Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Barbara Bergamaschi Novaes (UFRJ)

Minicurrículo

    Bárbara Bergamaschi Novaes é formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ) com habilitação em Rádio e TV. Realizou programa de intercâmbio Acadêmico na Université Paris 8 Vincennes – St. Denis Licénce en Cinema. Atualmente é mestranda bolsista (FAPERJ) no programa de pós graduação de Artes das Cenas (PPGAC/ECO-UFRJ) na linha de pesquisa Poéticas Da Cena: Teoria E Crítica.

Ficha do Trabalho

Título

    A Imagem Analógica: Entre Desejo de Presença e de Memória

Resumo

    Segundo Renato Cohen (p. 45, 2013) a performance é um trabalho humanista, visando libertar o homem de suas amarras condicionantes, e a arte, dos lugares comuns impostos pelo sistema. Os praticantes da performance, numa linha direta com os artistas da contra cultura, fazem parte de um último reduto que Susan Sontag (apud Cohen, 2013) chama de “heróis da vontade radical’. A presente pesquisa teórica se volta para artistas e cineastas que, na contramão da hegemonia da tecnologia digital, retomam práticas e estéticas da imagem analógica em suas obras. A partir dessa premissa, levanta-se as questões: de que modo a imagem analógica pode suscitar debates no campo teórico da arte quanto no campo político? Em que sentido seu movimento é potencializador de forças de resistência e experiências dissensuais que transparecem problemáticas do contemporâneo? Como a pratica analógica pode ser vista como um gesto e ato performático e uma superfície que produz novos territórios no sensível?

Resumo expandido

    Nossa pesquisa se concentra na análise de filmes contemporâneos de cineastas brasileiros que se utilizam de aparelhos e tecnologias analógicas (tais como Super 8, 16mm e 8mm) como recursos de linguagem na composição de suas obras. Analisamos filme de autores tais como Tacita Dean, Sandra Kogut, Cao Guimarães, Julia Murat e Joel Pizzini. Procura-se pensar a imagem analógica, sua textura, superfície e estética dentro de uma corrente pós-hermenêutica de estudos das materialidades da comunicação. No contexto de cena ampliada e do cinema expandido que se configura a partir do trânsitos e diversidade de suportes, dispositivos e experiências, e nas multiplicidades temporais fragmentárias, vislumbramos os filmes em questão como potências sensoriais e afetivas, como atos perfomaticos e gestuais do artista, nos focando em suas forças poéticas e plásticas, mais do que na narração ou em seus aspectos da linguistica e/ou semiótica.

    As perguntas que levantamos nesta pesquisa são: de que modo a escolha pelo uso de uma imagem anacrônica transparece problemáticas do contemporâneo? De que forma o resgate das tecnologias e estéticas analógicas, na contracorrente da hegemonia da imagem digital de síntese, produz novos territórios no sensível? Como o analógico pode ser vislumbrado como experiência do campo do afeto, de um desejo de memória e de presença, de outra ordem que não somente a do documental, histórico e factível? Para tal iremos nos utilizar das ideias presentes nos estudos da americana Laura Marks (2000), principalmente do conceito de percepção háptica – de uma percepção do olho que vê mas também toca- descrita também por autores tais como Jacques Aumont (2004), Deleuze e Guatarri (2005), bem como no pensamento de Gumbrecht e Andreas Huyssen. Nosso aporte teórico também contempla e se apoia nos escritos de Walter Benjamin, Roland Barthes, Susan Sontag, Agamben e Didi Huberman.

Bibliografia

    Bibliografia
    AUMONT. Jacques. O Olho Interminável: Cinema e Pintura. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
    COHEN, Renato. Performance Como Linguagem. Criação De Um Tempo-Espaço De Experimentação. São Paulo. Editora Perspectiva 3ª edição 2013
    DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs – Capitalismo e esquizofrenia. São Paulo, SP, Editora 34. 2000.
    DELEUZE, G; GUATTARI, F. Percepto, Afeto e Conceito. In: O que é a filosofia? Rio de Janeiro: 34, 1992.
    DIDI-HUBERMAN. O que vemos, o que nos olha, São Paulo: Editora 34. 2010.
    GUMBRECHT, Hans U. Production of Presence. California: Stanford University Press, 2004
    GONÇALVES, Osmar (org.) Narrativas Sensoriais 1ª ed. – Rio de Janeiro: Editora Circuito, 2014
    GONÇALVES, Osmar Reconfigurações do olhar: o háptico na cultura visual contemporânea em VISUALIDADES, Goiânia v.10 n.2 p.