Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Christine Pires Nelson de Mello (PUC-SP)

Minicurrículo

    Christine Mello é pesquisadora em comunicação e arte, crítica e curadora. Autora de Extremidades do vídeo (Senac, 2008) e coautora de Tékhne (MAB, 2010). É professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP e professora titular da Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP, no Curso de Artes Visuais e na Pós-Graduação em Artes Visuais e Fotografia. Possui pós-doutorado pela ECA-USP, sendo doutora e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Ficha do Trabalho

Título

    Extremidades: abordagem crítica em Station to station de Doug Aitken

Seminário

    Interseções Cinema e Arte

Resumo

    Com o objetivo de contribuir nos debates sobre o estado da crítica relacionados às intersecções entre Cinema e Arte, a presente comunicação propõe a leitura do trabalho Station to station (2013-2015) de Doug Aitken tendo como princípio a abordagem das extremidades.

Resumo expandido

    Em setembro de 2013, na primeira apresentação do trabalho Station to station (2013-2015), o artista multidisciplinar Doug Aitken propôs um espaço nomádico e coletivo de experimentação intensiva por meio de um trem que atravessou os Estados Unidos, do Atlântico para o Pacífico, ao longo de 23 dias. Nele, ativou diversas situações e linguagens nas intersecções entre Cinema e Arte, as articulando sob a forma de narrativas audiovisuais multiplataformas. Em seus múltiplos agenciamentos poéticos, a obra disponibiliza tanto 62 vídeos de um minuto (acessíveis até hoje em plataformas on line) quanto um longa-metragem, exibido em grandes salas de cinema e lançado em julho de 2015.
    A experiência das extremidades em Station to station tem lugar não apenas no modo como nela são tensionadas múltiplas linguagens, mas também no modo como coloca em cheque aspectos da globalização na atualidade. Apresenta a experiência contemporânea que tem lugar nas tensões entre o global e o local, nos limites, fronteiras, conflitos e atravessamentos que deles é parte. Para tanto, problematiza nos deslocamentos e na ativação de comunidades os seus principais aspectos poéticos.
    Doug Aitken, em sua experiência das extremidades, mostra profundas transformações em curso nos modos como experimentamos hoje em dia múltiplas plataformas interconectadas em rede e seus reflexos no plano das sensibilidades.
    O trabalho aborda problemas de ordem narrativa, relacionados a redes sociais, ações performáticas e arquivos audiovisuais, organizados por meio de situações nômades e coletivas, em incessantes processos de desconstrução, contaminação e compartilhamento.
    Os agenciamentos entre plataformas entrecruzadas de comunicação nele apresentados instigam não apenas um debate sobre novos modos de pensar e constituir narrativas, mas também instrumentais próprios de leitura para a abordagem de poéticas emergentes nas intersecções entre Cinema e Arte. Trata-se de observar narrativas rizomáticas que se constroem nas extremidades, nas linhas fronteiriças entre organização vital e múltiplas linguagens, entre condições de vida, forma estética e experiência social.
    Station to station reflete modos singulares como vivenciamos deslocamentos hoje em dia, nos trânsitos entre o local e o global, entre espaços físicos e informacionais – os chamados espaços intersticiais – entre múltiplas plataformas e linguagens – como cinema, vídeo, dança, música, performance e plataformas colaborativas em rede.
    A partir de situações extremas, trata-se de perceber problemas permeados entre a ordem pública e privada, relacionados a experiências limítrofes nos deslocamentos da vida cotidiana. O signo das extremidades se faz presente na obra de modo concreto, continuado, sem interrupções, não podendo ser considerado, um estado de exceção. Podemos dizer, portanto, que a experiência das extremidades não reflete a obra, mas a constrói.
    À dificuldade de falar da experiência das extremidades, refletimos a partir de aproximações que a circundam. Desse modo, a presente comunicação busca apresentar um tipo de abordagem crítica relacionada às extremidades, nas passagens e contaminações entre as multiplicidades do Cinema e das Artes em um panorama de agenciamentos estéticos e tecnológicos.
    Pela abordagem crítica das extremidades os procedimentos poéticos da desconstrução, contaminação e compartilhamento existentes em Station to station tomam a forma de vetores de leitura. Com eles, buscamos observar pontas extremas, limítrofes, que interligam experiências artísticas constituídas entre o cinema contemporâneo e múltiplas plataformas.
    Como força que atravessa, o presente estudo tem como interesse, desse modo, tirar o foco do “específico” das abordagens críticas, procurando, com isso, contribuir com processos descentralizados de análise nas intersecções entre Cinema e Arte.

Bibliografia

    MELLO, Christine. Extremidades do vídeo. São Paulo: Senac, 2008.
    __________. Extremidades: leituras entre arte, comunicação e experiência contemporânea. In: ARANTES, Priscila; PRADO, Gilbertto; TAVARES, Mônica (orgs.). Diálogos transdisciplinares. São Paulo: ECA/USP, 2016.