. A pesquisa busca investigar de que forma os procedimentos fílmicos utilizados em cada filme ao ressignificarem os arquivos familiares criam “relatos de si” (Judith Butler), que operam como afirmação política e estética das existências dissidentes de gênero e sexualidade.
Corpo lésbico e dismórfico: : uma análise de Espelho Vivo (2022)
Marilia Almeida Paiva (UFC)
Este trabalho analisa a videoarte Espelho Vivo (2022), de Lila Almeida, sob a ótica do corpo lésbico, do transtorno dismórfico corporal e das linguagens da videoarte. A pesquisa discute como a autoimagem e o desejo são tensionados pelo olhar heteronormativo, explorando a câmera como espelho e dispositivo de libertação. O aporte teórico adotado transita entre Judith Butler (2024), Laura Mulvey (1983), Denise Bernuzzi (2014), Arlindo Machado (1995), Philippe Dubois (2004), entre outras/os/es.

CI 46: O insólito, o horror e o fantástico no cinema brasileiro

01/10 às 16h30
O horror social e o insólito na perspectiva da crítica em Cidade; Campo (2024)
Amanda de Sousa Veloso (UFG)LARA LIMA SATLER (UFG)
Cidade; Campo (2024), de Juliana Rojas, é um filme dividido em duas partes: a primeira se passa na cidade e a segunda no campo. O objetivo deste trabalho é compreender aspectos das leituras especializadas do filme que tenham relação com as proposições de horror social e insólito como crítica social. A partir da leitura prévia de 14 críticas especializadas foi possível perceber como o sobrenatural e o fantástico são percebidos e destacados nessa e em outras obras da diretora.
A representação da realidade no cinema de terror nas obras O animal Cordial (2017) e Medusa (2021)
Fernanda Tôrres de Miranda Estevam (UFMG)
O cinema de terror, para além do entretenimento, funciona há anos como um meio para se discutir a sociedade através da fabulação, do fantástico, do exagero e do medo; o cinema de terror brasileiro não é diferente. Esse seminário propõe analisar o discurso social presente no cinema de terror brasileiro a partir dos filmes O Animal Cordial (2017), de Gabriela Amaral Almeida e Medusa (2021), de Anita Rocha da Silveira.
Gênero e poder no fantástico contemporâneo: uma leitura de “O clube das mulheres de negócios” (2024)
Maria Luiza Correa da Silva Staut (UFMS)
Essa pesquisa objetiva analisar o filme “O clube das mulheres de negócios” (2024), dirigido por Anna Muylaert, e observar como o cinema fantástico contemporâneo desenvolve narrativas que promovem alternativas para superar a violência masculina e o contexto patriarcal. Partindo de conceitos de Dee L. Graham, Simone de Beauvoir e seguindo a metodologia de análise proposta por bell hooks, pretende-se destacar a importância da ficção e do fantástico para a consolidação de discursos feministas.

CI 12: Feminismos negros e cinema afro-diaspórico

01/10 às 16h30
Memória, território e pertencimento no audiovisual cearense de mulheres negras
Helosa Maria de Castro Araujo (UFC)
Este resumo pretende analisar o curta “Onde nasce um peixe roncador (18’38”)”, 2023, um documentário ficcional produzido por estudantes do curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes, a partir de uma proposta metodológica centrada em encontros proposta pela autora Ariella Azoulay (2024) e Encruzilhadas da Leda Martins(2003). Para entender de que forma uma obra fílmica é capaz de acionar ou reproduzir memórias e as noções de pertencimento de experiências racializadas?
Resistência e insubordinação: A construção de Imagens de Mulheres Negras no Cinema Negro Feminino
Juliana Ferreira Torres (UNICAMP)
Esta pesquisa tem a intenção de analisar as imagens de mulheres negras produzidas por cineastas negras como estratégias de discurso contra-hegemônico, a partir da pergunta-guia de Rosane Borges: “qual a responsabilidade das imagens nas mudanças necessárias no campo da estética e do visível?” a partir dos filmes do Cinema Negro Feminino brasileiro, tendo em mente o alcance que a imagem fílmica tem sobre o imaginário coletivo ao potencializar as variadas representações.
A distância de um oceano atlântico: uma análise de A Deusa Negra
Cintya Ferreira Mendes (UFF)
A partir da análise do longa-metragem A Deusa Negra (Ola Balogun, 1979), de jornais da época e da comparação entre o roteiro e o que foi filmado, esta comunicação investiga os embates colocados em cena e os possíveis motivos para o relativo esquecimento da obra nas discussões de cinemas negros.

ST Arquivo e contra-arquivo: práticas, métodos e análises de imagens – Sessão 2 – Arquivo como prática artística

01/10 às 16h30
Taego Ãwa e o que nós pensamos que fazemos quando fabulamos com arquivos
Marcela Aguiar Borela (IFB e UFF)
Esta reflexão parte da expêriencia que vivencio, numa ordem material do sensível, o impacto das imagens de arquivo que encontrei há cerca de 20 anos e que deram origem ao filme Taego Ãwa (2016), corealizado por mim e por Henrique Borela, com o líder xamã Tutawa Ãwa (in memorian) e sua família (conhecidos como Avá-Canoeiros do Araguaia). Pego a palavra a partir de uma oniropolítica (DUNKER, 2022), habitando o encontro e agindo, organizando o gesto coletivo, fabulatório, estético-político.
Quando a lacuna impulsiona a imagem de arquivo: caminhos para uma prática arquivística no cinema
Luana Campos Ponchet (UFS)Greice Schneider (UFS)
O trabalho explora os caminhos percorridos na feitura de um cinema de arquivo a partir das ausências e rastros deixados pelas fotografias anônimas provindas do acervo institucional da UFS. Exploramos as lacunas e os gestos de ressignificação dessas imagens a partir de um duplo movimento: uma contextualização histórica baseada na trajetória e materialidade das imagens (Blank e Machado, 2020) e o seu potencial de ressignificação, a partir da perspectiva de imagem-montagem de (Didi-Huberman, 2020).
O cachorro, a casa e o quintal: diante da fotografia de vilas militares no Brasil
Andrea França Martins (PUC-Rio)
No processo de pesquisa para a realização de Dálmata (2024), me deparo com fotografias de vilas militares no sul do Brasil nos anos 1970, pertencentes ao Cpdoc/FGV. Há motivos visuais que se repetem e isso chama a atenção. Decido revisitar os álbuns de família com fotos da infância vivida em vila militar. Percebo que a vila revela aspectos pouco conhecidos da história da cultura militar no Brasil. Essa proposta investiga possibilidades de arranjos inventivos no âmbito da pesquisa acadêmica.

CI 55: Memória, trauma e a reconstrução do passado nos documentários políticos contemporâneos

01/10 às 16h30
Montagem e Restauro: Produção e Memória no Documentário sobre o 8 de Janeiro
Michael Abrantes Kerr (UFPel)
O artigo propõe uma reflexão sobre a montagem na construção da memória dos atos de 8 de janeiro de 2023, a partir da produção de um documentário que trata da restauração de obras de arte vandalizadas no Palácio do Planalto. A proposta traz a montagem como um modo de pensamento e uma ferramenta teórica capaz de articular imagens do passado e do presente, colocando-as em confronto para produzir sentidos históricos, assim como uma forma de restituição simbólica, sem apagar as lacunas da destruição.
Reflexões sobre a ignorância: memória e política no documentário Domingo no Golpe
Cristiane Freitas Gutfreind (PUCRS)Márcio Zanetti Negrini (PUCRS / UNISO)
O trabalho analisa o documentário Domingo no Golpe (2023), que elabora criticamente a memória do atentado contra a democracia brasileira em 8 de janeiro de 2023. A partir de reconfigurações de imagens de câmeras de vigilância, o filme denuncia a violência produzida pela ignorância politicamente instrumentalizada e os traços do autoritarismo que evoca a Ditadura Civil-Militar.
Alteridade, infância e relações estéticas nos documentários 5 Câmeras Quebradas e Nascido em Gaza
José Augusto Mendes Lobato (UAM)
O trabalho discute os modos de representação do Conflito Israel-Palestina no documentário contemporâneo, tendo como foco as obras “5 Câmeras Quebradas” (2011) e “Nascido em Gaza” (2014). Baseamos nossa reflexão nos estudos sobre alteridade e cultura audiovisual, a fim de compreender a figuração da experiência de crianças palestinas como recurso central à formulação da intriga narrativa, mobilizando relações estéticas baseadas na retórica testemunhal e na empatia diante do(s) Outro(s).

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil – 2: Regulação e soberania. O caso do VOD no Brasil.

01/10 às 16h30
Soberania Imaginativa em Disputa: A Filmes de Plástico e as Estratégias da Netflix
Lia Bahia (UFF)Sheila Schvarzman (UAM)
Em tempos de debate sobre regulação do VOD no Brasil, o anúncio do novo filme da Filmes de Plástico, em parceria com a Netflix, gerou surpresa. Este trabalho irá analisar e levantar questões sobre este encontro a partir do projeto político da plataforma estadunidense que serve como estratégia para esvaziar e despolitizar a regulação no país e as reverberações éticas e estéticas nos filmes brasileiros que produzem e para o audiovisual brasileiro contemporâneo.
A novela do streaming: a batalha das plataformas pelo público brasileiro
Pedro Peixoto Curi (ESPM Rio)
Este trabalho analisa como a telenovela — enquanto obra audiovisual social — é mobilizada por diferentes plataformas no contexto da disputa por atenção e fidelização do público brasileiro. A partir de Beleza Fatal (Max) e do remake de Vale Tudo (Globo), investiga-se a articulação entre obra, estratégias de circulação e práticas do público em um ecossistema fragmentado, no qual o streaming transforma a novela em um novo campo de batalha dessa guerra que se prolonga no tempo, sem um final à vista.
Regulação e reforma das plataformas digitais: pontos de uma articulação política
Thiago Siqueira Venanzoni (FIAM-FAAM)
A proposta tem como objetivo trazer debates já existentes em pesquisas vinculadas aos estudos de plataforma e à economia política como reflexão diante da presença hegemônica de plataformas de streaming transnacionais no Brasil e a tramitação de projetos de lei que buscam regular o serviço em território nacional. Além do debate sobre o tipo de regulação mais adequado à nossa indústria, o texto propõe discutir alternativas reformistas em disputa aos modelos globais.

MESA Lugares do cinema na educação: invenção, memória e alteridade

01/10 às 16h30
Cerâmica, cinema e educação contra o tecnofeudalismo
Adriana Mabel Fresquet (CINEAD/UFRJ)
A comunicação analisa o impacto das reformas educacionais digitais e propõe resistências ao tecnofeudalismo por meio do cinema e de práticas audiovisuais críticas e criativas. Destaca-se o uso da cerâmica como tecnologia de arquivamento durável, acessível e não destrutiva, que rompe com a lógica da obsolescência e da vigilância, oferecendo novos horizontes para a preservação da memória e a defesa da educação como bem comum.
Dispositivos para a construção de um comum em sala de aula: modos de ver, pensar e produzir imagens
Catarina Andrade (UFPE)Bruno Mesquita Malta de Alencar (UFPE)
Diante da experiência com o cinema em sala de aula, discutiremos os dispositivos do projeto de extensão REIMAGINAR – Oficina de Cinema-Educação, uma das ferramentas didático-pedagógicas dos processos de formação para professores da Rede Pública do Recife (PE). Defendemos que a forma que articula imagem e palavra promovem um letramento audiovisual de caráter interdisciplinar e que suas experimentações contribuíram para a desnaturalização do olhar dentro de uma perspectiva crítica e emancipadora.
Circuito de Cinema na Escola: fomento de público, criação e parentesco
Cíntia Langie Araujo (UFPel)
A pesquisa apresenta uma experiência de difusão audiovisual e de itinerários de criação com estudantes de escolas públicas, realizada por graduandos de Cinema da UFPel. Essa experiência reúne curadoria brasileira, exibição de filmes, engenharia reversa e criação audiovisual, em práticas não convencionais (Le Guin) e que oportunizem a formação de parentescos (Haraway).

ST Cinemas, Comunidades, Territórios: interpelações aos gestos analíticos – Sessão 2

01/10 às 16h30
A fabulação em “Mato Seco em Chamas”
Maria Carolina Oliva Freire Pereira (UFMG)
Este trabalho propõe uma aproximação da noção de fabulação Deleuziana das atrizes-intercessoras à forma fílmica de “Mato Seco em Chamas”, tendo como hipótese a possibilidade de caracterizar o filme como fabulador. Atentos aos gestos fabulatórios do filme (que fabula por meio da montagem) e das atrizes (que fabulam por meio dos gestos, do texto e dos olhares), nos interessa compreender como a fabulação das atrizes e os fenômenos que as cercam, como o universo carcerário, levam o filme a fabular.
Protagonismo feminino (e feminista) de Vó na luta pela terra em Chão (Camila Freitas, 2019)
LARISSA SHAYANNA FERREIRA COSTA (UFMG)
As imagens das Sem Terra são inscritas em documentários brasileiros desde as origens do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das primeiras imagens que retratam a luta pela terra no país. Partimos do filme Chão (Camila Freitas, 2019), direcionando nosso olhar para o protagonismo feminino e feminista de Vó, uma mulher velha e militante aguerrida. Sem idealizações, essa personagem complexifica questões de gênero e nos informa elementos próprios do Feminismo Camponês Popular.
Compor arranjos de imagens, enredar a escrita: notas sobre uma proposição metodológica
Hannah Serrat de Souza Santos (IFNMG)
Neste trabalho, buscamos apresentar uma proposta analítica desenvolvida durante pesquisa de doutorado dedicada ao cinema de Abderrahmane Sissako, no que concerne a investigação das relações entre as imagens e o olhar, bem como as formas de aparição dos sujeitos no cinema. Buscamos apresentar alguns “arranjos de imagens” produzidos a partir da aproximação entre diferentes filmes, enquanto uma proposta metodológica que se torna produtiva à medida em que se desenvolve junto ao trabalho da escrita.

CI 27: Cinema, paisagem e geopolítica

01/10 às 16h30
Cartografias latino-americanas: geopolítica e espacialidades no cinema de Maya Da-rin
fernanda ribeiro de salvo (UFJF)
Este artigo discute a relação entre o espaço construído na representação e a geopolítica que se desenha junto com o cinema, tomando como objeto empírico os documentários Margem (2007) e Terras (2009), de Maya Da-rin. Nos dois filmes, as fronteiras latino-americanas são inventariadas, permitindo a reelaboração de imaginários e historicidades sobre o território. Como aporte teórico-metodológico, utilizaremos as noções de “epistemologias do Sul” e “sociologia das ausências” (Santos, 2019).
A Paisagem Insular de Isole di Fuoco: Olhar, Fora-de-Campo e Meridionalismo
Matheus Batista Massias (UNICAMP)
A insularidade dos filmes de Vittorio De Seta dos anos 1950 é patente sobretudo em Isole di fuoco quando a conjunção dos quatro elementos — água, terra, fogo e ar — é trabalhada como veículo da ação. O olhar das personagens e o uso do fora-de-campo como espaço latente de ação é analisado a fim de verificar como a paisagem se impõe como elemento estruturante da mise-en-scène, da montagem e da insularidade que suscita, por sua vez e mais implicitamente, preocupações meridionais.
Investigação de si entre espaços, o físico e o subjetivo
Laís de Lorenço Teixeira (UNICAMP)
Em “Hija” (María Paz González, 2011) a diretora investiga suas origens, paralelamente à história de sua mãe, ambas marcadas pela ausência paterna. Em viagem pelo Chile, os espaços ganham outro significado à luz das memórias compartilhadas. O espaço, assim, é ativo na construção de sentido do documentário, em conjunto com as investigações (físicas, subjetivas) das protagonistas. A comunicação procura analisar em que medida o espaço pode criar sentidos ao ter papel narrativo na construção de si.

ST Estética e Teoria da Direção de Arte Audiovisual – Sessão 1 – Imagem, registro e território

01/10 às 16h30
A expressão da direção de arte na criação do espaço fílmico em filmes amazônicos
Beatriz de Oliveira Fonseca (UFPA)
O presente trabalho busca promover algumas reflexões partindo do olhar da direção de arte de curtas-metragens contemporâneos realizados no território paraense: Ribeirinhos do Asfalto (Jorane Castro, 2011) e Cabana (Adriana de Faria, 2023). A partir de como a direção de arte interfere nos cenários, objetos, figurinos, observo sobre como o espaço fílmico é moldado e apresenta contrastes latentes nas obras, articulando com autores que dialogam com conceitos de visualidade amazônica.
Naturalismo, território e direção de arte: Uma observação de `Cidade; Campo`
Iomana Rocha de Araújo Silva (UFPE)
Esta pesquisa propõe observar camadas da construção da visualidade naturalista sob a perspectiva da direção de arte. A partir da observação estética do filme Cidade;Campo (Juliana Rojas, 2024) analiso essas imagens naturalistas evocando Milton Santos, que propõe em seus escritos o que chama de sistema dos objetos. A partir desses conceitos lemos as diversas camadas sensíveis que os objetos evocam, focando na relação entre as personagens, os objetos e os espaços cênicos.
DIREÇÃO DE ARTE E REALISMO FANTÁSTICO EM “SEM CORAÇÃO” (2003)
Dorotea Souza Bastos (UFRB)Theresa Christina Barbosa de Medeiros (UFRN)
Neste trabalho, buscamos analisar o elemento fantástico presente no filme Sem coração (2003), de Nara Normande e Tião: uma baleia, objeto fruto da imaginação das personagens Tamara e Duda. Para tanto, recorremos aos apontamentos trazidos por Bastos, Paiva e Medeiros (2023), como possibilidade metodológica de análise a partir da Direção de Arte, levando em consideração as materialidades e visualidades a fim de explorarmos as possibilidades criativas e narrativas do objeto.

ST Estudos Comparados de Cinema – Sessão 2.  Reflexões sobre os métodos de comparação

01/10 às 16h30
Zoom In, Zoom Out: Escalas do olhar nas metodologias de cinema comparado
Lara Freitas de Carvalho (UFBA)
Propõe-se a investigação das escalas do olhar nos estudos comparados de cinema, argumentando em defesa de uma mobilidade analítica que transita entre aproximações e distanciamentos dos objetos fílmicos. Uma aproximação aos campos de cartografia e astronomia em busca de gestos metodológicos que possam ser aplicados ao cinema, visa revelar camadas interpretativas e analíticas que potencialmente permaneceriam despercebidas, se observadas em escalas fixas, ao analisar o cinema de forma comparada.
Notas sobre a Metahistória e a retórica do comparatismo
Lucas Bastos Guimarães Baptista (Sem vínculo)
Partimos da noção de “Metahistória” sugerida por Hollis Frampton e Hayden White para colocar uma série de perguntas relativas à linguagem do comparatismo no cinema. Considerando que o trabalho de comparação envolve um discurso narrativo em prosa, até que ponto caracterizar seus tropos e suas estruturas narrativas é útil para refletir sobre o cinema comparado? Seriam as figuras e os formatos definidos por White úteis para generalizar o processo comparativo e coordenar diferentes abordagens?
O filme-retrato e a figuração do rosto entristecido: uma constelação emotiva
Iury Peres Malucelli (Unespar)
O trabalho busca delinear, tendo em vista a noção de filme-retrato e suas possíveis estilísticas, uma constelação fílmica da figuração da expressão facial da tristeza em obras que buscam a composição fílmica de retratos de sujeitos. Com essa investida, esperamos compreender de que formas a expressão das emoções – movente e ativa – está articulada em imagens cinematográficas que se voltam para rostos a serem retratados em movimento, em oposição à tradicional estaticidade do retrato pictórico.

CI 21: Dar a Ver: Cinema Documental e Curadoria como gestos de rememoração e prática política

01/10 às 16h30
Deslocamentos, identidade e hospitalidade no cinema documental brasileiro
Giulianna Nogueira Ronna (PUCRS)
A proposta analisa como deslocamento e exílio estruturam narrativas no documentário brasileiro sobre a ditadura civil-militar (1964–1985), revelando violências históricas, desconstruções identitárias e apagamentos vividos por determinados grupos. A partir do conceito de hospitalidade (Derrida) investiga-se a articulação entre imagem e palavra na construção de subjetividades políticas (Mouffe) e no tensionamento entre memória, identidade e pertencimento.
Torre (2017) e Torre das Donzelas (2018): o documentário como local sugestivo da memória
Mateus Costa de Oliveira (UFBA)
Esta comunicação, fruto de um processo inicial de investigação, reúne dois documentários – Torre (2017), de Nádia Mangolini, e Torre das Donzelas (2018), de Susanna Lira – que, em perspectivas diferentes, tratam da extinto Presídio Tiradentes. Ambos lidam com a memória e com a ausência física do presídio. A comunicação tem como objetivo refletir sobre como o cinema documentário pode contribuir para um novo espaço de memória através da articulação da linguagem audiovisual.
Dar a ver sem poder: a produção de pensamento curatorial como ação coletiva
Amaranta Cesar (UFBA)
A partir da premissa de que a dimensão teórico-política da curadoria estaria na sua capacidade de produzir um pensamento em ato e em comunidade, esta comunicação dedica-se a apostar na produtividade metodológica de analisar não os filmes e os pressupostos seletivos que movimentam suas exibições, mas as cenas provocadas pelas suas aparições em contextos de arranjos curatoriais de mostras e festivais, para refletir sobre os modos como a curadoria em cinema produz e faz circular teorias de cinema.

MESA Telenovela e Contemporaneidade: História, Estética, Identidade.

01/10 às 16h30
“Garota do Momento”: imagens de arquivo e direção de fotografia
Marina Cavalcanti Tedesco (UFF)
“Garota do Momento” (2024-2025) é uma telenovela da Rede Globo. Sua história transcorre no passado, como muitas de sua faixa horária, a “das seis”. Para recriar o final dos anos 1950, a emissora se valeu das direções de fotografia e de arte e de imagens de arquivo – estas últimas de forma bem mais intensa que em outras produções do tipo. Na presente comunicação, refletiremos sobre diferentes relações visuais nesta telenovela entre imagens de arquivo e material captado durante a sua realização.
A Pequena África na telenovela “Nos Tempos do Imperador”
Luciana Barros Góes (UNIRIO)
Tendo como pressuposto que a mídia, ao fazer uso de mensagens carregadas de simbolismos e significados, legitima o discurso político e social da temporalidade em questão, o trabalho analisou a representação da escravidão em “Nos Tempos do Imperador”, trama exibida entre 2021 e 2022, na TV Globo e que tem o núcleo da escravidão denominado de Pequena África, região que passou por transformações nas últimas décadas, após vir à tona o Cemitério dos Pretos Novos e os vestígios do Cais do Valongo.
Vale tudo (1988/2025). Teledramaturgia e História.
Paula Halperin (SUNY)
O presente trabalho propõe uma entre as duas versões de “Vale Tudo,” a de 1988 e a de 2025. A pergunta central é como o projeto de produção de remakes negocia e se adapta às transformações profundas da sociedade, da audiência, das formas narrativas, e às transformações radicais no campo da mídia da última década? O objetivo é compreender como a telenovela continua a se reinventar, mantendo sua relevância e capacidade de atrair espectadores, em um cenário de crescente mediação digital.

CI 24: Cinema e IA: poéticas, simulações e novas linguagens

01/10 às 16h30
Linha de Montagem x Rede: caminhos poéticos para a IA Generativa
Marcelo Rodrigo Mingoti Müller (USP)
Este trabalho investiga como a inteligência artificial generativa pode reorganizar o processo de realização cinematográfica, estruturado de forma linear desde o início do século XX. Propomos pensar o cinema com IA como uma rede dinâmica de ações simultâneas, articulando as ideias de criação em rede (Salles) e processamento paralelo das redes neurais (Boden), para identificar novas possibilidades poéticas a partir do uso do computador como ferramenta do pensamento (Grau).
Do traço à simulação: revisitando as imagens técnicas
André Bonotto (IFB)
Tradicionalmente se atribui à imagem de base fotográfica um estatuto especial em função do automatismo presente em sua gênese: ela seria um traço de um real. Entretanto, as imagens criadas por inteligência artificial cada vez mais parecem prescindir da tomada de decisão e operação humanas, ecoando e amplificando a noção de caixa preta. Este trabalho propõe revisitar o conceito de imagem técnica e analisar como o mesmo se relaciona com o o atual panorama das imagens geradas por IA.
Desktop films: cinema e novas abordagens
Luciano Marafon (UTP)
O presente estudo busca analisar as novas abordagens na produção cinematográfica, especificamente os chamados desktop films, que são narrativas construídas inteiramente através da tela do computador, utilizando de aplicativos, meios online e redes sociais para uma reconfiguração da produção e montagem clássica. Será que ainda podemos chamar essas narrativas de filmes e de cinema?

ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS – Sessão 4 – Coordenação: Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva

01/10 às 16h30
“Críticos dizem que merece até um Oscar” – A recepção de audiências brasileiras a Ataque dos Cães
Marina Tarabay (UFBA)
Análise da recepção negativa no Brasil do filme Ataque dos Cães via comentários do Google, contrastando com o sucesso crítico. Contextualiza a produção, o marketing da Netflix para premiações e o Google como espaço de crítica. Adota perspectiva contextualista (Staiger) e interdisciplinar, incluindo tecnicidade (Gutmann), ciber cinefilia (Bamba) e midiatização (Fausto Neto) para identificar padrões de audiência. Conclui refletindo sobre a pertinência da metodologia para a distribuição audiovisual
Cinema Recreio Cabo Frio RJ: A resistência do cinema de rua no século XX
CELIO REGINALDO MOREIRA PIMENTEL (UFF)
Estudo regional sobre a história da exibição e distribuição de filmes na cidade de Cabo Frio RJ. A consolidação da exibição cinematográfica e o desenvolvimento do território a partir dos povos indígenas Tamoio ao colonizador da exploração econômica do pau brasil a indústria salineira, que permitiu o incremento da ligação entre a navegação e a ferrovia para que o Cine Recreio alcançasse sua plenitude como cinema lá.
Palavras-chave: Sal, Cine Recreio, Cabo Frio, Ferrovia, cinema de rua.
OBSERVAÇÕES SOBRE O CINEMA DE SERGIPE: ENTRE AFETOS, ESCASSEZ E CRIAÇÃO
Beatriz Aranzana de Morais (UFS)
Quais estratégias de produção têm sido adotadas por cineastas sergipanos diante da escassez de políticas públicas de fomento? Este resumo discute modos alternativos de fazer cinema no estado, como o Cinema de Garagem, o Modo Elekô e o cinema artesanal, destacando experiências que aliam afeto, inventividade e coletividade para superar limitações orçamentárias e desafiar o modelo industrial tradicional.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 4 – Coordenação: Kênia Freitas

01/10 às 16h30
Nossos corpos, nossas telas: direitos reprodutivos, gênero e raça em filmes nacionais contemporâneos
Luna Gonçalves Dalama (USP)
Como gestar e criar novos mundos, com justiça reprodutiva, de gênero e racial? O cinema brasileiro tem apontado caminhos nesse sentido, seja em filmes de ficção – como “Levante” (2023) e “Aos nossos filhos” (2022) – ou em documentários – como “Incompatível com a vida” (2023). Esta apresentação pretende tratar de direitos reprodutivos, questões raciais e da população LGBTQIA+ nesses três filmes nacionais recentes, utilizando como embasamento teórico autoras como Federici, hooks e Iaconelli.
A experiência afrofabulativa em O Dia que te Conheci
Emily Cristina Ferreira de Almeida (UFRJ)
O presente estudo propõe uma análise do filme O dia que te conheci (2023), de André Novais Oliveira, a partir do conceito de afrofabulação como instrumento crítico para a elaboração de novas possibilidades de existência negra. A pesquisa dialoga com Tavia Nyong’o e outros autores que articulam afrofabulação, afrofuturismo e afrossurrealismo.
Poesia e subjetividade negras no filme ‘O dia que te conheci’, de André Novais
BRUNA MARTINS NOBREGA ARAUJO DIAS (UFPB)
Este artigo se propõe a fazer uma análise do filme “O dia que te conheci”, do cineasta Andre Novais, refletindo sobre a importância de produções onde pessoas negras são realizadoras e protagonistas de suas próprias histórias. Discorreremos sobre como a representatividade de narrativas negras no cinema ganha outros contornos na medida em que estes personagens passam a se libertar de antigas amarras que aprisionavam sua existência, através da enunciação, da resistência e do empoderamento.

ET 5 – ETAPAS DE CRIAÇÃO E PROCESSOS FORMATIVOS EM CINEMA E AUDIOVISUAL – Sessão 2 – Coordenação: Danielle Parfentieff de Noronha

01/10 às 16h30
Processos de criação em narrativas contemporâneas: diferentes olhares sobre webséries lésbicas
Jéssica Maria Araújo dos Santos (UFS)
A proposta é investigar processos de criação com enfoque em webséries compartilhadas com o público por meio de plataformas digitais. Como essas obras compõem as chamadas redes de criação, conforme proposto por Salles (2006) e a análise dessas obras através dos conceitos de bloqueio e linhas de fuga, propostos pela filósofa e artista Anne Sauvagnargues (2005). O objetivo é investigar as forças de composição que atravessam produções analisando webséries brasileiras que abordam a lesbianidade.
Ladeira das Mulheres: modos de produção colaborativos e reconfigurações da narrativa documental
Fábio Augusto Machado Dutra (UFRB)
Este trabalho analisa o curta-documentário Ladeira das Mulheres (2024), observando como métodos de produção colaborativos influenciaram sua estrutura narrativa. A partir de conceitos como corpo-território, tempo espiralar, ética amorosa e risco do real, reflete-se sobre o impacto dos modos de fazer cinematográfico na construção de novas formas de visibilidade, pertencimento e experiência estética.
Filmes Arquipélagos e Filmes Mosaicos: Estratégias de Montagem na Construção de Filmes Documentais
Marcos Alex Rodrigues do Andrade (UNESPAR)
Este trabalho investiga as diferenças conceituais e práticas entre “filmes arquipélagos”, que preservam a independência narrativa de cada personagem como “ilhas” distintas, e “filmes mosaicos”, que entrelaçam depoimentos em prol de uma narrativa integrada. Ao analisar documentários como “Na Ilha” (2020), “Um Lugar ao Sol” (2009), “The Cutting Edge” (2004) e “Edifício Master” (2002), examinamos o impacto destas escolhas de montagem nas relações entre cineastas, sujeitos filmados e espectadores.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 4 – Coordenação: Izabel de Fátima Cruz Melo

01/10 às 16h30
Cinema ecodélico: miração, território e regimes visionários
Anália Alencar Vieira (UFF)
Propõe-se uma atualização do campo psicodélico no cinema a partir da análise de filmes latino-americanos que lidam com a ayahuasca não como tema, mas como agente epistêmico e modulador de atmosferas. Com base na miração como categoria estética, investiga-se a manifestação ecodélica nos filmes, enraizada em práticas ligadas a territórios e cosmologias amazônicas, deslocando o imaginário psicodélico eurocentrado e ampliando os modos de ver, escutar e pensar com perspectivas mais-que-humanas.
Entre camadas
Fabiana Barboza Ribeiro (USP)
A partir da análise de filmes de Isao Takahata e Hayao Miyazaki, que elaboraram manejos peculiares desses intervalos, exploramos as formas como seus mundos animados configuram percepções e vivências de diferentes Japões que se entrelaçam com ideologias diante do território, enquanto constituem diferentes relações de agenciamento para com o espectador, que é requisitado de participação e distanciamento.
“Bang Bang” de Andrea Tonacci, um filme alegórico?
THIAGO MENDONCA (USP)
Esta comunicação busca questionar a caracterização de “Bang Bang” (1970), de Andrea Tonacci como um filme alegórico, como o fez a clássica obra de Ismail Xavier “Alegorias do subdesenvolvimento”, partindo da leitura que o ensaísta alemão Gunther Anders fez da obra de Franz Kafka como não alegórica e, de uma forma muito particular, realista.

 
 

02/10


CI 51: Corpo em cena: Atuação e performance no cinema

02/10 às 9h00
Não há nada de natural na natureza – atores não profissionais no Cinema de Bresson e Pasolini
Flavio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) (PUC-Rio)
Este trabalho pretende contribuir para os estudos de História do Cinema, naquilo que tange a performance e a direção de atores, tendo como foco principal a presença de intérpretes não profissionais nos filmes de Robert Bresson e Pier Paolo Pasolini. Neste sentido, busco saber como ambos, considerando seus estilos e metodologias bem distintas e particulares, lidavam com atores e atrizes não profissionais, evitando a usual linguagem naturalista bem como os convencionais métodos de atuação.
Reflexões sobre a hegemonia das escolas estadunidenses de atuação
Rodrigo Desider Fischer (UFF)
Em 1923, o Teatro de Arte de Moscou, dirigido por Stanislavski, realizou uma turnê nos EUA que influenciou teatrólogos como Lee Strasberg, Stella Adler e Sanford Meisner. Esse evento representa uma mudança significativa, simbólica e política nas escolas de formação de atores até os dias atuais. O texto pretende refletir sobre a apropriação dessas escolas em relação ao sistema de Stanislavski e questionar a hegemonia desse “método” na atuação, propondo também uma análise do seu impacto.
Trabalho coletivo, jogo de cena e os limites dos anos 1960 em Faces, de John Cassavetes
Bruno Gavranic Zaniolo (USP)
Através de Faces (1968) analisamos o cinema de John Cassavetes como uma intervenção nos modos de produção de Hollywood, em conexão com o desenvolvimento da cultura dos EUA na década de 1960. Veremos como a adoção do trabalho colaborativo e da prática do jogo de cena determinam as relações entre os artistas e a representação das personagens, elaborando sua poética baseada na construção de uma sensação de espontaneidade que incorpora os avanços e revela as contradições de seu contexto histórico.

