Programação completa de trabalhos 2017

18/10/2017


ST Cinema e América Latina: debates estético-historiográficos e culturais – Sessão 1: O “NCL” revisitado

18/10/2017 às 09:30 – Sala 1
García-Espinosa, leitor de Brecht
Maria Alzuguir Gutierrez (USP)
Nesta comunicação, vamos nos aprofundar nos diálogos que García-Espinosa estabeleceu com Brecht, tanto em seus ensaios teóricos como em sua obra fílmica. Ao fazê-lo, vamos refletir sobre as possibilidades da transposição da teoria do teatro épico – ou dialético, como teria preferido Brecht – para o cinema e para a América Latina.
Santiago Álvarez: Um Vertov Latino?
Marcelo Vieira Prioste (PUC-SP)
Partindo de um pressuposto nas análises sobre a obra do cineasta cubano Santiago Álvarez (1919-1998) que frequentemente o comparam em termos estilísticos com Dziga Vertov (1896-1954) , um dos precursores do cinema documentário nas primeiras décadas do século XX, esta comunicação baseia-se em pesquisas recentemente publicadas para problematizar este entendimento, destacando distanciamentos e contrastes entre a filmografia e a trajetória do cineasta cubano com a do realizador eslavo.
Sem essa Aranha e O dragão: diálogos críticos
Estevão de Pinho Garcia (USP / IFG)
Sganzerla se dirigiu na imprensa contra os filmes do Cinema Novo exibidos em 1969, os filmes “alegóricos” e “tropicalistas” do movimento. Entre os quais, o seu alvo principal foi O dragão da maldade contra o santo guerreiro. Em 1970, com Sem essa Aranha, desloca-se da crítica verbal para o campo das imagens. Compreendendo o filme de Sganzerla como uma crítica ao de Glauber objetivamos analisar o uso por ambos do plano-sequência e suas interpretações sobre a modernidade e a cultura de massa.

ST Cinema e literatura, palavra e imagem – Sessão 1 – Cruzamentos escrita, imagem e poesia

18/10/2017 às 09:30 – Sala 2
O “poético” no discurso crítico acerca da obra de Cao Guimarães
Carla Miguelote (UNIRIO)
Os vocábulos “poesia”, “poética” e “poético” são frequentemente empregados nos discursos críticos acerca dos filmes e vídeos de Cao Guimarães, mas poucas vezes se explicitam nesses textos a que concepção do “poético” esses empregos remetem. Partindo da premissa de que a poesia propriamente não existe, de que sob esse nome se abrigam práticas plurais e diversas, indagamos esses discursos críticos em busca de seus pressupostos implícitos, investigando as concepções do poético a que se referem.
O reverso da imagem e o indizível da literatura em Paterson (2016)
Barbara Cristina Marques (UEL)
A proposta deste trabalho é refletir sobre a experiência do encontro entre imagem e palavra-poemática em Paterson (2016), de Jim Jarmusch. Para além dessas mídias – cinema e literatura – ajustarem-se em processo relacional, o filme impõe um desafio no sentido de pensá-lo a partir de um acúmulo de imagens que se repetem, tensionando o lugar dessas superfícies: de um lado, uma narrativa rarefeita e uma rotina claustrofóbica; de outro, o da palavra-poemática como disjunção do plano diegético.
Poesia e memória no cinema de Carlos Adriano
João Paulo Rabelo de Farias (UFMG)
Esta apresentação procura explorar a presença de um cruzamento entre poesia e memória no cinema, analisando o potencial criativo desta interlocução no trabalho do cineasta Carlos Adriano. Tomando o filme “Sem Título # 3: E para que Poetas em Tempo de Pobreza?” (2016), buscaremos focalizar o trabalho com as imagens que trazem reminiscências inerentes, sobrevivências e outras sugestões rememorativas que acabam por fazer um elogio à poesia contida na memória, em suas diversas camadas.

