Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff (FIAM)

Minicurrículo

    Doutora pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação – Área de Concentração: Processos Comunicacionais – Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática nas Interações Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Pesquisadora visitante na University of California, Los Angeles (UCLA) em 2013. Professora universitária dos cursos de Comunicação Social do FIAM-FAAM Centro Universitário. Diretora do curta-metragem “Moira” pela Academia Internacional de Cinema (AIC).

Ficha do Trabalho

Título

    Tarantino: entre a intertextualidade e a pós-modernidade

Resumo

    Sangue em excesso, humor e referências a outros filmes. O cinema de Quentin Tarantino apresenta essas características e o objetivo do artigo é mostrar como ele se identifica com o pós-moderno, por meio da intertextualidade e do absurdo do cotidiano. A metodologia inclui levantamento bibliográfico, realização de entrevistas e análise em profundidade dos filmes “Pulp Fiction” e “Kill Bill”. O referencial teórico inclui autores como Linda Hutcheon, Douglas Kellner, Lev Manovich e Mauro Baptista.

Resumo expandido

    Sangue que explode nas telas, referências ao universo pop e a outros filmes, humor e violência. O cinema de Quentin Tarantino apresenta essas características, sendo uma das mais fortes a intertextualidade. Sempre presente na linguagem do cinema, desde os tempos do cinema mudo, a intertextualidade volta com força ao cinema devido ao aumento de possibilidades proporcionadas pelas novas tecnologias digitais.

    O objetivo do artigo é mostrar como Tarantino utiliza a metaficção como forma de parodiar obras do passado, seguindo a noção de paródia desenvolvida por Linda Hutcheon. Tarantino parte de histórias e técnicas presentes em outros filmes e marca diferenças e distância. Essa tarefa pode ser englobada sob a noção ampla de paródia, na perspectiva desenvolvida por Linda Hutcheon. Para Hutcheon, a paródia é uma das formas mais importantes da autoreflexividade. Ela amplia o significado da paródia, desvinculando-o da companhia obrigatória do cômico e do riso. Para a autora, nem toda paródia é ridicularizadora, nem toda referência a um texto anterior é uma paródia, como pode-se observar nos conceitos de imitação, citação e pastiche. Diferente da citação, a paródia trabalha tanto no nível da obra a ser parodiada quanto no do código que utiliza a paródia. Portanto existem dois textos “em jogo”, o citado e o contraponto irônico. Lúdicos, os filmes de Tarantino adotam essa postura em relação ao cinema de passado e a si mesmos. É interessante notar essa intertextualidade na saída noturna de Vincent (John Travolta) e Mia (Uma Thurman) em “Pulp Fiction”, que reúne a metaficção genérica do ambiente retrô, cheio de citações do cinema e de música do passado, além de considerar o fato de o próprio Travolta ter uma história relacionada a musicais como “Os embalados de sábado à noite” e “Grease”. O contraponto é conferido pelo realismo da conversa do casal, construída com digressões dos personagens e tempos mortos.

    Além disso, o cineasta identifica-se com a pós-modernidade devido a algumas características: as cenas do cotidiano, como já foi citado, os momentos “exploitation” e o jogo. Oscilante, o cinema de Tarantino surge da variação entre esses três modos de representação que implicam notórias mudanças de tom e provocam reações de natureza diversa no espectador, como o horror, o riso e a cumplicidade.

    Os “exploitation films” eram produções independentes americanas de baixo orçamento das décadas de 1950, 1960 e 1970, que atraíam o público com doses maiores de violência e sexo que as mostradas pela indústria Hollywood. De certa maneira, Tarantino efetuou com os “exploitation” uma reapropriação similar à realizada por Truffaut e Godard com o cinema de gênero americano, em particular com a série B.

    Os objetos de estudo são as obras “Pulp Fiction” e “Kill bill” e os procedimentos metodológicos incluem levantamento bibliográfico, realização de entrevistas, análise em profundidade das obras citadas. O referencial teórico inclui autores como Edgar Morin, Linda Huchteon, Tom Gunning, Sergei Eisenstein, Douglas Kellner, Patrick Charaudeau, Lev Manovich, Lúcia Santaella e Mauro Baptista.

Bibliografia

    BAPTISTA, Mauro. “O cinema de Quentin Tarantino.” São Paulo: Papirus, 2010.

    BUCKLAND, Warren. “Understand film studies: from Hitchcock to Tarantino.” London: Hodden Education – Hachette UK Company, 2010.

    MARTIN, Marcel. “A linguagem cinematográfica.” São Paulo: Brasiliense, 2013.

    HUTCHEON, Linda. “Poética do Pós-modernismo.” Rio de Janeiro: Imago, 1991.

    HUTCHEON, Linda. “Uma Teoria da Paródia.” Lisboa: Edições 70, 1989.