ST Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual – Sessão 3

02/10 às 9h00
“A filha do demônio” (1997) e o ovo da serpente: política, mídia e religião
Tiago José Lemos Monteiro (IFRJ)
A filha do demônio é uma minissérie exibida pela Rede Record de Televisão em 1997. Por um lado, sua trama reverbera aquilo que identifico como um “terceiro ciclo” do filão satânico coincidente com a atmosfera de ansiedade global pré-virada do milênio. Por outro, trinta anos depois, a obra pode ser reenquadrada como uma espécie de “ponto zero” de um projeto de poder político, religioso e midiático encampado por setores conservadores e articulado em torno da Igreja Universal do Reino de Deus.
Espetacularização do êxtase religioso no cinema e o filme como mediador da experiência extática
Christiane Quaresma Medeiros (Unicap)
O artigo observa as formas de espetacularização do êxtase religioso no cinema de horror a partir de duas dimensões. A primeira, mais ampla, associando a função social do êxtase religioso com a função de suas representações no campo estético (cinema incluso). Em particular, as obras que imaginam o filme como vetor da experiência extática, caso de Sinister (2012) e Cigarette burns (2005), em que é a própria película o artefato mágico que media o processo de tomada do sujeito pelas entidades.
Horror, ritual e identidade: alteridade indígena no cinema brasileiro contemporâneo
Ivan Kooiti Camargo Nakamura (Unifesp)
Apresentação derivada de pesquisa de mestrado que analisa como o cinema de horror brasileiro mobiliza rituais e cosmologias indígenas na construção de uma ideia de identidade nacional, da qual depende para produzir seus efeitos emocionais. A partir de uma abordagem antropológica e ritual, os filmes são interpretados como performances que tensionam representações de brasilidade, revelando disputas em torno de pertencimentos e alteridades.

ST (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências – S3 Pedagogias e Práticas artísticas

02/10 às 9h00
Desaprendizagens a partir do cinema negro cuir brasileiro contemporâneo
Bruno Penedo (UFRJ)
Este trabalho propõe uma reflexão sobre as potências pedagógicas do cinema negro cuir brasileiro contemporâneo, especialmente em diálogo com os espaços escolares e outros contextos educativos não formais. A partir das Leis 10.639/03 e 13.006/14, que inserem as temáticas étnico-raciais e a exibição de filmes brasileiros no currículo escolar, investiga-se como tais encontros audiovisuais podem desestabilizar regimes de silenciamento e apagamento, mobilizando pedagogias contra-coloniais.
“Flaherty Black”: Pearl Bowser e as práticas curatoriais negras
Janaína Oliveira (IFRJ / FICINE)
Nascida no Harlem, Pearl Bowser foi uma figura fundamental para a história dos cinemas negros e africanos. Pioneira em iniciativas curatoriais contra-hegemônicas nos EUA, em duas ocasiões ela realizou a programação do Flaherty Film Seminar: a primeira em 1975 e a segunda em 1989, ambas as vezes com obras de cineastas não-brancos. O trabalho investiga o trabalho curatorial de Bowser no contexto do Seminário para pensar as relações entre curadoria e negridade no mundo das imagens em movimento.
Técnica do êxtase – a dimensão espiritual das fotografias de Rotimi Fani-Kayode
Bruno F. Duarte (UFRJ)
Este trabalho analisa o artigo “Traces of Ecstasy”, de Rotimi Fani-Kayode, destacando como sua fotografia, marcada por espiritualidade e desejo, desafia convenções ocidentais a partir de referências iorubás. Seguindo a pista da criação de imagens como feitiços de resistência, analisa-se a obra de Fani-Kayode em aproximação ao cinema de Marlon Riggs e à ideia de “bixaria negra” como força estética e política contra a morte, a epidemia de HIV/aids e a marginalização de corpos dissidentes.

CI 26: Paisagens, arquivos e imaginários urbanos de Recife

02/10 às 9h00
Recife como Potência Estética: olhares e narrativas sobre a paisagem e o lugar
Maria Helena Braga e Vaz da Costa (UFRN)
Esse trabalho analisa as construções fílmicas do lugar e da paisagem no contexto das transformações urbanas e estéticas pelas quais tem passado a cidade do Recife-PE. Pretende-se discutir a imagem cinematográfica da paisagem urbana do lugar Recife – no âmbito específico do cinema produzido por cineastas pernambucanos –, para compreender o processo de construção e surgimento do que poderíamos considerar como os “diversos Recifes” fílmicos no cinema pernambucano contemporâneo.
Os limites da cidade-como-arquivo: rasuras ou subversões dos arquivos urbanos
Mateus Sanches Duarte (Duke)
Esta proposta de comunicação analisa o apagamento digital das Torres Gêmeas de Recife em Aquarius (2016), de Kleber Mendonça Filho, à luz do conceito de cidade-como-arquivo, de Vyjayanthi Rao. No filme, a remoção digital dos edifícios, símbolos da verticalização e especulação imobiliária, provoca uma reflexão sobre como a presença ou ausência desses marcos urbanos influencia a memória coletiva e a construção da identidade histórica da cidade.
A origem das narrativas: O Surto do Recife e a estética do Super-8 na obra de Geneton Moraes Neto
Fernanda Rocha Miranda (PUC RJ)
Este projeto propõe investigar a contracultura no Brasil, centrando-se na produção cinematográfica em Super-8 do jornalista e cineasta Geneton Moraes Neto. A análise de seus filmes experimentais, realizados nas décadas de 1970 e 1980, busca compreender como essas obras refletem as tensões entre o “eu” biográfico e o contexto político-social da época.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 3 Estéticas da fronteira: narrativas do real e do imaginário

02/10 às 9h00
Fronteiras e suas imagens-ruínas: Los Silencios e o cinema especulativo latino-americano
Ana Clara Silva Mattoso (UFRJ)
Poderia a palavra yanomami urihi a ativar uma outra episteme para se pensar um cinema especulativo em solos latino-americanos? Enquanto a distopia extrativista molda as produções hegemônicas, Los Silencios, filme de Beatriz Seigner, realizado na tríplice fronteira entre Colômbia, Peru e Brasil, recorre a estratégias diferentes para endereçar as disputas sobre a terra. Além de situá-las, busco, a partir da análise da obra, desvelar também outros desarranjos ao regime de visualidade moderno.
Alegoria e realismo mágico como estratégias discursivas, no cinema Latinoa-americano contemporâneo
GIOVANNA SIGWALT DE OLIVEIRA PEZZO (UFSCar)
Esta pesquisa busca investigar como o dispositivo narrativo da alegoria e o gênero do realismo mágico se manifestam no cinema latino-americano contemporâneo, a partir da análise dos filmes A febre, de Maya Da-Rin, e La teta asustada, de Claudia Llosa. Sob a ótica comparativa, observar como articulam tais estratégias discursivas, na forma e no conteúdo dos filmes, ao jogar luz sobre histórias de herdeiros de povos originários e refletirem sobre a complexidade dessa condição na sociedade.
Representações femininas e fronteiriças na minissérie colombiana Fronteira verde
Maira Cinthya Nascimento Ezequiel (UFS)
A comunicação se propõe a analisar como a minissérie colombiana Fronteira Verde (2019) trata suas representações femininas em diálogo com as proposições da autora chicana Glória Anzaldúa em sua obra La Frontera/Borderlands (2020). Seu entendimento de fronteira serve como aparato de análise para compreender como a presença dessas personagens brancas, mestiças e indígenas, negociam outras formas de pensar, entender e representar as mulheres em um contexto particular de America Latina.

CI 39: História, memória e arquivo no cinema

02/10 às 9h00
A turnê da Companhia do Cinema Rio Branco e a apresentação dos filmes “cantantes” pelo Brasil
Filipe Brito Gama (UESB)
No fim da década de 1900, os “filmes cantantes” se tornaram experiências cinematográficas de grande sucesso no Rio de Janeiro. No mesmo período, este modo de apresentação também circulou por outras cidades brasileiras, levando os “cantantes” para diferentes palcos e telas. A presente comunicação tem como objetivo apresentar e debater sobre a turnê nacional feita pela Companhia do Cinema Rio Branco no ano de 1911, destacando sua passagem por dois cinemas de Salvador.
A vida arquivística do filme Batisado Dyonée Casa de Saúde e Maternidade (dir. Nahim Miana, 1954)
Vanessa Maria Rodrigues (UFF)
Propomos investigar a vida arquivística do filme Batisado Dyonée Casa de Saúde e Maternidade (Nahim Miana, 1954), utilizando como método de análise três versões da obra: a película original em 16mm e as cópias feitas nos anos 2000 e 2023. O comparativo entre os três materiais demonstrou aumento no processo de degradação da película ao longo dos anos e que uma das cópias não respeitou a integralidade da cor da obra. O trabalho aponta a importância de ações para a preservação do cinema doméstico.
Darks Miranda e Guerreiro do Divino Amor: arqueólogos entre o excesso e as super ficções midiáticas.
Maria Bogado (UFRJ)
Guerreiro do Divino Amor e Darks Miranda destacam-se por produzirem estéticas inventivas ao radicalizam procedimentos de criação banalizados nos ambientes digitais. Ambos utilizam arquivos midiáticos encontrados na internet para relfetir sobre processos de exploração presentes na estrutura dos tecidos urbanos e nos modos de utilização das tecnologias contemporâneas. Pretende-se investigar como constituem uma pedagogia na articulação dos arquivos por meio da montagem, efeitos digitais e texto.

ST Histórias e tecnologias do som no audiovisual – Sessão 3

02/10 às 9h00
A co-autoria nas trilhas de mulheres no Brasil
GEÓRGIA CYNARA COELHO DE SOUZA (UEG / UFG)Suzana Reck Miranda (UFSCar)
A partir de um mapeamento detalhado sobre a autoria feminina de trilhas musicais cinematográficas no Brasil (1995-2019), esta comunicação se detém a analisar as situações de composição em co-autoria envolvendo mulheres e homens, com o objetivo de demonstrar a colaboração tanto como porta de entrada para muitas compositoras na carreira, como um demonstrativo das assimetrias de presença e oportunidade da mulher no espaço de criação musical para filmes lançados comercialmente no país.
Eu estava lá: o efeito Oscar na recepção de um design de canções
Guilherme Maia de Jesus (UFBA)
Em relação dialógica com o conceito de biografia social da canção; pressupostos da Poética do Filme; com a minha memória pessoal; com os estudos contemporâneos sobre a canção no cinema latino-americano e sobre os Festivais de Cinema como instância de legitimação, esta comunicação examina o fenômeno da recepção do design de canções do filme “Ainda estou aqui”.
Trabalhadoras do som no audiovisual contemporâneo da Bahia
Marina Mapurunga de Miranda Ferreira (UFRB)
Este trabalho busca pelas trabalhadoras do som no audiovisual que são da Bahia e atuam neste estado partindo da escuta de suas vozes sobre suas atuações, relações de trabalho, formação e questões relacionadas ao ser mulher neste meio. Este trabalho é um desdobramento da pesquisa “Escuta, substantivo feminino:”, em que eu e Tide Borges realizamos com 28 trabalhadoras do som no Brasil, tratando de assuntos sobre escuta, maternidade, preconceito, assédio e machismo nas relações profissionais.

MESA Amazonas: filmes culturais e o extrativismo visual alemão

02/10 às 9h00
Dando realidade ao fantástico: Franz Eichhorn e sua imagem da Amazônia
Wolfgang Fuhrmann (Independente)
A apresentação aborda a trajetória de Franz Eichhorn, produtor do filme cultural “Urwald Symphonie” ( 1931) tendo como objeto de análise as suas experiências posteriores na Amazônia, e a sua atuação como co-director do filme “Kautschuk” (Eduard von Borsody, D 1938). Na década de 1940, Eichhorn emigrou para o Brasil, onde produziu vários filmes de aventura na Amazônia. A palestra explora a influência de seu trabalho na cinematografia brasileira.
Um barão alemão na Amazônia: cem anos de “Urwelt im Urwald” (1925)
Rodrigo Campos Castello Branco (Filmuni)
Há cem anos, estreava em Berlim “Urwelt im Urwald” (Mundo Primitivo na Selva, 1925), documentário sobre a fauna amazônica dirigido pelo Barão Adolf von Dungern. O filme foi sucesso de crítica e referência para obras futuras, mas hoje está perdido. Esta comunicação visa recontar sua história de produção, reconstruir sua narrativa, analisar sua recepção e discutir sua visão eurocêntrica da Amazônia, resgatando um capítulo esquecido do cinema transnacional entre Brasil e Alemanha.
Uma sinfonia para o “inferno verde”: imagens da Amazônia nos anos 30
Elena Monteiro Welper (MAST)
No conjunto dos filmes culturais alemães produzidos na Amazônia nos anos da República de Weimar, o título Urwald Symphonie /Die grüne Hölle (1931) destaca-se por ter sido uma produção independente e ter sua direção creditada a uma mulher: Pola Bauer Adamara (1898-1981). Partindo de uma pesquisa histórica sobre a produção e divulgação desta obra, esta apresentação abordará as particularidades da autoria de Pola, seu repertório imagético e sua retórica ambiental.

ST Cinema e Espaço – Sessão 3 Cinema, cidade e ruínas: experiências urbanas

02/10 às 9h00
Cineasta como topógrafo: o espaço nos filmes de cidade de Daniel Eisenberg
Alexandre Wahrhaftig ((sem vínculo))
Nos filmes de Daniel Eisenberg entre o final da década de 1980 e início dos anos 2000, o espaço adquire protagonismo. Do Leste Europeu a Chicago, passando por Berlim, o cineasta atua como uma espécie de topógrafo, descobrindo em seu mergulho espacial as descontinuidades da história. Nossa comunicação visa analisar a forma pela qual o cineasta registra e se relaciona com o espaço, cotejando seu trabalho com outras tradições cinematográficas como o filme de cidade da década de 1920.
Ruínas de cinemas de rua: hauntologia, imaginários e espacialidades
Talitha Gomes Ferraz (ESPM/ PPGCine-UFF)
Discutimos a desaparição de cinemas de rua, fenômeno que se intensificou a partir dos anos 1980, associado a transformações urbanas, socioculturais e tecnológicas. Examinamos os processos de arruinamento de tais dispositivos, tendo como uma das bases teóricas a noção de hauntologia. Enfocamos os casos das ruínas de dois cinemas abandonados do bairro de Ramos, subúrbio do Rio de Janeiro, analisando como esses espaços deteriorados refletem a relação entre cinema, cidade e públicos.
O paradoxo da fotografia em sua relação com a cidade
Miguel Antunes Ramos (ECA / USP)
Invenção inevitavelmente moderna, a fotografia surge no mesmo momento em que as cidades eram profundamente afetadas pela nascente revolução industrial. Paradoxo da fotografia: ela carrega a possibilidade, inédita até então, de fixar uma imagem na película, de reter, pela primeira vez, o índice de um objeto no nitrato de prata; mas é, também, filha e propulsora da modernidade, a mesma modernidade que se define pela produção de fugacidade, que desmancha no ar tudo o que um dia foi sólido.

CI 38: Processos de criação e políticas de sustentabilidade no audiovisual no Brasil

02/10 às 9h00
A sala de roteiro brasileira: um modo de criação híbrido para a televisão contemporânea
Samir Saraiva Cheida (PUC-SP)
A proposta é investigar os processos de criação audiovisual. De maneira específica, a sala de roteiro brasileira. Com a difusão de serviços de streaming, roteiristas foram estimulados a utilizar o método norte-americano de escrita. Entretanto o Brasil tem uma tradição de criação audiovisual, seja na redação de novelas seja na produção de filmes que seguem preceitos do cinema de autor. Quais procedimentos surgem neste contexto é a pergunta principal desta investigação
Políticas de fomento à etapa do desenvolvimento de roteiro
Marcel Vieira Barreto Silva (UFPB)
O estudo do roteiro tem se consolidado como objeto analítico, sobretudo a partir de abordagens sobre práticas e processos criativos. Porém, são raras as análises que pesquisam as condições sócio-históricas da profissão, especialmente no Brasil. Diante disso, este artigo mapeia os editais de fomento ao roteiro entre 2013 e 2023, reunindo dados que permitam comparar estratégias, formatos e desigualdades regionais. Assim, buscamos contribuir para o debate sobre o desenvolvimento de roteiro no país.
Perspectivas para uma produção audiovisual sustentável: cartilhas e modelos de produção
India Mara Martins (UFF)
O objetivo desta comunicação é refletir sobre as perspectivas de sustentabilidade na produção audiovisual propostas pela estadunidense EMA – Environmental Media Association – e no Brasil por documentos como o Guia de Sustentabilidade para o Setor Audiovisual, da Firjan SENAI (2023), o Relatório 2022 Jornada ESG, desenvolvido pela Rede Globo (2023) e a Cartilha, criada pelo Cinema Verde. Entendemos que estas propostas apontam para modelos e protocolos de produção que exigem urgente reflexão.

CI 57: Diálogos entre cinema, pintura e a construção do espaço fílmico em perspectiva comparada

02/10 às 9h00
She’s leaving home: revisitações radicais de Rastros de Ódio em filmes de Friedkin e Akerman
Leonardo Bomfim Pedrosa (PUCRS)
Uma investigação sobre a centralidade da referência de Rastros de Ódio (The Searchers, 1956), de John Ford, no cinema produzido nos Estados Unidos nos anos 1970, tendo como foco a comparação do faroeste com duas revisitações radicais em torno da figura da “filha perdida”: O Exorcista (The Exorcist, 1973), de William Friedkin, e Notícias de Casa (News from Home, 1976), de Chantal Akerman.
Jeune femme à sa fenêtre lisant une lettre, de Rousseau, e as naturezas-mortas de Cézanne
Danielle de Souza Menezes (UFF)
Este trabalho investiga o espaço fílmico em Jeune femme à sa fenêtre lisant une lettre (1983), de Jean-Claude Rousseau, em diálogo com as naturezas-mortas de Paul Cézanne. Embora o título remeta a Vermeer, o filme revela maior afinidade com Cézanne, sobretudo na fragmentação geométrica do espaço. A luz natural, os espelhos e os rolos de filme marcam o tempo e compõem a cena, enquanto a presença de um livro sobre Cézanne sugere a influência de sua pintura na construção visual do filme.
Tarkovski e Miró: do capital social ao político
Luís Gustavo Baptista e Ribeiro (PPGAC-ECA USP)
Faremos uma comparação entre O Espelho (1974), de Andrei Tarkovski, e o tríptico A Esperança do Condenado à Morte (1974), de Joan Miró. Autores que revelavam suas visões de mundo de forma sublimada e simbólica, ambos foram erroneamente categorizados pela crítica como apolíticos; esses trabalhos explicitam a falta de fundamento dessa tese. Empregaremos dois conceitos de Pierre Bourdieu – capital social e habitus – como hipóteses para explicar uma práxis artística análoga em ambos.

ST Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual – 3. Festivais, universidades e formação

02/10 às 9h00
Pedagogias da exibição e dispositivos estético-políticos
Juliane Peixoto Medeiros (IFB)Allex Rodrigo Medrado Araújo (IFB)
A comunicação tem como objetivo apresentar as experiências e ações de exibição, circulação, produção e preservação de acervo do audiovisual realizadas pelo Núcleo de Práticas Integradoras Recanto do Cinema e esboçar pedagogias da exibição cinematográfica. Por pedagogias da exibição são entendidas todas as ações e reflexões que entendem a importância da difusão audiovisual e dos diversos modos de exibição, e se fazem com e através da troca, do diálogo e da colaboração comunitária e democrática.
Hoje é dia de F.EST.A! Diálogos entre universidade e educação básica possibilitados pelo cinema
Cristiane da Silveira Lima (UFSB)
Propomos discorrer sobre os diálogos entre universidade e educação básica promovidos pelo F.EST.A – Festival Estudantil de Audiovisual (CFAC/UFSB), voltado à exibição de curtas-metragens produzidos por estudantes de todo o estado da Bahia e que se realiza, há seis edições, em parceria com escolas públicas da região. A iniciativa reconhece a escola enquanto espaço privilegiado para a ação cultural e o cinema enquanto vetor de experiências significativas e transformadoras.
Ensino de Distribuição e Difusão: experiência da disciplina Festivais e Mostras de Cinema e AV
Carla Daniela Rabelo Rodrigues (UNILA)
Desde o final da década de 60, os festivais cumpriram um papel fundamental de consolidação estético-política do Cinema Latino-Americano por meio da distribuição e difusão. Desde então, tanto a produção quanto sua circulação aumentaram, e a pesquisa acadêmica sobre Festivais e Mostras começou a acompanhar esse crescimento. Atualmente, o ensino começa a se desenhar enquanto possibilidade. Este trabalho partilha a experiência de criação da disciplina de Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual.

ST Teoria de Cineastas: dos processos de criação à dimensão política do cinema – Sessão 3: Imagens em trânsito: pensamento encarnado e geopolíticas da criação

02/10 às 9h00
Cine-escritura biodiagramática no cinema de Margarethe Von Trotta
Patricia de Oliveira Iuva (UFSC)Fabio Sadao Nakagawa (UFBA)
O trabalho discute a cine-escritura biodiagramática enquanto um gesto de criação do cinema de Margarethe Von Trotta, tendo como base para análise os filmes Rosa Luxemburgo (1986) e Hannah Arendt (2012). Conjugamos um pensamento semiótico, com elementos da análise de criação e teoria de cineastas, no intuito de desvelar a cine-escritura de Von Trotta enquanto um ato teórico que evidencia uma fronteira estética e discursiva entre o biográfico e o histórico.
O pensamento cinematográfico corporificado de Maya Deren no cinema latino feito por mulheres
Isabelle do Pilar Mendes (UFRGS)
A pesquisa analisa a expressão de mulheres no cinema experimental latino-americano contemporâneo nos filmes É noite na América (2022) e Mujeres para la otra danza (2024). Com base no conceito de realismo de Maya Deren, investigamos como as cineastas criam as suas visualidades ao conectarem os seus corpos as suas experiências e aos locais que habitam e indagamos como podemos elaborar imagens que articulem de maneira crítica temporalidade e natureza em movimentos estéticos anti-hegemônicos.
Arqueologia de fantasmas e a imagem geológica no cinema de Ana Vaz
André Corrêa da Silva de Araujo (UFRGS)
Este trabalho analisa, à luz das Teorias de Cineastas, como Ana Vaz articula os conceitos de terra, território e habitabilidade em seus filmes, entrevistas e escritos. A partir de uma abordagem arqueológica e fantasmática do cinema, Vaz escava camadas históricas e geológicas do Brasil moderno. Sua obra propõe um “cinema geológico”, no qual a imagem emerge como matéria estratificada, vinculando processos estéticos, políticos e ecológicos à própria materialidade do fazer cinematográfico.

ST Edição e Montagem audiovisual: reflexões, articulações e experiências entre telas e além das telas – 3 – Práticas experimentais

02/10 às 9h00
Entre intervalos e sobrevivências: (des)montagem em “Capitu e o Capítulo”
Renato Beaklini (PPGCOM/UFRJ)
O trabalho analisará a montagem de “Capitu e o Capítulo” (Julio Bressane, 2021) a partir de sua inclinação metodológica warburguiana. Isto é, de que forma o longa-metragem se constrói em estrutura de colagem, por meio de fragmentos, parataxes e correspondências, de modo a entrever similitudes e latências entre a obra adaptada, “Dom Casmurro”, e a filmografia bressaniana. Delinearemos as possibilidades dessa estética do atlas a partir do paralelo entre a noção de capítulo e a de intervalo.
A ilha de montagem e as montagens da ilha
Pedro Giongo (UFRJ)
Este trabalho analisa o processo de criação do documentário “Lista de desejos para Superagüi” (2024), de Pedro Giongo. Filmado entre 2018 e 2023, o filme surge a partir de uma lista de desejos compartilhada entre a equipe e os moradores da ilha de Superagüi, litoral caiçara do Paraná, até o encontro com Martelo, um pescador de 70 anos em busca de sua aposentadoria. Viajamos para outra ilha, a de montagem, e é neste espaço de imersão e descoberta, que a poética do filme se encontra e se constrói.
Montagem ritualística: uma noção de mito no cinema vertical de Maya Deren
NICOLE DONATO PINTO MACHADO (UFF)
Este trabalho propõe uma discussão da montagem no cinema de Maya Deren partindo de perspectivas da cineasta acerca da mitologia e do ritual. A montagem ritualística, assim chamada porque articula as imagens dentro da proposta dereniana da forma fílmica ritualística, é organizada, na economia de sua criação, de acordo com a função da narração mitológica. Ademais, Maya Deren inscreve o rito no ritmo de sua montagem, através de repetições, intervalos, suspensões, circularidades.

CI 17: Feminismos, distopias e histórias no cinema brasileiro

02/10 às 9h00
Gênero, família e resistência: o queer em A Vida Invisível
Alfredo Taunay Colins de Carvalho (Sem Víncula)
Este trabalho apresenta uma análise queer do filme A Vida Invisível (Karim Aïnouz, 2019), centrando-se nas resistências das protagonistas às normas de gênero, maternidade compulsória e estrutura familiar patriarcal. Tendo a etnografia de tela como metodologia e com base nos estudos queer e de gênero no cinema, este trabalho destaca como o filme constrói experiências dissidentes que rompem com os modelos hegemônicos do que é ser mulher, da maternidade compulsória e constituição familiar.
Mulheres, ecodistopias e imaginários brasileiros no cinema
Luiza Cristina Lusvarghi (Unicamp)
O Brasil, em filmes internacionais, surge quase sempre como destino exótico, e raramente como ponto de partida para discutir tragédias ambientais. No cinema nacional, a crise climática tampouco desempenha papel essencial. Essa proposta visa refletir sobre o impacto de desastres ambientais nos papeis sociais a partir da análise de dois filmes dirigidos por diretoras brasileiras – Cidade Campo (2024), de Juliana Rojas, e Nuvem Rosa (2021), de Iuli Gerbase – e suas protagonistas.
Eternamente Pagu (1987): vida, política e arte no cinema feminista de Norma Bengell
Luciana Barone (UNESPAR)
Este trabalho visa lançar um olhar sobre o filme Eternamente Pagu (1987), de Norma Bengell, compreendendo-o como parte de um projeto feminista da diretora. Para tanto, busca-se identificar na personagem, conforme retratada pela obra, pensamentos e atitudes relativos às questões ligadas à mulher e friccioná-los com aspectos históricos do movimento feminista no Brasil, bem como relacionar pontos biográficos da vida da própria Bengell ao momento histórico que atravessou enquanto atriz e cineasta.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 5 – Coordenação: Thalita Bastos

02/10 às 9h00
Moradia e refúgio, corações em exílio: estratégias melodramáticas em Era o Hotel Cambridge
André Zanarotti Adabo (UFSCar)
Pretende-se analisar nesta pesquisa os mecanismos estéticos e narrativos através dos quais Era o Hotel Cambridge (dir. Eliane Caffé, 2016) articula intimidade e justiça na construção da memória da ocupação do Hotel Cambridge em São Paulo. O presente estudo se propõe a interpretar o texto fílmico pelo viés do modo melodramático, levando em consideração as particularidades do docudrama como um subgênero cinematográfico e seu diálogo com materiais documentais incluídos na montagem do filme.
O melodrama como destino: uma análise de Seams (1993)
Laís Torres Rodrigues (UFF)
O presente trabalho tem como objetivo analisar o curta-metragem Seams (1993), de Karim Aïnouz, à luz da imaginação melodramática, redesenhando percepções do filme comumente associadas ao movimento cinematográfico do new queer cinema. Na intenção de questionar discursos cristalizados sobre a obra de Aïnouz, esta análise fílmica pretende traçar comparativos e observar desdobramentos formais e temáticos do curta no mosaico de sua cinematografia, aproximando-o do universo do melodramático.
O medo como denúncia: tabus, horror e racialidade no cinema de Jordan Peele e Nia DaCosta
Luccas Pinheiro Lopes (UERJ)
Historicamente, o horror expôs medos e tabus sociais de diferentes contextos de cada época. Este trabalho analisa como Jordan Peele e Nia DaCosta utilizam esses elementos para constituir suas obras do gênero para abordar o racismo e repensar narrativas. Com base em autoras como Kilomba, Clover e Auerbach, a pesquisa reflete sobre como seus filmes revelam traumas da população negra e transformam o horror em uma ferramenta crítica de resistência e memória.

ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL – Sessão 3 – Coordenação: NINA VELASCO E CRUZ

02/10 às 9h00
Pedagogia Rohmeriana: teoria e crítica de cinema em duas versões de “O Celuloide e o Mármore”
Luca Scupino Oliveira (USP)
Esta pesquisa pretende estudar a relação entre a crítica de cinema de Éric Rohmer, publicada entre os anos 1940 e 1950, e os documentários educativos realizados pelo cineasta ao longo dos anos 1960, na televisão francesa. Para isto, realiza uma análise comparativa entre o texto “Le celluloïd et le marbre” (1955), em que Rohmer relaciona o cinema e as outras artes; e seu documentário homônimo de 1966, que atualiza sua teoria a partir do ponto de vista de artistas que refletem sobre o cinema.
Duas versões do retrato: Agnès Varda entre cinema, fotografia e pintura
Lucas Manuel Mazuquieri Reis (USP)
Este trabalho visa cotejar duas abordagens do retrato presentes na obra de Agnès Varda: o retrato dos anônimos e o retrato das celebridades. Tomando como objeto de análise dois filmes da cineasta — Daguerréotypes (1975) e Jane B. par Agnès V. (1988) — que recuperam traços de historicidade dessa forma artística e jogam com a passagem do retrato por diferentes materialidades midiáticas, visamos compreender como o estatuto dos sujeitos retratados afeta a mise-en-scène e a montagem de seu retrato.
Origens do disparo fotográfico: entre os limites da reescrita e as possibilidades de novas poéticas
Natália Jardanovski (PUC-Rio)Gabriel Felgueiras Corrêa Papaléo Pinto (PUC-Rio)
Em História potencial, a curadora Ariella Azoulay reflete sobre as origens da fotografia e aponta para a inexorabilidade da relação entre seus aparatos e o exercício do poder imperial. A cineasta Susana de Sousa Dias se alinha a Azoulay ao pensar nas tecnologias da fotografia e do cinema em seu contexto de produção colonial; porém, toma outro caminho ao propor novos usos para elas, num esforço de desvinculá-las de sua origem violenta. Neste artigo, contrastaremos as posturas das duas teóricas.
Cinema experimental palestino e a subversão da tecnologia
Carmem Martins (UnB)
Esta apresentação irá analisar dois filmes experimentais palestinos que utilizam novas mídias: Your Father Was Born A 100 Years Old, And So Was The Nakba (2017) e At Those Terrifying Frontiers Where the Existence and Disappearance of People Fade into Each Other (2019), a fim de explorar as estratégias estéticas e discursivas usadas por estes cineastas para tratar a questão palestina e o que elas significam em termos de uma experiência subalterna com relação à tecnologia.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 5 – Coordenação: Cristian Borges

02/10 às 9h00
Explosão econômica, confinamento estético: os espaços de Dr. Fantástico (1964)
Artur Renzo (FFLCH-USP)
A proposta é apresentar uma leitura da construção espacial de DR. FANTÁSTICO (1964), de Stanley Kubrick, tendo em vista uma investigação maior sobre a relação entre forma estética e processo social no filme. A hipótese de pesquisa é que o mediador espacial (entendido aqui como categoria dialética e histórica) permite trazer à tona aspectos de “conteúdo social sedimentado” na forma estética do filme.
Narrativas de deslocamento: trabalho, precariedade e espacialidade em “I, Daniel Blake” e “Arábia”.
Lucas Brichesi Minari (FFLCH)
Este estudo analisa I, Daniel Blake (2016), de Ken Loach, e Arábia (2017), de Affonso Uchôa e João Dumans, a partir da espacialidade. Nos filmes, o deslocamento dos personagens reflete a precarização e novas formas de sociabilidade. Enquanto um evidencia a solidariedade em meio à exclusão social, o outro expõe a fragmentação do trabalho itinerante. Assim, as obras problematizam a periferização do centro (ARANTES, 2023) e esboçam saídas para esse cenário.
Os olhos por detrás de Deus: temporalidade e espaço em “Evangelho Segundo São Mateus” de Pasolini
Bento Geammal Loureiro (UFPE)
A presente pesquisa tem como eixo-chave a análise da obra “Evangelho segundo São Mateus” (1964) de Pier Paolo Pasolini. Através do estudo dos espaços e dos gestos, dos planos e cenas, busca-se estender um diálogo entre o filme e os conceitos de paisagem, representação do real e temporalidade, aliado a outros elementos da filmografia do diretor e se ancorando aos discursos estéticos e teóricos marcantes de sua própria obra literária.