ST Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil – Palestra de Abertura: “Azteca versus São Luiz: uma disputa de cinemas pela hegemonia do Catete no início dos anos 1950”, com Prof. João Luiz Vieira (PPGCINE/UFF)

18/10/2017 às 09:30 – Sala 3

ST O comum e o cinema – Sessão 1

18/10/2017 às 09:30 – Sala 4
Deslocar o mito, elaborar a história: a Oréstia africana de Pasolini
Cláudia Cardoso Mesquita (UFMG)
Propomos examinar o gesto de deslocamento e atualização do mito grego de Orestes (tal como referido pela trilogia Oréstia, de Ésquilo) no filme “Apontamentos para uma Oréstia africana”, realizado por Pasolini em 1969. Nossa aposta é de que o autor se serve do mito para diagnosticar a atualidade (em sua relação com o passado histórico) da África pós-colonial. Dois aspectos terão destaque em nossa análise: 1) o procedimento da anacronia; 2) a forma narrativa do “estudo” para um filme porvir.
As regras de uma ilusão.
Sylvia Beatriz Bezerra Furtado (UFC)
Pasolini afirma o cinema como uma nova língua da realidade, um instrumento para fazer um novo mundo, um aparato que revela e manifesta a realidade e com a qual acreditava poder aproximar o cinema e a vida, o comum. Em “Le Regole di Un’Ilusione”, diz Pasolini: “O cinema- que é uma sequência infinita que reproduz de um só ponto de vista toda a realidade – é fundado sob o tempo e obedece as mesmas regras que a vida: a regra das ilusão. É o princípio da ilusão que motiva esse artigo.

ST Teoria dos Cineastas – Sessão 1 – Cineastas: realismo e política

18/10/2017 às 09:30 – Sala 5
O projeto de cinema popular no primeiro Leon Hirszman
Eduardo Tulio Baggio (Unespar)
Leon Hirszman dirigiu 19 filmes entre 1960 e 1986, firmando-se como um dos mais importantes diretores brasileiros do período. A comunicação objetiva analisar o conceito de cinema popular na fase inicial da carreira do cineasta. Paralelamente à realização dos filmes, Hirszman explicitou, em suas manifestações verbais, seu interesse em um cinema que tivesse contato direto com a cultura popular. Estas, juntamente com os filmes, serão referências essenciais da análise.
O realismo como método em São Bernardo, de Leon Hirszman
Pedro Vaz Perez (UFF / PUC Minas)
Este trabalho investiga o filme São Bernardo, de Leon Hirszman, buscando compreender: o que é o real no cinema de Hirszman e como dele emerge sua política? Apostamos, com Aumont (2004), que cineastas podem ter ideias teóricas implícitas às suas produções. Acreditamos que o cinema de Leon deixa entrever um método de investigação da realidade que parte do realismo para subvertê-lo, sem contudo negá-lo, para assim fazer emergir sua política. Uma visão de cinema que coincide com uma visão de mundo.
O documentário segundo Raúl Ruiz
Rodrigo Sombra (UFRJ)
Esta apresentação versa sobre o lugar do documentário no trabalho do realizador chileno Raúl Ruiz. Gênero marginal na obra de Ruiz, o cinema de não-ficção é mobilizado, a partir do filme Des grands événements et des gens ordinaires (1979), para problematizar a condição de exilado do realizador e para empreender uma reflexão sobre os próprios códigos do documentário. Pretendo, assim, investigar as concepções de “real” e de “imagem” no pensamento e nas práticas artísticas do realizador chileno.

