Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Leandro José Luz Riodades de Mendonça (UFF)

Minicurrículo

    Professor e pesquisador de cinema e economia da cultura e direito autoral, doutor pela ECA/USP na Universidade de São Paulo. Atua nos programas de pós-graduação PPGCA/UFF, PPED/UFRJ e PPCULT/UFF. Coordena o NEDAC – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Direito, Artes e Políticas Culturais e o LCV – Laboratório de Cinema e Vídeo, é membro da Comissão de Direitos Autorais da OAB-RJ. Membro do INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – INCT – Proprietas.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinemas em português: uma proposta metodológica

Seminário

    Cinemas em português: aproximações – relações

Resumo

    Nesta apresentação, logo à partida, define uma categoria, termo comumente utilizado para separar tipos dentro de uma ordem, ou seja, a partir da qual podemos construir uma hierarquização, que serve para organizar um conjunto de noções ou caraterísticas dos objetos estudados. Nesta direção, e recuperando a noção do empirismo lógico onde as categorias são consideradas regras convencionais que regem o uso dos conceitos e nos ajudará a explicar uma metodologia que agrupe esses objetos estéticos.

Resumo expandido

    Propor um conceito de Cinemas em português, de alguma forma, refere ao conceito de cinema transnacionais. A mediação pelas tecnologias e a exploração dos diversos mercados, onde as fronteiras parecem se diluir e confundir. Neste quadro, o próprio conceito de cinema nacional está em causa e uma questão principal a colocar-se, sobre a categoria cinemas em português, a maneira como ela se relaciona com os cinemas nacionais dos países de língua oficial portuguesa, entendendo-se como parte integrante desses cinemas aqueles cineastas que não querem se submeter ao cinema hegemônico e nem ambicionam ter seus filmes indicados ao Oscar de filme estrangeiro. É importante destacar aqui que quando falamos em cinema, não tratamos apenas do filme, mas de todo o dispositivo cinematográfico, ou audiovisual, que inclui, além do próprio filme, o modo de produção, a circulação destes produtos, etc. É neste sentido então que não tratamos apenas, nem preferencialmente, de filmes de longa-metragem de ficção distribuídos comercialmente em salas e exibidos em canais de TV abertos e por assinatura.
    Nesta direção a categoria Cinemas em português pretende, de alguma forma, preencher este espaço de discussão, porque, antes, ingenuamente, pensamos ser a construção de uma categoria suficiente para tratarmos dos cinemas que fosse falado em português. O campo, de alguma forma, estaria pronto para cobrir as nacionalidades e isso seria suficiente para aproximar experiências tão diversas, quanto o cinema goense, o cinema macaoense, o cinema sãotomense ou o cinema caboverdeano, entre outros. Uma primeira preocupação é encarar o fato de dentro de uma hierarquia da história estética do cinema transforma estas realizações em não-objetos, isto é, os filmes do Guineense Flora Gomes será mais apreendido na categoria Cinemas em português do que na categoria cinema guineense porque, ou eles circulam em algum lugar que tenha um mercado forte, com capacidade para absorver e distribuir produções das diversas cinematografias, como os mercados europeus, com capacidade para expandir e fazer circular estes conteúdos, ou ele não circulará em lado nenhum, portanto passará a não existir. Assim, de alguma maneira, a categoria Cinemas em português é uma tentativa de resolver um problema teórico-conceitual, porque se tratam de expressões audiovisuais em português que são feitas a partir de um patrimônio cultural comum e a partir de dificuldades de produção também comuns aos vários países.
    A intenção é alçar um determinado conjunto da produção e de trabalho a um espaço teórico no qual possamos operar com a ideia de Cinemas em português em detrimento de Cinemas lusófonos, como vínhamos fazendo. Isto porque o termo lusofonia parece a vários coparticipes desse espaço de compartilhamento de patrimônio cultural, excessivamente ligado ao patrimônio linguístico. A apropriação do termo por parte da política colonial do império português salazarista está ligada a conteúdos históricos que para muitos ainda não foram completamente estudados. A ideia proposta com a expressão “cinemas em português” é estar aberto a um espaço onde o compartilhamento de conteúdos que funciona com um “guarda-chuva” para se falar dos produtos audiovisuais produzidos pelo conjunto dos países da CPLP mas também deixar espaço para as várias diásporas desses países.

Bibliografia

    ABAGNANO, Nicolla (2007). Dicionário de Filosofia, Martins Fontes, São Paulo.
    CUNHA, Paulo (2015). O Novo Cinema Português. Políticas Públicas e Modos de Produção (1949-1980). Tese de doutoramento apresentada à Universidade de Coimbra.
    FERRATER MORA, José (1994). Diccionario de filosofia. 4 v. Barcelona: Ariel.
    HIGSON, Andrew (1989). “The Concept of National Cinema”. Screen, vol. 3 Issue 2.
    JAMESON, Frederic (1991). Postmodernism: Or, the Cultural Logic of Late Capitalism. Durham: Duke University Press.
    MARTIN-JONES, David (2006) Deleuze, Cinema and National Identity: Narrative Time in National Contexts. Edinburgo: Edinburgh University Press.
    ORTEGA, Vicente Rodriguez. Identificando o conceito de cinema transnacional. In: FRANÇA, Andrea; LOPES, Denilson (org’s.) (2010). Cinema, globalização e interculturalidade. Chapecó: Argos.