Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Gabriela Santos Alves (UFES)

Minicurrículo

    Pós doutoranda em Comunicação e Cultura pela Eco/UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro; Professora do Departamento de Comunicação Social e do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Territorialidades da UFES – Universidade Federal do Espírito Santo. Documentarista. Áreas de interesse: cultura audiovisual, feminismo e memória.

Ficha do Trabalho

Título

    Encarceramento feminino no Brasil: construções no cinema documental de

Seminário

    Cinema Queer e Feminista

Resumo

    A partir dos documentários brasileiros de curta metragem “Bagatela”, “As mulheres e o cárcere”, “O cárcere e a rua” e “Se eu não tivesse amor”, objetiva-se uma reflexão sobre representações da mulher num ambiente específico de clausura institucional: a penitenciária. O objetivo desta proposta, além da análise fílmica dos documentários, é também contribuir para a reflexão sobre o sistema penitenciário do país, apontando como esses filmes constróem as várias realidades de mulheres detentas.

Resumo expandido

    A proposta deste trabalho é propor uma reflexão que parte de uma análise maior sobre territórios e sentidos das clausuras femininas, institucionalizadas ou não, com destaque para um ambiente específico, a penitenciária, objetivando analisar especificamente a situação das mulheres no ambiente prisional brasileiro a partir dos seguintes documentários de curta metragem: Bagatela (Clara Ramos, 2010), As mulheres e o cárcere (Pastoral carcerária, 2015), O cárcere e a rua (Liliana Sulzbach, 2004) e Se eu não tivesse amor (Geysa Chaves, 2010).

    Entre os anos de 2003 e 2014, a população carcerária feminina no Brasil cresceu 279%, o que corresponde a 37 mil presas, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) – neste mesmo período, o aumento do número de homens presos foi de 147%. Para além desse dado, acredito ser importante refletir sobre questões de gênero no sistema carcerário brasileiro, que trata as mulheres exatamente como trata os homens, não atentando para práticas cotidianas e necessárias, como maior quantidade de papel higiênico, exames pré-natais e preventivos e fornecimento de absorventes. Nesse cenário, busco aqui responder ao seguinte questionamento: como a situação e cotidiano de mulheres detentas tem sido representados nos documentários brasileiros recentes que tratam do tema?

    Nessa linha, o objetivo desta proposta, além da análise fílmica dos documentários, é também contribuir para a reflexão sobre o sistema penitenciário do país, apontando como esses filmes constróem as várias realidades das mulheres detentas.

    Os documentários valem-se da prática mostrar-se/ocultar-se como técnicas para a condução de suas narrativas. Seus depoimentos, nesse sentido, demarcam um lugar de fala e de preservação da oralidade como recurso de autenticidade. Faz-se importante refletir sobre esse lugar da fala, ou ainda, sobre quem fala, discussão que aproxima-se do pensamento de Spivak (2010), para quem o subalterno não pode falar e quando tenta fazê-lo não encontra os meios para se fazer ouvir.

Bibliografia

    CERNEKA, Heidi Ann. Homens que menstruam: considerações acerca do sistema prisional, as especificidades da mulher. Veredas do Direito. Belo Horizonte, v. 6, n. 11, p. 61-78. Jan–Jun. 2009.

    DAVIS, Angela. DENT, Gina. A prisão como fronteira: uma conversa sobre gênero, globalização e punição Rev. Estudos Feministas. Vol.11, no.2, Florianópolis. Jul-Dez. 2003.

    NICHOLS, B. A Voz do Documentário. In: RAMOS, F. P. (org). Teoria Contemporânea do Cinema (Volume II). São Paulo: Editora Senac, 2005.

    PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes – conceitos e metodologia(s). VI Congresso SOPCOM, Lisboa, 2009. Anais eletrônicos… Lisboa, SOPCOM, 2009. Disponível em: http://www.bocc.uff.br/pag/bocc-penafria-analise.pdf.

    __________. O filme documentário: história, identidade, tecnologia. Lisboa: Cosmos, 1999.

    SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Can the subaltern speak? Colonial discurse and post-colonial theory: a reader. Hertfordshire: Harveste Wheatsheaf, 2010.