ST Cinemas em português: aproximações – relações – Sessão 1

18/10/2017 às 09:30 – Sala 6
Sobre a legislação de cinema em Cabo Verde
Jorge Luiz Cruz (UERJ)
Apesar de muitas críticas, disputas e ações discordantes, o audiovisual vem crescendo em Cabo Verde com a participação do Estado. Aqui, pretendemos analisar alguns documentos, desde a constituição da comissão ad hoc para controle da imprensa, rádio, televisão, teatro e cinema (1974), até a criação da Cinemateca/Fototeca Nacional (2015), questões relativas ao processo de constituição da cinematografia e a sua circulação hoje, e o esforço de diversas pessoas interessadas no audiovisual.
A Lei da Tabanca: cultura popular, filme amador e novas tecnologias
Paulo Cunha (UBI)
A partir do caso de estudo A Lei da Tabanca (2015, Bigna Tona Ndiba), o objectivo desta proposta é conhecer a produção de cinema com meios não convencionais e recorrendo a novas tecnologias na Guiné-Bissau e reflectir a forma como este fenómeno está a reconfigurar a experiência cinemática entre as camadas juvenis urbanas daquele país da África Ocidental.
Como ir de um lugar a outro? Cartografias da Baixada cinematográfica
Liliane Leroux (UERJ)
A partir dos anos 2000, uma nova cena ganha força na periferia do Estado do Rio de Janeiro com uma juventude que se relaciona visualmente (cinematograficamente) com a cidade. A experimentação do território através da arte, presente em seus filmes, toma para si um posto narrativo anteriormente exclusivo à antropologia ao evocar histórias, expressões, rotinas, circuitos, convenções, cenários, rituais, sentidos e percepções encarnados em um lugar.

Crítica e academia: uma relação possível?

18/10/2017 às 09:30 – Sala 7
Conceitos estéticos e crítica de cinema na recepção de Aquarius
Rodrigo Cássio Oliveira (UFG)
Como parte da mesa temática “Crítica e academia: uma relação possível?”, esta apresentação vai abordar as ideias do filósofo analítico Frank Sibley sobre os conceitos estéticos e o papel da crítica. A partir dos textos Aesthetic Concepts e Aesthetic/Nonaesthetic, de Sibley, analisaremos, como estudo de caso, os textos publicados no blog do IMS e nas revistas Cinética, Interlúdio e Piauí sobre o filme brasileiro Aquarius. Estes textos foram capazes de esclarecer o valor estético do filme?
Narrativa contra mundo: a crítica para Tag Gallagher e Robin Wood
Sérgio Eduardo Alpendre de Oliveira (UAM)
Dentro da mesa temática “Crítica e academia: uma relação possível?”, esta apresentação vai analisar a confusão normalmente feita entre crítica e academia. Com base em textos de Tag Gallagher (“Narrativa Contra Mundo”) e Robin Wood (“Nossa cultura, nosso cinema: por uma crítica repolitizada”), pretendemos discutir se existe possibilidade de uma relação profícua entre crítica e academia. No processo, entrarão no jogo ideias confluentes de autores como Antonio Cândido e Northrop Frye, entre outros.
Por que a crítica de telenovela? Como ela entra nesse debate?
Maria Ignês carlos Magno (UAM)
Como parte da mesa temática “Crítica e academia: uma relação possível?” pretendo apresentar a crítica sobre a telenovela brasileira. Especialmente dos anos 1970 quando os debates acadêmicos sobre a crítica e as teorias críticas eram intensos. A crítica de telenovela igual à crítica literária e cinematográfica também existia. Uma crítica que mesmo não participando diretamente dos debates sobre a crítica e as teorias da crítica exercitada nos meios acadêmicos era praticada diariamente nos jornais.

Cinema na Paraíba

18/10/2017 às 09:30 – Sala 8
Cinema paraibano de ficção em diálogo com o cinema marginal
Arthur Fernandes Andrade Lins (UFPB)
Partimos do pressuposto que o marco histórico que representa o filme ‘Aruanda´, de Linduarte Noronha (1960) na filmografia nacional, determinou o lugar do cinema paraibano sempre a partir de sua ‘tradição natural’ ao documentário. Pretendemos desmistificar essa concepção crítica em busca de um cinema de ficção que ironicamente pode ser historicizado a partir de outra obra menos conhecida do mesmo realizador, o seu filme ‘O salário da morte’ (1971).
Canto do Mar, canto da terra: Cavalcanti na obra de Linduarte Noronha
Fernando Trevas Falcone (UFPB)
Crítico do jornal A União, Linduarte Noronha apontava Alberto Cavalcanti como modelo de realização de filmes voltados para a realidade social brasileira. Desde as filmagens de O Canto do Mar o cineasta era objeto de admiração do crítico.
Textos do crítico sobre a importância de Cavalcanti e aspectos de O Canto do Mar mostram influência deste na formação do pensamento cinematográfico de Linduarte Noronha, que em 1960 realiza Aruanda, seu canto da terra com forte inspiração no Canto do Mar.
Cinema Direto na Paraíba: A consolidação de um estilo
Leandro Cunha de Souza (UFPB)
Analisamos o cinema Direto na Paraíba, com sua chegada nos anos 1970, com a criação do NUDOC, o Curso de Comunicação Social da UFPB, seguindo os anos 1980 até os dias atuais. Assim, abordamos obras influenciadas pelo NUDOC, o convênio estabelecido com a Associação Varan, em Paris, na formação de professores, alunos e na difusão do Direto na Paraíba. Procuramos conceituar o documentário em suas abordagens, delimitações e seus precursores dos anos 1980 até o momento.

