Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Lucas Procópio Caetano (UNICAMP)

Minicurrículo

    Graduado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde desenvolveu pesquisa de Iniciação Científica com o grupo GEMInIS (Grupo de Estudos Sobre Mídias Interativas em Imagem e Som) em colaboração com o OBITEL (Observatório Iberoamericano de Ficção Televisiva, núcleo UFSCar). Mestrando no Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Possui interesse no campo de História e Teoria do Cinema com ênfase no estudo de gêneros cinematográficos.

Ficha do Trabalho

Título

    O que temos a temer? – O cinema de horror brasileiro contemporâneo

Resumo

    A produção de filmes de horror no Brasil tem sido bastante prolífica nos últimos anos, garantindo variedade de temas e abordagens estéticas. Identifica-se dentre estes filmes, uma certa recorrência no emprego do gênero e de algumas de suas caraterísticas em discussões inerentes ao contexto socioeconômico brasileiro atual. Partindo desta premissa, o presente trabalho visa mapear estes filmes e analisar seus discursos e linguagens.

Resumo expandido

    Este trabalho é uma extensão da pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), intitulada “Medo de novo: Caminhos possíveis para cinema de horror brasileiro contemporâneo”, cujo foco é a produção de filmes de horror brasileiros recente.

    Apesar do cinema brasileiro possuir diversas experiências em variados gêneros, há uma percepção compartilhada entre o público de que a produção nacional se resume a comédias e mais recentemente aos chamados “favela movies”. De fato, são filmes destas duas vertentes os responsáveis pelos grandes sucessos de bilheterias recentes, porém, é necessário ressaltar a variedade de temáticas, abordagens e estilos que tem ganhado cada vez mais espaço nos últimos vinte anos. De ficções científicas a filmes de ação, diversos gêneros têm aparecido cada vez de forma menos tímida em comparação com o passado.

    Dentre os diálogos restabelecidos com o chamado “cinema de gênero”, talvez o mais prolífico tenha sido com o horror, um gênero de marcas próprias e significativas em nossa cinematografia, mas que historicamente recebeu pouco crédito por conta de certo preconceito por parte da crítica e da academia, que o enxergava como um subproduto da cultura de massas que se distanciava das aspirações de transformações sociais de uma determinada casta de cineastas (PIEDADE, 2006. p. 126).

    No texto “Horrores do Brasil”, publicado na 61ª edição da revista Filme Cultura, intitulada “O cinema de gênero vive!”, a pesquisadora Laura Loguercio Cánepa aponta uma retomada destes filmes em produções que se valem do horror como metáfora social. Tratam-se de narrativas que articulam certos elementos consagrados do gênero e com ele estabelecem proximidades com o intuito de refletir as agruras da sociedade brasileira contemporânea.

    Alguns dos temas retratados são a herança escravocrata, o medo da classe média e as dinâmicas tóxicas nas relações de trabalho capitalistas. Alguns dos filmes que podem ser citados são “Os Inquilinos” (2009), “O Fim da Picada” (2009), “Trabalhar Cansa” (2011).

    Esta análise será focada em três filmes essencialmente. O primeiro será “Mate-me Por Favor” (2016), de Anita Rocha da Silveira, sobre um assassino de jovens mulheres que interrompe o pacato cotidiano de um grupo de adolescentes de classe média da capital carioca. Os dois outros filmes fazem parte da obra de Kleber Mendonça Filho, especificamente os longas-metragens “O Som ao Redro” (2011) e “Aquarius” (2016), nos quais o cineasta articula características estilísticas notadamente próprias do gênero horror em momentos que destoam do restante do filme, ainda que condensem as temáticas sociais presentes em ambos.

    O presente trabalho visa analisar estes filmes de forma a compreender de que maneira o horror tem sido empregado enquanto ferramenta estética / narrativa, e como estes filmes estabelecem paralelos e dialogam entre si, em um amplo panorama sobre o que o povo brasileiro tem a temer.

Bibliografia

    CÁNEPA, Laura. Medo de quê? Uma história do horror nos filmes brasileiros. Tese de doutorado (Multimeios) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2008.

    CÁNEPA, Laura. Horrores do Brasil. Filme Cultura 61, novembro 2013 – janeiro 2014, p. 33-37.

    NEALE, Stephen (1980) Genre. In: JANKOVICH, Mark (Org.). Horror, the film reader. Londres: Routledge, 2002.

    PIEDADE, Lúcio F. Reis. O pasteleiro: um exercício de sexo e horror no cinema brasileiro. In: LYRA, Bernadette; SANTANA, Gelson. Cinema de bordas. São Paulo: Editora a Lápis, 2006.

    SOUTO, Mariana. O que teme a classe média brasileira? Trabalhar Cansa e o horror no cinema brasileiro contemporâneo. In: Revista Contracampo, nº25, 2012. Niterói: Contracampo, 2012. p. 43-60.