Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria do Socorro Aguiar Pontes Giove (UnB)

Minicurrículo

    FORMAÇÃO
    Mestrado em literatura e cinema –UnB (2011)
    Graduação em letras português e francês – UnB (2009).

    ARTIGOS
    “A cidade das mulheres (1980): o problema da representação das mulheres em Fellini”. Disponível em:
    .

    Literatura e sociedade: como a ideia de nação é redimensionada no poema Hino de Drummond”. Disponível em:
    http://seer.bce.unb.br/index.php/aguaviva/aguaviva/article/viewArticle/3292

Ficha do Trabalho

Título

    Construção do suspense em Sueurs Froides e em Vertigo

Resumo

    Trata-se de um estudo comparado entre o romance Sueurs Froides (d’entre les morts) (1954), de Pierre Boileau e Thomas Narcejac, e a obra cinematográfica Vertigo (1958), de Alfred Hitchcock, a partir do conceito Dobra, desenvolvido pelo filósofo francês Gilles Deleuze. Num primeiro momento, mostraremos exemplos de duplicação de situações, lugares, objetos e personagens, encontrados em ambas as obras. Em seguida, passaremos a analisar como tais desdobramentos convergem para a construção do suspense no romance e na obra cinematográfica. Para tal, recorremos, ainda, ao estudo do gênero suspense, empreendido por Noël Carroll na obra The Philosophy of Horror or Paradoxes of the Heart.
    Palavras-Chave: Sueurs Froides (d’entre les morts). Vertigo. Dobra. Desdobra. Mônada. Suspense.

Resumo expandido

    Em virtude do fato de que as dobras e as desdobras perpassam Sueurs Froides (d’entre les morts) (1954), de Pierre Boileau e Thomas Narcejac, e Vertigo (1958), de Alfred Hitchcock, entendemos que o conceito Dobra constitui uma ferramenta teórica pertinente para a interpretação das obras literária e fílmica. N’ A dobra, Deleuze elabora um construto teórico para chegar à definição de uma filosofia do barroco em função da filosofia de Leibniz. Ademais, analisaremos como o conjunto de dobras e desdobras converge para a construção do suspense em ambas as obras.
    “Desdobra”, “dobra” e “mônada” são conceitos-chave, colhidos em A dobra de Gilles Deleuze, que ajudarão a sustentar a tese aqui defendida. Quanto à definição de suspense e o que este implica, servimo-nos, principalmente, de algumas ideias de Noël Carroll, desenvolvidas em The Philosophy of Horror or Paradoxes of the Heart.
    Para Deleuze, “desdobrar é aumentar, crescer e (…) dobrar é diminuir, reduzir” (2012, p. 23). Em outros termos, a desdobra significa duplicação, multiplicação, ao passo que a dobra representa o menor elemento da matéria (DELEUZE, 2012, p. 18).
    Por exemplo, em Vertigo (1958), a dobra é representada pelo buquê de rosas, pelo colar ou pelo penteado, presentes no retrato de Carlotta Valdes. Ou, em Sueurs Froides (d’entre les morts) (1954), a dobra é o colar ou o coque de Pauline Lagerlac. Já o desdobramento ocorre quando, de simples representações pictóricas, o buquê de rosas, o colar ou o penteado se materializam em elementos caracterizadores da personagem “Madeleine” .

    Destarte, pela forma como as obras literária e fílmica estão formatadas, notamos que a desdobra, ou a duplicação, faz parte da estrutura logístico-estética das mesmas, haja vista que estão divididas em duas partes. Cada parte de Sueurs Froides (d’entre les morts) (1954) contém seis capítulos. A duplicação deste romance também se evidencia pelo fato de ter sido escrito por dois autores: Pierre Boileau e Thomas Narcejac. Já com relação a Vertigo (1958), consideramos que a primeira parte vai do início da obra cinematográfica até à cena do pseudo-suicídio de “Madeleine”, e a segunda começa na cena do julgamento de Scottie e termina com a morte de Judy.
    Tanto Pierre Boileau e Thomas Narcejac quanto Alfred Hitchcock lançam mão, em suas respectivas obras, de forma sistemática, da duplicação de situações, lugares, objetos e personagens. Esta ferramenta estética, a um só tempo, chama a atenção para a importância de tais elementos e coloca o leitor/espectador em estado de suspense.
    Convém salientar que o objetivo deste artigo não é fazer um levantamento de todas as duplicações presentes nas obras literária e fílmica, mas, mediante os duplos mais significativos para o propósito deste trabalho, chegar à ideia aqui defendida: o desdobramento enquanto recurso estético fulcral para a construção do suspense. Assim, em um primeiro momento, faremos um levantamento de alguns duplos. Em seguida, passaremos a analisar como tais duplos confluem para a construção do suspense em ambas as obras.

Bibliografia

    AUMONT, Jacques; MICHEL, Marie. Dicionário teórico e crítico do cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. Campinas, SP: Papirus, 2003.
    BOILEAU, Pierre; Thomas, NARCEJAC. Sueurs Froides (d’entre les morts). Espanha: Éditions Denoël, 1958.
    CARROL, NOËL. The Philosophy of Horror or Paradoxes of the Heart. Nova Iorque: Taylor & Francis e-Library, 2004.
    DELEUZE, Gilles. A dobra: Leibniz e o barroco. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. 6 ed. Campinas: Papirus, 2012.
    GRIMAL, P. Mythologies : de la Méditerranée au Gange. Paris: Librairie Larousse, 1963.
    HITCHCOCK; TRUFFAUT. Entrevistas. Tradução de Rosa Freire D’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
    LEIBNIZ, G.W. Princípios de Filosofia ou Monadologia. Tradução de Luís Martins. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1987.
    NOGUEIRA, Luís. Gêneros cinematográficos. Livros LabCom Covilhã: 2010.
    Filme
    COLEMAN, Herbert ; HITCHCOCK, Alfred (prod.). HITCHCOCK, Alfred. Um corpo que cai. Produção de Herbert Coleman e Alfred Hitchco