CI 30: Estéticas queer no cinema contemporâneo

02/10 às 11h00
Temporalidade queer, envelhecimento e reprodução social no filme Days (2020), de Tsai Ming-liang.
Patrícia Sequeira Brás (CEIS20-UC)
Na minha apresentação, proponho examinar Days (2020), de Tsai Ming-liang, um filme contemplativo e esparso que acompanha a vida solitária de dois homens sem nome. O filme explora temas de isolamento, envelhecimento e sexualidade queer. Pretendo assim defender que o uso de duração estendida no filme de Ming-liang destaca tanto a fragilidade quanto a resiliência dos corpos na tela, ao mesmo tempo em que evoca sutilmente a natureza repetitiva e precária da reprodução social.
Entre a Performance e o Artifício, o Melodrama Queer em Inferninho
Caio Cardoso Holanda (UFSCAR)
Em Inferninho, Deusimar habita um mundo fora da heteronormatividade, cheio de fantasias e desejos, o bar Inferninho. Ao “queerizar” o aparato cinematográfico questionando suas normas ao adotar a estética teatral e melodramática, na qual a precariedade e o universo camp materializam a atmosfera-artifício na qual os desejos da personagem são externados. Além disso, as performances peculiares de Luizianne certamente tem um lugar especial nessa dinâmica.
Ator-ciborgue: o celular como dispositivo de criação
Welton Florentino Paranhos da Silva (ECA/USP)
Esta comunicação aborda o celular como dispositivo de criação do ator. O jogo com filtros de imagem para a sugestão de personagens como as propostas de Vittor Fernando e Renato Shippee na plataforma TikTok são exemplos dessa articulação entre poéticas e tecnologias. Discute-se como os recursos dos celulares somados às ferramentas de edição da plataforma, geram novos caminhos poéticos e corporeidades na busca de uma comicidade queer. O ator se aproxima da imagem do ciborgue proposta por Haraway.

ST Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual – Sessão 4

02/10 às 11h00
Pornotopia e Desejo Masculino Hétero no Cinema de Horror de Fauzi Mansur (1976-1986)
Murilo Simões (UFF)
Como recorte de pesquisa de mestrado, este trabalho propõe investigar, ao longo da vasta filmografia que Fauzi Mansur realiza dentro do gênero de horror na Boca do Lixo entre os anos 1970 e 1980, os elementos narrativos e estéticos através dos quais um regime de verossimilhança pautado pelo conceito de pornotopia age em favor de diferentes manifestações de um certo desejo hétero-masculino reconhecido socialmente como hegemônico, desenvolvendo-se através do elemento grotesco no período explícito.
Horror e Insólito nas políticas públicas de audiovisual: um estudo sobre o Ecossistema RS Fantástico
Ana Maria Acker (UniRitter)Miriam de Souza Rossini (UFRGS)
A proposta investiga o desenvolvimento do ecossistema RS Fantástico, único projeto – entre os nove selecionados pelo edital do Ecossistema Regional de Audiovisual do Rio Grande do Sul – que é voltado aos gêneros do horror, insólito, fantástico e ficção científica. Temos como pressuposto que as conexões entre a produção audiovisual local e o universo dos games, bem como a cultura de festivais, contribuem para a expansão das articulações entre produção e academia neste caso peculiar.
Uma poética da crueldade: O horror como poesia no cinema experimental da Belair de Júlio Bressane
Samuel Carvalho Lima Silva (UNESPAR)
A pesquisa analisa o cinema de horror de Júlio Bressane na Belair Filmes, destacando o uso do medo, do abjeto e do imoral como recursos poéticos e experimentais. Para isso, investigaremos como esses elementos estruturam uma linguagem disjuntiva e confrontadora, alinhada ao cinema de poesia e e à subversão do modelo narrativo hegemônico, uma poética da crueldade, a fim de estabelecer uma outra perspectiva, experimental e política, sobre o cinema de gênero no Brasil durante o cinema moderno.

ST (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências – S4 Cinemas Africanos: gestos de invenção e contracoloniais

02/10 às 11h00
La vie est belle: musical e tradições orais nos cinemas africanos
Jusciele Conceição Almeida de Oliveira (UFBA)Morgana Gama de Lima (UFRB/UFBA)
O filme “La vie est belle” (1987), além de dialogar com as convenções do gênero musical, dada a presença de personagens que cantam e dançam em cena, se diferencia por ser uma narrativa estruturada na “retórica do griot”, à medida em que as canções não pontuam apenas o ritmo da narrativa, mas são parte essenciais para se compreender a história que está sendo contada. Assim, o presente resumo propõe discutir a relação entre o gênero musical e as tradições orais neste filme.
Dahomey (Mati Diop): sobre retornos e reparações (im)possíveis
KENIA CARDOSO VILACA DE FREITAS (UFS)
Essa comunicação propõe uma conversa entre Dahomey (Mati Diop, 2024) e os desejos (im)possíveis de retorno e reparação das populações afrodiaspóricas na contemporaneidade. A partir dos recentes atos reparatórios políticos e simbólicos envolvendo diferentes nações (Brasil, Benin, França, etc), desejamos pensar o lugar das instituições e criações artísticas nesse diálogo, nos questionando sobre as possibilidades das narrativas cinematográficas nesse sonho de reconstituição emancipatória.
As estátuas também vivem: restituição de máscaras por filmes africanos pós-pilhagem e morte colonial
Aly Brenner Nogueira Pereira (UNICAMP)
Este trabalho parte do debate trazido pelo filme Les Statues Meurent Aussi (Resnais, Marker e Cloquet, 1953), que denuncia a pilhagem colonial das artes africanas e a sua “morte” nos museus europeus. Nos propomos a analisar três obras: You Hide Me (Owoo, 1970); Et les chiens se taisaient (Maldoror, 1978); e La Noire De (Sembène, 1966). Todas permitem pensarmos em formas cinematográficas de atos descolonizadores museológicos, restituição (de vida) e repatriação simbólica às máscaras africanas.

MESA Pioneiros do cinema brasileiro: biografias, trajetórias e redes de sociabilidade

02/10 às 11h00
O trabalho e as relações profissionais de Carmen Santos para a consolidação da Brasil Vita Filme
Lívia Maria Gonçalves Cabrera (PPGCine/UFF)
A proposta partirá da análise do material de pesquisa reunido pela pesquisadora Ana Pessoa, que contém entrevistas realizadas nos anos 1980 sobre Carmen Santos, propondo um diálogo com algumas ideias e propostas da própria Carmen sobre o cinema brasileiro divulgadas através da imprensa nos anos 1930 e 40. Buscaremos avançar na investigação do trabalho de produtora de Carmen Santos frente à constituição da Brasil Vita Filme e de que modo ela mediou os conflitos estéticos e econômicos do período.
De menino no cinema a empresário do cinema: resgatando a trajetória de Generoso Ponce Filho
Sancler Ebert (PPGCine-UFF/FMU)
Nesta comunicação analisamos a trajetória de Generoso Ponce Filho (1898–1972) como empresário do cinema brasileiro, aspecto pouco lembrado de sua atuação. A partir de arquivos e livro autobiográfico, resgatamos sua relação com o cinema: da infância como espectador, passando pela atuação como cronista, até sua consolidação como proprietário de salas, produtor e presidente da Aliança dos Exibidores, destacando sua relevância na história da exibição cinematográfica no Brasil.
Entre memória e mediação: paratextos em Gonzaga por Ele Mesmo e a trajetória de Adhemar Gonzaga
Isabella Regina Oliveira Goulart (USP / FMU)
A pesquisa analisa a biografia social de Adhemar Gonzaga, compreendendo-o como intelectual mediador cuja trajetória, ainda que distinta da ortodoxia de intelectuais do campo artístico-cultural, teve papel fundamental no cinema brasileiro. A análise biográfica privilegia aspectos como a origem social e as redes de sociabilidade. O trabalho examina o livro Gonzaga por Ele Mesmo, considerando seus elementos visuais e paratextuais como recursos de construção da biografia, da trajetória e da memória.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 4 Invenções críticas: teoria, memória e experimentação

02/10 às 11h00
Cineclubista, professor, ensaísta: Sobre a originalidade da Crítica de Jean-Claude Bernardet
Rubens Luis Ribeiro Machado Júnior (USP)
Abordaremos a Crítica de Bernardet pelo viés da análise do professor em classe, além de certos procedimentos particulares praticados em sua escrita e no desenvolvimento circunstanciado de seu estilo ensaístico em perspectiva de crítica imanente, as singularidades relevantes em sua maneira de colocar-se, tanto como Outro quanto ponto de vista do público, diante do ato de descrever ao analisar as formas, comentar conteúdos que nelas se exprimem, ou de dispor argumentos e démarches interpretativas.
O testemunho em Ensaio ou MPB Especial
Rafael Saar da Costa (UFF)
Ensaio ou MPB Especial é um programa de TV que pode ser visto como um produção musical permeada de entrevistas ou um programa de entrevistas permeado de músicas. Uma investigação pode ser elaborada em torno da voz como protagonista. De um lado a voz que canta. A voz que narra sua própria vida. É no testemunho que podemos buscar um diálogo com a chamada literatura de testemunho, e as vozes que ecoam os traumas de uma América Latina tomada por regimes de opressão.
Sganzerla, Mojica e o cinema brasileiro do futuro
Estevão de Pinho Garcia (IFG)
Entre os mestres ou guias artístico-espirituais de Rogério Sganzerla um deles é o menos lembrado: José Mojica Marins. Lançando mão de um recorte temporal que vai do manifesto Cinema fora-da lei (1968) ao média-metragem Horror Palace Hotel (Jairo Ferreira, 1978) objetivamos analisar como o criador do personagem Zé do Caixão torna-se inspiração, referência e paradigma para o projeto de cinema que Sganzerla almeja realizar e para uma certa percepção visionária de um “cinema brasileiro do futuro”.

MESA Mulheres no cinema: experiências de organização, práticas e políticas

02/10 às 11h00
Trabalhadoras do cinema em Pernambuco: um olhar para Katia Mesel
Yanara Cavalcanti Galvão (UFF)
Com foco no percurso histórico das articulações políticas de trabalhadoras do cinema em Pernambuco, esta comunicação faz um recorte temporal que abrange a década de 1990. Momento este em que a cineasta Katia Mesel esteve à frente da (re)articulação do setor cinematográfico após o desmonte da Cultura na gestão de Collor de Mello. Em Pernambuco, a pauta principal voltava-se para a descentralização das políticas com mecanismos de incentivo concentradas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Reflexões sobre o cinema documental biográfico de Heloisa Passos
Danielle Parfentieff de Noronha (UFS)
Nesta comunicação apresento algumas reflexões sobre o trabalho da documentarista Heloisa Passos. A partir de um diálogo entre a antropologia, os estudos feministas e as teorias do cinema de mulheres, principalmente por meio da análise das obras e de entrevistas, busco discutir sobre a relação entre o privado e o público nas narrativas, além de trazer questões sobre os elementos de construção da linguagem das obras e os modos de produção, visibilizando a relação entre a forma e o conteúdo.
A construção de redes e o fazer coletivo entre mulheres de cinema
Maíra Tristão Nogueira (UFRJ)
Esta comunicação propõe investigar alguns coletivos de cinema e audiovisual de mulheres que emergiram na última década no Brasil. Nosso interesse está em compreender como se configuram as práticas coletivas das trabalhadoras da imagem, com o objetivo de relacionar os ativismos feministas ao cinema. Dessa maneira, a partir da teoria feminista, refletimos sobre as práticas relacionais que, em rede, se propõem a uma transformação epistemológica e às formas de construção do olhar.

CI 37: História do cinema brasileiro: arquivos, fantasias e silenciamentos

02/10 às 11h00
Humberto Mauro em stop motion: alegoria pedagógica e cinema educativo fantástico
Simplicio Neto Ramos de Sousa (ESPM-Rio)
Análise de “Jonjoca, o dragãozinho manso” (1942), de Humberto Mauro, a “primeira animação com manipulação de bonecos”, o “primeiro filme produzido para o público infantil” no país (COSTA, 2023; MORENO, 1978; NEUSTERIUK, 2011). Mauro é visto como “pioneiro” do “realismo poético” e do “cinema de autor” desde o Cinema Novo (ROCHA, 2003). Porém a obra não é citada nessa “canonização”. Como ela tensiona o debate entre realismo, fantasia, maravilhoso, cinema de gênero, alegoria e identidade nacional?
O Sertanejo, um projeto de Victor Lima Barreto
Daniel P. V. Caetano (UFF)
A partir da segunda metade da década de 1950, o cineasta Victor Lima Barreto buscou diversos meios para levantar os recursos necessários à produção de um filme baseado em Os Sertões, de Euclides da Cunha. Ao longo dos anos, promoveu leituras públicas do roteiro, divulgou nomes célebres que fariam parte do elenco – tais como Adoniran Barbosa, Assis Valente, Alzira Vargas, Mané Garrincha, Jânio Quadros e outros. Mas o filme nunca saiu do papel. Propõe-se aqui analisar aspectos desta empreitada.
Entre a censura e a criação: Glauber Rocha e os bastidores de Cabeças cortadas
Fernanda Jaber (USP)
Este trabalho analisa os bastidores de Cabeças cortadas (1970), filme de Glauber Rocha produzido na Espanha sob financiamento do regime franquista. A partir de documentos de censura espanhóis e correspondências de Glauber, a pesquisa discute as contradições entre o discurso radical do cineasta e sua colaboração com um sistema de produção controlado pelo Estado autoritário espanhol. Dessa forma, contribui-se para o debate sobre arquivos de censura como espaços de disputa histórica.

ST Histórias e tecnologias do som no audiovisual – Sessão 4

02/10 às 11h00
Arranjos audiovisuais e som incorporado: filmes de sound system no Sul Global
Leonardo Alvares Vidigal (UFMG)
Esta comunicação visa analisar o som de dois filmes de sound systems no Sul Global. Filmes de sound systems (também chamados de “sounds”) são aqueles em que estes aparatos sônicos são o tema principal. O primeiro é “Más Fuerte” (Sean Frank, 2024), sobre os sounds de música latina com caixas embutidas em carros na República Dominicana e geridos por dominicanos nos Estados Unidos,e o segundo é “Word, Sound, Power” (Daniel Acevedo, 2023),acerca do sound system de reggae El Gran Latido, da Colômbia.
Memória sonora do impeachment de Dilma Rousseff em documentários brasileiros
Rodrigo Carreiro (UFPE)Catarina de Almeida Apolonio (Udelar)
Esta pesquisa analisa o sound design de três documentários sobre o impeachment de Dilma Rousseff: O Processo (2018), Democracia em Vertigem (2019) e Alvorada (2021). Com base na análise psicoacústica e na teoria sistêmico-funcional, investigamos como o som constrói a memória auditiva do evento, retrata relações de poder e gênero e representa os atores sociais envolvidos.
Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado: Jazz, Mambo e a Geopolítica de Fidel Castro na ONU (1960)
Glauber Brito Matos Lacerda (Uesb)
Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado (2024), de Johan Grimonprez, reconstrói a trama do assassinato do primeiro ministro congolês Patrice Lumumba a partir de imagens de arquivo e músicas pré-existentes. A análise investiga como a remontagem de arquivos do Noticiero ICAIC, articulada a performances musicais, constrói uma narrativa de solidariedade transnacional e reposiciona Fidel Castro como líder anti-imperialista no contexto da Guerra Fria.

MESA Imaginários Amazônidas: Mitos, Imagens e Zonas de Turbulência

02/10 às 11h00
Imaginário amazônico em PB: A estética em “Retrato de um certo Oriente” como opção política
Denise Costa Lopes (PUC-Rio)
O objetivo aqui é investigar o uso do preto e branco como opção política em Retratos de um certo oriente (2024), de Marcelo Gomes. Que imaginário essa estética suscita? Passada na Amazônia em 1949, a história dos irmãos que chegam do Líbano, depois de perderem suas terras, traça uma espécie de cartografia às avessas do imaginário regional a partir de uma visualidade que dialoga com a tradição dos registros de viagens dos conquistadores estrangeiros e com os primórdios do cinema e da fotografia.
O Mito da Cidade Perdida no Imaginário Audiovisual da Amazônia
Erick Felinto de Oliveira (UERJ)
A Amazônia não é somente um território físico e geográfico, senão também um lócus imaginário, permeado de representações sociais e atravessado por anseios, desejos e fábulas, como, por exemplo, a mitologia das antigas cidades perdidas. O objetivo desta apresentação é investigar a permanência dessa imagem no domínio do audiovisual, explorando obras como The Lost World (1925), Lost City of the Jungle (1946), Curse of Akakor (2019) e videos de Youtube sobre Ratanabá.
Visualidades Amazônidas
Ivana Bentes (UFRJ)
A Amazônia como território simbólico e estético em disputa, entre narrativas de preservação, desenvolvimentismo, destruição e regeneração. Através de autores, artistas e obras (Uýra, o projeto NAVE, O Esplendor dos Contrários), analisa as disputas entre discursos preservacionistas e desenvolvimentistas, articulando conceitos como “devir-indígena” e “devir-amazônida”, que propõem uma ecologia espiritual e tecnológica baseada na coevolução entre humanos e a floresta.

ST Cinema e Espaço – Sessão 4 Novas metodologias e teorias do espaço no cinema

02/10 às 11h00
Então, a imagem-espaço?
Luiz Carlos Oliveira Junior (UFJF)
O trabalho propõe a noção de “imagem-espaço” como conceito operatório para se pensar a “virada espacial” na teoria do cinema. Em diálogo com a “volta ontológica” teorizada por Thomas Elsaesser, que pressupõe uma “espacialização do tempo”, e com a noção de “hipertopia” de Franceso Casetti, que aponta um remapeamento do espaço social a partir da multiplicação de telas, buscaremos definir uma categoria estética determinante para o cinema contemporâneo e propor um eixo epistemológico para abordá-la.
Diante das reiterações espaciais na cultura audiovisual: o multiverso como metodologia
Cesar de Siqueira Castanha (UFPE)
Esta apresentação faz uma proposição metodológica de utilizar o artifício narrativo do multiverso como caminho para reconhecer e mapear reiterações espaciais que ocorrem através da cultura audiovisual. Entende-se que o conceito de multiverso sugere a coexistência de múltiplos, controversos e diferenciais espaços ficcionais em um mesmo domínio referencial. Os multiversos se espraiam intermidiaticamente e informam a maneira como identificamos e habitamos sinestesicamente espaços ficcionais.
Navegação espacial no cinema
Alexandre Nakahara (USP)
Essa apresentação dedica-se a relacionar a navegação espacial e o cinema. O cinema, como uma arte do movimento e que possui interlocuções com outras artes como a arquitetura, possui uma navegação intrínseca à sua experiência. Ao relacionarmos navegação com cinema, é possível demonstrar os modos que navegamos por filmes e também desvendar alguns mecanismos que promovem semelhanças do cinema tanto com uma viagem de trem quanto com uma jornada a pé.

CI 45: Políticas públicas e regulamentação do audiovisual no Brasil

02/10 às 11h00
True Podcast, política e religião: desinformação e regulamentação no audiovisual brasileiro
Guilherme Fumeo Almeida (UFF)Dandarah Filgueira da Costa (UFF)
O trabalho pretende analisar a relação entre o uso de táticas para a desinformação no audiovisual brasileiro, especialmente no True Podcast, e a persuasão política da Igreja Universal sobre seus fiéis. O marco teórico volta-se para táticas de desinformação e ausência de regulamentação nas redes sociais e no audiovisual e a abordagem midiática de pautas políticas por grupos religiosos, a partir especialmente de Wardle e Derakhshan (2017), Bahia, Butcher e Tinen (2022, 2023) e Gomes (2022).
Análise da implementação e execução da LPG nos municípios capixabas: desafios e perspectivas
ARTHUR FELIPE DE OLIVEIRA FIEL (UFES)
Esta comunicação analisa o impacto da Lei Paulo Gustavo (LPG) no Estado do Espírito Santo, a partir do monitoramento conduzido pelo Observatório do Cinema e Audiovisual Capixaba. Embora a LPG tenha tido uma capilarização inédita, sua implementação se mostrou desafiadora especialmente para os pequenos municípios. Diante disso, buscamos refletir sobre como as Universidades Públicas podem contribuir na elaboração e implementação de políticas junto aos municípios frente aos desafios por vir.
“NÓS NÃO VAMOS PAGAR NADA”: LOBBY NO SETOR AUDIOVISUAL E CAPTURA REGULATÓRIA SOBRE A CONDECINE
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
O artigo analisa os processos de captura regulatória contra a cobrança da CONDECINE para plataformas digitais. A partir do escopo da Economia Política da Comunicação, buscamos problematizar as implicações econômicas e sociais deste processo, mapeando a atuação das associações e escritórios de advocacy e lobby das plataformas no Congresso e mensurando os impactos da arrecadação tributária do setor entre 2011 e 2024.

CI 47: Diálogos intertextuais entre literatura, cinema e outras linguagens

02/10 às 11h00
A Lua em Plenilúnio: uma análise do espaço no romance e no filme, A Dama Fantasma
Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz (UFS)
Este trabalho objetiva a análise do Espaço enquanto elemento estrutural narrativo das linguagens literária e cinematográfica, visando problematizar uma comparação intersemiótica de sua construção formal. Para tanto escolhemos como corpus analítico o romance, A Dama Fantasma, 1942, e a adaptação homônima para o cinema, 1944. Essa escolha se justifica pela possibilidade de analisar o espaço narrativo em tais obras a partir das convenções formais e estilísticas de um gênero específico, o Noir.
Analisando adaptações: transtextualidade como conceito-chave
Carolina Soares Pires (USP)
Este trabalho tem o propósito de entender o processo metodológico de análise de adaptações de literatura, de outras artes e mídias, sob o enfoque teórico da intertextualidade e da “transtextualidade’ de Stam. Com essa base teórica, delineiam-se aspectos preponderantes da adaptação na prática da análise audiovisual, formulando questões relativas às implicações desses processos analítico-comparativos no campo dos Estudos cinematográficos.
Clarice Lispector no cinema e na TV
Luiz Antonio Mousinho (UFPB)
Pretendemos observar, em leitura comparada, diálogos entre A hora da estrela, de Clarice Lispector, o filme de Suzana Amaral e ainda o programa de TV Cena aberta/ A hora da estrela, com direção geral de Jorge Furtado. Ao mesmo tempo procuraremos analisar (pontualmente) soluções tradutórias em adaptações mais recentes da obra de Clarice, como O livro dos prazeres, de Marcela Lordy (2020); A paixão segundo GH, de Luiz Fernando de Carvalho (2018), e O Rio de Clarice (várias autoras, 2025).

ST Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual – 4. Metodologias e abordagens no estudo dos festivais

02/10 às 11h00
Um balanço histórico sobre os festivais brasileiros de cinema documentário dos anos 1990
Juliana Muylaert Mager (UFF)
No presente trabalho, buscamos realizar um balanço histórico/historiográfico dos festivais de documentário brasileiros dos anos 1990. Nosso recorte contempla três eventos: a Mostra Internacional do Filme Etnográfico, o É Tudo verdade e o Fórumdoc. Mais do que propor uma história dos festivais de documentário no Brasil do período, nossa intenção é refletir sobre os modos e condições de escrita dessa história, colocando em debate o arcabouço teórico-metodológico dos Film Festival Studies.
Festival de Cinema Infantil: um entrevista com a pioneira Marialva Monteiro
Ana Paula Nunes (UFRB)
Esta apresentação propõe uma entrevista com a educadora e curadora de festivais Marialva Monteiro. A conversa abordará a idealização e a coordenação do Cinema Criança, primeiro festival infantil da América Latina. O objetivo é compreender o contexto sociohistórico que permitiu a criação deste festival, suas influências, suas singularidades, pensamento curatorial e recepção de público e crítica.
Mostra Cinema e Direitos Humanos: desenho geral e recorte do Norte brasileiro
Luiza Rossi Campos (IFB e UnB)
Este estudo aborda o festival Mostra Cinema e Direitos Humanos como instrumento de ação pública (Lascoumes; Le Galès, 2012), inserido no contexto de políticas públicas de educação e cultura em/para direitos humanos (PNDH-3, 2010). Apresenta-se uma caracterização geral do festival a partir do pentágono de políticas públicas (Lascoumes; Le Galès, 2012), enfocando atores, representações, instituições, processos e resultados, bem como um recorte da presença da região Norte nas edições realizadas.

ST Teoria de Cineastas: dos processos de criação à dimensão política do cinema – Sessão 4: Entre telas e espelhos: o cinema que pensa sua forma

02/10 às 11h00
A prática reflexiva de Nanni Moretti em O melhor está por vir (2023)
Juliana Rodrigues Pereira (UFPR)
A partir do filme O melhor está por vir (2023), este trabalho investiga a reflexividade – traço central do estilo de Nanni Moretti – enquanto estratégia por meio da qual o filme pode pensar sobre si mesmo. Ao mesmo tempo em que opera como uma ferramenta para demarcar a visão de Moretti sobre o fazer cinematográfico, a reflexividade também possibilita a reelaboração de temas e elementos presentes em seus filmes anteriores.
Os filmes dentro dos filmes de Hong Sang-soo
Alexandre Rafael Garcia (Unespar)
Este trabalho investiga a presença de filmes-dentro-dos-filmes na filmografia de Hong Sang-soo, tomando como base seis títulos em que tais obras são parte visível da narrativa. A análise parte da hipótese de que estas inserções revelam uma dimensão autorreflexiva do cinema de Hong, em que o fazer cinematográfico é tematizado diretamente. O objetivo é discutir uma teoria honguiana do cinema, construída dentro dos próprios filmes e cotejada com as falas do diretor em entrevistas.
A teoria screenlife de Timur Bekmambetov: da poética prescritiva à poiética
Alex Ferreira Damasceno (UFPA)
O trabalho investiga a teoria screenlife, de Timur Bekmambetov, à luz da perspectiva da teoria dos cineastas de Jacques Aumont. A partir dos filmes e textos do cineasta, definimos o screenlife como uma teoria poética que, num percurso de dez anos, vai da prescrição formal à pedagogia do processo criativo. Analisamos os argumentos centrais da teoria que sustentam o screenlife como uma nova linguagem, problematizando-os a partir da aproximação com os pensamentos de David Bordwell e Iuri Lotman.

ST Edição e Montagem audiovisual: reflexões, articulações e experiências entre telas e além das telas – 4 – Ritmos fílmicos

02/10 às 11h00
Encontrando o ritmo: uma definição compreendida entre a teoria e a prática da montagem
Bruno Carboni Gödecke (PUCRS)
Este trabalho propõe elaborar uma definição do conceito de “ritmo” na montagem cinematográfica através de uma articulação entre prática e teoria. Para isso, primeiro buscará identificar, em entrevistas de montadores, os sentidos recorrentes do termo entre os pares. Em seguida, colocará estes sentidos em diálogo com formulações teóricas de Jean Mitry, Hans Gumbrecht e Karen Pearlman. O objetivo é propor uma base conceitual que some e esclareça a relevância comunicacional do termo para a área.
Brecha – montagem, tempo e performance
Fernanda Bastos Braga Marques (UFRJ)
O presente artigo explora o processo de edição do curta-metragem “Brecha” (2023), de Joana Antonaccio, destacando os desafios enfrentados para reduzir sua duração sem comprometer sua narrativa emocional. Nossa análise investiga como a montagem final alcançou o equilíbrio entre ritmo e emoção, por meio de um processo que buscou afetar o espectador em outros sentidos além da visão, construindo com ele diferentes percepções sobre o filme.
Bingo: reflexões sobre métrica e movimento na montagem do ritmo
Vinicius Augusto Carvalho (ESPM-Rio)
O estudo propõe uma reflexão sobre a duração e o movimento interno de um plano nos processos de determinação do corte e montagem do ritmo de um produto audiovisual. A análise de “Bingo: o rei das Manhãs” (Daniel Rezende, 2017), pelas lentes de Eisenstein, Pearlman, Salt e outros, sinaliza que o longa estabelece uma identidade rítmica ao correlacionar a métrica dos fragmentos e o fluxo de conteúdo no interior do quadro, por meio de uma alternância entre tomadas curtas, longas e planos sequência.

CI 13: Reescritas históricas, arquivos e estéticas de resistência

02/10 às 11h00
Violência colonial e memórias de Moçambique em Uma memória em três atos (2016), de Inadelso Cossa
Alex Santana França (UESC)
A violência foi um elemento essencial na estruturação e consolidação do sistema colonialista em Moçambique. Este trabalho visa analisar a abordagem deste tema no documentário Uma memória em três atos (2016), dirigido por Inadelso Cossa. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que utiliza métodos descritivos e analíticos. Acredita-se que o filme desempenha um importante papel ao narrar as experiências de violência e de trauma, servindo como um espaço de memória e resistência anticolonialista.
Com urubus e Cabral: outros olhares sobre a colonização no cinema entre Brasil, Portugal e PALOPs
CAIO OLYMPIO MATOS DA ROCHA (UFBA)
O objetivo do trabalho é analisar a construção estético-política dos filmes Memória e Urubu é o amigo desconhecido e inseri-los em uma constelação fílmica (Souto, 2020) sobre a colonização, composta por mais três filmes transnacionais entre Brasil, Portugal e PALOPs, transversalizados pelo atlas do cinema mundial (Andrew, 2004) e o atlas de imagens (Ribeiro, 2023). Os dois filmes apresentam uma abordagem afrocentrada, que se contrapõe a olhares eurocêntricos e dialoga com a produção brasileira.
Mulheres, Memória e Resistência: a construção de um longa-metragem documental sobre cineastas lusófonas
Maria Guiomar Pessoa de Almeida Ramos (ECO/ UFRJ)
A guinada teórica nos estudos do feminino no cinema se intensifica nos 1970s, com a entrada de mulheres como realizadoras, impulsionadas por transformações político-sociais.Reflete-se aqui acerca da construção de uma série-documental sobre cineastas lusófonas, estruturada como filme de montagem/experimental, articulando gênero, memória, resistência, a partir dos ecos da Revolução dos Cravos e da Libertação das Colônias Africanas presentes em certas obras de realizadoras lusófonas contemporâneas.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 6 – Coordenação: Thalita Bastos

02/10 às 11h00
Considerações e questões preliminares sobre filmes como corpos doentes
Diogo Vasconcelos Barros Cronemberger (USP)
Em discursos sobre filmes, seja na realização, seja na recepção, é comum o uso de termos relacionados ao corpo humano e ao universo da saúde para descrições e juízos de valor: tal filme é esquizofrênico, tal roteiro tem gordura, tal cena é um corpo estranho. A hipótese discutida é a existência de imperativos estéticos normativos sob a aparência de busca por uma “boa saúde fílmica”. Se podemos tomar um filme como um corpo doente, talvez a doença possa ser sua força – e até mesmo desejável.
Vocalidade bivalve: voz e gestualidade em Drive my Car
Mariana Vieira Gregorio (USP)
No filme Drive my Car (Hamaguchi, 2021), a voz gravada da esposa morta encontra ressonância na língua de sinais coreana da atriz muda, como se fossem uma única voz bipartida — ou bivalve — da qual a vocalidade se constitui: a sonoridade da voz e a gestualidade do corpo. Ambas partilham, ainda, as palavras de Tio Vânia de Tchekhov. Esse “espelho acústico” propicia a análise da voz em relação à palavra e ao corpo — acusmática e gestual, dentro e fora — nas personagens femininas do filme.
O movimento coreográfico em Site e Trio Film
Thais Ponzoni (USP)
Analisaremos o movimento coreográfico de objetos inanimados diante da câmera em duas obras experimentais: Site (1965) de Stan Vanderbeek e Trio Film (1968) de Yvonne Rainer. A noção de “objeto como corpo”, proposta por Rainer (1974), será associada aqui à ideia de “quase sujeito” (Didi-Huberman, 2010), tanto pelo tipo de movimento executado como pela nudez que rompe com uma sexualidade óbvia a fim de refletirmos sobre as fronteiras entre linguagens e gêneros que aparecem nestes dois filmes.
O mundo como palco: a espacialidade Ma na dança como cinema
Helena Albert Bachur (USP)
O trabalho se propõe à investigação do uso do espaço extracampo no cinema de dança, buscando compreender a maneira como ocorre a transposição da dança cênica para a dança fílmica, em termos de espacialidade. Visando ao aprofundamento da reflexão sobre um espaço virtual, invisível ao público, o estudo relaciona, ainda, o fora-de-campo à noção japonesa “Ma”, referente ao intervalo vazio, radicalmente disponível, que existe entre dois limites.

ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL – Sessão 4 – Coordenação: NINA VELASCO E CRUZ

02/10 às 11h00
O espaço recomposto: o urbano entre o cinema e as histórias em quadrinhos em “Tungstênio” (2018)
Carlos Eduardo Queiroz (UFF)
O trabalho propõe uma análise de “Tungstênio”, romance gráfico de Marcello Quintanilha (2014) e à película adaptado por Heitor Dhalia em obra homônima (2018). Investigaremos as aproximações estéticas da adaptação em uma análise do espaço cinematográfico. A partir de um exercício metodológico comparativo entre quadros do filme e artes da história em quadrinhos, a pesquisa objetiva compreender o protagonismo do espaço percebido como fenômeno cinematográfico dentro da adaptação.
A INFLUÊNCIA DO ESPAÇO CÊNICO NA UTILIZAÇÃO DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA NO “TEATRO DE VIVÊNCIA”
Jeferson de Vargas Silva (USP)
A partir dos espetáculos de “Teatro de vivência”, encenados pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, propõe-se uma reflexão sobre como a manipulação do espaço cênico – utilizado como um dispositivo de desorientação e instabilidade – apropria-se dos princípios da linguagem cinematográfica. Observaremos igualmente como o espaço cênico influencia nas estratégias escolhidas para se registrar em vídeo esses espetáculos.
Cinemão: através da superfície, por meio da atmosfera
Antonio Tavares de Sousa Neto (USP)
Contribuindo com os esforços, por parte dos estudos de cinema, para se pensar os locais de exibição de filmes pornográficos – popularmente conhecidos como “cinemão” –, conjugarei as noções de “atmosfera de projeção” (Bruno, 2022) e “atmosfera queer” (Lira, 2021), na fronteira entre cinema e arquitetura, a fim de refletir sobre os modos como os corpos se relacionam com essa materialidade tão marginalizada quanto complexa.
Filmes Interativos: Novas Fronteiras da Experiência Cinemática
Robson Alves Rodrigues (UFPA)
Os filmes interativos transformam espectadores em participantes ativos, permitindo escolhas que moldam a trama e aprofundam o engajamento com a história. A interatividade varia desde caminhos narrativos distintos até personalização baseada em preferências. Desafiam convenções cinematográficas, questionando linearidade e autoria, como visto em “Black Mirror: Bandersnatch”, onde cada experiência pode ser única, valorizando repetição e descoberta.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 6 – Coordenação: Cristian Borges

02/10 às 11h00
Trans-futuro: ancestralidade e identidade cabocla pela ótica LGBTQIAPN+ audiovisual amazônida
Georgiane Abreu da Costa (UFPA)
Pesquisando sobre audiovisual contemporâneo paraense encontrei representações de futuro que conjugam encantarias amazônicas e a ressignificação da identidade cabocla. Esse cinema trans, que se posiciona frente a debates de gênero e pensa os atravessamentos entre amazônias rurais e urbanas, aponta para uma ancestralidade projetada no futuro, postulando assim o ethos de uma produção de conhecimentos insubmissos a partir da produção de imagens.
A profanação da imagem: o uso do arquivo para um devir queer
Nicolás Andrés Luna (UNICAMP)
Se propoe analisar o gesto de profanação das imagens de arquivo como estratégia para a construção de devires queer no cinema contemporâneo latino-americano. A partir das obras Diários de confissões íntimas e oficiais (2021), de Marilina Giménez, e A noite do minotauro (2023), de Juliana Zuluaga Montoya, observa-se como ambas as cineastas subtraem imagens de arquivo de suas especulando e renarrando-se , as diretoras deslocam os sentidos das imagens, rompem com lógicas canonicas da montagem
Eu Vi O Brilho da TV (Jane Schoenbrun, 2024), um filme disfórico
Agnes Cardoso Gonçalves (UFSCar)
A apresentação busca no cinema contemporâneo um espaço de discussão do momento político mundial descrito pelo filósofo queer Paul B. Preciado, descrito no seu livro Dysphoria mundi. Questiono em que medida existe um cinema disfórico para uma realidade disfórica que se instaura dentro do modo capitalista de organização social.

ST Tenda Cuir – Sessão 3 – As frestas sensíveis: deitar sob a tenda e abraçar o mundo.

02/10 às 14h30
A reconstrução do afeto na velhice LGBTQIA+ no cinema
Marcus Vinicius Azevedo de Mesquita (UnB)
Este artigo busca apoio na Análise do Discurso Francesa e na Interseccionalidade para investigar as inter-relações entre a cultura e o cinema na construção e veiculação de imaginários, tendo em vista a reconstrução do afeto na velhice LGBTQIA+, para tanto, pretendemos analisar a obra: Filhas da Noite de Henrique Arruda e Sylara Silvério. Assim, pretende-se demonstrar como o cinema representa o afeto nas vivências de idosos LGBTQIA+, reformulando os discursos acerca de experiências de vida.
Afeto e acolhimento: Trancestrais em In-Nilè
Naomi Wood (EUA)
O documentário In-Nilè retrata três mulheres trans mães de santo em Salvador. Os diretores Deko Alves e Jener Augusto enfrentam a transfobia nos terreiros através da autonarração das babalorixás Mães Alana de Carvalho, Thiffany Odara e Ana Vitória, entrelaçada com a coreografia de Joa Assumpção. Fazendo referência ao título, analisamos o filme como uma “quarta casa” que cria um espaço onde tradições espirituais afro-brasileiras e identidades marginalizadas convergem em afirmação existencial
Poéticas da transgeneridade e cinema experimental: uma análise fílmica de typhoon diary (2024)
Anthony dos Santos Silva (UNESPAR)
Este trabalho analisa typhoon diary (2024), de Grace Zhang, que aborda a transformação, por meio da produção do filme, da sensação de dissidência à autoafirmação de gênero. A partir de Butler, Preciado, Steinbock e Marks, exploraremos relações entre a atual criação de imagens sobre pessoas trans no imaginário social com as experimentações da linguagem cinematográfica feitas pelo filme, verificando como isto contribui para expandir as formas de representação trans no cinema.

CI 50: O estranhamento, o terror e o insólito como modos de apreensão da realidade no cinema

02/10 às 14h30
Os vestígios do cinema de terror irlandês em Evil Dead Rise (2023), de Lee Cronin
Sanio Santos da Silva (UFBA/UNEB)
O terror no cinema irlandês detém particularidades que contrastam com padrões hollywoodianos. Porém, questionamentos surgem quando cineastas irlandeses se envolvem em projetos nos Estados Unidos. Logo, o objetivo geral é mapear aspectos do cinema de terror irlandês em Evil Dead Rise (2023), de Lee Cronin, em busca de compreender como o cineasta atua nesse contexto. A metodologia é a análise de conteúdo (Bardin, 1977), e a pesquisa deve favorecer debates sobre o cinema irlandês e o gênero terror.
O Pesadelo no Cinema de Fellini
Guilherme Perussolo (UTP)
O presente trabalho visa, por meio de um apanhado de entrevistas e escritos de Fellini sobre os filmes por ele realizados, desnudar o papel do pesadelo como catalisador de reações diante de situações que se impõem aos seus protagonistas. Para tanto, verifica-se o momento e a função do pesadelo em três obras distintas do autor, e a reação dos protagonistas após a sua ocorrência.
CRÍTICA MATERIALISTA DA GOETIA NO CINEMA INSÓLITO: demonologia e os desejos da carne
Victor Finkler Lachowski (PPGCOM-UFPR)
Este trabalho desenvolve uma crítica da Goetia no cinema de fantasia insólita pelos filmes Hereditary (2018) e A Dark Song (2016) a partir da filosofia da religião, com uma análise materialista do papel da religião na cultura humana, bem como da apropriação que o cinema faz do fenômeno religioso e vice-versa. São investigadas as funções articulatório-narrativas da Goetia nas obras com base na relação entre humano/cultural/social e mágico/divino/profano.

CI 3: Memória, resistência e identidades em disputa

02/10 às 14h30
AZOUGUE NAZARÉ – Resistência e guerra sociocultural
Guryva Cordeiro Portela (USP)
Proponho o olhar sobre corpo afro-indígena e a relação entre a macumba e a ascensão dos neopentecostais, através da análise do filme Azougue Nazaré (2018) de Tiago Melo. Um processo de dominação dos corpos e de suas culturas que refletirá diretamente nas tradicionais manifestações populares de carnaval. Como foco trançar uma perspectiva que contribua para os estudos do cinema afro-diaspórico. A partir da análise da disputa pelos corpos dentro do brinquedo de carnaval X os neopentecostais.
“Orixá que ri enquanto dança” : temporalidades e arquivo na feitura do filme “Obá: Alegria Preta”
Marcelo Ricardo dos Santos (UFBA)
Este trabalho analisa o filme Obá: Alegria Preta (Marcelo Ricardo, 2025), que emerge como produção de resistência ao articular arquivo, ancestralidade e corporeidade negra. Ao apontar a experiência negra, a partir da alegria, a obra enfatiza o impulsionamento do fazer, dizer e ser, que está intimamente ligada aos ritos de renovação nos cultos afro-brasileiros. Desafiando estereótipos históricos e propondo novas temporalidades, o filme reafirma a potência estética e política do cinema negro.
Migração e memória curda: reflexões e análises a partir do documentário “Vidas (ou)vidas – Yusuf”
Juliana Santoros Miranda (UAM)
Em um contexto sociopolítico de solidariedade à questão curda, proponho investigar o documentário “Vidas (ou)vidas – Yusuf” (2024, Luís Evo), o primeiro sobre um imigrante curdo no Brasil. Pretendo entrevistar o diretor sobre o processo de produção. Este estudo busca explorar a construção da memória e identidade curda no audiovisual, dialogando também com os estereótipos de representação apenas como soldados de batalha, considerando a ausência do curdo de “vida comum” em tais produções.

ST Arquivo e contra-arquivo: práticas, métodos e análises de imagens – Sessão 3 – Arquivo como território

02/10 às 14h30
Plantar nas estrelas, de Geraldo Sarno: um arquivo da utopia moçambicana
Karen Barros da Fonseca (PUC-Rio)
Em 1979, Geraldo Sarno vai à Moçambique e realiza o curta Plantar nas Estrelas, registro da visita de um grupo de funcionários do governo à região do Xicumbane, onde planejava-se a implementação de uma aldeia comunal, um dos pilares da política da FRELIMO na pós-independência. Entre imagens documentais e poesia revolucionária, o filme materializa a utopia da nova nação, propondo a construção de uma nova história. O que dizem hoje essas imagens de um futuro imaginado no passado?
Mamazônia, a última floresta (1996): um contra-arquivo da Amazônia Ocidental brasileira
Juliano José de Araújo (UNIR)Naara Fontinele dos Santos (UFMG)
Analisamos Mamazônia, a última floresta (1996, Celso Luccas e Brasília Mascarenhas), considerando seu material fílmico e sonoro como um contra-arquivo da experiência histórica de colonização de Rondônia. Busca-se examinar em que medida esse documentário multiplica vestígios e vozes das vítimas de um violento processo de ocupação territorial, fomenta a contramemória (BEIGUELMAN, 2019) e abre caminhos para práticas de “história potencial” (AZOULAY, 2019) que desmontam narrativas oficiais.
A epopeia esquecida: lacunas territoriais e mnemônicas da Transamazônica
Mariana Lucas (UFF)
Esta comunicação analisa a disputa pela representação da Transamazônica durante a ditadura civil-militar brasileira como exercício de arquivo e contra-arquivo audiovisual. Confronta os filmes institucionais de Isaac Rozemberg, financiados pela construtora Mendes Júnior, que constituem um arquivo oficial do projeto desenvolvimentista, às imagens dissidentes de “Transamazônica: 12 Depoimentos” (1972), de Mário Kuperman, que atua como contra-arquivo ao revelar sujeitos marginalizados e histórias si

CI 64: “Ainda Estou Aqui”: o melodrama e as reconfigurações da narrativa sobre a ditadura civil-militar no cinema

02/10 às 14h30
O Melodrama e a Imaginação Melodramática em “Ainda Estou Aqui”.
Lisandro Nogueira (ufg)
O filme “Ainda estou aqui” (Walter Salles) é emblemático para pensar o conceito de Imaginação Melodramática (Peter Brooks) para além do conceito tradicional de Melodrama. Broks trabalha com a ideia de que há uma verdade moral escondida sob a superfície da realidade — e que a narrativa deve desvelar essa verdade, por meio de revelações, julgamentos e dramatizações. Ao rechaçar a ideia simples e dual do Bem contra o Mal (autênticos contra cínicos), o filme confirma a ideia de Brooks.
Ainda Estou Aqui e Central do Brasil nas salas da França: efeitos do Oscar e das políticas públicas
Belisa Brião Figueiró (UFSCAR / CBM)
Esta comunicação apresenta um estudo comparativo entre o lançamento dos filmes Ainda Estou Aqui (2024) e Central do Brasil (1998) no circuito exibidor francês e o impacto que as premiações no Globo de Ouro e no Oscar tiveram nesse processo. Para isso, serão examinados os dados obtidos junto ao Centre National du Cinéma et de l’Image Animée (CNC). Ao mesmo tempo, avalia as políticas brasileiras de internacionalização, considerando que os dois longas-metragens são coproduções franco-brasileiras.
“Ainda estou aqui”, a memória da ditadura civil-militar (1964-1985) e as disputas ideológicas
Mônica Mourão Pereira (UFRN)
O atual fenômeno em torno do filme “Ainda estou aqui” (Walter Salles, 2024) evidencia as vivas disputas em torno da memória da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) e o papel do cinema e do audiovisual neste processo. Com este trabalho, pretende-se compreender como o filme constrói a memória da ditadura civil-militar, além de sua recepção, a partir de comentários de perfis de jornais no Instagram e de vídeos veiculados em canais de direita no YouTube.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil – 3: Políticas e desenvolvimento no campo audiovisual.

02/10 às 14h30
Audiovisual em Pernambuco. Uma situação de equilíbrio?
Mannuela Ramos da Costa (UFPE)
A Ancine visa integrar e aumentar a competitividade da indústria cinematográfica brasileira, promovendo sua sustentabilidade e diversidade. Pernambuco, com aparente crescimento no setor, tem mais de 340 produtoras independentes registradas, mas apenas uma pequena parte demonstra regularidade. Através da análise de aspectos de produção, fomento e comercialização, objetivamos entender a dinâmica e o grau de diversidade do setor no estado, bem como seu potencial de sustentabilidade a longo prazo.
Para além da obra audiovisual: mapeamento dos mecanismos públicos de fomento a empresas
Debora Regina Taño (UNIRIO)Hadija Chalupe da Silva (UFF / ESPM Rio)
A pesquisa propõe mapear formas de fomento ao audiovisual que priorizem a sustentabilidade de produtoras e empresas do setor, para além do apoio pontual a obras. A partir da análise dos Núcleos Criativos do FSA e do edital paulista da Lei Paulo Gustavo, busca-se refletir sobre políticas que promovam continuidade, estrutura econômica e fortalecimento organizacional no audiovisual brasileiro.
A Economia de Temporadas e o Trabalho no Audiovisual: Notas Para Uma Abordagem Teórica e Conceitual
Bruno Casalotti Camillo Teixeira (UNICAMP)
Nesta comunicação pretendemos apresentar e discutir o conceito de “Economia de Temporadas”, termo criado por nós para ilustrar as transformações no mundo do trabalho em audiovisual no Brasil. O conceito descreve um modelo produtivo intermitente, impulsionado por uma racionalidade de produção por projetos e fundado no princípio da incerteza. Para tanto, temos como base dados quantitativos e qualitativos, além de um referencial teórico inspirado em teoria social e economia política do audiovisual.

CI 43: Cinema comunitário e a construção de narrativas territoriais no audiovisual brasileiro

02/10 às 14h30
Mostra Monstra: uma experiência de extensão universitária em audiovisual
Rodrigo Almeida Ferreira (UFRN)
A proposta parte da história da extensão universitária, em diálogo com autores como Ana Luisa Souza, Paulo Freire e outros, para apresentar a trajetória de seis anos da Mostra Monstra, projeto de extensão interdisciplinar criado em 2019 e vinculado ao Decom/UFRN. A iniciativa atua em quatro segmentos (formação, difusão, produção e distribuição), fortalecendo o circuito audiovisual local, estabelecendo parcerias diversas e colocando os estudantes como os agentes centrais da mobilização cultural.
O cinema comunitário da Maloka Filmes e a “imaginação radical” na construção de territórios fílmicos
Livia C. Almendary (CES/Diversitas)
O trabalho tece uma reflexão sobre cinema comunitário com base na trajetória do coletivo Maloka Filmes, formado por cineastas LGBTQIAPN+ da periferia sul da cidade de São Paulo. A partir de etnografia das práticas e de análise fílmica, investiga como as metodologias colaborativas da Maloka tensionam lógicas hegemônicas de políticas públicas de financiamento e circulação, e como suas narrativas articulam cinema, memória, território e disputa simbólica.
Cinema da Rozsa Filmes no Brasil: qual melodrama?
Eduarda de Oliveira Figueiredo (UFSCar)
A produtora Rosza Filmes, situada no Recôncavo Baiano (BA), realiza cinema e desenvolve projetos de cinema e educação. O seu modo de realização fílmica atravessa o processo colaborativo e coletivo de criação de linguagem em suas obras desde 2011. Neste trabalho pretendemos perceber, por meio da análise fílmica, como a intensidade do modo de produção se revela também em momentos melodramáticos de seus diferentes longas-metragens.

CI 61: Narrativas seriadas e gêneros audiovisuais

02/10 às 14h30
Narrativas seriadas nacionais em VoDs: os gêneros como estratégias de representação do Brasil.
Rodrigo Cazes Costa (UFF)
A comunicação,por meio da análise de três narrativas seriadas nacionais exibidas em VoDs não-segmentados brasileiros no ano de 2024,parte da hipótese que a categoria de nacional, também utilizada muitas vezes por esses VoDs como uma classificação genérica,comporta variadas interpretações a partir das escolhas genérico-narrativas utilizadas nessas produções,e,mesmo num momento de mundialização da cultura cada vez mais acelerada,ainda é relevante.Nas análises o gênero será pensado como um sistema.
De Capitão 7 a 3% e além: notas sobre a ficção seriada científica brasileira.
Ana Carolina Chaga (UAM)
A ficção científica no audiovisual brasileiro é mais estudada no cinema que na televisão, sendo que muitas análises se limitam à série “3%” (Netflix, 2016-2020). Este trabalho propõe traçar um panorama histórico do gênero na ficção seriada nacional, desde os anos 1950 até o streaming atual. Além de uma cronologia, busca-se identificar padrões e elementos recorrentes, preenchendo uma lacuna acadêmica e expandindo a compreensão sobre esse tipo de narrativa no contexto televisivo do Brasil.
Proposições sociais no filme de crime latino-americano:uma análise de Okupas, Heli e Pico da Neblina
Luiz Felipe Rocha Baute (UNICAMP)
Nesta apresentação, investigarei três obras latino-americanas: Okupas (2000), Heli (2014) e Pico da Neblina (2019-2022) sob a perspectiva dos estudos de gêneros cinematográficos e audiovisuais. Embora produzidas em momentos e contextos diferentes, as três apresentam convenções do filme de crime. A partir desse prisma, explorarei desenvolvimentos narrativos e estéticos, bem como suas distribuições em diversos meios e circuitos de mídia.

ST Cinemas, Comunidades, Territórios: interpelações aos gestos analíticos – Sessão 3

02/10 às 14h30
Orí: quando quilombo encontra a festa
Isabel Veiga (PUC-Rio)
Orí (1989, 92min), dirigido por Raquel Gerber, nos apresenta uma costura única de personagens e espaços da história brasileira recente. Através da narração da historiadora Beatriz Nascimento, que retoma o conceito de quilombo na atualidade, o filme coloca as festividades populares afrodiaspóricas como ativas na luta política. Nosso intuito, portanto, é analisar como esta obra nos convoca a refletir sobre as festas populares e seu papel na construção de elos de pertencimento e comunitários.
Cinema dos quilombos – cinema da Terra
Alessandra Pereira Brito (UFMG)
O ensaio se interessa pelas relações entre o cinema e a terra, elegemos o cinema dos quilombos para investigar os modos de aparecer da terra nas imagens, em busca de cenas que escapem ao imaginário da terra como recurso, algo a ser explorado. Nos filmes O mundo preto tem mais vida (2018, Sabrina Duran) e Gramame, um rio de histórias (2018, Patrícia Pinho) analisamos uma modulação de presença da terra nas imagens que se dá pela palavra dita, pela voz das pessoas que com ela constituem território.
Corpos da cena/em cena e o saltar das audiovisualidades periféricas
Angelita Maria Bogado (UFRB)Anna Carolline B B de Oliveira (UFRB)
O cinema recente tem proposto experiências estéticas que ampliam discussões de diversos aspectos do fazer artístico, entre eles, perspectivas em torno da cena e suas formas de construção. Nos interessam obras que apontam para outras lógicas de experiência artística e estética e suas relações com o território. Os filmes Plutão (Nolasco, 2015) e Mugunzá (Rosa e Nicácio, 2022) serão analisados sob a ótica do operador analítico dos corpos da cena/em cena (Bogado, Alves Jr. e Souza, 2020).

MESA DESLOCAMENTOS ENTRE CINEMA E ARTE CONTEMPORÂNEA

02/10 às 14h30
Identidade e alteridade: um diálogo entre Jean Rouch e Daniel Lima em
Marcus Vinicius Fainer Bastos (PUC-SP)
Tanto Jean Rouch quanto Daniel Lima tem obras em que o diálogo com o outro é importante. Esta palestra vai discutir elementos que aproximam os dois a partir da forma como estabelecem diálogos com o outro em suas obras e também refletir sobre como os procedimentos em torno desta relação se modificam na história do audiovisual. Por meio da análise de filmes e obras, o objetivo é discutir estas questões a partir de um diálgo com a produção audiovisual.
DELÍRIOS À MEIA-NOITE: UM CINE-ENCONTRO ENTRE GLAUBER E OITICICA
Rodrigo Corrêa Gontijo (UEM)
Este trabalho analisa “À Meia-Noite com Glauber” (1997), de Ivan Cardoso, a partir das proposições “Experimentar o Experimental” (1974) e “Estado de Invenção” (1979) de Hélio Oiticica. Ao romper com as convenções do documentário tradicional, este cine-encontro “glauberélico/ helioglauberiano” (CAMPOS, 1996) se transforma em um evento estético, que fala sobre Glauber Rocha a partir dos conceitos de Hélio Oiticica.
O corpo em “A Substância” (2024) sob a lente da arte de Cindy Sherman
NINA VELASCO E CRUZ (UFPE)
O trabalho examina o longa “A Substância” (2024), de Coralie Fargeat, aproximando-o de obras da artista contemporânea Cindy Sherman. Para além das referências cinematográficas, identificadas pelo público entre o filme e outros clássicos do gênero do Horror (Psicose, O iluminado, entre outros), busco apontar no trabalho de Sherman referências não apenas visuais, mas também temáticas, ressaltando o aspecto crítico e feminista da artista e do filme em questão.

ST Estética e Teoria da Direção de Arte Audiovisual – Sessão 2 – Alegorias e produções de sentido

02/10 às 14h30
As casas: montagem de ideias no cinema de Andrei Tarkovski
Milena de Lima Travassos (UNIAESO)
Cenas marcadas pela presença de casas nos filmes O Espelho, Nostalgia e O Sacrifício, de Tarkovski, são “lidas” em uma tradução alegórica. Aspectos estéticos e conceituais dessas casas nos conduziram para as ideias de Casa-bosque, Casa-templo e Casa-cópia. Nos atemos ao que é visível e confere linguagem às cenas; portanto, à presença da direção de arte enquanto procedimento criador de atmosferas. Nessa leitura, o pensamento de Benjamin e Agamben, somaram-se ao de Inês Gil e Vera Hamburger.
Entre o terror e a crítica social – Uma análise da direção de arte em Propriedade
Sabrina Tenório Luna da Silva (UFMT)
Neste artigo, pretendemos analisar a direção de arte de Propriedade (Dir. Daniel Bandeira, 2022), destacando a relação dos personagens com objetos tecnológicos contemporâneos, que se apresentam como elementos fundamentais para a narrativa fílmica. O filme apresenta uma forte crítica social, que pode ser percebida na correlação entre objetos e arquitetura antigos e objetos tecnológicos contemporâneos, entre os quais destacamos o carro blindado, elemento mediador do conflito entre os personagens.
Quebrado na quebrada: tecnologia e pastelão no caveirão de Mato seco em chamas
Gianna Gobbo Larocca (UERJ)
O caveirão mambembe proposto pela direção de arte de Denise Vieira, no filme Mato seco em chamas (Adirley Queirós e Joana Pimenta, 2022), nos convida a desdobrar uma rede de interpretações em torno das forças de segurança pública e sua personificação do Brasil institucional nas comunidades do país. Na disputa de gramática, proposta pelos diretores, a direção de arte assume um papel eloquente e performático, desestabilizando discursos oficiais e evocando outras narrativas.

ST Estudos Comparados de Cinema – Sessão 3. Não humano, mais que humano

02/10 às 14h30
Sons humanos e mais que humanos nos cinemas amazônicos
Lúcia Ramos Monteiro (UFF)
Este trabalho interroga a presença de sons humanos e mais que humanos em filmes de floresta, vistos sob a perspectiva do Antropoceno. A intenção é investigar os sons produzidos por máquinas, por animais, pela vegetação e por outros seres em filmes como “A Febre” (Maya Dá-Rin, 2019), “Curupira Bicho do Mato” (Felix Blume, 2018), “Mãri Hi” (Morzaniel Iramari, 2023) e “Suraras” (Barbara Marcel, 2024).
Que imagem é essa? Espaço, tempo e o não humano na era digital
Julio Bezerra (UFMS)
O digital nos convida a repensar as categorias de espaço e tempo no cinema contemporâneo. Seguindo a esteira deleuziana, autores os mais variados têm se esforçado na busca por um terceiro tipo de imagem ou regime audiovisual. O objetivo deste texto é justamente descrever essa nova imagem. Fazê-lo nos leva à “neuro-imagem” de Patricia Pisters, à “imagem sem tempo” de Sergi Sánchez e à “imagem-rítmica” de Steven Shaviro, bem como à promessa por uma nova fenomenologia.
A Cyber Quimera: Transmutação para uma estética outra-que-não-humana
Lucas Honorato Cordeiro Contreiras Teles (UFRJ)
Este trabalho analisa as estratégias transtextuais do remix cinematográfico como dissidência à primazia do original e das imagens puras como episteme, a partir do ensaio Nascimento de Urana (Mombaça, 2017); sua adaptação fílmica The Birth of Urana Remix (Jota Mombaça, 2020); e o curta-metragem a ilha (Darks Miranda, 2023). Assim, examinamos como essas práticas dissidentes se articulam com noções de identidades difusas e quiméricas do corpo humano-máquina e o humano-terra presentes nas obras.

CI 31: Cinema e capitalismo: subjetividades neoliberais e críticas sistêmicas

02/10 às 14h30
Esgotados e esvaziados: cinema brasileiro contemporâneo e subjetivação neoliberal
Helena Lukianski (UFRGS)
Nesta proposta, faremos um recorte de uma tese em desenvolvimento sobre cinema brasileiro e subjetivação neoliberal (Dardot; Laval, 2016). Analisaremos os filmes Trabalhar Cansa (2011) e Eu, empresa (2021) tendo em vista as consequências da intensificação das jornadas de trabalho na sociedade contemporânea e suas representações no cinema (Gorfinkel, 2012). O esgotamento provocado pelo capitalismo zumbi (Fisher, 2020) é evidenciado pela desconexão dos personagens com elementos da natureza.
Assim na tela como no céu: teologia e ontologia da imagem cinematográfica a partir da oikonomia
Pedro Félix Pereira Moura (UFRJ)
O trabalho propõe uma reflexão sobre a interseção entre moeda e crença nas imagens do cinema, com foco na abordagem teológica. Utilizando a noção de “imagem-dinheiro” de Deleuze, busca-se analisar como o contexto financeiro e a confiança circulam nas produções cinematográficas. A análise, de natureza interdisciplinar, se embasa nas teorias de Marie-José Mondzain, Agamben e Warburg, investigando traços formais e iconográficos no cinema, especialmente no filme À Margem da Imagem (2001)
Corpo, desorientação e urbanidade: a errância no cinema contemporâneo como metáfora do viver urbano
Paul Newman dos Santos (IAU-USP)
Filmes como O Homem das Multidões (2013) e Xiao Wu (1997) revelam personagens cujo deslocamento evidencia a desconexão entre indivíduo e ambiente. Argumenta-se que ao fixar-se em corpos errantes, o cinema realista contemporâneo convida o espectador a pensar sobre a cidade em escalas múltiplas. Aqui o deslocamento físico-simbólico registrado articula-se à desorientação, mercantilização da vida e alienação da experiência urbana, expondo o conflito entre subjetividades e temporalidades hegemônicas.

CI 62: Teoria, historiografia e metodologias nos estudos de cinema

02/10 às 14h30
Encontros renovados e implicados no cinema do fim do mundo
Karla Holanda (UFF)
Partindo do princípio de que tudo está implicado e que os menores padrões possíveis para a análise são as relações, proponho abordar dois filmes aparentemente díspares. Como organismos vivos, os filmes, vistos sob determinados cotejamentos, têm potencial de revelar conexões, muitas vezes inesperadas. Essa é a ideia do método implicado, cujo objetivo é não perder de vista a compreensão da matriz que origina determinados fatos históricos, sendo também um artifício para estudar mulheres no cinema.
Para além dos famélicos: revisão crítica de Eztetyka da Fome (1965), de Glauber Rocha
Frederico Franco (UFRGS)
A presente comunicação propõe uma revisão crítica do ensaio Eztetyka da Fome, de Glauber Rocha. A ideia central, aqui, é de tensionar o escrito glauberiano com textos oriundos de diferentes campos teóricos.
Parte-se de referências contemporâneas ao ensaio e ligadas às artes visuais, como Frederico Morais e Décio Pignatari; passando por Teorias do Terceiro Mundo, através de Fanon e Robert Stam; e, finalmente, chega-se a debates atuais acerca da decolonialidade no contexto artístico.
Uma análise dos roteiros não realizados de Olga Futemma
Hanna Henck Dias Esperança (USP)
Olga Futemma atuou como cineasta entre as décadas de 1970 e 1980. Considerando a consistência dos temas e da abordagem cinematográfica de sua obra, proponho investigar um conjunto de materiais encontrado no acervo da Cinemateca Brasileira, composto por seis argumentos de filmes não realizados de autoria de Futemma. O objetivo da análise é entender de que forma essa produção escrita dialoga com o restante da sua obra e como ela pode ser incorporada ao escopo de análise da filmografia da diretora.

CI 2: Solidão e luto: afetos e narrativas melancólicas no cinema

02/10 às 14h30
Escreva, é tudo que me resta: Experiência, imagem e escrita em Notícias de casa e A cidade solitária
Gabriela Machado Ramos de Almeida (ESPM-SP)
O trabalho coloca em relação o filme Notícias de casa (1977), de Chantal Akerman, e o livro A cidade solitária (2017), de Olivia Laing, para discutir os modos como as artistas elaboram esteticamente a experiência da solidão nessas obras. Busco investigar relações entre imagem, palavra, alteridade e práticas de escrita em primeira pessoa (o ensaio e a carta), em um livro e um filme em que as autoras acionam uma dimensão radical de alteridade para narrar vivências na cidade de Nova Iorque.
A melancolia em três filmes de Nanni Moretti: O quarto do filho, Mia madre e Tre piani
Gabriela Kvacek Betella (UNESP)
Como luto patológico e ferida narcísica segundo Freud, consciência histórica diante das ruínas da modernidade com Benjamin, a melancolia toma forma estética disposta a representar retrocessos sociais nos filmes em que Nanni Moretti se afasta do protagonismo, depositando crises, fragilidades e desamparo em personagens e situações narrativas capazes de estimular nossa consciência da unidade entre pessoal e coletivo a partir da reflexão crítica sobre os conflitos íntimos e os processos históricos.
Filmes de luto e seu reflexo na estrutura de sentimentos: anotações iniciais
Henrique Denis Lucas (UBI)
Circunscrito no âmbito investigativo da tese “Dormitórios: reflexividade e dialogismo na criação de um filme-ensaio sobre o luto”, este trabalho propõe-se a fazer uma primeira abordagem ao cinema de luto, ocupando-se da busca por recorrências narrativas e estilísticas em produções cinematográficas que possam representar persectivas de luto e a sinalização de reflexo do período pós-pandêmico na nossa atual estrutura de sentimentos.

ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS – Sessão 5 – Coordenação: Renata Masini Hein

02/10 às 14h30
Estudo das cineastas e suas obras de contra cinema – uma nova historiografia da arte cinematográfica
LORENNA COSTA MONTENEGRO (UAM)
Buscando analisar comparativamente, por meio de uma proposta de sistematização de estratégias, no caso, de modo de produção cinematográfica, as escolhas temáticas envolvendo a vida das mulheres nos roteiros dos filmes por uma abordagem feminista no discurso de cineastas atuantes no Brasil, na América Latina, na Ásia e na Europa Oriental. A apresentação propõe uma nova historiografia, tergiversando sobre o trabalho no cinema e a condição feminina em filmes surgidos durante a 2ª onda feminista.
Construções e reconstruções de autoria feminina no cinema sob a Ditadura brasileira
Luana Almeida (Unifesp)
Esta proposta de comunicação busca analisar como algumas cineastas, nas décadas de 1970 e 1980, reconstruíram em tela experiências cotidianas, violências e resistências no contexto da ditadura brasileira, em diálogo com a reemergência do feminismo. A partir dos filmes Creche-Lar, Trabalhadoras Metalúrgicas e Mar de Rosas buscamos entender como a construção fílmica de autoria feminina pode nos apresentar um Brasil “outro”.
A música como dispositivo contra-hegemônico em La Ciénaga: raça, classe e território na Argentina
Rebeca Hertzriken Ferreira (PPGCine UFF)
Análise da música em La Ciénaga (Lucrecia Martel, 2001) como força que desestabiliza a narrativa hegemônica e suas bases de racialização, classe e colonização. A tensão entre folclore e cumbia organiza dois territórios em disputa: um alinhado à ordem branca e outro, insurgente, associado à presença indígena (DE JONG, 2005). Através de mapas, fluxos e gestos gráficos, a trilha musical é proposta como vetor de bifurcação e territorialização narrativa (HERZOG, 2010).
Objetos que perfuram: O Punctum Barthesiano nos objetos das casas do cinema de Muylaert
Maria Eduarda Lino Sande Santosouza (UFPE)
A pesquisa investiga como o conceito de punctum, de Roland Barthes, transposto da fotografia para o cinema, se manifesta nos objetos das paisagens domésticas em três filmes de Anna Muylaert: Durval Discos (2002), Que Horas Ela Volta? (2015) e Mãe Só Há Uma (2016). Entendendo a casa como mediadora entre o indivíduo e o mundo, os objetos assumem densidade dramática e sensível, sendo essenciais para a construção estética e atmosfera fílmica.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 7 – Coordenação: Mariana Baltar

02/10 às 14h30
A CONSTRUÇÃO DE CENAS DE VIOLÊNCIA EM RELAÇÕES GAYS: UMA ANÁLISE CRÍTICA
Lein Machado (UNESPAR)
Propõe-se neste trabalho uma análise a respeito da masculinidade em relações gays nos filmes Bom Trabalho (1999), O Beijo da Mulher Aranha (1985) e Tabu (1999). A masculinidade dos personagens é tensionada entre cenas contendo brigas físicas disparadas pela homofobia internalizada e cenas de sexo. Além disso, será olhado de maneira crítica para a reprodução de estigmas acerca da homossexualidade presente em filmes que abordam essas relações através de um viés violento.
As consequências da masculinidade hegemônica violenta em O Aprendiz (2024)
Pedro Henrique Fadim Alves (ESPM)
De acordo com os estudos acerca da construção social do ideal masculino de Judith Butler, João Silvério Trevisan e Raewyn Connel, e das teorias psicanalíticas de Carl G. Jung, esse estudo examinará esses conceitos a partir da obra cinematográfica O Aprendiz, lançada em 2024 e dirigida por Ali Abbasi. Este filme ilustra como a ideologia da masculinidade hegemônica pode influenciar negativamente a vida de toda uma sociedade a partir da relação do protagonista Donald Trump com seu mentor Roy Cohn.
Construindo uma Memória Audiovisual Sapatão da Cidade de São Paulo com o Coletivo Sapatrônica
Diana de Oliveira Souza Reis (PósCom/UFBA)
A partir da análise de curtas realizados pelo Coletivo Sapatrônica, esta comunicação aponta dispositivos acionados na construção da cartografia afetiva da cidade de São Paulo através do audiovisual. Os produtos revelam um gesto etnográfico que reflete a necessidade do arquivamento das memórias de pessoas lésbicas no contexto da dupla in/visibilidade dos seus corpos. Por meio da fabulação crítica, os curtas desenvolvem uma poética que elabora história e imaginação no seu processo cartográfico.
Uma valsa pensando sobre nossos corpos: Suspiria e a ressignificação queer de um clássico
Breno Buswell Braga (UERJ)
Este artigo analisa as duas versões de Suspiria (1977 e 2018), focando em suas diferenças narrativas, estéticas e políticas. A comparação examina como a adaptação de Luca Guadagnino reformula a trama original de Dario Argento, destacando questões contemporâneas como a potencialidade feminina, a opressão política e identidades queer.

ET 5 – ETAPAS DE CRIAÇÃO E PROCESSOS FORMATIVOS EM CINEMA E AUDIOVISUAL – Sessão 3 – Coordenação: Yanara Cavalcanti Galvão

02/10 às 14h30
Zonas de Cinema para as Infâncias: Uma Cartografia Mineira
Isabela Coura (UFSJ)
O texto apresenta uma cartografia das ressonâncias pedagógicas em três eventos de cinema em Minas Gerais: o cineclube itinerante Cine na Montanha, a Mostra para Crianças e Adolescentes (Recria Cine) e a Mostra Infantojuvenil Sertãozin. Em diálogo com Nego Bispo (2023), Langie (2021), Bergala (2008), Crary (2023) e Bey (2001), observa-se, inicialmente, que essas mostras provocam desvios nas experiências com o tempo, as pessoas, o território e as imagens, produzindo outras subjetividades.
A crítica de cinema e o cineclubismo online: os casos do Clube Cinemafilia e do Narrativa Clube
Vinícius Oliveira Rocha (UNICAMP)
O presente trabalho busca investigar as relações entre a crítica de cinema e a
prática do cineclubismo no ambiente digital contemporâneo, observando-se os cineclubes
online como uma extensão do trabalho dos críticos, além da construção de novos espaços
de sociabilidade. Para isso, será feito um estudo de caso do Clube Cinemafilia, da crítica
maranhense Fabiana Lima, e do Narrativa Clube, do crítico potiguar Júlio Oliveira,
tomando-se como metodologia a Entrevista Semiestruturada.
Super 8 em Tomada Única: Festivais com filmes montados no Ato de Filmar
Rodrigo Santos Sousa (UAM)
O movimento One Take Super 8 surgiu em 1999 no Canadá como resposta criativa à escassez de cartuchos Super 8, propondo filmes editados no ato de filmar. A “tomada única” se espalhou pelo mundo, integrando e criando festivais até chegar ao Brasil. Introduzido pelo Curta 8 em 2009, o modelo foi adotado pelo Super OFF, dentre outros festivais. Hoje, com mais de 1000 filmes produzidos no país, é possível investigar a força e diversidade do Super 8 contemporâneo brasileiro.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 7 – Coordenação: Cristian Borges

02/10 às 14h30
Corpos sem lastro: uma história de Taipei
Luiz Afonso Morêda (FAAP)
Este trabalho analisa o filme História de Taipei (1985), do cineasta taiwanês Edward Yang, a partir da noção de “corpos sem modelo”, da teórica Nicole Brenez, buscando entender a dualidade que permeia a representação do corpo na obra. Ao tomar em conta o esgotamento do cinema nos anos 80 e os seus desdobramentos, a pesquisa busca defender uma análise da representação no filme que vá além das noções de ilusionismo, buscando delinear a qualidade da presença dos corpos na obra.
JEAN-CLAUDE BRISSEAU: INTERDIÇÃO E TRANSGRESSÃO
Brenda Valois (UFPE)
Este trabalho analisa o filme O Som e A Fúria (1988), do cineasta francês Jean-Claude Brisseau, em conjunto com o evento bíblico do Noli me tangere, pertencente ao Evangelho de João, buscando compreender as relações entre interdição e transgressão através do toque. Numa diegese em que o divino e o profano coexistem no mesmo plano ainda se faz presente uma ordem ou hierarquia que conduz o contato entre os seres, não permitindo que o profano alcance o sagrado sem a sua autorização prévia.

ST Tenda Cuir – Sessão 4 – A Conjuração da Tenda: magias e feitiçaria cuir

02/10 às 16h30
Mãe, claustros, bruxas: categorias em análise
Raabe Bastos (UFMG)Gabriela Santos Alves (UFES)
Faz-se uma análise fílmica do filme “Bruxas”, de Sankey, que relaciona experiências de mulheres com depressão pós-parto e imagens cinematográficas de bruxas. Objetiva-se levar a análise da obra ao debate atual sobre maternidade. O quadro teórico ancora-se em autorias da teoria feministas contemporâneas, em especial Lagarde, sobre claustros femininos. A metodologia da análise fílmica propõem-se a partir da recriação da narrativa, privilegiando frames aliados às interlocuções com a temática posta.
O que faz de Wicked um filme queer?
MARCELA DUTRA DE OLIVEIRA SOALHEIRO CRUZ (ESPM – Rio)Lucas Waltenberg (ESPM Rio)
Neste trabalho, propomos uma leitura do filme Wicked (2024) através de uma lente queer, observando a presença de referências narrativas e estéticas oriundas do universo ficcional de O mágico de OZ que são atualizadas pelo filme, em uma construção longeva de significados associados a esse universo, mobilizando os afetos da comunidade LGBTQIA+ por se articular em diversas instâncias a um imaginário queer.
Estéticas e Corpos Dissidentes no Cinema Pernambucano: os filtros do Funcultura
ViqViçVic Junqueira Ayres Lucena (UFF)
O Fundo de Incentivo à Cultura Audiovisual tem sido, desde 2009, o principal mecanismo de fomento público ao cinema pernambucano. Há uma década, o edital incorporou cotas raciais e de gênero. No marco das políticas afirmativas, este trabalho busca identificar expectativas estéticas e temáticas dirigidas a cineastas negros, lgbtia+ e mulheres. Nesse contexto, o autor analisa novos desafios enfrentados na aprovação de projetos culturais e qual o espaço que o cinema cuir tem nessa dinâmica.

CI 63: Releituras do horror e da infância no audiovisual

02/10 às 16h30
Entre o Clássico e o Flanaverso: diálogos intertextuais no horror audiovisual
Lucas Fontanella Ferraz (UAM)
A partir da pesquisa de mestrado sobre as marcas autorais de Mike Flanagan em A Maldição da Residência Hill, o projeto de doutorado propõe um estudo comparativo entre obras literárias de horror, suas adaptações clássicas e releituras contemporâneas dirigidas por Flanagan. Busca-se compreender como essas adaptações atualizam temas e estéticas do horror, articulando tradição e reinvenção sob a perspectiva do autor-diretor no cenário audiovisual atual.
Teddy Perkins, ou o Monstro do Absurdo em Atlanta
Marcos Antonio de Lima Junior (UAM)
A série Atlanta mistura realismo social e estranhamento para questionar a previsibilidade do real. O episódio Teddy Perkins explora o horror psicológico e o grotesco, abordando identidade, racismo e cultura do espetáculo. A partir dos autores Mark Fisher, Slavoj Žižek e Noël Carroll, o episódio será analisado para se observar o uso do absurdo como revelação de fissuras na sociedade, tornando-se, assim, um marco da crítica social e da experimentação narrativa no audiovisual contemporâneo.
Kashtanka e o cinema infantil soviético: Diálogos entre Anton Tchekhov e Olga Preobrajenskaya
Camila Cattai de Moraes (USP)
Olga Preobrajenskaya (1881-1971), pioneira do cinema soviético, realizou em 1925 uma adaptação do conto Kashtanka (1887), de Anton Tchekhov (1860-1904). Transformando a narrativa original, marcada por melancolia e cenas de maus-tratos animais, em um longa-metragem realizado para o público infantil, a cineasta optou por um tom esperançoso e familiar. Enquanto Tchekhov retrata a cadela Kashtanka vivendo em uma família violenta, Preobrajenskaya humaniza seus tutores, criando um tom à história.

CI 6: Histórias negras no cinema brasileiro

02/10 às 16h30
Um operário negro no cinema brasileiro: o ator e diretor Waldir Onofre
Afrânio Mendes Catani (USP)
O texto mapeia a trajetória do ator e diretor negro Waldir Onofre (1934-2015). De família humilde, foi engraxate, serralheiro, ferreiro e técnico de rádio e TV. Fez curso de interpretação e teve longa carreira como ator coadjuvante em mais de 25 filmes, dirigiu 1 longa (As aventuras amorosas de um padeiro, 1975), 4 curtas e 3 assistências de direção.
Trabalhou com Nélson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Paulo Thiago, Miguel Borges, Sérgio Rezende, Joaquim Pedro de Andrade e Arnaldo Jabor.
Batuque de Nelson Silva: territórios audiovisuais e comunidades-imaginadas
Guilherme Rezende Landim (Unicamp)
Imagens afetivas do Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva revelam o espírito comunitário do grupo afromineiro que mantém por mais de 60 anos a tradição cultural de Nelson Silva em Juiz de Fora (MG). O filme Batuque:(en)cantos de luta e a equipe em campo tornam-se elementos agregadores e narrativos da experiência onírica de um quilombo cultural urbano grafado no conjunto de imagens-memórias e suas narrativas orais e visuais em luta pela reconfiguração simbólica da tessitura social juizforana.
Entre Ori e Quilombo: Dois Filmes, Dois Quilombos
Rafael Garcia Madalen Eiras (Uff)
Esta proposta analisa a representação do quilombo em Orí (1989), de Rachel Gerber, e Quilombo (1984), de Cacá Diegues. Enquanto Diegues enquadra Palmares em uma utopia conciliadora dentro da redemocratização, Orí propõe uma ruptura radical com o Estado, ecoando o quilombismo de Abdias do Nascimento. Assim, os filmes revelam estratégias opostas de resistência, expondo a tensão entre a inclusão da cultura afro-brasileira no Estado e a necessidade de sua transformação radical.

ST Arquivo e contra-arquivo: práticas, métodos e análises de imagens – Sessão 4 – Arquivo e novas historiografias

02/10 às 16h30
Vozes de e junto a Beatriz Nascimento: críticas de filmes nacionais feitas por negros (1970-1980)
Mariana Queen Ifeyinwaeze Nwabasili (PPGMPA ECA-USP)
A comunicação propõe analisar e relacionar fontes históricas escritas e audiovisuais que atestam a participação de pessoas negras na crítica de filmes brasileiros nas décadas de 1970 e 1980, levando ao adensamento, em termos raciais, do debate da época sobre legitimidade de representação do povo e do nacional-popular em filmes de cinemanovistas. São destacadas manifestações críticas significativas dos intelectuais e militantes negros Beatriz Nascimento, Muniz Sodré, Lélia Gonzalez e Edna Roland.
Filmes às margens da história: inquietações de um estudo em desenvolvimento
Reinaldo Cardenuto Filho (UFF)
A história do cinema brasileiro vive profundas revisões. Devido aos novos paradigmas e à ampliação de fontes documentais, filmes outrora marginalizados têm se tornado foco de vários pesquisadores. Tal processo, essencial para a (re)escrita histórica, apresenta uma série de desassossegos. A tendência de alguns estudos à monumentalização das obras esquecidas incorre no risco de apagamento das contradições do passado. Esta fala debaterá uma inquietação incontornável à historiografia contemporânea.
Acervo Odilon Lopez: Um É Pouco, Dois É Bom (1970), Super 8 e algumas experimentações digitais
Lorenna Rocha da Silva (UFPE)
O presente trabalho tem como objetivo compartilhar os processos de investigação em torno das obras e do acervo familiar de Odilon Lopez (1941-2002). O que antes parecia o início da restauração de Um É Pouco, Dois É Bom (1970), se tornou uma jornada em meio a fotografias, roteiros, imagens em VHS, bitolas de Super-8 e experimentações no Paint. O universo multifacetado e desconhecido de Lopez parece nos ajudar a elaborar perguntas sobre os modos de narrar a história do cinema negro no Brasil.

CI 5: Espaço doméstico e práticas do cotidiano

02/10 às 16h30
O Espaço da Casa no Cinema Brasileiro Realizado por Mulheres
Natália Marchiori da Silva (UFMG)
Este estudo analisa a relação entre o espaço da casa e as personagens no cinema contemporâneo realizado por mulheres no Brasil. Por meio de um método de inventariado, nossa intenção é construir conexões entre filmes que se agrupam em torno dessa dinâmica, destacando elementos do cotidiano das mulheres e o papel desse espaço na divisão sexual do trabalho. Partimos dos filmes: Casa (Letícia Simões, 2019); Vermelho Bruto (Amanda Devulsky, 2023) e Fartura (Yasmin Thayná,2019).
Um mapeamento da produção documental brasileira sobre trabalho doméstico
Maria Rita Aguilar Nepomuceno de Oliveira (PPGCOM PUC-RJ)
O artigo propõe um mapeamento da presença de mulheres da classe trabalhadora no documentário brasileiro como experiências biográficas mediadas pelo aparato cinematográfico. A análise dos registros audiovisuais do trabalho doméstico é expandida pela relação com outros documentos institucionais para problematizar as condições de produção da “trabalhadora doméstica”, da “trabalhadora a domicílio” e da “dona de casa” como sujeitos políticos do processo de democratização brasileira.
O cotidiano como política: reflexões a partir de um filme etnográfico familiar
Isadora Libório De Andrade Oliveira (UERJ)
A comunicação pretende abordar o lugar do cotidiano e do banal no filme etnográfico a partir de discussões sobre o curta-metragem documental “Sigo enquanto espero” (2025), realizado pela antropóloga Isadora Libório, proponente da comunicação. Iremos refletir sobre a potência política das narrativas cotidianas, defendo que mesmo histórias íntimas podem se tornar campo etnográfico, ao revelarem temas universais como envelhecimento, memória e cuidado.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil – 4: Cinema, educação e formação.

02/10 às 16h30
Cinema e Educação: dos primeiros debates às possibilidades decorrentes da LDB
Ana Claudia da Cruz Melo (UFPA)
Este trabalho apresenta análise crítica sobre a vitalidade da compreensão de cinema educativo. Para delinear essa trajetória, detém-se na forma como se constitui a ideia de cinema educativo e nas experiências brasileiras, especialmente a partir das frentes que se abrem com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ao prever o estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena, além da obrigatoriedade de exibição de filmes de produção nacional nas escolas de educação básica.
O curso de Cinema da UnB e a constituição das bases para o ensino superior de Cinema no Brasil
Letícia Gomes de Assis (UFSCar)
A implantação do curso de Cinema na UnB em 1965 marcou a primeira oferta de um curso superior para a carreira em uma universidade pública no país. Destacando-se pela preocupação em formar quadros para o cinema brasileiro, a experiência, contudo, foi interrompida devido à crise política instaurada na UnB com o golpe civil-militar. Propomos reconstituir as atividades do curso ao longo de 1965, refletindo sobre suas contribuições para a constituição das bases do ensino superior de cinema no Brasil.
Você gostou do filme? “Não. Cinema brasileiro entra dentro da gente”
Daniela Giovana Siqueira (UFMS)
Esta comunicação centra olhar em uma experiência cineclubista realizada em uma unidade prisional na cidade de Campo Grande- MS. O objetivo é o de estabelecer uma discussão sobre as relações entre produção, formação e circulação descentralizada da produção cinematográfica nacional, que historicamente sofre com os pressupostos que tornam as etapas da distribuição/exibição um verdadeiro gargalo por onde apenas goteja o imenso patrimônio audiovisual nacional para a fruição de seu público interno.

CI 41: Festivais, circulação e curadoria: dinâmicas de exibição e construção de sentido no cinema brasileiro

02/10 às 16h30
Festival de Brasília (2000-2024): sentidos da circulação dos cinemas brasileiros
Cleide Mara Vilela do Carmo (IFB)
Neste artigo, discuto como os festivais de cinema produzem significados de cinemas brasileiros a partir da circulação de filmes. Utilizo a ideia de processo social de longa duração de Norbert Elias (2006) para pensar como Festival de Brasília do Cinema Brasileiro define os cinemas brasileiros no período de 2000 a 2024 a partir da curadoria e ampliação territorial de sua programação. O acesso à educação e ao aparato técnico de produção audiovisual é cenário para essas reflexões.
NACIONAL, ALTERNATIVO E ESTRATÉGICO: FESTIVAL DO RIO E OS ELEMENTOS DE VALIDAÇÃO EM REDE
Nadia Cristina Biondo da Costa (UFMA)
Aos festivais de cinema são designados diversos papéis de atuação. Pode-se citar o de vitrine de um cinema local, regional ou nacional, bem como o de espaço alternativo e/ou estratégico de circulação. Nesta comunicação, à luz dos autores Marijk Valck (2006), Julian Stringer (2001), Mark Perason (2009) e Nestor Garcia Canclini (1997), trago aproximações e distanciamentos do Festival do Rio aos mecanismos que constituem a rede de festivais e funções atribuídas aos evento elaborados pelos autores.
A identidade visual do Festival Guarnicê de Cinema através de seus cartazes
Euclides Santos Mendes (UFMA)JOSE RIBAMAR FERREIRA JUNIOR (UFMA)
Esta é uma proposta de análise dos cartazes do Festival Guarnicê de Cinema, em São Luís do Maranhão, desde sua origem, em 1977, como Jornada Maranhense de Super 8, passando pelas fases em que ampliou sua capacidade de reunir realizadores audiovisuais e público. Os cartazes configuram não apenas a memória iconográfica do Festival Guarnicê, mas também a memória de uma cultura imagética que surge a partir do festival como experiência de cidade e comunicação, de sociabilidades e trocas simbólicas.

CI 16: Perspectivas de gênero e identidade em blockbusters

02/10 às 16h30
Glinda: a performance da feminilidade em Wicked e Mágico de Oz
Juliana Soares Mendes (PPGCine-UFF)
Em Hollywood, beleza e bondade se associam, principalmente em personagens mulheres. No “Mágico de Oz” (1939), Glinda afirma: somente as bruxas más são feias. A aparência normativa e a performance da feminilidade são reservadas para as bruxas boas. Atualizadas em “Wicked” (2024), Glinda e a Bruxa do Oeste funcionam como foil ou espelho da outra, enfatizando seus atributos. Glinda ainda veste rosa, coroa e varinha. Mas, gera novos significados ao sentir ódio e se questionar sobre a maldade.
Coringa a Arlequina e a reinvenção de um multiverso proprietário em The People’s Joker
Anderson Luis Ribeiro Moreira (UFF/Funai)
The People’s Joker é um filme que parodia elementos do universo Batman de forma não autorizada, fazendo uso inventivo de propriedades intelectuais (PIs), criando possibilidades de mundos para além de suas amarras corporativas. Ao aproximar essas PIs da vida da diretora, o filme coloca suas referências numa perspectiva queer, fazendo esses conteúdos experimentarem outras vivências, afirmando a existência de uma estética posseira que delira os usos da PI em seu contato com o mundo que a rodeia.
I’m the Bad Guy: Uma análise sobre os vilões presentes nos blockbusters de Pantera Negra
Ellen Alves Lima (UERJ)
O presente trabalho busca problematizar a construção dos vilões, Killmonger e Namor, nos filmes Pantera Negra (2018) e Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022). Apesar de essas obras romperem com o imaginário hegemônico de super-heróis, precisamos avaliar se os vilões também realizam esse movimento. Adotamos uma metodologia de caráter mais teórico, com conceitos de Kilomba (2019), Mbembe (2018) e Krenak (2020) para analisar os arcos narrativos e perfis de personagem desses antagonistas.

ST Cinemas, Comunidades, Territórios: interpelações aos gestos analíticos – Sessão 4

02/10 às 16h30
Devir-fera: circulações estéticas e históricas no cinema Mbyá-Guarani
Beatriz Rodovalho (Sorbonne Nouvelle)
Essa comunicação propõe pensar as circulações estéticas e históricas das formas e práticas cinematográficas estruturantes do cinema mbyá-guarani a partir do filme A Transformação de Canuto (Ariel Kuaray Ortega, Ernesto de Carvalho, 2023). Como a metamorfose selvagem de Canuto, considerando que o filme coloca a representação à prova de sua própria possibilidade de inscrição, propõe-se, através de sua narrativa desterritorializante, explorar o devir-fera deste cinema.
O cinema-território dos cineastas Mebêngôkre-Kayapó como prática enraizada no território de vida
Angela Nelly dos Santos Gomes (UFPA)
Este trabalho refere-se à minha tese defendida em agosto de 2024 no PPGCOM-UFPA, que trata dos sentidos de resistência no cinema do Coletivo Beture de cineastas Mebêngôkre-Kayapó do Pará. Para esta comunicação trago um recorte sobre um aspecto que denomino cinema-território dos Mebêngôkre, em que abordo a relação intrínseca de sua produção com o território de vida, o que evidencia como a luta contínua por direitos influencia e constitui essa produção como uma prática enraizada no território.
Transformar com as imagens: filmes indígenas e xamanismo
Bernard Belisário (UFSB)
A partir das mudanças relacionadas à experiência com as imagens técnicas da fotografia e do vídeo nas aldeias, retomamos a hipótese de que, ao fazerem incidir sobre o processo de produção, e sobre os próprios filmes, diferentes olhares advindos da sua comunidade, cineastas e coletivos indígenas de cinema no Brasil acabam por criar as condições para um tipo de tradução capaz de abrir as imagens às intensidades em jogo no próprio xamanismo, do qual inicialmente pretenderam se afastar.

CI 35: Processos de criação em territórios audiovisuais

02/10 às 16h30
Cinema Experimental e Documentário como prática de liberdade e resistência no Cariri cearense
Rodrigo Capistrano Camurça (UFCA)
Esta comunicação pretende refletir a proposta metodológica e os resultados de dois cursos livres de formação audiovisual realizados na região do Cariri cearense: “Doc Cariri” (2018/2023) e “Experimentar o Experimental” (2025). Os cursos foram estruturados a partir da reflexão sobre certo cinema que recusa a lógica das grandes narrativas e que trabalha com as múltiplas possibilidades de experimentação coletiva, resultando em obras que investiram em uma estreita relação com o território.
Processos de criação no cinema baixadense: a experiência do “Guapi-macacu, o filme”
Gabriela Rizo Ferreira (Catu Rizo) (UFF)
Nesta proposta de comunicação pretende-se realizar uma partilha sobre o processo de criação do longa documental “Guapi-macacu, o filme” realizado pela autora ao longo de quatro anos (2021 – 2025) na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro. Compreendendo a singularidade dos modos de produção do cinema baixadense e seu potencial de reinvenção de imaginários, nos interessa partilhar quais são as metodologias que se inventam ao fazer um cinema imbricado no território.
Studio Som Jolie em “Lopping”
ANA CAROLINA ARAUJO ABREU (UFPA/PPGArtes)
O artigo reflete sobre o processo de criação da instalação que originou a exposição Studio Som Jolie: Replay, derivada da pesquisa sobre a sala de música de meu pai, o Studio Som Jolie. A partir da partilha de áudios, memórias da infância e vinis, a instalação rompe simbolicamente as paredes do espaço original, revelando outras dimensões sensíveis e poéticas desse lugar de afeto e escuta.

ST Estética e Teoria da Direção de Arte Audiovisual – Sessão 3 – Criação, corpo e sentidos

02/10 às 16h30
DIREÇÃO DE ARTE COMO PRÁTICA INVENTIVA: O PARADIGMA PROBLEMA-SOLUÇÃO NO AUDIOVISUAL
Victoria Santos Santana (UFBA)
O artigo investiga os processos criativos da direção de arte a partir do percurso metodológico inferencial de Baxandall, compreendendo escolhas visuais como respostas a desafios produtivos. Como exemplo, analisa “O Outro Lado da Memória” (2018), cuja direção de arte recriou cenários com soluções inventivas a partir de um projeto de arte feito 14 anos antes. Explora-se então como a função é capaz de traduzir desafios em linguagem cinematográfica, potencializando a experiência audiovisual.
Retorno à matéria: Práticas analógicas na direção de arte como vetores de criatividade e conexão
TAINA XAVIER PEREIRA HUHOLD (ESPM)
Este artigo visa examinar o olhar poético para os objetos e o contato com as materialidades do mundo físico no âmbito do ensino de direção de arte em cursos de cinema no Brasil. Constituem-se como objeto as experiências docentes da autora, na Unila e na ESPM Rio. A metodologia utilizada é o estudo de caso, em diálogo com referencial teórico multidisciplinar. Nossa hipótese é que as experiências de retorno à materialidade contribuem com o crescimento profissional e interpessoal.
Chef’s table: visualidade háptica e experiencia vicária ou Porque me apaixonei por ele?
Elizabeth Motta Jacob (UFRJ)
Este artigo busca entender o uso da visualidade háptica na série documental Chef’s table como meio de reproduzir a experiência gastronômica em sua transmutação em imagem. Busco entender como a direção de arte, não creditada neste produto, aparece na sistematização dos mecanismos de produção imagem que atravessam os episódios da temporada, da gramatica que organiza a visualidade do filme, da construção de atmosferas e do estabelecimento de sua potencia imagética.

ST Estudos Comparados de Cinema – Sessão 4. Cinema, autoria e diálogos artísticos

02/10 às 16h30
José Celso cineasta e seu diálogo com Glauber Rocha
Mateus Araujo Silva (ECA-USP)
Levando a sério a importância do cinema na carreira de José Celso Martinez Correia (na qual fez roteiros, dirigiu filmes, escreveu projetos), a comunicação aborda em seu trabalho de cineasta o marcante diálogo artístico com Glauber Rocha, largamente ignorado por sua fortuna crítica. Atentaremos, nos itinerários paralelos dos dois artistas (cheios de interrelações), para o modo como eles mesmo o comentaram, e cuidaremos sobretudo de explorar sua presença nos filmes de Zé.
Os Duplos e Um Século: de Gryozy (1915) a Você e os Seus (2016)
Pedro Henrique Villela de Souza Ferreira (PUC-Rio)
O trabalho discute de forma comparativa duas obras cinematográficas: o silencioso Gryozy (1915), do russo Ievgueni Bauer e Você e os Seus (2016), do sul-coreano Hong Sang-Soo. Ambas tratam da obsessão e sublimação de um homem que, após perder a mulher amada, reencontra outra que é a imagem e semelhança. Apoiando-se numa discussão teórica que mistura ontologia técnica e mundos possíveis, a análise aponta que a diferença entre os filmes obedece ao estatuto da imagem em dois séculos diferentes.
Figuras do autoengano nos contos morais de Eric Rohmer
Hermano Arraes Callou (UFRJ)
Esta comunicação pretende investigar comparativamente os protagonistas narradores dos seis contos morais de Eric Rohmer, a partir da noção de autoengano. O ponto de partida do trabalho é o de que a possibilidade de mentir para si mesmo é um dos temas centrais do ciclo, que encena uma forma particular de narrador não confiável. O objetivo da comunicação é delinear algumas das figuras empregadas nos filmes pelas quais se torna imaginável a experiência paradoxal do engano de si.

CI 56: Dimensões políticas de processos criativos e autoria no cinema

02/10 às 16h30
O que há de humano em cada imagem: cinema, artesanato e trabalho morto
Marcel Gonnet Wainmayer (PPGCine-UFF)
As novas possibilidades de criação de imagens por inteligência artificial reacenderam as discussões sobre autoria e originalidade. Na passagem da antiga inteligência artesanal para a nova inteligência artificial – ou “dos artesanatos aos algoritmos”, para utilizar a expressão de Néstor García Canclini (2024) – parece importante recuperar a dimensão artesanal das imagens frente às novas formas de imagem digital e sintética que parecem chamadas a ocupar todo o espaço audiovisual.
Do roteiro ao filme: o processo de criação de O Homem das Multidões (2013)
Guilherme Augusto Bonini (UNESP – FCL/Ar)
Esta comunicação analisa o processo criativo na transposição da literatura para o cinema em O Homem das Multidões (2013). Comparando roteiro e filme, entrevistas e teoria dos cineastas, investiga-se como Cao Guimarães e Marcelo Gomes constroem uma estética inventiva que tematiza a solidão. Em diálogo com a obra clássica de Edgar Allan Poe, o filme a traduz criativamente, ressignificando-a à luz da modernidade social contemporânea e expandindo seus sentidos para além do significado original.
Refletindo sobre o processo criativo de Boris Barnet a partir do filme Uma Noite
Nuno Camilo Balduce Lindoso (UFF)
Essa comunicação visa apresentar o filme Uma noite (1945) em diálogo com a trajetória de Boris Barnet. Filmado em meio a Segunda Guerra Mundial, o filme dirigido por Barnet apresenta uma construção visual em que a alternância entre cenas filmadas em estúdio, onde se privilegia uma estética mais expressionista, e cenas mais realistas filmadas na cidade de Stalingrado, refletem um repertório artístico que perpassa a pintura naturalista russa ao cinema de Kulechov.

ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS – Sessão 6 – Coordenação: Renata Masini Hein

02/10 às 16h30
A representação do perpetrador no documentário latino-americano: uma análise comparativa
Giovana Marília Moura de Alencar (Unicamp)
Este visa explorar as retratações dos perpetradores das ditaduras latino-americanas, com o enfoque em Brasil, Argentina e Chile, em três documentários dos países mencionados: Memória Sufocada (Giacomo, 2021), El Hijo Del Cazador (Robles, Scelso, 2018) e El Mocito (Certeau, Cares, 2010), respectivamente. Assim, procura-se analisar cada obra e destrinchar as formas fílmicas utilizadas para a construção das imagens de opressores participativos desses regimes, abordando-as como objeto principal.
A Visão Caleidoscópica em Era o Hotel Cambridge (2016)
Júlia Hoffmeister Schneiders (UFRGS)
A proposta da pesquisa é, além de aprofundar o sentido da “visão caleidoscópica” em Era o Hotel Cambridge (2016), estabelecer uma rede conceitual observando outros conceitos utilizados pela cineasta Eliane Caffé, como “narrativa dialógica” e “zona de conflito”, e observar como essa rede se movimenta propondo uma possível “quebra do caleidoscópico” na transição para o filme seguinte de Caffé, Para Onde Voam as Feiticeiras (2020).
Pistoleiros e artistas: Johnny Guitar, Dragão e a cultura popular
Emilio Gonzalez Diez Junior (USP)
O presente trabalho discute como Glauber Rocha, em O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), trava um debate com o Johnny Guitar (1954). Analisaremos como o diretor baiano inverte a perspectiva do filme de Nicholas Ray para contrapor a valorização da cultura urbana em detrimento da arcaica.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 8 – Coordenação: Mariana Baltar

02/10 às 16h30
Buscando uma estética queer: O sexo em Seguindo Todos os Protocolos (2022)
Eduardo de Andrade Santiago Santos (UFPE)
O presente trabalho pretende investigar as particularidades estéticas de como o sexo é retratado em filmes queer, com foco na obra Seguindo Todos os Protocolos (2022), de Fábio Leal. Partindo do pressuposto de que pessoas LGBTQIAP+ vivem uma experiência de dissidência sexual, buscaremos perceber como o mundo se apresenta a elas e como isso é traduzido na tela do cinema.
Corpos Queer como Tela: As Relações de Multissensorialidade entre Derek Jarman e Daniel Nolasco
Enzo Ruggeri Parede Monteiro (USP)
A pesquisa propõe uma análise comparativa entre as representações cinematográficas do corpo masculino e do desejo homoafetivo nos filmes Sebastiane (1976) de Derek Jarman e Vento Seco (2020) de Daniel Nolasco. A abordagem do estudo está atrelada às ideias de hapticidade conceituada por Laura U. Marks, investigando, de maneira historiográfica e transnacional, como a visualidade no cinema queer reivindica uma multissensorialidade para materializar a corporalidade em tela.
Grief Porn: o interdito à flor da pele no terror psicológico de Ari Aster
Giovana Pedrilho Souza (UFSCar)
A presente comunicação pretende investigar a relação entre o luto e o corpo feminino nos filmes de terror de grief porn pensando como ela é elaborada esteticamente e qual sua função narrativa. Assim, partimos da noção de interdito e excesso, visando apreender essa elaboração audiovisual através da análise fílmica dos longas-metragens Hereditário (2018), Midsommar – O Mal Não Espera a Noite (2019) e Beau Tem Medo (2023) de Ari Aster.
O segredo restante: representações do sexo no cinema brasileiro pós-pandêmico à luz do pornovídeo
João Lucas de Castro Pedrosa (UFRJ)
Partindo da hipótese que o formato hegemônico do vídeo pornô conduz a uma metrificação neoliberal do desejo, a pesquisa busca traçar um “zeitgeist sexual” contemporâneo a partir de formas e meios que denotam a construção de um “olhar pornográfico consumidor” vigente na cultura de massa. Num segundo momento, uma análise de obras do cinema brasileiro pós-pandêmico que explorem a sexualidade do(s) protagonista(s) tenta compreender possíveis influências e respostas a tais discursos e dinâmicas.

ET 5 – ETAPAS DE CRIAÇÃO E PROCESSOS FORMATIVOS EM CINEMA E AUDIOVISUAL – Sessão 4 – Coordenação: Livia Cabrera

02/10 às 16h30
Showrunner, versão brasileira: a construção da função na indústria audiovisual do Brasil
Larissa Ribeiro (UFMG)
O trabalho aborda a construção e a formação dos showrunners brasileiros a partir da chegada dos streamings ao país. Foram realizadas entrevistas com oito criadores de séries brasileiros, apontados por esta pesquisa como possíveis showrunners. Assim, por meio do estudo de um fenômeno em movimento, também buscou-se registrar processos de produção audiovisual ocorridos no campo prático e os impactos da atuação das plataformas no Brasil.
Montagem na animação: Possíveis práticas sui generis balizadas pelo documentário animado no Brasil.
Samuel Baptista Mariani (ECA – USP)
O documentário de animação no Brasil tem marcado presença nos circuitos de cinema dos últimos anos, especialmente onde circulam curtas-metragens. Através da análise de uma seleção de anima-docs premiados no Festival de Brasília nos últimos anos, busca-se isolar a contribuição da montagem para esse estilo de produção celebrado e investigar suas contribuições para a representatividade do mesmo, considerando as grandes transformações no papel do editor de animação nos últimos anos.
Coringa: Delírio a Dois e o Fenômeno da Espectatorialidade em Sequências Cinematográficas
Raphael Mendes de Souza (UFPA)
O trabalho problematiza a recepção de Coringa e sua sequência, Coringa: Delírio a Dois, explorando a relação entre inovação e continuidade. Baseado em teóricos como Bordwell, Grodal e Staiger, investiga como escolhas narrativas e estilísticas moldam a experiência do público. A pesquisa combina a análise fílmica com o levantamento e análise das reações dos espectadores em redes sociais, como Twitter e Letterboxd, para compreender os desafios da produção de sequências no cinema contemporâneo.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 8 – Coordenação: Lucas Honorato Cordeiro Contreiras Teles

02/10 às 16h30
Paisagens Assombradas: um olhar comparativo entre Landscape Suicide (1985) e Sangue de Heróis(1948)
João Guilherme Batista Cardoso (UFBA)
Este trabalho propõe uma leitura comparativa entre Sangue de Heróis (John Ford, 1948) e Landscape Suicide (James Benning, 1985), articulando o western e o cinema experimental. A partir da análise figural, discute-se como a paisagem cinematográfica se torna um espaço de inscrição do trauma, onde o passado não reconciliado da violência retorna como espectro na imagem, convocando o testemunho do não-humano.
Riscos, ruínas, espectros: o “ethos” neoliberal em “Yella” (2007) de Christian Petzold
Fabienne Maia Leite (UFC)
Esta pesquisa analisa como o filme “Yella” (2007), do diretor alemão Christian Petzold, tensiona a ideia da assombração convencional e investiga a fantasmagoria como uma categoria política, sob a perspectiva dos riscos, ruínas e espectros gerados pelo neoliberalismo na sociedade alemã – e no mundo. Para isso, cria-se diálogo com o conceito de assombrologia de Jacques Derrida (1994) e o fantasma como aparato comunicacional de Erick Felinto (2008).
TEMPO AGRESSIVO: INSCRIÇÕES TRAUMÁTICAS NAS PAISAGENS DE LANDSCAPE SUICIDE (1986)
Felipe Puchalski da Silva Fiedler (UNESPAR)
A presente comunicação busca reconhecer uma ampliação acerca do que é compreendido enquanto lentidão na estética cinematográfica, estreitando sua relação com o espaço. Partindo da análise do filme Landscape Suicide (1986), de James Benning, observamos um conjunto de padrões que nos convidam a fabular diante das imagens e sua composição. Em diálogo com conceitos centrados nos estudos de paisagem, lugar e temporalidade, investigamos como a violência é inscrita nas imagens permeadas pela duração.

 
 

03/10


CI 33: Poéticas fílmicas: experiência, corpo e temporalidade

03/10 às 9h00
Processos e relações no filme Meshes of the afternoon (1943) de Maya Deren e Alexander Hammid.
Marcia Ortegosa (Eca Usp)
O filme “Meshes of the afternoon” (1943) de Maya Deren e Alexander Hammid é um experimento audiovisual, que processa relações entre o visual e o sonoro, altamente tensivas e geradoras de instabilidade. Desse modo, instaura-se um campo de forças sonoro-visual, onde as relações espaço-temporais constroem um pensamento trans-sensorial, a partir da percepção que abrange ambos os perceptos (imagético e sonoro), sem hierarquia, estabelecem um sentido estritamente único no fluxo do movimento.
Acaso e experiência em Ex-isto
Fernanda Eda Paz Leite (UFF)
Este trabalho analisa o filme Ex-isto, de Cao Guimarães, a partir das noções de acaso, experiência e hibridismo estético. Inspirado no livro Catatau, de Paulo Leminski, o filme desloca o pensamento racional cartesiano, propondo uma filosofia sensível e encarnada. A investigação aborda como o cinema contemporâneo mobiliza temporalidades dilatadas, contaminações entre linguagens e uma abertura ao imprevisível como forma de conhecimento e experimentação.
De Akerman para Bausch: a repetição como recurso estético-narrativo no filme Toda uma noite (1982)
Daniela Pereira Strack (UFRGS)
Esta comunicação propõe uma análise do uso da repetição enquanto recurso estético-narrativo em Toda uma noite (1982), de Chantal Akerman. Nesse ponto, o trabalho identifica um diálogo entre o uso deste recurso estético e a dança-teatro de Pina Bausch, que também faz uso da repetição como força motriz de suas criações.

ST Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual – Sessão 5

03/10 às 9h00
Autoria, fetiche visual e adaptação intercultural: um estudo sobre três versões de Nosferatu
Filipe Tavares Falcão Maciel (Unicap)
O objetivo deste artigo concentra-se na análise comparativa de três adaptações cinematográficas do clássico “Nosferatu” através dos longas de 1922, 1979 e 2024. O estudo será desenhado através de uma análise comparativa entre os três filmes sob o conceito de adaptação intercultural, que enfatiza os contextos históricos e socioculturais de produção das obras, além de analisar questões de autoria dos diretores, período de produção e o aspecto visual presente em cada um dos títulos.
Quebrando espelhos: prostituição e monstruosidades feministas no cinema de Marleen Gorris
Juliana Magalhães e Ribeiro Gusman (USP)
Neste artigo, destacamos obras ficcionais de pendor feminista que, nos anos 1970, rasuraram um imaginário prostibular estigmatizante consolidado pelo cinema. Analisaremos, sobretudo, o filme “Broken Mirrors” (1984), de Marleen Gorris, singular pela forma como reconfigura, criticamente, noções de monstruosidade (Creed, 2022). Com esse gesto, Gorris vislumbra, supomos, uma “estética feminista” (De Lauretis, 1987), interpelando audiências a partir da materialidade de seus corpos, medos e desejos.
“O gênero de horror cósmico no cinema: uma análise semântico-sintática”.
Gabriel Machado de Araújo (UnB)
O artigo tem como objetivo analisar os elementos definidores do Horror Cósmico como gênero, partindo da teoria semântico-sintática de Rick Altman.O subgênero, tradicionalmente associado à obra e influência de H.P. Lovecraft, se caracteriza fundamentalmente pelo uso do desconhecido e do incompreensível como bases para o horror, enfatizando a insignificância humana diante da vastidão do universo.

ST (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências – S5 Temporalidades, Afrossurrealismo e Fabulação

03/10 às 9h00
O tempo no cinema de André Novais: a lentidão como resistência à sujeição neoliberal.
Natasha Roberta dos Santos Rodrigues (Unicamp)
A afirmação do trabalho de André Novais no cinema negro fala da necessidade de reconhecer pessoas negras no audiovisual brasileiro. A especificidade de sua obra permite, porém, invocar análises intercruzadas com outros campos da teoria do cinema. Diante de uma racionalidade neoliberal empreendedora e hiperprodutivista, a lentidão, no cinema feito por Novais, pode oferecer uma proposta artística crítica e resistente a tal dinâmica social e subjetiva.
Imaginando brechas: Elementos Afro-Surrealistas no Cinema Negro
Marina Morena Silva Carmo (UFBA)
Esta comunicação propõe comparar o uso de elementos afro-surrealistas em filmes que tensionam questões raciais. Considerando Nanny (2022); Atlantique (2019); M8 (2019) e Candyman (2022), diferencio presenças fantasmagóricas, devaneios materializados e fragmentações identitárias. Investigo como o uso do Afro-Surrealismo no cinema pode ser uma ferramenta de sobrevivência em um mundo anti-negro, criando brechas que geram novas possibilidades de existir.
Outras histórias, outras imagens: fabulação, arquivo e reexistência
Rafael de Almeida (UEG)
Este trabalho investiga como práticas audiovisuais contemporâneas reconfiguram arquivos históricos, explorando conceitos como fabulação crítica (Hartman) e afrofabulação (Nyong’o). A pesquisa aborda como a reescrita do passado, por meio de imagens simuladas e manipuladas, desafia a linearidade histórica e a noção de veracidade. Ao usar estratégias como montagem e inteligência artificial, o audiovisual propõe outras formas de memória, resistência e reexistência.

CI 20: O contra-arquivo e o anarquívico

03/10 às 9h00
Experiências contra-arquivísticas e os confrontos à hegemonia da memória
Patricia Furtado Mendes Machado (PUC-Rio)Thais Blank (CPDOC FGV)
Esta comunicação explora as potências e limites do conceito de contra-arquivo e sua aplicação em diferentes contextos e práticas audiovisuais. Em vez de se concentrar em um único objeto, propomos um mapeamento de experiências contra-arquivísticas que dialogam com materiais não canônicos – registros clandestinos, filmes militantes e produções amadoras – e questionam narrativas institucionais de memória.
O espectro do anarquívico
Marcelo Rodrigues Souza Ribeiro (UFBA)
Em diálogo com teorias do arquivo que interrogam suas dimensões políticas, apresento três teses para uma teoria estética do anarquívico. Na primeira discuto a materialidade anarquívica como processo de desintegração e destruição gradual dos suportes de inscrição. Na segunda caracterizo como uma violência anarquívica o princípio de seleção e classificação que funda todo arquivo. Na terceira analiso gestos de remontagem anarquívica como confrontação crítica e poética dos arquivos e suas lacunas.
Contra-arquivo, estética e política em Los Ingrávidos
PEDRO AUGUSTO SOUZA BEZERRA DE MELO (UFRJ)
A comunicação investiga como o coletivo Los Ingrávidos mobiliza imagens como contra-arquivo, tensionando estruturas institucionais de memória e visibilidade. A partir de autores como Derrida, Mbembe, Azoulay, Campt e Hartman, discute-se o cinema experimental como tecnologia de reinvenção da memória, especialmente em relação a narrativas apagadas pelo colonialismo.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 5 Entre o coletivo e a alteridade no fazer audiovisual

03/10 às 9h00
Sete portas para entrar no Cariri
Natacha Muriel López Gallucci (UFAL)
O processo de pesquisa audiovisual “Sete portas para entrar no Cariri” é fruto das pesquisas do Filomove: filosofia, artes e estéticas da América Latina (CNPQ) iniciado na UFCA e em etapa de finalização no ICHCA UFAL. Através de sete entrevistas pautadas pela interrogação sobre as relações entre filosofia cultura e território, são discutidas metodologias de abordagem das tensões geoculturais e geopoliticas da região do Cariri junto a estudantes, docentes e referentes de comunidades quilombolas.
Utama: um diálogo epistêmico no campo do cinema-educação
Eliany Salvatierra Machado (UFF)
O presente texto é fruto do estudo da perspectiva decolonial e a formação de educadores e educadoras audiovisuais realizada em 2023. O Resumo apresenta as discussões sobre a colonialidade do ver e a formação do cinema, em processos educacionais. Reflete como a análise de filmes, como Utama, pode contribuir no diagnóstico da colonialidade do ver e promover um diálogo epistêmico entre a América Latina, mas especificamente Brasil e Bolívia.
O outro e eu
YANET AGUILERA VIRUEZ FRANKLIN DE MATOS (UNIFESP)
Trato de pensar o cinema de Jorge Sanjinés e o Grupo Ukamau não como tratados amadores de antropologia, mas como imagens e roteiros nos quais os cineastas “q’aras” ou “criollos” (mestiços embranquecidos) estão pensando superar a história q’ara/criollas que se impôs em América Latina

MESA Autoria e alteridade no documentário: experiências com etnografias fílmicas e acervos audiovisuais

03/10 às 9h00
“Conversas na Candinha” ou praxeologia do filmar na “Quebrada”
Carlos Francisco Pérez Reyna (UFJF)
Esta proposta colocará em evidencia as opções metodológicas do desenrolar das estratégias e operações dos registros fílmicos dos relatos orais das moradoras da comunidade urbana de Santa Cândida em Juiz de Fora (MG), cujo principal objetivo é reconstruir a memória histórica do bairro. Em outras palavras, a descrição da praxeologia1 do autor no fazer documentário em “Conversas na Candinha”. Isto é, o ato de filmar do cineasta e o ato de o (Outro) ser filmado.
Acervos fílmicos do Alto Rio Negro. O filme A civilização indígena do Uaupés como arquivo.
Gustavo Soranz (Unesp)
Em 1958 o salesiano Alcionílio Bruzzi publicou o livro A civilização indígena do Uaupés, etnografia dos povos do Alto Rio Negro. Em seguida, lançou um filme homônimo, que foi pouco visto. Como fazer para que essas imagens retornem aos Tukano para que sejam conhecidas e para que possam ser reinterpretadas por eles em novas produções audiovisuais? Pretendo pensar o retorno dessas imagens aos indígenas, a partir de exemplos de usos dessas imagens que adotei em documentários que montei recentemente.
O Filme Etnográfico e o desafio de mostrar o “outro’: experiências de um caso concreto
ALESSANDRO RICARDO PINTO CAMPOS (UFPA)
Esta comunicação trata da realização de um filme- pensado a partir da ‘Antropologia Compartilhada’ criada por Jean Rouch – como um dos resultados de minha pesquisa de mestrado (que tratou da ‘vida social’ de tambores que fazem parte da Coleção Etnográfica/UFPA). O filme mostra o nascimento de um tambor, desde sua fabricação até seu batizado em um ritual complexo e delicado, se transforma em uma entidade sagrada. inquietações como: como o outo foi mostrado? Quais negociações foram feitas?

CI 10: Cinema indígena e políticas públicas

03/10 às 9h00
Políticas públicas do cinema indígena em Florianópolis e região: um cenário em expansão?
Ana Paula Bragaglia (UFSC)
Esta pesquisa investiga que políticas públicas do audiovisual tem sido realizadas para que, especificamente, povos indígenas historicamente constituintes do território da Grande Florianópolis (SC) utilizem o Cinema em suas lutas pela preservação de suas existências e culturas. A metodologia principal do estudo será a pesquisa documental em textos legais-normativos de nível nacional, estadual e municipal, e a revisão bibliográfica sobre questões indígenas no país e na região.
Cinemas indígenas – indexação e circulação
Ivonete Pinto (UFPEL)
A apresentação objetiva trazer alguns resultados de pesquisa exploratória sobre cinemas indígenas, tendo como delimitação a indexação e análise de circulação de filmes de longa-metragem dirigidos por indígenas. A investigação é um desdobramento dos estudos em torno das cinematografias periféricas, que resultaram em livro sobre o tema (Pinto, 2021). Na fase exploratória, em período de pesquisa na Universidade de Leeds (UK), foram examinados os cinemas indígenas mundiais, incluindo o Brasil.
REDES DE CINEMA NA AMÉRICA LATINA: DO BRASIL PROFUNDO PARA O MUNDO
Giulia Medeiros (UFMT)
Este trabalho analisa como as redes de cinema na América Latina podem contribuir para a internacionalização das produções audiovisuais de regiões periféricas e distantes dos grandes centros da indústria audiovisual, com foco no cinema de Mato Grosso. A pesquisa revisita políticas públicas, experiências colaborativas e estratégias de coprodução, propondo caminhos para descentralização e novos modelos da industria audiovisual.

ST Histórias e tecnologias do som no audiovisual – Sessão 5

03/10 às 9h00
Criando Métodos Sonoros: o Som Cinematográfico Francês e Estadunidense.
Márcio Câmara (UFPE)
O artigo propõe uma reflexão sobre o contexto histórico e tecnológico na constituição de padrões que distinguem e classificam dois métodos, chamados coloquialmente de escolas sonoras: a estadunidense e a francesa. A proposta é encontrar confluências e individualidades em especial na adoção da prática de captação de som direto em locação nos dois países citados.
Mixagem orientada a objetos sonoros e possibilidades no audiovisual doméstico
Raphaela Benetello (UFMG)
O trabalho analisa a mixagem orientada a objetos e aplicações para streaming, destacando o som imersivo do Dolby Atmos e do MPEG-H. Com revisão bibliográfica e entrevista com mixador, observa-se que a tecnologia traz vantagens profissionais e técnicas, sobretudo na adaptabilidade de formatos. No entanto, sua exploração narrativa ainda é limitada, apesar de exceções como A Sociedade da Neve (2023), sendo necessária uma maior integração criativa para aprimorar a experiência imersiva do espectador.
REAPROVEITAMENTO, RECORTES E REPETIÇÕES: PROCESSOS SONOROS NO CINEMA DE HORROR DE JOSÉ MOJICA MARINS
Ruan Leandro Sommer Galvão (UNESPAR)
Esta comunicação trata dos padrões identificados na trilha sonora dos filmes com o personagem Zé do Caixão, criado por José Mojica Marins. Os padrões criativos, denominados de “reaproveitamento, recortes e repetições”, refletem as tendências tecnológicas e comerciais do som na década de 1960, e estabelecem uma característica estilística que atravessa os filmes com o personagem, baseada na apropriação, ressignificação e subversão das convenções do som no cinema de horror.

CI 48: Imagens compartilhadas e memórias convergentes: cinema, territorialidade e a construção da identidade

03/10 às 9h00
“Um Dia em Varsóvia”: os arquivos Goskind e o cinema-passaporte
Marcia Antabi (PUC-Rio)
O cinema yiddish não é mencionado na bibliografia brasileira sobre a História do Cinema Mundial. No contexto internacional, é mencionado apenas de forma breve. O que é o cinema yiddish? Quem foram as pessoas que atuavam no contexto dessa cinematografia? Quem eram os espectadores destes filmes? Onde e como acessar esses filmes hoje? Qual é o significado de olharmos hoje para “Um Dia em Varsóvia” (Saul e Yitzhak Goskind, 1939), tal qual mediador de conhecimento entre o passado e o presente?
Filhos da Dinamarca: extremismo, nacionalismo e xenofobia
Jefferson de Souza (UNESP)
A partir da ficção Filhos da Dinamarca, do cineasta Ulaa Salim, este trabalho tece relações entre os conflitos estabelecidos na obra citada e a xenofobia sofrida pelos imigrantes/refugiados que vivem na Dinamarca neste século XXI. Nota-se, por meio de reportagens da imprensa dinamarquesa e europeia, bem como da crítica especializada, que há um diálogo significativo entre o filme e o recrudescimento da xenofobia contra árabes, além da radicalização de grupos extremistas representada no filme.
“Lumumba está preso”: imagens compartilhadas e memórias convergentes nos cinejornais anglófonos
Gabriel Filgueira Marinho (UFF / ESPM)
Em plena Guerra Fria, três diferentes cinejornais usaram exatamente os mesmos registros para narrar a prisão do líder da independência do Congo, Patrice Lumumba. Voltados para audiências estrangeiras, esses filmes contribuíram para uma memória bem específica dessa liderança, conveniente às potências ocidentais. Esse trabalho busca compreender como a montagem, trilha e o texto de narração foram articulados para gerarem narrativas distintas, mas que convergem para a mesma memória hegemônica.

ST Cinema e Espaço – Sessão 5 Espaços liminares, vazios e distâncias éticas

03/10 às 9h00
“No idolatry”: a distância espacial como posição poético-ética em No Home Movie, de Chantal Akerman
Beatriz Avila Vasconcelos (Unespar)
Neste estudo analiso o filme No Home Movie (2015), da cineasta belga Chantal Akerman, especialmente sob a perspectiva da distância espacial como elemento central de sua poética e ética. A análise se concentra na noção de que Akerman, em No Home Movie, estabelece para o olhar uma distância espacial do objeto que não é apenas física, mas também uma postura ética de não intrusão e respeito pelo mistério do Outro e de recusa à imagem idolátrica.
Espaços liminares e infamiliares em Tsai Ming-liang
RENATO TREVIZANO DOS SANTOS (USP)
A partir da filmografia de Tsai Ming-liang — de Rebeldes do Deus Neon (1992) ao conjunto Walker (2012–) —, observamos o fenômeno do infamiliar desperto por espaços liminares, aqueles que, em geral, são vistos repletos de transeuntes, mas que, vazios, provocam um desconforto irracional. Do cotidiano, apreendido pela estética realista baziniana, emergem estranhas presenças, de modo que recorremos à noção de realismo fantasmagórico (Mello, 2015) queer, como um conceito fundamental e também liminar.

MESA Direção de fotografia: memória, criação e trajetória

03/10 às 9h00
À luz da pele negra: o P&B na cinematografia de “Mami Wata”
Ana Camila de Souza Esteves (UFF)
Este trabalho analisa a direção de fotografia de Lílis Soares em “Mami Wata” (2023), filme do cineasta nigeriano CJ Obasi, destacando o uso do preto e branco como estratégia estética e política. A pesquisa investiga como sua abordagem visual valoriza a pele negra, desestabiliza convenções técnicas pensadas para peles claras e atua como forma de distinção no cinema nigeriano contemporâneo.
De fotógrafo de Lula a diretor de fotografia de cinema
Matheus José Pessoa de Andrade (UFPB)
Ricardo Stuckert é o fotógrafo oficial do presidente Lula desde 2003. Em 2019, estreou como diretor de fotografia do filme Democracia em vertigem, de Petra Costa. Este estudo visa o entendimento desse trajeto, de alguém reconhecido pelo trabalho com a fotografia fixa e que chegou à cinematografia de uma obra de impacto por causa do seu arquivo audiovisual. A análise do caso permite uma compreensão do arquivo pessoal como uma forma de capital para atuar na direção de fotografia de cinema.
Cinematografia e memória em Reminiscências de uma viagem à Lituânia
Maria Fernanda Riscali de Lima Moraes (ESPM SP)
Trata-se de uma investigação sobre o papel da cinematografia na construção poética e na criação de elementos de memória do filme Reminiscências de uma viagem para a Lituânia, de Jonas Mekas. Não se trata de investigar, portanto, o trabalho de um diretor de fotografia, munido de intencionalidade e grande conhecimento técnico no pensamento de uma visualidade específica de uma obra, mas a cinematografia como ferramenta de um diretor/realizador, que não tem nela seu objetivo último de trabalho.

CI 52: Diálogos entre o cinema e a arquitetura

03/10 às 9h00
Cinema Olympia (1912) de Belém: autoria arquitetônica no contexto do Parque de Diversões João Coelho
Sávio Luis Stoco (UFPA)
Esta pesquisa levantará uma hipótese de autoria (atualmente desconhecida) para a arquitetura do prédio original do Cinema Olympia de Belém, um Patrimônio Cultural e Histórico Municipal (2012). Será embasada documentalmente por indícios contextuais e de proximidades estéticas de projetos de salas cinematográficas e de projetos de outras tipologias desenvolvidas pelo engenheiro arquiteto italiano Filinto Santoro. Irá inserir o Olympia no projeto do parque de diversões João Coelho (Pra. República).
Documentaristas e arquitetos no cinema brasileiro dos anos 1970: uma aliança cultural
André Lima Monfrini (USP)
A comunicação argumenta ter ocorrido, a partir da segunda metade dos anos 1970, no documentário brasileiro, uma aliança cultural entre cineastas e arquitetos na realização de um cinema sobre a “questão urbana”. Investigou-se especialmente a reprodução do espaço das cidades, com atenção às dinâmicas de autoconstrução que caracterizam a favela brasileira. Fim de Semana e Rocinha 1977 são analisados para descrever um programa cultural interessado em registrar a consolidação dos bairros periféricos.
Obras Repatriadas: Paralelos entre Cinema e Museus
Samuel Macêdo do Nascimento (UFBA)
Este ensaio investiga de que forma os filmes apresentam os museus como espaços de resistência artística. Ao mesmo tempo, essas obras cinematográficas refletem aspectos significativos das histórias de seus acervos, problematizando os processos de colonização na Modernidade (VERGÈS, 2023). A investigação estabelece diálogos entre a ficção contemporânea e os documentários, ressaltando o museu como um lugar de contestação, preservação e reinvenção de memórias.

ST Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual – 5. Territórios, circuitos e estratégias de difusão

03/10 às 9h00
A Mostra Sesc de Cinema como circuito alternativo de difusão do audiovisual brasileiro
SUELEN CRISTINA NINO FERNANDES (UFPA)
A comunicação visa demonstrar como a Mostra Sesc de Cinema (MSDC) fortalece a itinerância do audiovisual brasileiro através de sua estrutura que combina ações de curadoria, licenciamento e programação pelas unidades da Instituição, permitindo que filmes de diferentes regiões circulem pelo país. O trabalho analisa como a MSDC contribui para a formação de públicos e para a dinamização dos circuitos alternativos de exibição, promovendo trocas culturais e ampliando o acesso às produções nacionais.
Carnavalizando a sala de cinema — O Grupo Estação e a celebração da cinefilia durante o Oscar 2025
Helena de Araujo Zimbrão (UFF)
O trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado no PPGCINE-UFF sobre o Grupo Estação, na qual estudamos as salas de cinema como produtoras de subjetividade. Por meio da observação participante e da coleta de entrevistas semi-estruturadas, fazemos uma análise de eventos recentes ocorridos no Estação NET Rio, que estão relacionados à cultura carnavalesca da capital carioca e exemplificam a ideia de “cinefilia celebratória”: um culto ao cinema por meio de rituais festivos.
Mostra Clandestina: interiorização e feminismos na difusão de filmes em Goiás
Lara Damiane de Oliveira Estevão (UFG)Maiári Cruz Iasi (UFBA)
O festival de cinema Mostra Clandestina, iniciado em 2018 por estudantes e professoras ligadas ao curso de Cinema do IFG, encontra-se atualmente na sua quinta edição e exibe filmes dirigidos por mulheres. Neste trabalho, a partir de uma perspectiva endógena das organizadoras, pretendemos analisar a trajetória do festival, entendendo-o como um espaço feminista de formação e difusão que promove mudanças na cultura cinematográfica de Goiás, marcada, por sua vez, por desigualdades de gênero.

ST Teoria de Cineastas: dos processos de criação à dimensão política do cinema – Sessão 5: Entre fantasmas e vestígios: subjetividade e tempo no olhar de cineastas

03/10 às 9h00
Retratos fantasmas e ligações ao passado: a mise-en-archives em Kleber Mendonça Filho
Julherme José Pires (Unifesp, UEM)
Esta comunicação aproveita reflexões firmadas em ‘Retratos fantasmas’ (2013), de Kleber Mendonça Filho, com o apoio de toda a sua filmografia, para discutir a natureza estética nas obras do cineasta e as suas relações com os conceitos de tempo e história. A forma como ele constrói espaços profundos se dá por meio de mise-en-archives, através movimentos centrífugos, hipertextuais e coalescentes, em que a memória assombra continuamente as imagens.
Entre Ruínas e Fantasmas: o cinema da memória de Kleber Mendonça Filho
Gabriel Darwich Leal Misi (UFPA)
O presente trabalho visa traçar uma teoria do cineasta de Kleber Mendonça Filho a partir do enfoque em um cinema da memória do diretor e suas relações de espectatorialidade. A abordagem adotada parte do referencial da teoria da memória de Bergson para identificar dispositivos de memória em torno de duas figuras na obra do autor: ruínas e fantasmas. Assim, articulamos a semiopragmática e o neoformalismo para a condução das análises fílmicas, estabelecendo o recorte de seus longas de ficção.
A humanidade sob o olhar de Krzysztof Kieslowski
Erika Savernini (UFJF)
A obra do polonês Krzysztof Kieslowski estende-se desde os anos 1960, quando se formou na Escola de Lodz, até 1996. Embora tenha se dedicado principalmente à produção documental no início da sua carreira, dirigiu igualmente filmes ficcionais tanto para a televisão quanto para o cinema. Além de ter uma visão própria (metafórica, literal e formalmente) sobre o mundo, observamos que este modo de observação e de articulação do cineasta atravessa tanto gêneros, quanto tempo e contextos de produção.