Gênero e raça

18/10/2017 às 09:30 – Sala 9
A TRANSGRESSÃO DO CORPO NO CORPO DO FILME CASTANHA
Guilherme de Souza Castro (UAM)
O artigo aborda as configurações cinematográficas nas formas de documentário do LM Castanha (Davi Pretto, 2014), frente à teoria da Produção de Presença, de Gumbrecht, e à teoria Queer, de Butler. É possível relacionar a não essencialidade que fundamenta ambas as teorias (de gênero e de estética) e compreender que as estratégias do Documentário Direto e do Poético são formas de produção de presença que favorecem uma narrativa em fluxo, como transgressão de queernesse no próprio corpo do filme.
Interpretações do final feliz inter-racial na recepção fílmica
Ceiça Ferreira [Conceição de Maria Ferreira Silva] (UEG)
Atentando-se para as contribuições dos estudos culturais à teoria do cinema, especialmente no reconhecimento das espectatorialidades, é que este trabalho, por meio da aplicação do modelo codificação/decodificação de Stuart Hall na recepção do filme Bendito Fruto (Sérgio Goldenberg, 2004) em grupos, investiga as interpretações do final feliz dado ao casal inter-racial e suas articulações com os imaginários sobre gênero e raça.
Masculinidades, raça e religiosidade popular em “O amuleto de Ogum”
Maria Neli Costa Neves (UNICAMP)
A partir de formulações de Teresa de Lauretis, Judith Butler, Robert Stam e Renato Ortiz, essa comunicação pretende pensar pontos que atravessam o filme “O amuleto de Ogum” (1974), de Nelson Pereira dos Santos: as formas de masculinidades vividas por seu personagens, e a religiosidade “popular”, que se mostra imbricada à representação de raça, tornando- se ato de afirmação e resistência.

Educação audiovisual

18/10/2017 às 09:30 – Sala 10
Gestos de Montagem @ Linguagem Audiovisual em Educação
MILENA SZAFIR (UFCE)
Cada vez mais os diálogos em rede são tecidos não apenas por imagens ou palavras escritas, como principalmente na comunhão destas através de áudio-visualidades. As Retóricas Audiovisuais possuem, portanto, um potencial artístico-comunicativo como instrumento de auto-conscientização política vital ao processo expressivo de empoderamento e alfabetização nos meios e processos midiáticos. Em nossa era de Internet Database, quais as potencialidades da linguagem audiovisual em educação?
Uma política de formação possível: estudo de caso do Programa Elipse
Lia Bahia (UFF)
O Programa Elipse, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, tem por objetivo fomentar a formação do jovem e a produção audiovisual universitária. Esta comunicação irá investigar os desdobramentos do programa e pensar o mesmo dentro da lacuna de políticas públicas voltadas para a formação e educação audiovisual no Brasil. O Elipse evidencia a potência de novas formas de se fazer e pensar programas na esfera pública, tendo a formação e educação audiovisual como eixos estruturantes.
Nas trilhas do desejo: ciência, educação e arte em “A pele que habito”
ANA LUCIA DE ALMEIDA SOUTTO MAYOR (EPSJV/FIOCRUZ)
O presente artigo pretende por discutir as relações entre iniciação científica no Ensino Médio e arte, tomando como ponto de partida a análise de uma monografia acerca do cinema de Pedro Almodóvar, notadamente em seu filme “A pele que habito”, desenvolvida por um aluno da EPSJV/FIOCRUZ. O objetivo central dessa reflexão é investigar de que modo a dimensão estética da linguagem cinematográfica contribui para a formação do jovem pesquisador, examinando a análise realizada acerca do filme.

