Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Inara de Amorim Rosas (UFBA)

Minicurrículo

    Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA. Mestre pelo mesmo programa e instituição. Graduada em Comunicação Social (Jornalismo) pela UFPB. Pesquisadora do A-tevê ( Laboratório de Análise de Teleficção), do LAF ( Laboratório de Análise Fílmica) e da rede de pesquisadores OBITEL Brasil/UFBA. Seus interesses em pesquisa consistem no cinema e na televisão latino-americanos, em análises narrativas, estilísticas e de recepção.

Ficha do Trabalho

Título

    Inovação na telenovela? Uma análise da crítica de “Avenida Brasil”

Resumo

    Partindo dos conceitos da Estética de Recepção que relacionam obra e espectador, este trabalho tem como objetivo avançar no entendimento de aspectos do contexto atual de produção de teledramaturgia, através de análise de críticas da telenovela da Rede Globo Avenida Brasil (2012), observando como elas dialogam com a novela enquanto produto estético e comunicacional e seu contexto de produção, compreendendo o papel desta obra na produção audiovisual brasileira e na cultura contemporânea.

Resumo expandido

    Os estudos do cinema e da televisão têm buscado refletir sobre a relação entre espectadores e críticos, reconhecendo a importância do contexto no processo de recepção audiovisual. Partindo dessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo analisar as críticas – tanto de veículos jornalísticos quanto de blogs especializados – da telenovela do horário das 9 da Rede Globo Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro e direção geral de Amora Mautner e José Luiz Villamarim.

    Avenida Brasil foi uma produção de múltiplos êxitos: grande audiência – seu capítulo final foi o programa de televisão mais visto em 2012, a telenovela mais exportada da Globo, sucesso de crítica, uma das novelas mais comentadas e discutidas nas redes sociais, gerando debates jornalísticos e investigações acadêmicas se ela consistiria em um novo modo de se fazer televisão, por suas inovações estilísticas, de enredo e na nova forma de consumo através das mídias sociais (CERQUEIRA et al. 2015; PUCCI, 2014; ORTIZ, 2013).

    Robert Stam (2003) assinala que a história do cinema não é apenas a história dos filmes e cineastas, mas também a história dos vários significados que os públicos têm atribuído aos filmes. A crítica é tanto registro de recepção de obras audiovisuais quanto um elemento de investigação do alcance histórico dessas obras, sua recepção na linha do tempo.

    Nossa investigação aqui proposta utiliza a metodologia desenvolvida pelo grupo de análise de teleficção (Atevê) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA para os dois últimos biênios de pesquisa no núcleo local do Observatório Ibero Americano de Estudos de Televisão (OBITEL), do qual fazemos parte. Tal método de busca pelas críticas consiste numa pesquisa anônima pelo Google do termo “Avenida Brasil’ crítica” dos seus 100 primeiros resultados, e a partir deles, realiza-se uma varredura dos sites relacionados em busca de críticas da telenovela referida. Como os dados da Internet são bastante voláteis, essa coleta é realizada em uma janela específica e curta de levantamento de dados, que estabelece a caracterização de um período singular e garante sua solidez (SOUZA et al., 2015). Após essa coleta de material, estabelecemos critérios ao tipo de crítica conforme preceitos e classificações presentes em Argumentação e Crítica (CARDOSO E CUNHA, 2004).

    Acreditamos que essa metodologia é mais adequada para nossos objetivos de pesquisa porque pudemos observar que a partir de Avenida Brasil, vários veículos surgiram para realizar crítica deste produto e seguiram para analisar as novelas posteriores e suas novas formas de recepção através das mídias sociais. Observamos também que mesmo 5 anos após a estreia da telenovela, ela segue gerando críticas e comparações com outros produtos cinematográficos e televisivos.

    A Estética da Recepção, conforme Jauss (1979) considera as obras literárias como um processo de recepção e produção estética que se realiza na atualização de textos por parte do escritor produtor, do leitor que os recebe e do crítico que reflete sobre eles. Relacionando essa perspectiva aos estudos de televisão, o trabalho proposto tem como objetivo avançar no entendimento de aspectos do contexto contemporâneo da teledramaturgia através das críticas da telenovela Avenida Brasil (2012), observando como elas dialogam com a novela enquanto produto estético e comunicacional e seu contexto de produção.

    As telenovelas enquanto produtos culturais estão inseridas no interior de práticas sociais contextualizadas histórica e socialmente. Com este trabalho, esperamos contribuir na compreensão do processo comunicacional estabelecido entre os espectadores e uma obra televisiva aberta como a novela, que convoca dinâmicas específicas entre obra e espectador; e através da análise da repercussão alcançada, o papel de Avenida Brasil na cultura contemporânea.

Bibliografia

    CARDOSO E CUNHA, T. Argumentação e crítica. Coleção Comunicação. Coimbra: Minerva Coimbra, 2004.
    CERQUEIRA, R. et. al. Avenida Brasil e o Lugar da Recepção: Uma Análise das Percepções Sobre João Emanuel Carneiro no Twitter. Ação Midiática, UFPR, n.9, 2015.
    JAUSS, H. R. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção. Coordenação e Tradução de Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
    ORTIZ, J.Configurações da experiência televisiva: o consumo social na internet, 173 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Comunicação, UFBA. Salvador,2013.
    PUCCI, R. Inovações estilísticas na telenovela: a situação em Avenida Brasil. Revista Famecos: Porto Alegre, v.21, n. 2, p. 675-697, 2014.
    SOUZA, M.C.J. et al. Entre novelas e novelos: um estudo das fanfictions de telenovelas brasileiras (2010-2013). In: LOPES, M.I.V. Por uma teoria de fãs da ficção televisiva brasileira. Porto Alegre: Sulina, 2015.
    STAM, R. Introdução à teoria do cinema. Campinas/SP: Papirus, 2003.