ST Edição e Montagem audiovisual: reflexões, articulações e experiências entre telas e além das telas – 5 – Editando decolonialidades

03/10 às 9h00
A montagem discursiva no cinema de André Novais
Mariana Dutra de Carvalho Lopes (UFMG)
Este estudo concentra-se nas estratégias discursivas do cineasta André Novais e busca analisar, no filme Ela volta na quinta (2014), os significados criados a partir de recursos de montagem. Para isso, são considerados conceitos que definem as funções da montagem, bem como aspectos relacionados ao ritmo e à composição dos planos do filme. Conclui-se que a manipulação dos recursos de montagem potencializa os significados relacionados ao cotidiano de trabalho de cada personagem.
Noticiero ICAIC e a montagem descolonizadora das imagens da Amazônia no contexto da Guerra Fria
Tainá Carvalho Ottoni de Menezes (UFF)
A análise da montagem das imagens de arquivo da Amazônia na edição nº 511 do Noticiero ICAIC Latinoamericano revela estratégias cubanas de contra-narrativas no contexto da Guerra Fria, denunciando os interesses econômicos dos EUA no Brasil. Inseridas no movimento dos cinemas latino-americanos dos anos 1960-1970 e influenciadas pelo pensamento anti-colonial, essas estratégias antecipam a noção de montagem descolonizadora, elaborada durante a pesquisa para tese doutoral realizada no PPG-Cine UFF.
Decolonialidades americanas na montagem de uma versão iraniana
MILENA SZAFIR (UFCE)German Nilton Rivas Flores Lima (UFC)
A partir de três eixos – 1montagem/ decolonialidade; 2montagem/ design; 3montagem/ gênero cinematográfico – investigamos como a contemporaneidade afeta a montagem entre linguagem, ritmo e estética. Para tanto, no encontro de Belém apresentaremos uma análise da montagem como estereoscopia narrativa junto ao filme A Versão Persa (2023) – i.e. como a edição audiovisual fragmenta, multiplica e articula pensamento sobre a experiência (i)migrante.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 9 – Coordenação: Luiz Fernando Wlian

03/10 às 9h00
Beth Carvalho, cineasta amadora: entre o arquivo e o repertório
Livia Arbex (PPGCOM PUC-Rio)
Beth Carvalho foi uma cineasta amadora que constituiu um arquivo de duas mil horas de sons e imagens. Parte delas foi digitalizada e montada em “Andança” (Pedro Bronz, 2023). Nos registros, a cantora ora tem a câmera em punho, ora se insere no quadro. Esta apresentação analisa como a alternância entre filmar e participar tensiona as relações de classe, gênero e raça na história de uma mulher cuja identidade foi forjada em diálogo com – e sobre – a negritude e a periferia.
Betty Faria, trajetória de uma estrela brasileira
Malu de Castro Oliveira Lima (USP)
Betty Faria, atriz que possui caráter de estrela das produções audiovisuais nacionais, integrou do cinema de invenção à telenovela das nove. Nesse trabalho. proponho analisar o conjunto de filmes e especiais de televisão em que a atriz desenvolve uma narrativa feminista com tipos específicos de personagens — artistas ambiciosas em ascensão, mulheres liberadas sexualmente, prostitutas, dançarinas eróticas — para entender como sua performance possui um aspecto de autoria na obra audiovisual.
O Ensino da Direção de Atores: mapeamento da prática pedagógica no Brasil.
edinaldo raffa (UNICAMP)
O presente trabalho busca mapear os cursos superiores e tecnológicos de cinema e audiovisual existentes nas Instituições de Ensino Superior no país e quantificar a presença da disciplina de “Direção de Atores”. Através da análise crítica, dos dados colhidos em documentos e entrevistas com os professores, a pesquisa também procura levantar a metodologia e didática empregadas e compreender o processo de formulação, implantação e oferecimento da disciplina “Direção de Atores” nos referidos cursos.
O jogo contraditório de Grace Passô em Praça Paris
Camila Botelho da Silva Pereira (PPGAC – USP)
A atuação de Grace Passô no longa-metragem Praça Paris se mostra como um interessante exemplo sobre a influência do trabalho da atriz sobre o resultado da obra cinematográfica. Embora a personagem que interpreta se enquadre em diversos estereótipos associados à mulher negra no cinema, a atriz propõe um jogo de atuação contraditório que promove fissuras na trama e complexificam a personagem representada. Este estudo propõe, portanto, investigar esse jogo e sua influência sobre a forma fílmica.

ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL – Sessão 5 – Coordenação: Hermano Callou

03/10 às 9h00
De Manet a Warhol e de volta a Lumière
Fernanda Andrade Fachin (USP)
Este trabalho discute a confrontação do olhar em Warhol e Manet e a “cena primitiva” em Warhol e Lumière, argumentando que as duas discussões estão unidas por um “desvão inquietante” em comum: o desengajamento dos protocolos narrativos através de um movimento bascular entre espaço interno e externo a obra, característico da modernidade.
Hollis Frampton & Eadweard Muybridge: aproximações
Let Pei Galvão Martins (USP)
Tendo em vista o proto-cinema de Eadweard Muybridge e seus estudos sobre o movimento do corpo humano, o artigo irá mostrar suas relações com a linguagem cinematográfica do cinema experimental de Hollis Frampton. A partir de uma análise de seu filme “Ingenivm Nobis Ipsa Puella Fecit” nos atentaremos às aproximações existentes entre o zoopraxiscópio de Muybridge e a estética da obra de Frampton. Como o passado do cinema pode servir como um decalque para a composição de novos experimentos?
Primeira Geração do Cinema Computacional: John Whitney, Harmonia Visual e Interação Humano-Máquina
Pedro Azevedo Raia de Siqueira (UFF)
O artigo discute a criação artística nos primeiros anos da computação gráfica, analisando a relação entre a arte não representacional, as vanguardas do século XX e a busca de John Whitney por uma experiência visual análoga à música. Aborda as relações humano-máquina na arte computacional dos anos 60 e 70 e suas transformações ao longo do tempo, destacando as diferenças entre as gerações de arte computacional antes e após a revolução das interfaces gráficas e dos computadores pessoais.
Autoria arqueológica: A morte compulsória do autor e o índex fossilizador
Aloísio Corrêa de Araújo (UAM)
Na era dos algoritmos e da produção de imagens por inteligência artificial, observamos o crescente desenvolvimento de máquinas que conseguem indexar e reproduzir estilos de autores, mortos ou vivos. Neste estudo, observamos as diferentes formas de reprodução de autoria através das plataformas contemporâneas, como elas conseguem matar, fossilizar e reaproveitar rastros estilísticos através da indexação de obras.

Autor: Aloísio Corrêa
Coautor: Vicente Gosciola


ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 9 – Coordenação: Kariny Felipe Martins

03/10 às 9h00
O ASSOMBRO CONTRA-COLONIAL: REALISMO FANTASMAGÓRICO E REALISMO ESPECTRAL NO CINEMA DOS TRÓPICOS
Marcus Benjamin Figueredo Alves de Souza (UnB)
O trabalho explora as relações entre duas tendências do cinema contemporâneo: o realismo fantasmagórico e o realismo espectral. Com base no pensamento de Derrida e na virada espectral, buscamos entender de que modo filmes da Tailândia e da Colômbia empregam elementos espectrais que dialogam com cosmologias e tradições não-ocidentais para dar conta de ecos de um passado social traumático, mobilizar sujeitos banidos da história oficial e trabalhar as injustiças da exploração moderna no Sul Global
Cinema Fantástico e decolonialidade: uma análise do filme As Boas Maneiras
Rodrigo Pereira Silva Fonseca (UFMT)
Este estudo analisa como o cinema fantástico brasileiro aborda traumas estruturais e questões decoloniais. Foca-se no filme As Boas Maneiras (2018), de Juliana Rojas e Marco Dutra, que ressignifica o horror ao discutir classe, raça, gênero e sexualidade. Partindo da compreensão de Kracaeur (2009) do cinema fantástico como sintoma de conjunturas sociais e dos estudos decoloniais de Quijano (2005), investiga-se como o filme reinterpreta o passado colonial e se torna uma ferramenta de reflexão.
O insólito como mediador de problemas sociais no cinema brasileiro contemporâneo
Jorge Ribeiro dos Santos Filho (UFC)
A presença do insólito enquanto artifício narrativo tem sido bastante valorizada dentro do cinema brasileiro dos últimos quinze anos. Dentro desse panorama, propomos pensar alguns filmes que têm entre seus temas a discussão de problemas sociais brasileiros, perpassando questões de moradia, classe, raça e precarização do trabalho. A partir disso, propomos uma análise das instâncias em que o insólito se apresenta em cada um dos filmes.

ST Tenda Cuir – Sessão 5 – Abrigos metodológicos: fábulas, formação e o Eu-Nós Cuir

03/10 às 11h00
Como um romance: a autobiografia de Harold, um enfermeiro
Haroldo Ferreira Lima (Sem vínculo)
A apresentação propõe um exercício crítico-fabulativo a partir dos arquivos do diretor de documentários queer Tom Joslin e o parceiro Mark Massi, especialmente obituários.
São todas Putas: fabulando o eu-nós através do filme Arrenego
FERNANDA CAPIBARIBE LEITE (Dra)Naywá Moura Carvalho (UFPE)Juliana Gleymir Casanova da Silva (UFPE)
A escrita em torno do documentário Arrenego é tecida por um coletivo eu-nós. A partir de diferentes atravessamentos de cada ume das três sujeitas no texto, mobilizamos uma fabulação crítica à ciscolonialidade através do que o filme nos propõe: recriar, na atualidade, o arquivo colonial sobre um suposto Sabá demoníaco de mulheres que se passa em 1758, na cidade de Oeiras-PI. Arrenego borra o arquivo, fabulando as cenas desse episódio histórico, tendo como personagem principal uma travesti.
VINTE E DOIS: O AUTORRETRATO DA TRANSMASCULINIDADE NEGRA
Ianca Santos de Oliveira (UFRB)
Esta pesquisa tem como objetivo é compreender como as imagens do corpo transmasculino operam fissuras na normatividade impostas pelo homem branco cisgênero. Analisando o filme 22 de Taylon Protásio tendo como aparato metodológico: a análise fílmica investigando de como as performances sociais são construídas e desconstruídas na trama e de como a narrativa conduz a local de reconhecimento de si mesmo no espelho cinematográfico a partir da forma que é enquadrada cada cena.

ST Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual – Sessão 6

03/10 às 11h00
(Mais uma) estética do espanto: a experiência de TikTok em Tudo em Todo Lugar ao mesmo tempo
Murilo Bronzeri (UNIP)Laura Loguercio Cánepa (UNIP)
O filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022) utiliza uma estética de hiperestimulação sensorial, com montagens frenéticas e uma narrativa baseada no multiverso, refletindo as dinâmicas das mídias digitais, como o TikTok, e incorporando um imaginário fantástico e insólito, onde múltiplas realidades colidem e se sobrepõem. A hiperestimulação também é um fenômeno crescente desde o alvorecer da modernidade e que se alinha a “estética do espanto” (Gunning, 2001).
A velhice como fonte de horror no cinema contemporâneo.
Giovana Vernilo Mendes (UAM)Rogério Ferraraz (UAM)
Este trabalho analisa a representação da velhice no cinema de horror contemporâneo a partir dos filmes A Visita (2015), A Possessão de Deborah Logan (2014) e Relíquia Macabra (2020). A investigação propõe que os corpos idosos são figurados como espaços de horror, atravessados por signos de decadência física, perda de identidade e colapso familiar, evidenciando ansiedades culturais ligadas ao envelhecimento.

Palavras-chave: Cinema contemporâneo; Horror; Velhice

Mulheres-pássaro e patriarcado no exploitation de horror de Rosângela Maldonado e Jesus Franco
Beatriz Saldanha (UAM)
O presente trabalho propõe uma análise comparativa dos filmes de exploitation de horror A Mulher que Põe a Pomba no Ar (1978), da brasileira Rosângela Maldonado, e La Maldición de Frankenstein (1973), do espanhol Jesus Franco. Ambos os filmes trazem mulheres-pássaro como criações científicas e representam através dessas mulheres o medo da emancipação feminina e a manutenção do status quo.

ST (Re)existências negras e africanas no audiovisual: epistemes, fabulações e experiências – S6 Narrativas Seriadas e Transmidiáticas

03/10 às 11h00
AmarElo: Do Fonograma ao Filme
Matheus Jose Vieira (UFSCar)
Este trabalho analisa o projeto intermidiático AmarElo, que resultou no documentário Emicida: AmarElo – É Tudo Pra Ontem (2020), observando suas passagens intermidiáticas como estratégias narrativas e políticas. A partir das músicas “AmarElo”, “Quem Tem um Amigo Tem Tudo” e “Pantera Negra”, investiga-se como som e imagem articulam memória e resistência negra no Brasil, propondo passagens para a realidade política e social (Paiva; Nagib, 2019).
Processo de criação da série Encantados: a construção de um universo audiovisual negro na televisão
Victor Adriano Ramos (UFBA)
A série Encantados, produção da Globoplay, apresenta um panorama inédito em relação à presença negra em narrativas seriadas. Criada por uma dupla de roteiristas negras e com maioria de elenco e profissionais negros envolvidos, a série representa o momento atual que o Grupo Globo se apresenta em sua busca por aproximação das pautas raciais. Nosso objetivo é analisar a construção temática dessa obra usando a metodologia proposta por Pierre Bourdieu, compreendendo a função dos agentes envolvidos.

ST Arquivo e contra-arquivo: práticas, métodos e análises de imagens – Sessão 5 – Fabular os arquivos

03/10 às 11h00
O arquivo como forma de institucionalização das práticas audiovisuais experimentais
Liciane Timoteo de Mamede (Unicamp)
Esta comunicação analisa, em perspectiva comparada, quatro arquivos audiovisuais criados a partir dos anos 1960 como expressão de uma militância por narrativas produzidas à margem da indústria. Arsenal, Light Cone, Centro Pompidou e Videobrasil consolidam-se, nos anos 1990, como instituições arquivísticas, reafirmando o papel político do arquivo na preservação de obras historicamente marginalizadas.
A inscrição do arquivo nos corpos palestinos que dançam
Ana Caroline de Almeida (UFPE)
A partir de uma análise do filme Dancing Palestine, da diretora palestina Lamees Almakkawy, esta comunicação busca pensar os arquivos não apenas como evidências, mas sobretudo como possibilidades de imaginar outros futuros da Palestina que não estejam confinados no próprio apagamento do seu povo. No filme, “o corpo se torna um arquivo” na documentação em movimento de uma dança chamada “dabke”, e assim assistimos a um gesto de uso de algumas imagens na produção de uma “imaginação arquivística”.
A vida dos arquivos. Uma questão epistêmica, uma provocação teórica.
Sylvia Beatriz Bezerra Furtado (UFC)
“O que ocorre às imagens quando não estamos olhando para elas? os arquivos têm vida, se inquietam e se reinventam. Pelas mãos da pesquisa, saltam no tempo e ganham formas. Dizemos que preenchem lacunas – históricas, sociais. Seriam as lacunas uma condição de todo arquivo? Estariam os arquivos sempre abertos as lamentações do tempo infinito? Este artigo segue a perspectiva da fabulação crítica (Hartman), a um só tempo que entende o arquivo como um ser anímico.

ST Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas – Sessão 6 Territórios em disputa, geografias em transformação

03/10 às 11h00
“Cinemas do quarto mundo” no Brasil a partir da análise do documentário Território Pequi
Elivelton Ferreira Tomaz (UNICAMP)
A pesquisa analisa o curta-metragem documental: Território Pequi (2022).
Dirigido por Takumã Kuikuro, é um convite a observar a organização da aldeia Ipatse (Kuikuro), no parque do Xingu, em Canarana, Mato Grosso. Território Pequi traz aspirações e reflexões do cinema indígena em comparação com o modo de vida da sociedade capitalista contemporânea que necessita aprender com os povos originários, em filosofias de enxergar o mundo, o respeito à ancestralidade e a relação com o planeta Terra.
É possível tocar o impalpável: cinema, crise ambiental e protagonismo feminino na América Latina
denise tavares da silva (UFF/UFSCar)
No entrelaçamento entre crise ambiental e luta pela igualdade de gênero que emerge no atual cenário político-cultural da AL, o cinema e o audiovisual têm tornado tangíveis focos luminosos de resistência, bem como sombras espessas de permanências. Trata-se de uma versão esquemática da “polarização” política que, entre outros, se vale da apropriação e simplificação da linguagem audiovisual. Um contexto que fratura certezas e esperanças, e aloca urgência em se repensar imaginários e projetos.

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil – 5: Reflexões sobre circulação, difusão e distribuição.

03/10 às 11h00
A distribuição de “Hoje eu quero voltar sozinho” (2014) sob a influência do curta no qual é baseado
Adil Giovanni Lepri (UFBA)
A comunicação analisa o sucesso de público do longa “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (2014) e sua relação com o curta-metragem “Eu Não Quero Voltar Sozinho” (2010). Usando a teoria ator-rede, identifica quatro fatores-chave: a popularidade do curta no YouTube, a distribuição estratégica do longa, o reconhecimento em festivais e a cobertura midiática. Conclui que a trajetória online do curta, aliada à mobilização de fãs e à legitimação artística, impulsionou o desempenho do longa nos cinemas.
Distribuição como parte do fazer fílmico.
Talita Arruda (UFRB)
A distribuição audiovisual, essencial mas frequentemente negligenciada, vai além do marketing: é trabalho criativo e narrativo em constante adaptação. O trabalho propõe desmistificar a distribuição e circulação audiovisual, estudando suas “tecnologias” constitutivas – artísticas, afetivas, mercadológicas. Uma abordagem que visa fomentar a integração da distribuição ao fazer fílmico e enfatizar seu papel na construção de um audiovisual mais equânime e conectado com as audiências.
Distribuição de impacto social e o cinema documentário brasileiro, por uma coexistência de telas
Rodrigo Antonio Silva (UFPA)
A comunicação apresenta uma análise de dados de documentários brasileiros distribuídos entre 2014 e 2020 com foco em impacto social. Dez dos vinte e três estudos de caso sistematizados na Mediateca de Cinema e Impacto Social Latino-americana são brasileiros. O objetivo é identificar as estratégias de distribuição desenvolvidas e refletir sobre os desafios e possibilidades postos no mercado audiovisual pautando a coexistência de telas como um novo paradigma de mercado.

CI 9: Cinemas indígenas de realizadoras

03/10 às 11h00
Cinema como contra-ataque: imagem, memória e resistência em “Tuíre Kayapó – O gesto do facão”
Leandro Rodrigues Lage (UFPA)
O filme Tuíre Kayapó – O gesto do facão, do Coletivo Beture, revisita o gesto histórico da guerreira indígena em 1989, quando protestou contra a construção de Belo Monte. Na produção, ao narrar a cena ao neto, Tuíre transforma a memória da resistência em imagem de esperança. O trabalho analisa o filme como “contra-ataque”: um cinema que transforma o tempo histórico, desafia o esquecimento e articula imagem, desejo e política sob a perspectiva Mẽbêngôkre-Kayapó.
Cinema indígena latino-americano de realizadoras: a cosmopolítica, o comum e a comunalidad
Manuela Bezerra Gouveia de Andrade (UFF)
O presente trabalho se debruça no cinema da diretora zapoteca Luna Marán e da roteirista Pankararu, Bia Pankararu, com enfoque na temática da luta presente nos longas-metragens Rama Pankararu (2022) e Tio Yim (2019). Para tal análise, conceitos como cosmopolítica, sob a ótica de Isabelle Stengers (2018), o comum, sob a perspectiva de Silvia Federici (2014) e Raquel Gutiérrez (2017) e a comunalidad de Floriberto Diáz (2004) serão utilizados como instrumento para refletir sobre modos de viver.
As Amazonas do Cinema Paraense
Alexandra Castro Conceicao (Unicamp)
Examina a trajetória das cineastas paraenses entre 1970 e 2010, analisando suas produções sob uma perspectiva interseccional e decolonial. Mapeia suas contribuições em um cenário dominado por homens, destacando desafios como a escassez de registros e o apagamento histórico. Ao subverter normas de raça, classe e gênero, essas cineastas constroem representações alternativas da Amazônia. Conclui-se que, apesar dos avanços, a invisibilização persiste, exigindo uma historiografia mais inclusiva.

ST Histórias e tecnologias do som no audiovisual – Sessão 6

03/10 às 11h00
Derivas sonoras e práticas de gravação de campo em Vazios Habitados e Aqui Onde Tudo Acaba
Damyler Ferreira Cunha (UFS/UFF)
Essa comunicação propõe uma reflexão sobre as possibilidades de práticas de gravação de campo e modos de criação da trilha sonora nos curtas-metragens Vazios Habitados (vídeo, 2018), realizado pelo Duo Strangloscope, Rodrigo Ramos e Felipe Vernizzi e Aqui Onde a Tudo Acaba (16mm, 2023), com direção de Cláudia Cárdenas e Juce Filho. Os dois curtas-metragens apresentam um processo criativo colaborativo e trazem técnicas de gravação de campo determinadas pelo jogo de derivas sonoras.
Novas materialidades e estéticas sonoro-musicais do documentário
Renan Paiva Chaves (UNICAMP)
Tendo no horizonte a produção documentária contemporânea e os novos desafios que ela traz no âmbito da teoria do som no audiovisual, pretendo compartilhar os primeiros avanços da minha pesquisa atual, sobretudo nos seguintes eixos: (1) novas morfologias sonoras, (2) sonoridades emergentes de novas estruturas urbanas e tecnologias mediadoras em contextos de desastres antropocênicos, (3) sonoridades pós-humanas em perspectivas apocalípticas, (4) novas dimensões do realismo sonoro na era digital.
Sons ambientes centrais, sem vozes. Experimental? Entre lá (longe, talvez Escócia) e cá
Fernando Morais da Costa (PPGCine – UFF)
O objetivo desta proposta é analisar a trilha sonora dos filmes do cineasta britânico Ben Rivers, especialmente Two Years at sea, de 2011. A obra de Rivers se relaciona com um dito cinema experimental, eventual alvo de nossos interesses, além de dialogar com a vertente de um slow cinema contemporâneo. Analisaremos a onipresença dos sons ambientes, em um filme que abre mão de quaisquer vozes, como escolha sonora para representar a vida solitária do andarilho que é o único personagem apresentado.

ST Cinemas, Comunidades, Territórios: interpelações aos gestos analíticos – Sessão 5

03/10 às 11h00
Território e Curadoria: criar e gerar métodos de análise fílmica na sala de aula
Rúbia Mércia de O.Medeiros (UFC)
Esta proposta apresenta a análise do gesto curatorial de duas formações audiovisuais com mulheres, em que três filmes escolhidos privilegiaram a discussão da escrita de si como elemento narrativo. Apresentaremos, a partir de um horizonte teórico e estético, como a curadoria trabalha métodos de discussão de filmes através do cinema enquanto uma poética do imaginário e construtor de redes de afetos, mas também como ação política de mobilização de territórios, comunidades, corpos e falas.
Cine DEBURU: cinema, território e pedagogia ancestral no Centro-Oeste
Edileuza Penha de Souza (UnB)
O Cine DEBURU, realizado em Planaltina, Distrito Federal (DF), propôs um cinema territorializado, voltado a escolas e comunidades de terreiro. A mostra articulou filmes, rodas e oficinas como práticas de escuta, memória e formação ancestral. Refletimos sobre cinema de Comunidade de Terreiro como gesto pedagógico e cosmológico, a partir de experiências que desestabilizam saberes hegemônicos e constroem mundos a partir das margens.
Pedagogias do necessário: audiovisual e educação no Grande Bom Jardim
Érico Oliveira de Araújo Lima (UFMG)
Esta comunicação costura relatos e indagações sobre os laços entre audiovisual, educação e território. Operamos a partir da atuação no eixo de formação básica em Audiovisual da Escola de Cultura e Artes do Centro Cultural Bom Jardim, englobando: ações em sala de aula, filmes gerados, vivências no território e projeto político-pedagógico da Escola. Nosso fio condutor será uma cena: quando um dos estudantes sublinhou o sentido de “necessário” na compreensão sobre a palavra “básico”.

ST Cinema e Espaço – Sessão 6 Espaços periféricos e mapas de resistências

03/10 às 11h00
Mapas de imagens ressonantes: cidade, tempo e desvio no cinema cearense contemporâneo
ANA PAULA VERAS CAMURÇA VIEIRA (UFC)
Investigaremos como filmes cearenses — Tremor Iê, Boca de Loba, Espavento, entre outros — instauram espacialidades dissidentes e temporalidades desviantes.Propõe-se um mapa de imagens como método especulativo, capaz de aproximar corpos, territórios e memórias. Ao romper com narrativas urbanas hegemônicas, esses filmes abrem mundos possíveis ancorados em experiências situadas e operam como ferramenta crítica e sensível, tensionando o presente e propondo outras formas de habitar o agora.
Noites Paulistanas
Denilson Lopes Silva (UFRJ)
Proponho uma viagem em que serão relacionados filmes, músicas, ficções em que noite e festas na cidade de São Paulo serão relacionada, especialmente nos anos 1970, 1980 e 1990, entre o final da ditadura civil militar (1964/1984) e a primeira década da Nova República, após a contracultura e durante a pandemia da AIDS. Lembro de Caio Fernando Abreu, do Neonrealismo, da série Noturnas de Cassio Vasconcellos, de fotógrafos e cronistas de festas. das cenas disco, pós-punk e clubber.
As Imagens-Espaço em “O Dia que te Conheci” (André Novais, 2023)
diogo cavalcanti velasco (UFS)
“O dia que te conheci” novamente traz o caráter espacial como uma linha mestre para seu diretor André Novais. A partir da metodologia de Velasco (2015; 2020), apresentamos aqui o resultado de uma análise do filme e o levantamento de suas imagens-espaço, tendo como objetivo o amálgama entre o potencial estético de suas espacializações e sua simultaneidade na criação política e social do espaço do cotidiano.

ST Estudos Comparados de Cinema – Sessão 5. Sagrado e profano, luz e sombra

03/10 às 11h00
A figuração do sagrado no cinema: análise comparativa do motivo da Anunciação Cristã
Pedro de Andrade Lima Faissol (Unespar)
O motivo da Anunciação Cristã, quando aludido nos filmes, desperta um dilema: a figuração do sagrado deve se dar de forma integrada ao meio envolvente ou requer estratégias de distinção? Para superar esta dualidade, sintetizada no princípio da “não-homogeneidade do espaço” (Eliade) e da “continuidade” do erotismo sagrado (Bataille), propomos uma constelação de 5 filmes. O método comparatista nos ajudará a encontrar as nuances dos conceitos operatórios e a iluminar as singularidades das obras.
Diálogos entre a genealogia e o método de Warburg para o estudo das dimensões cristãs da luz
ANTOINE NICOLAS GONOD D ARTEMARE (ESPM-RJ)
A apresentação surge de uma crise metodológica enfrentada em pesquisas recentes sobre a influência da colonialidade do poder e da cultura cristã na imagem cinematográfica latino-americana contemporânea, especialmente no imaginário luminoso concretizado pela direção de fotografia. A comunicação busca assinalar um problema metodológico e refletir sobre uma possível articulação entre a perspectiva genealógica (Foucault) e o pensamento das sobrevivências (Warburg) para ultrapassar esse impasse.
A imagem à luz da sombra: Nosferatu, Vampyr, Drácula
João Vitor Resende Leal (IFB)
A partir de uma comparação entre os filmes de vampiro Nosferatu (1922, 1979 e 2024), Vampyr (1932) e Drácula (1992), analisaremos a sombra do vampiro como operador de reflexões sobre corpo e imagem, realidade e ilusão, presença e representação, identidade e alteridade. Por meio dessa análise da relação anômala entre o vampiro e sua imagem, em diálogo com a filosofia e a história da arte, investigaremos a performatividade das imagens para além da transparência da representação.

ST Festivais e Mostras de Cinema e Audiovisual – 6. Festivais, crítica e práticas de recepção

03/10 às 11h00
A crítica como traço de recepção dos filmes premiados na Mostra de Cinema Tiradentes (2020-2022)
Regina Lucia Gomes Souza e Silva (UFBA)
Nosso intuito é apresentar o resultado da pesquisa sobre a recepção da crítica dos filmes laureados em festivais de cinema brasileiros, sobretudo os da Mostra Tiradentes entre 2020 e 2022. Cogitamos discursos da crítica como traços de recepção a partir dos “estudos históricos de recepção nos media” de Janet Staiger e examinamos críticas de três longas premiados: Canto dos ossos (Jorge Polo e Petrus de Bairros, 2020), Açucena (Isaac Donato, 2021) e Sessão bruta (As Talavistas e ela.Ltda, 2022)
O FRONT AGUERRIDO DE GUERRA: a Mostra de Veneza na imprensa cinematográfica italiana (1934-1943)
Francisco das Chagas Fernandes Santiago Júnior (UFRN)
Apresenta-se a apropriação da Mostra Internazionale d’Arte Cinematografica di Venezia na imprensa cinematográfica italiana entre 1932 e 1942. A partir das revistas de cinema locais, tais como Lo Schermo, Cinema, Cinema Illustrazione e Film, acompanha-se a transformação da Mostra em evento midiático, sujeita a inúmeros usos e foco para debates político, estético e patrimonial-historiográfico.
Filtros, gargalos, janelas – modos de ver e dar a ver em tempos de streaming
Carla Ludmila Maia Martins (UNA)
A partir de uma reflexão a respeito dos modos de dar visibilidade e de espectatorialidade em tempos de streaming, propomos analisar a atividade curatorial sob o prisma de três figuras ou metáforas: filtros, gargalos e janelas. O intuito é de estabelecer comparações que permitam observar mudanças estruturais nas maneiras de ver e dar a ver no contemporâneo, junto a reflexões sobre as consequências éticas, políticas e estéticas de tais mudanças.

ST Teoria de Cineastas: dos processos de criação à dimensão política do cinema – Sessão 6: Vestígios e fabulações: ensaio, fantasmagoria e escrita de si

03/10 às 11h00
Filmar fantasmas: fabulação e fantasmagoria em “Toshi Voltou do Japão”
Marcos Vinicius Yoshisaki (USP)
“Toshi voltou do Japão” é um longa documental experimental sobre Toshi, tio do diretor, já falecido, que imigrou ao Japão em 1990 e retornou ao Brasil após quatro anos, ao desenvolver transtornos mentais diagnosticados como esquizofrenia. O filme explora a memória fragmentada e o vazio deixado por sua ausência, propondo atos de fabulação em torno da noção de fantasmagoria.
León Siminiani e a poética da contradição: autorrepresentação, ensaio e ficção no documentário
Jamer Guterres de Mello (UAM)
Este trabalho analisa o percurso criativo do cineasta espanhol León Siminiani a partir da Teoria de Cineastas, explorando como suas obras tensionam os limites entre ficção e documentário. Por meio de uma linguagem ensaística e autorreflexiva, seus filmes articulam processos autobiográficos e dispositivos retóricos a partir de uma poética da contradição, assumindo a construção do real enquanto experiência e fazendo do documentário um espaço de pensamento e incerteza.
Dos vestígios e à fabulação: videoarte, escritas de si e a pesquisa artística em Pa_Terno
Márcio Henrique Melo de Andrade (UERJ)
O artigo apresenta os processos de criação da videoarte Pa_Terno, de Márcio Andrade, a partir da vivência com o Alzheimer do pai para investigar o luto e a memória por meio de imagens de arquivo, animação e autoficção. A pesquisa articula teoria e prática, situando-se no campo das escritas de si (Lejeune, 1989; Arfuch, 2010), em diálogo com a videoarte autorrepresentativa (Vieira, 2003), propondo-se como gesto de resistência à dissolução da memória e à invisibilidade das subjetividades.

ST Edição e Montagem audiovisual: reflexões, articulações e experiências entre telas e além das telas – 6 – O papel da montagem no filme-ensaio

03/10 às 11h00
A montagem-ensaio nos filmes de arquivo de Jean-Gabriel Périot
Tainá Moraes (UFJF)
O objetivo desta apresentação é refletir sobre dois curtas-metragens, “Eût-Elle Été Criminelle…” (2006) e “200.000 fantômes” (2007) montados a partir de imagens de arquivo do cineasta Jean-Gabriel Périot, questionando a relação entre a palavra e o filme-ensaio identificada por Timothy Carrigan em seu livro “O filme-ensaio: desde Montaigne e depois de Marker” tensionando assim a noção de narrativa, linguagem e montagem audiovisual.
A montagem como espelho da percepção: diálogo entre Imagem e Palavra e Marinheiro das Montanhas
Susana Dobal (UnB)
Os filmes Imagem e Palavra do Jean-Luc Godard e Marinheiro das Montanhas do Karim Aïnouz sugerem questões sobre a montagem no cinema que vão além da dicotomia entre a montagem clássica e a montagem intelectual; eles não buscam contar uma história com começo, meio e fim, nem informar sobre um assunto documentado. Com base na fenomenonogia do Merleau-Ponty, investigamos como eles trazem à tona elementos que aproximam a montagem de processos mentais implícitos à percepção associada à memória.
Lógicas de ruptura: Estranhamento como efeito estético ou como botar onde não se cabe?
Arthur Fernandes Andrade Lins (UFPB)
Em meio à lógica da transparência dos meios que impera na contemporaneidade, um desafio crítico imposto ao cinema narrativo seria restituir o potencial de estranhamento como um fator determinante para a experiência fílmica. Neste sentido, proponho analisar operações de enxerto, colagens e ruptura, em busca de refletir sobre seus usos potenciais. Partirei de um trecho do filme ‘Pele Fina’ (2022), onde utilizo material de arquivo pessoal dentro da estrutura narrativa proposta pela ficção.