Afeto e memória

18/10/2017 às 09:30 – Sala 11
O afeto e a memória no cinema de Fernando Spencer
Claudio Roberto de Araujo Bezerra (UNICAP)
A partir da análise de dois curtas-metragens de ficção, Estrelas de Celulóide (1986) e O Último Bolero no Recife (1987), essa comunicação discute a memória como um elemento chave na cinematografia do cineasta pernambucano, Fernando Spencer. Entre outras coisas, pretende-se aqui mostrar que nos filmes de Spencer a memória é essencialmente afetiva, se constitui por fragmentos e manifesta uma possibilidade de renovação do passado, no intuito de mantê-lo ativo no presente, construindo devires.
Memória,escrita pessoal e performance no documentário Por parte de pai
Maria Guiomar Pessoa de Almeida Ramos (ECO/UFRJ)
Propõe-se pensar e sistematizar os procedimentos auto-reflexivos utilizados na realização do documentário Por parte de pai, 2017, dirigido por mim: um balanço sobre esta experiência cinematográfica. O filme narra em primeira pessoa a trajetória do exilado político português, Vítor Ramos, meu pai, que foi jornalista, ensaísta, crítico,professor de literatura da USP nos anos 1960/70; faleceu alguns dias após a Revolução dos Cravos, do dia 25 de abril de 1974, sem poder retornar a sua terra natal.
Em busca de uma filiação: O Rei do Carimã (Tatá Amaral – 2009)
Francisco Alves dos Santos Junior (UFBA)
Nosso trabalho pretende analisar, a partir do que se tem chamado de narrativas de filiação, o documentário O Rei do Carimã (Tatá Amaral – 2009) a fim de entender as estratégias utilizadas pela diretora para representar a figura paterna, e ao mesmo tempo, reescrever as suas próprias memórias e uma parte de sua vida que lhe foi sonegada.

Figurações do outro

18/10/2017 às 09:30 – Sala 12
Figuras do Outro e marcas da alteridade em Costa, Ozu e Ford
Edson Pereira da Costa Júnior (USP)
A proposta se concentra sobre a filmografia de Pedro Costa, em diálogo com obras de John Ford e de Yasujiro Ozu, a fim de pensar como o gesto é concebido não como filiação à natureza física e unitária da figura humana, mas sim a partir de uma série de escolhas formais e de articulações entre os corpos. A partir disso, tentaremos, de modo breve e embrionário, sugerir como se forja um tipo particular de comunidade.
A narrativa do outro e a ética da mediação em “Fuocoammare”
José Augusto Lobato (UAM / USP)
Este trabalho busca lançar uma abordagem crítica sobre obras audiovisuais centradas na alteridade, tomando, como objeto de estudo, o documentário “Fuocoammare” (Itália, 2016, dir.: Gianfranco Rosi) e sua representação dos refugiados do Oriente Médio e Norte da África. Para isso, autores dos estudos sobre imagem, mídia e cultura e das ciências da linguagem são usados para compreender a mediação do outro operada a partir do testemunho, da humanização e da construção de polos opositivos.
Latino Bar (1991) de Paul Leduc: o grito dos marginalizados
Josette maria alves de souza monzani (UFSCar)
Essa comunicação abordará uma leitura de Santa (1903), romance popular de Federico Gamboa, realizada por Paul Leduc em Latino Bar (1991). Irá se tratar dos recursos empregados por Leduc, tais como a ausência de diálogos, a ênfase na performance e a recorrência à música, para transformar, ou, transcriar cinematograficamente o melodrama naturalista em uma parábola de fundo político crítico que passa a retratar não apenas a sociedade mexicana mas a apontar as condições de vida dos excluídos atual

