Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Greice Cohn (CPII)

Minicurrículo

    Doutora em Educação (PPGE/UFRJ, 2016: “Pedagogias da videoarte: a experiência do encontro de estudantes do Colégio Pedro II com obras contemporâneas” – bolsista Capes, processo nº 99999.004559/2014-02). Mestra em Tecnologia Educacional (NUTES/UFRJ, 2004: “O construtivismo da montagem godardiana e da videoinstalação – uma investigação teórico-prática para o ensino da arte”). Graduada em Lic. em Ed. Artística (EBA/UFRJ, 1985). Profª e Coord. de Artes Visuais no Colégio Pedro II desde 1994 e 2002.

Ficha do Trabalho

Título

    Videoinstalação: corpo, imagem e significação em deslocamento

Seminário

    Interseções Cinema e Arte

Resumo

    Esse texto propõe uma reflexão sobre os modos espectatoriais implicados nas videoinstalações, obras temporais nas quais o cinema converge com as artes plásticas, e onde verificamos alguns deslocamentos – na postura do espectador, nas imagens, e nos sentidos ali engendrados. Analisamos a videoinstalação Funk Staden (2007), de Dias & Riedweg, onde a espacialização das imagens, a montagem e a convocação dos corpos abrem espaço para pensarmos modalidades diversas de ver, perceber e fazer arte.

Resumo expandido

    Esse texto propõe uma reflexão sobre os modos espectatoriais implicados nas videoinstalações, obras temporais nas quais o cinema converge com as artes plásticas, podendo recorrer a recursos da performance, da literatura, da música, da poesia, da fotografia e de novas mídias, como as imagens digitais e as redes. Na pesquisa de doutorado “Pedagogias da videoarte: a experiência do encontro de estudantes do Colégio Pedro II com obras contemporâneas” – na qual foram analisadas obras de artistas, sua recepção pelos estudantes e a produção plástica desses após esse encontro – investigamos as provocações que a espacialização das imagens faz ao espectador, a partir da convocação de seu corpo e de sua participação ativa na montagem e significação das obras. Esse texto reflete sobre a videoinstalação Funk Staden (2007), de Dias & Riedweg , sob o ponto de vista dos desfronteiramentos entre o cinema e outras formas expressivas da arte e de como essas convergências agem no espaço social.
    Filha do casamento da instalação com a videoarte, a videoinstalação propõe algumas mudanças na postura do espectador, que passa a transitar entre as formas de apreciação da obra visual e do espetáculo. Como Janus (1985) muito bem coloca, o museu é, tradicionalmente, o lugar do imóvel e para vê-lo é preciso se mover; já o teatro, a televisão e o cinema são lugares do móvel, onde os espectadores ficam parados para ver e ouvir. As instalações de vídeo propõem ao espectador as duas atitudes, simultaneamente. Ao mesmo tempo em que elas mostram imagens em movimento, exigindo tempo de observação, também colocam o espectador em movimento, ao ocuparem o espaço tridimensionalmente e convidá-lo a ser ativo no direcionamento do olhar e na relação que estabelece com o ambiente onde se situa a obra (que pode contar com várias projeções, suportes para as imagens e objetos). Uma ação física já estaria aí sugerida a partir da própria configuração da obra e de sua inscrição no espaço, mas não é só na atitude corporal que esse tipo de obra possibilita uma postura ativa e participante: a videoinstalação atua no universo perceptivo do seu espectador, nele encorajando sua condição de criador e construtor de conceitos.
    Se o cinema é encadeamento de imagens, onde uma imagem sucede e substitui a outra, a videoinstalação, “com a simultaneidade das imagens nos espaços de projeção, promove permanência, subverte a substituição fílmica, de certa forma, recupera a imanência da pintura e, ao mesmo tempo, a tridimensionalidade da escultura” . Os dispositivos instalativos, ativando os espaços, o tempo, o corpo e a percepção, se mostram como máquinas conceituais que “convocam o corpo em suas encenações para experimentar tanto o processo de representação quanto modalidades diversas de ver/perceber. Elas criam condições de experiências particulares em que todo o corpo é mobilizado na atividade de percepção” (DUGUET, 2009, p. 57), atuando como um verbo transitivo, que não possui por si só uma ideia completa, mas prescinde de algo – o espectador – para conferir-lhe sentido.
    Analisaremos aqui os deslocamentos – das imagens, dos espectadores e dos significados – provocados por Funk Staden, obra transitiva na qual os corpos e as imagens são implicados politicamente, ativando a construção de sentidos e, inclusive, a criação de novas formas.

Bibliografia

    COHN, Greice. Pedagogias da videoarte: a experiência do encontro de estudantes do
    Colégio Pedro II com obras contemporâneas. Tese de doutorado orientada pela
    Profª Adriana Fresquet e co-orientada pela Profª Anita Leandro, no Programa de
    Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de
    Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2016.

    DIAS, Maurício & RIEDWEG, Walter. Dias & Riedweg. Até que a rua nos separe.
    Catálogo da mostra. Rio de Janeiro: Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 2012.

    DUGUET, Anne-Marie. Dispositivos. In: MACIEL, Katia. Transcinemas. Rio de Janeiro:
    Contra Capa Livraria, 2009. p 49-70.

    JANUS, Entre mil écrans móveis, define-se a videoarte. In: ARISTARCO, Guido e Teresa. O
    novo mundo das imagens eletrônicas. Rio de Janeiro: Edições 70, 1985, p. 118-128.

    PARFAIT, Françoise. Video : un art contemporain. Paris: Regard, 2001.