ET 1 – CINEMA, CORPO E SEUS ATRAVESSAMENTOS ESTÉTICOS E POLÍTICOS – Sessão 10 – Coordenação: Luiz Fernando Wlian

03/10 às 11h00
Lars von Trier em Melancolia: Imaginando um novo fim do mundo
Francisca Caroline Pires da Silva (FFLCH-USP)
Analisamos a categoria de espaço no filme Melancolia (2011), de Lars von Trier, como modo de narrar o fim do mundo. A obra reelabora o gênero catástrofe incorporando vasto repertório romântico para expor e tensionar visões hegemônicas do futuro. O contraste entre as figurações do apocalipse das cenas inicial e final revela um enquadramento crítico do ponto de vista da protagonista enquanto permite uma reflexão sobre o processo social responsável pela produção da subjetividade que ela expressa.
VISÕES QUE SE EMBAÇAM, CORPOS QUE CHORAM: Poéticas da Morte no Cinema de Gaspar Noé
Murilo de Castro (UNESPAR / FAP)
A presente pesquisa visa trazer um pouco de luz aos estudos sobre a morte e o luto no Cinema através de dois filmes do diretor argentino Gaspar Noé. Postos em análise, “Enter the Void” (2009) e “Vortex” (2021), a fim de analisar as representações dos tópicos anteriores (morte e luto) em extremos quase-opostos. Ao método, considera-se a análise fílmica de caráter Imanente, proposta por Ismail Xavier (2018), os estudos de narratologia de Machado (2007) e demais obras acerca do morrer.
A atmosfera dramática e os círculos de atenção de Stanislavski
Thiago Freitas Rosestolato (UFF)
Esta pesquisa busca investigar a relação entre o conceito de atmosfera dramática, teorizado por Inês Gil, e os três círculos de atenção, desenvolvido pelo russo Constantin Stanislavski, colocando este último como ferramenta de construção e delineamento deste primeiro.

ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL – Sessão 6 – Coordenação: Hermano Callou

03/10 às 11h00
Investigação, materialidade, percepção: Forensickness (2020) entre o cinema e os estudos de mídia
Rodrigo Fernandez dos Reis (UFRGS)
Com base na Teoria de Cineastas, o trabalho busca identificar de que maneira determinados agenciamentos produzidos por Forensickness (2020) expressam, suscitam ou problematizam enunciados teóricos e políticos sobre o regime midiático contemporâneo, seus dispositivos e relações com formas de percepção, visualidade, pensamento, expressão e ação. Para isso, arriscamos uma aproximação, ainda exploratória, entre os problemas do filme e os do campo frequentemente referido como Estudos de Mídia.
#POV: Como a composição de vídeos de pontos de vista tem se transformando no TikTok?
Bruno Mascena dos Santos (USP)
O objetivo é investigar tendências, entre 2019 e 2024, de vídeos auto-intitulados como POV (ponto de vista) no TikTok. A hipótese a ser explorada é que a forma dos vídeos modifica-se continuamente na rede de relações interpretativas que se dá entre atuantes, observadores e plataforma; tensionando o conceito de ponto de vista convencionado no cinema, nos videogames e em outras artes. Esse processo coloca em fricção uma multiplicidade de visualidades, modos de produção e de observação.
Aproximações entre a desmarginação e o desenquadramento na série My Brilliant Friend (2018-2024).
Samara Gabrielle Meneses Aragão (UFS)
O trabalho busca aproximar a desrmarginação e o desenquadramento a partir de oito episódios da adaptação seriada My Brilliant Friend (2018-2024): The Dolls (EP01T01), The Metamorphosis (EP03T01), Dissolving Boundaries (EP04T01), The New Name (EP01T02), The Body (EP02T02), Erasure (EP03T02), The Fever (EP02T03) e The Treatment (EP02T03). O diálogo é sustentado pelos estudos de Jacques Aumont (2004) sobre o quadro, bem como através dos escritos ficcionais e não ficcionais de Elena Ferrante.
Cinema e intermidialidade: uma janela para ver, capturar e reinventar o mundo
Luciano Dantas Bugarin (UFRJ)
Este trabalho propõe a intermidialidade como promotora de um aprendizado artístico com foco no olhar que captura e transforma a realidade. A partir de um paralelo da criação imagética com o ato de aprender como janelas para descobrir e reinventar o mundo, aponta-se como um diálogo intermidiático entre cinema, realidade virtual e pintura proporciona novos modos de leitura e criação em uma conjuntura de atravessamento entre arte e tecnologia. Gera-se a renovação da imagem com base na modernidade.

ET 3 – FABULAÇÕES, REALISMOS E EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E NARRATIVAS NO CINEMA MUNDIAL – Sessão 10 – Coordenação: Kariny Felipe Martins

03/10 às 11h00
Lições de Kiarostami, a educação do olhar através do cinema
Tainá Gomes Brasileiro (UFPE)
O presente trabalho tem como objetivo analisar o documentário Lição de Casa (1989, dir. Abbas Kiarostami), suscitando reflexões sobre a relação construída entre o cinema e a escola ao longo da obra. Em virtude disso, usaremos as discussões de Bergala (2008) e Larrosa (2002) sobre a experiência, além de explorar as noções de espectador de Rancière (2012). Portanto, desejamos investigar o olhar para o espaço educativo e as sensibilidades dos alunos entrevistados, pensando suas percepções do mundo.
Perspectivismo cinematográfico: pontos de partida e primeiros passos.
Guilherme Henrique Pereira Mariano (UNICAMP)
Pretendemos apresentar os desenvolvimentos da tese sobre um pensamento perspectivista cinematográfico. Nela, abordamos a seguinte problemática: como as estéticas contemporâneas, responsáveis por instigar o debate da participação corpórea na experiência fílmica (Sobchack, 1992), podem, ao mesmo tempo, ser frequentemente associadas com aspectos que superam nossas capacidades perceptivas? Partimos da teoria perspectivista, de Viveiros de Castro (2018), e da obra Il buco (2021), de Frammartino.
Por um cinema além do Antropocentrismo: Deception Island, o olho do vulcão.
Eduardo Goldenstein (UFRJ)
O tema central deste trabalho aponta para a crise climática e novas possibilidades de expressá-la no cinema contemporâneo. De que maneira a ciência responde aos desafios trazidos por esta crise? Como lidar com a necessidade de substituir velhos paradigmas baseados na racionalidade ocidental moderna que preconiza a disjunção homem-natureza? No contexto de uma necessária re-orientação cosmopolítica, pretende-se investigar novas formas de criação audiovisual para além do Antropocentrismo.

ST Tenda Cuir – Encerramento – O ajuntamento cuir: alegrias, matérias vivas e prazeres em telas

03/10 às 14h30
Corpos sem medo de se quebrar: alegria queer como modo de observar imagens e sons
Luiz Fernando Wlian (UNESP)
Este trabalho, de caráter teórico, busca enunciar uma sensibilidade dissidente baseada na ideia de “alegria”, para propor uma chave de leitura à arte queer, em especial às imagens em movimento. Valendo-se de uma breve genealogia filosófica da alegria (Spinoza, 2009; Nietzsche, 2012; Rosset, 2000; Sodré, 2006), em cotejo com contribuições dos estudos queer (Ahmed, 2006; 2010), pensa-se uma “alegria queer” como um modo afetivo de olhar para poéticas e estéticas dissidentes em obras audiovisuais.
Fantasmas do desejo: encenação de afetos sensórios em Queer, de Luca Guadagnino
Thalita Cruz Bastos (UAM)
O artigo analisa o filme “Queer” (2024), de Luca Guadagnino, a partir das noções de desejo homossexual, encenação de afetos, coreografia política e realismo sensório. A mise-en-scène investe na afetação e na corporeidade como forças expressivas. Através da contenção dos gestos, da suspensão do toque e da performance da solidão gay, o filme constrói uma estética do desencontro. O desejo queer é explorado como potência errante e espectral, revelando forças dissidentes que escapam à normatividade.
Fetiche e BDSM no cinema queer nordestino contemporâneo
Ribamar José de Oliveira Junior (UFRJ)
Neste artigo, busco traçar uma constelação fílmica do fetiche e do BDSM no cinema queer nordestino contemporâneo. Assim, trago os filmes Como era gostoso meu cafuçu (2015) de Rodrigo Almeida, Aos seus pés (2017) de Felipe Saraiva, Baunilha (2017) de Leo Tabosa, Boyzin (2021) de RB Lima, Vênus de Nyke (2021) de André Antônio, Macho Carne (2021) de George Pedrosa e O banheiro dos campões (2024) de Felipe Santelli para pensar o sensorial na tensão entre o espectador e a narrativa do desejo.

CI 54: Psicanálise e corpo no cinema

03/10 às 14h30
O corpo cindido da histeria: uma questão psicanalítica em A Substância
Lucas Procopio de Oliveira Tolotti (ESPM)
A partir do filme “A Substância” (2024), esta comunicação propõe uma articulação entre cinema e psicanálise, a partir do conceito de histeria. Este termo é pensado não como diagnóstico, mas como estrutura ética e estética. A duplicação corporal, o gozo do próprio corpo pela imagem e pelo excesso apontam para um cinema que discute o sintoma. O corpo feminino, cindido e teatralizado, torna-se cena do desejo e da violência, atualizando a lógica histérica proposta por Freud no início da psicanálise.
Cinema contemporâneo e psicanálise
Eduardo Brandão Pinto (UFRJ)
Tento aproximar cinema e psicanálise, interrogando como os cinemas contemporâneos propõem uma nova economia libidinal na relação entre olhar e imagem. Tomando No quarto da Vanda (Pedro Costa, 2000) e Os idiotas (Lars Von Trier, 1998), aponto como ambos clamam pela invenção de novos modos pelos quais o corpo possa se engajar no mundo. Isso supõe um sujeito cujas promessas de gozo sejam combinadas com a liberdade do objeto, o que chamaremos, a partir de Safatle e Lacan, um olhar não-fálico.
Os dentes ficam: a doença e o corpo em “Romance” (1988) sob o signo de Artaud
Henrique Rodrigues Marques (UNICAMP)
Partindo da análise do Corpo sem Órgãos (DELEUZE; GUATTARI, 1981), este trabalho pretende traçar aproximações entre os discursos e representações do corpo em “Romance” (Sergio Bianchi, 1988), um dos primeiros filmes a abordar a crise da aids no Brasil, e nos escritos de Antonin Artaud sobre corpo e doença. De acordo com Elsaesser e Hagener (2018), buscamos uma análise que pense com o filme em um gesto comparativo de inferência/interferência na qual o cinema se apoia na teoria e vice-versa.

CI 40: Políticas afirmativas, identidade e cultura no audiovisual brasileiro

03/10 às 14h30
Políticas Afirmativas, lutas e contribuições do movimento negro para o cinema e no audiovisual
Juliana Lopes da Silva (IFB)
Este trabalho analisa os fatores que viabilizaram políticas afirmativas para o cinema e o audiovisual brasileiro na última década. A partir do campo das políticas públicas, observa-se como o movimento negro atuou na reivindicação do reconhecimento da diversidade e da equidade racial no cinema e no audiovisual. O estudo identifica estratégias adotadas por esse movimento, que possibilitou a criação de políticas afirmativas no fomento público para o cinema e o audiovisual e seus desdobramentos atua
Direito a Olhar e a Arte Como Contravisualidade: POV do preso
Lucas de Andrade Lima Britto (UERJ)
A comunicação pretende discutir a produção artística em prisões como forma de contravisualidade, a partir do conceito de “direito a olhar” de Nicholas Mirzoeff. Analisará o vídeo Ponto de Vista do Preso, realizado com apenados da APAC de São João del Rei durante oficina de cinema, e vai propor um olhar sobre a arte como gesto político capaz de desafiar os regimes de controle e criar novas formas de ver e ser visto no cárcere.
“Era só mais um Silva”: A estrela que brilha em Marcelo Gularte.
Carla Regina Vr (ETESC/FAETEC)
A democratização do cinema traz em evidencia a produção de audiovisual em todas as partes das cidades. O cinema possível reforça a percepção de que é, a condição atual para falas cotidiana e suas demandas. Marcelo Gularte, morador e cineasta na zona Oeste do Rio de Janeiro é um destaque. Em “Era só mais um Silva” (2019) mostra o cineasta alternativo despertando o lugar de voz, vez e visão. São dados, arquivos e fatos de uma indústria nacional que existem. Se não ignorados, serão encontrados.

ST Arquivo e contra-arquivo: práticas, métodos e análises de imagens – Sessão 6 – Arquivos em circulação

03/10 às 14h30
O superoitismo experimental urbano nos anos 1970: objetos de memória da juventude no AI-5
Mayra Coelho Jucá dos Santos (FGV)
Numa perspectiva que analisa filmes produzidos em Super-8 na década de 1970 como material de arquivo de interesse histórico e como objeto de memória individual e coletiva, o contexto da ditadura civil-militar, especificamente no período do AI-5, é retomado por meio de uma seleção de filmes que usam o espaço urbano – vigiado, cerceado, tenso – como cenário. As imagens revelam modos de vida, resistência e confronto de uma juventude que buscou se expressar ocupando as ruas com uma câmera na mão.
Cinema de mulheres na ditadura militar: um resgate de Maria Helena Saldanha
Camila Magalhães Lamha (Puc-Rio)SOFIA COSTA GUIMARAES (PUC-Rio)
Este trabalho propõe uma investigação sobre Maria Helena Saldanha, desconhecida diretora brasileira, que realizou três documentários durante a ditadura militar. Partindo de acervos públicos para realizar um mapeamento de seus filmes, documentos e críticas produzidas sobre eles, além de entrevistas com seus colaboradores, o nosso objetivo é buscar a história dessa cineasta invisibilizada e examinar: quem foi Maria Helena, o contexto histórico em que estava inserida e do que tratavam seus filmes.
Um golpe em imagens: produção e circulação de arquivos no 11 de setembro chileno
Carolina Amaral de Aguiar (USP)
Esta comunicação analisa arquivos icônicos do 11 de setembro chileno, feitos sob repressão. As imagens do golpe, ligadas a um hyper-recording, circularam nas televisões estrangeiras e em documentários militantes. Recentemente, surgiram “novos arquivos”, com a descoberta de imagens que não circularam na época, como as filmagens de Juan Ángel Torti e parte das fotografias de Evandro Teixeira. Pretende-se refletir sobre a construção do arquivo em 1973 as possíveis contribuições das novas imagens.

CI 4: Animação como território político e poético

03/10 às 14h30
Cultivar o Solo da Imagem: Resistência Indígena na Animação Brasileira
James Zortéa Gomes (UNISINOS)
O texto constela relações entre solo, gesto e desenho em animações brasileiras, partindo de Sinfonia Amazônica (Anélio Filho, 1953) e articulando-a com Konãgxeka (Maxakali e Bicalho, 2016), Bárbara Balaclava (Martins de Melo, 2016) e Mitos Indígenas em Travessia (Vellutini e Rodrigues, 2019). A reflexão se ancora em Maxakali (2024), Silva e Carneiro (2018), Latour (2020), Kopenawa (2019), Nancy (2016) e Ingold (2015), destacando o solo como potência ética, estética e política.
Mulheres precursoras na trajetória de cinco décadas do cinema de animação do Pará
Patrícia Lindoso de Barros (UFMG)
Este trabalho propõe novas perspectivas para a história do cinema brasileiro, buscando incluir as mulheres e a linguagem da animação, assim como uma abrangência geográfica que considere o estado do Pará nesses estudos. Com as pesquisas do grupo Mulher Anima e de um mestrado concluído em 2023, traça-se um panorama da filmografia da animação paraense desde 1975, identificando três gerações de realizadoras que de diferentes maneiras conectaram a cinematografia do Pará ao Brasil e ao mundo.
ANIMA LATINA: Animações Gráficas Cosmotécnicas e Novas Epistemes
CARLOS FEDERICO BUONFIGLIO DOWLING (UFPB)
A comunicação aborda o processo de desenvolvimento e criação da obra seriada ficcional multiplataformas em animação gráfica ANIMA LATINA (2014-2025), financiada por diverso mecanismos de fomento e atualmente em processo de produção e finalização, que propõe novos modos e formas de adaptação intersemiótica de contos de autores que orbitam o boom latino-americano (1950-1970), a partir da perspectiva de aplicações dos conceitos de imagem cosmotécnica e narrativas alagmáticas (Dowling, 2022).

ST Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil – 6: Políticas afirmativas e impactos simbólicos, econômicos e cidadão.

03/10 às 14h30
Lugar de Negro no Cinema Brasileiro: perspectivas econômicas sobre a disputa racial no cinema.
Kariny Felipe Martins (UFF)
Considerando a dinâmica histórico-social que se impõe nas relações culturais e a descontinuidade de políticas públicas no setor audiovisual, o presente trabalho pretende analisar de que forma o racial se localiza nos aspectos econômicos do Cinema Brasileiro contemporâneo. Entendendo que, assim como as políticas afirmativas, os modelos econômicos disponíveis para a população negra precisam ser atualizados de tempos em tempos.
Policy Design, Equidade e Cinema: Instrumentos na Política Pública Afirmativa para o Audiovisual
Ana Paula Melo Sylvestre (ENAP)
A pesquisa analisa as alterações no desenho de política pública (policy design) dos instrumentos da política afirmativa para o audiovisual brasileiro entre 2012 e 2024. Utilizando a interseccionalidade como teoria crítica social como parâmetro analítico, a pesquisa apresenta um panorama dos instrumentos de política pública afirmativa no cinema e audiovisual, destacando as transformações ao longo do tempo e discutindo acerca dos avanços e desafios no enfrentamento das desigualdades no setor.

CI 1: Corpos, natureza e perspectivas não-humanas no cinema

03/10 às 14h30
Contribuições à noção pasoliniana de “subjetiva indireta livre” a partir de uma perspectiva mineral
CARLOS KENJI KOKETSU (Unespar)
A presente comunicação parte da noção de visão “subjetiva indireta livre” elaborada por Pasolini e busca conferir a ela outras possibilidades interpretativas. Será feita uma apresentação desta concepção e de algumas apropriações que revelaram sua produtividade; em seguida, será analisada a “perspectiva mineral” sugerida pelo filme Wolfram, a saliva do lobo, a partir da qual poder-se-ia vislumbrar novos alargamentos para a noção pasoliniana por meio de interlocuções com perspectivas filosóficas.
A fuga das imagens na geopoética da lama: possíveis desdobramentos cinematográficos de uma imagem-su
Camilo Soares (UFPE)
Ao denunciar a catástrofe ambiental trazida pelas máquinas do desenvolvimento, Davi Kopenama relata que até as imagens dos animais da floresta fogem enfurecidas para longe, dando à estética um importante papel regulador entre ser humano e natureza. Nas imagens de alguns filmes, tal visão encontra a geopoética da lama, quando atua como um ponto de tensão entre estresse social e questão ambiental, trabalhando a materialidade da lama para propor uma experiência política de estar no mundo.
O espaço e a luz negra no cinema elemental de Denise Ferreira da Silva
Reginaldo do Carmo Aguiar (USP)
Denise Ferreira da Silva e Arjuna Neuman em “4 waters” (2018) partem de elementos da natureza para filmar o homem e o não humano e sua relação com o espaço. 4 ilhas são filmadas por um olhar câmera quântico (luz negra) para demonstrar um pensamento elemental e fractal. Por meios das vozes e montagem ensaística é possível compreender os conceitos elaborados pela pensadora e que estão materializados na película para revelar injustiças sociais e ecológicas e potências das identidades precarizadas.

ST Cinemas, Comunidades, Territórios: interpelações aos gestos analíticos – Sessão 6

03/10 às 14h30
Arquivos da terra e tecnologias ancestrais: realização audiovisual com povos ameríndios
Clarisse Maria Castro de Alvarenga (UFMG)
Neste trabalho procuro elaborar questões que surgem a partir de dois percursos interculturais envolvendo curadoria e realização audiovisual com povos ameríndios na UFMG: Arquivos da terra e Tecnologias ancestrais. Pretendo especular sobre os sentidos que podemos atribuir à experiência com o cinema a partir de elementos vindos dos filmes e daquilo que está fora de campo (nos territórios). A ideia é imaginar gestos analíticos situados que articulem natureza e cultura no contexto do antropoceno.
Audiovisual nas baixadas de Belém-PA: imaginários, produções e processos coletivos
Victória Ester Tavares da Costa (UFPA)
O audiovisual realizado em territórios de baixadas, em Belém/PA, constitui-se como ferramenta de luta social, não somente pela abordagem política das temáticas urbanas contemporâneas, mas pelo fazer coletivo sensível de obras que trazem à tona as histórias orais das comunidades, registram atividades e acontecimentos cotidianos e elaboram as paisagens da cidade. São narrativas fora de um “centro” que complexificam imaginários acerca de urbanidades da região amazônica.
Uma aldeia para os encantados: filmando junto ao povo Tupinambá da Serra do Padeiro
César Geraldo Guimarães (UFMG)
Ao descrevermos a filmagem e a montagem de Uma aldeia para os Encantados (2025), realizado no âmbito do projeto Encontros da universidade com os saberes e os fazeres afro-indígenas (CNPq/UFMG), mostramos como o filme se faz em um processo liminar que põe em cena Seu Lírio e Dona Maria da Glória (lideranças Tupinambá) e o vínculo entre as formas de habitar o território e os diversos viventes que o povoam. A escritura fílmica procura traduzir essa relação com os recursos do documentário.

CI 23: Cosmopoéticas afro-indígenas

03/10 às 14h30
Imargear o mundo: vislumbres de um cinema cosmopoético.
Tenille Bezerra (UFA)
O presente estudo propõe desdobrar a expressão cinematográfica a partir do universo estético afro-indígena, notadamente, o conjunto simbólico das cantigas dos caboclos. Situadas em um campo limiar as imagens mobilizadas por esse conjunto poético operam passagens entre distintas perspectivas, imbricando visões, sujeitos e possibilidades – instaurando uma ética do acontecimento cuja energia estética constitui o fundamento de uma cosmopoética, forma de supravivência ecologicamente radical.
Para além da representação: a potência reparadora nos/dos cinemas indígenas
amanda iegli tech (ESPM-SP)
Este trabalho investiga a potência reparadora (ALMEIDA e MARCONI, 2022) dos cinemas indígenas por meio da análise de A Flor do Buriti (2023) e Mundurukuyü: A Floresta das Mulheres Peixe (2025), explorando como práticas indígenas que rompem com convenções do documentário hegemônico, como autoria (BRASIL, 2021), processos de feitura e o fora-de-campo (BRASIL e BELISÁRIO, 2016) configuram um cinema ontologicamente dissensual, abrindo caminho para outras formas de fabulação e existência.
CINEMA DE LUGAR E AS COMPLEXIDADES DAS AFETIVIDADES EM TELA E FORA DE TELA
KENIA KALYNE GOMES DE ALMEIDA (UFRN)
A partir da noção de afetividade de Tuan (1993; 2012), este estudo investiga o Cinema de lugar como mais uma possibilidade de construção e expressão simbólicas entre sujeito e o espaço geográfico. Quando a narrativa é conduzida pela comunidade, emergem processos e formas fílmicas que respeitam agendas locais. Compreende-se que um filme de lugar deve ocorrer como diálogo entre pares, como posição decolonial (Dussel, 2016), como prática contra-colonial e de memória (Santos, 2015; 2020).

ST Estética e Teoria da Direção de Arte Audiovisual – Encerramento – Benedito Ferreira e a pesquisa em Direção de Arte no Brasil

03/10 às 14h30
Cenografia da Repetição, Dispositivo Crítico
Benedito Ferreira dos Santos Neto (NIDAA)
Esta comunicação pretende analisar a valorização da direção de arte no cinema brasileiro a partir da colaboração entre o diretor Sebastião de Souza e o diretor de arte Jean Laffront no curta-metragem Transplante de Mãe (1970). Destaca-se o papel da cenografia como dispositivo crítico e narrativo, com uso de improviso, performance e repetição. A análise demonstra como a direção de arte contribui para a subversão das convenções cinematográficas no contexto dos anos 1970.

ST Estudos Comparados de Cinema – Sessão 6. Processos artísticos e engajamentos políticos

03/10 às 14h30
A Rebelião dos Animais (Nelson Leirner, 1974-75): articulações entre exposição e filme
Rosane Kaminski (UFPR)
O objetivo desta comunicação é efetuar uma análise comparativa entre duas obras de Nelson Leirner: a exposição The Rebellion of the Animals: a series of drawings, realizada em 1974 (nos EUA e no Brasil) e o curta-metragem A Rebelião dos Animais, feito em super-8 e exibido II Festival Brasileiro do Filme Super 8, em Curitiba, 1975. Tanto a exposição quanto o filme faziam remissão às violências da ditadura, por meio de metáforas, destacando-se a figura do algoz presente somente no curta-metragem.
Arte, Ciência e a Reimaginação da Amazônia: Cine Cipó na torre ATTO
Barbara Barreto Marcel da Fonseca (Bauhaus / UFRJ-PPGAV)
O trabalho analisa a interseção entre arte, ciência e ecologia decolonial por meio do projeto “Ciné-Cipó na Torre ATTO” (2019-21), que promoveu um diálogo entre cientistas da torre ATTO e comunidades locais, mediado por radialistas da Resex do Tapajós-Arapiuns. O projeto mobilizou o poder do afeto para criar imagens radicais e desafiar hierarquias de conhecimentos. A fala compara os dois formatos finais do projeto, examinando a transformação da vídeo-instalação no documentário “Suraras” (2024).
Literatura ,Cinema e descolonização em Moçambique: de Dina a Deixem-me ao menos subir às Palmeiras
Francisco Ewerton Almeida dos Santos (UFPA)
O estudo analisa o filme Deixe-me pelo menos subir ao Palmeiras (1974), adaptação do conto “Dina” de Bernardo Honwana, explorando a tradução intersemiótica entre literatura e cinema com base em Hutcheon e Cluver. Contextualiza narrativas africanas lusófonas na colonização e lutas anticoloniais, investigando cultura e imperialismo com base em Said, Shohat, Stam, Fanon e Mondlane. Examina desigualdades do colonialismo em Moçambique e adaptação fílmica pelo viés pós-colonial.

ET 4 – HISTÓRIA E POLÍTICA NO CINEMA E AUDIOVISUAL DAS AMÉRICAS LATINAS E DOS BRASIS – Sessão 7 – Coordenação: Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva

03/10 às 14h30
O relançamento comercial de obras restauradas digitalmente e o novo modelo de negócio audiovisual
Arthur Brito Sayão Lobato (UFF)
O projeto analisa a atual tendência do mercado audiovisual de relançamentos comerciais de títulos que passaram por alguma etapa de restauração (aqui considerado um novo modelo de negócio), com foco no estudo do caso de “A Hora da Estrela” (1985) (re. 2024) de Suzana Amaral, relançado pelo projeto de distribuição Sessão Vitrine. Para tanto, a pesquisa analisa o processo de restauração digital da obra e sua campanha de distribuição, assim como analisa comparativamente outros títulos relançados.
CIRCULAÇÃO DE CINEMA INDEPENDENTE NO BRASIL: ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO E ACESSO AO PÚBLICO
Ane Beatriz Barreto Cruz (UNIFESP)
Este trabalho analisa a circulação do cinema nacional independente, com foco nas práticas de distribuidoras como Vitrine Filmes e Embaúba Filmes, voltadas à difusão de obras brasileiras. Ao observar as práticas dessas empresas, buscamos compreender as limitações estruturais do mercado cinematográfico e refletir sobre os caminhos possíveis, na construção de uma cadeia de circulação mais plural, descentralizada e alinhada aos interesses de distintas comunidades e territórios.
Festivais audiovisuais como objetos da história: arquivo e memória
Camila da Paixão Mendes (UFF)
O presente trabalho vinculado ao Projeto de Iniciação Científica Festivais audiovisuais como objetos da história: arquivo e memória, propõe pensar as especificidades metodológicas do estudo dos festivais audiovisuais, em específico a Mostra Internacional do Filme Etnográfico. A partir da experiência de pesquisa na Iniciação Científica, reflete-se sobre as problemáticas do arquivamento, memória e preservação no âmbito do festival através da reflexão sobre o processo da pesquisa.
UM MESMO PROBLEMA, DUAS ABORDAGENS: UMA ANÁLISE DOS PROJETOS DE LEI PARA REGULAÇÃO DO VOD NO BRASIL
Luisa Maria Silva de Santana (USP)
O estudo propõe uma análise comparativa das duas propostas de lei que abordam a regulamentação do VOD no Brasil, as PLs 8889/17 (do deputado federal Paulo Teixeira-PT) e 2331/22 (do senador Nelsinho Trad-PSD), além de análise de discurso sobre os textos de justificativa que as acompanham. Desta forma, busca-se investigar como e de que forma as posições políticas opostas dos autores influencia em suas abordagens sobre a mesma questão, identificando convergências e divergências entre os projetos.

CI 65: Partilhas, violências e modos de habitar no cinema de ficção contemporâneo

03/10 às 14h30
Notas acerca da produção de pensamento sobre a guerra no cinema de ficção
Rafael de Campos (UFRGS)
Este trabalho propõe o estabelecimento de uma discussão a respeito do pensamento sobre a guerra produzido no cinema de ficção, com base nos estudos em teoria de cineastas (Graça, Baggio e Penafria, 2015) e a partir de relatos de diferentes realizadores. Investiga-se a possibilidade de um filme produzir pensamento anti-guerra, com um olhar mais atento às questões formais, além de problematizar o próprio conceito de “filme de guerra”, inspirado nas colocações de Paul Virilio (1991).
Cinema e a possibilidade de existência entre partilhas e ficções
emaxsuel roger rodrigues (UFBA)
Esta proposta de comunicação é um exercício de leitura comparativa (Solomon, 2023) entre os filmes Entre nós talvez estejam multidões (2020) e Chão (2019) no toca o tema das partilhas e das ficções que denunciam abusos e violências nos pactos sociais. O intuito é compreender como cada filme e sua articulação narrativa apresenta essas partilhas e consegue promover debates, reflexões e apresentar novos modos de se partilhar (ou com-partilhar) a tarefa de habitar o mundo.

CI 59: Novas mídias e acessibilidade no audiovisual

03/10 às 14h30
O crescimento da dublagem no audiovisual: vantagem ou desvantagem?
Andreson Silva de Carvalho (ESPM Rio)
Antes da lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência (Lei 13.146/2015), a dublagem e a legendagem já eram duas formas de acessibilidade disponíveis no audiovisual brasileiro. Estruturas fundamentais para que ampla maioria da população possa compreender as histórias. Durante muitas décadas a legendagem foi a principal forma de fruição nas salas de cinema dos grandes centros, mas de uns anos para cá esta situação vem se invertendo. Qual é o motivo? Existe alguma vantagem por trás disso?
Vétera e Micra: Criação de games em ambiente universitário
Thais Rodrigues Oliveira (UEG)
A proposta analisa a produção de games por alunos da UEG. A investigação será conduzida por meio da análise dos processos de criação e gamedesign (FRAGOSO, 2017) de três jogos: Vétera, Micramundo e O Mundo Aquático de Micra. Esses jogos são desenvolvidos no ambiente acadêmico, contando com a participação de estudantes, professores da UEG e membros da comunidade externa. A proposta é que os games sirvam como uma ferramenta eficaz de divulgação científica.
O Cinematógrafo na Exposição Nacional da Borracha de 1913
Ingrid Hannah Salame da Silva (Unicamp)Alfredo Luiz Paes de Oliveira Suppia (Unicamp)
Nossa comunicação se propõe a revisitar o lugar ocupado pelo cinematógrafo na Exposição Nacional da Borracha, ocorrida no Rio de Janeiro em outubro de 1913. A ENB foi um ambicioso projeto do governo brasileiro para atrair potenciais investidores estrangeiros e revitalizar a indústria do látex nacional, em declínio desde o começo dos anos 1910. Além de maquinários e produtos feitos de borracha, palestras, mapas, panfletos, fotografias, gráficos e filmes de caráter instrutivo enriqueceram o evento
TOTAL: 195 SESSÕES