Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    aline lisboa da silva (UFS)

Minicurrículo

    Professora do curso de comunicação social da Universidade Federal de Sergipe, Mestre em Comunicação e Culturas Midiáticas pela Universidade Federal da Paraíba, Especialista em Marketing pela Universidade Federal de Sergipe, Graduada em publicidade pela Universidade Tiradentes. Possui experiência em marketing digital, estéticas do digital, audiovisual em mídias digitais e história da arte moderna e contemporânea. Pesquisa sobre dispositivos móveis, com foco em realização audiovisual por celular.

Ficha do Trabalho

Título

    Dot e Framed:Processos criativos em realização audiovisual via celular

Resumo

    A proposta tem como objetivo analisar dois curtas realizados via celular, Dot (2010) e Framed (2011), observando a constituição de processos criativos possibilitados pela flexibilidade do aparelho móvel. Em Dot a análise se depara com a hibridação entre produção e captura das imagens; já em Framed, a discussão gira em torno da qualidade técnica apresentada pela câmera de um modelo iPhone 4s, desmistificando a ideia de que produções com celular não apresentam resultados tão qualitativos.

Resumo expandido

    A criação de narrativas multiformes a partir da experimentação de formatos diferenciados, como a realização de filmes por celular, tem propiciado ao campo da estética, possibilidades criativas diversas, diante da linguagem audiovisual. O celular como dispositivo altamente adaptável acaba permitindo ao realizador, possibilidades marcadas pelo experimentalismo e inovações no uso da câmera, como é o caso de Dot (2010), uma animação em stop motion produzida pelo grupo Sumo Science, onde uma boneca de nove milímetros anda sobre moedas, notas e usa alfinetes como espadas, tudo isso em um microcenário, construído especialmente para o curta, que tem como referência o menor filme de animação do mundo .
    A inovação se dá pela inserção de uma lente microscópica ao aparelho móvel (NokiaN8), utilizando a tecnologia do CellScope , comprovando assim a flexibilidade e o quão versátil tem se tornado o dispositivo móvel, diante de processos criativos diversos. O experimentalismo é criado a partir do cenário em miniatura e também a partir do uso de uma lente de microscópio acoplada ao do celular, o que permite a sensação de um plano sequência gerado, com o intuito de contar a aventura vivenciada pela micro boneca, até seu desfecho inesperado.
    A trilha segue a proposta de tema infantil que o curta apresenta e há todo um trabalho de desenvolvimento da personagem (raf, story bord, protótipos dos movimentos, etc.). É uma produção realizada através de um celular em que houve alto investimento, o que coloca em xeque a discussão sobre as potencialidades estéticas do aparelho frente ao mercado audiovisual, seja em cinema ou publicidade.
    Formatos como o vídeo de bolso, concebido através de aparelhos digitais móveis, que muitas vezes, cabem literalmente no bolso, como celulares, câmeras fotográficas digitais, smartphones, têm como foco a liberdade de criação, predominando um modelo simples de captura das imagens e compartilhamento na web. O compartilhamento faz com que a narrativa, considerada acabada, torne-se dinâmica e interativa diante do ambiente da hipermídia (MELLO, 2008).
    Mas não é todo tipo de produção feita com celular que possui uma qualidade técnica menor. Filmes como Cats and Dogs (2013), do diretor coreano Min Byung-woo, que utilizou um modelo iPhone para captura, ou ainda Olive (2011), do norte-americano Hooman Khalili, gravado em alta definição com o modelo Nokia N8, demonstram como a tecnologia móvel tem avançado no quesito captura de imagens, afinal as câmeras dos celulares têm se desenvolvido de forma muito rápida, chegando até mesmo a ultrapassarem as compactas tradicionais.
    Podemos ainda reafirmar as potencialidades do aparelho móvel a partir de Framed (2011), cuja sinopse gira em torno de um fotógrafo que anda na floresta a fim de registrar belas imagens, quando algo inesperado acontece. Aqui é possível vislumbrar o quanto o formato mobile se tornar uma realidade cada vez mais latente para a produção de vídeos e filmes.
    Exibindo uma fotografia espetacular e uma excelente captação de som, o vídeo, com imagens capturadas em sua totalidade por um iPhone 4S, soa como uma experimentação de seu realizador Mäel Sevestre, em demonstrar a alta potencialidade do aparelho móvel para produção audiovisual, trazendo à tona, mais uma vez, questionamentos sobre como essas novas ferramentas estimulam a criatividade, acessibilizam o fazer vídeo/cinematográfico e ainda apresentam resultados de qualidade técnica indiscutíveis.
    A partir das perspectivas apresentadas sobre Dot e Framed, o trabalho em questão objetiva provocar discussões pertinentes acerca das potencialidades do aparelho móvel, tanto em relação à adaptabilidade de recursos diante de processos criativos, quanto à qualidade técnica existente em relação ao que encontramos hoje no mercado dos dispositivos móveis. A proposta pretende analisar os objetos em questão, demonstrando como a produção audiovisual via celular vem se tornando uma possibilidade real para o mercado atual.

Bibliografia

    CELUCINE. Disponível em: http://www.celucine.com.br/site/. Acesso em: 04 mai. 2016.

    DOMINGUES, Diana. Arte e vida no século XXI: tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: UNESP, 2003.

    JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. 14. ed. Campinas/SP: Papirus, 2010.

    MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas & pós-cinemas. Campinas/SP: Papirus, 2007.

    ______. Made in Brasil: três décadas do vídeo brasileiro. São Paulo: Abril Cultural, 2003.

    MANOVICH, Lev. Novas mídias como tecnologia e ideia: dez definições. In: LEÃO, Lúcia. (org.). O chip e o caleidoscópio: reflexões sobre as novas mídias. São Paulo: Senac, 2005.
    MELLO, Christine. Extremidades do vídeo. São Paulo: Senac, 2008.
    SANTAELLA, Lúcia; ARANTES, Priscila. (orgs.). Estéticas tecnológicas: novos modos de sentir. São Paulo: Educ, 2008.

    VANOYE, Francis; GOLIOT-LETE, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. 7. ed. Campinas/SP: Papirus, 2011.