Leituras de Bazin

18/10/2017 às 09:30 – Sala 13
Bazin e Merleau-Ponty: o cinema e sua aposta ontológica
Julio Bezerra (UFRJ)
O nosso objetivo é discutir o interesse de Merleau-Ponty e Bazin em uma investigação ontológica do cinema, analisando suas afinidades e diferenças e afirmando uma certa idéia de cinema. Ambos vêem o cinema como uma nova linguagem imperativa para expressar o Ser, capaz de refletir sobre nossa promiscuidade com o mundo e as coisas. Ambos perceberam a aposta ontológica que o jogo da imaginação contém: das coisas para a forma, do fato para o sentido e significado, e vice-versa.
Entre Bazin e Kracauer: a atualização do realismo na contemporaneidade
Cristiane Freitas Gutfreind (PUCRS)
O interesse desse trabalho é construir uma reflexão sobre a atualidade das teorias realistas a partir de seus precursores, que também foram críticos de cinema, André Bazin e Siegfried Kracauer, para compreender a “ficcionalização” de acontecimentos históricos traumáticos na contemporaneidade, como a ditadura civil-militar brasileira, através de filmes biográficos.
FILOSOFIA, ANDRÉ BAZIN E O MÉTODO DA CRÍTICA NOS ANOS 60
Fatimarlei Lunardelli (PUCRS e ABRACCINE)
A recepção de filmes vivida como cinefilia intensa, a leitura dos Cahiers du Cinéma e a aproximação com a filosofia forjaram, na Porto Alegre dos anos 60, um olhar sobre o cinema que resultou em método de interpretação crítica. No contexto da modernidade das rupturas de linguagem, o embate entre o valor da imagem e o valor da realidade resultou na preferência pelo modelo narrativo clássico. Para os jovens críticos da época o valor estético do cinema ligava-se à tradição realista de André Bazin.

PAINEL: Interseções cinema e arte – Coordenação: Marco Túlio de Sousa Ulhôa

18/10/2017 às 09:30 – Sala 14
A experiência de duração que atravessa e aproxima a pintura do cinema
Raquel Assunção Oliveira (UFPE)
Esta comunicação tem como proposta estudar de que maneira a pintura – e para tanto nos debruçaremos sobre as telas do pintor estadunidense Edward Hopper (1882-1967) – se aproxima do cinema ao colocar em cena, numa só imagem, momentos transitórios que nos fazem enxergar passado, presente e futuro de forma simultânea, proporcionando aos espectadores o que chamo aqui de uma experiência de duração cinematográfica.
O pictórico presente no cinema de Jean-Luc Godard
Veruza de Morais Ferreira (UFRN)
Este artigo apresenta as fortes características representativas do uso da cor por Jean-Luc Godard em sua filmografia. Discutiremos de que modo Godard estabelece, nas obras, uma trama poética, significativa de relações entre cinema e pintura. O propósito central do artigo é refletir e analisar a aplicabilidade de elementos pictóricos como a cor e a luz, entre outros elementos plásticos e simbólicos representativos, com suas influências narrativas e estéticas na cinematografia de Jean-Luc Godard.
O Deserto Azul de Eder Santos – paisagens futuristas
Celiene Santana Lima (UFS)
A análise visa assinalar os processos de construção da paisagem futurística do filme de ficção científica Deserto Azul (2014) de Eder Santos. O diretor mescla instalações artísticas da exposição “Deserto Azul Open Studio”, a arquitetura real da cidade de Brasília e as paisagens do Deserto do Atacama no Chile para compor seu cenário cinematográfico. Desta forma, pretendemos investigar as relações entre obra de arte, cenário/paisagem e a narrativa do filme.
No abismo da escrita: o ato de criar roteiros cinematográficos
Victor Vinícius do Carmo (UFG)
O presente artigo discute questões relacionadas à escrita de roteiros cinematográficos. Faz-se isso tendo em mente que os roteiros não são obras passageiras e que seus autores, os roteiristas, doam algo de si enquanto escrevem. Utilizamos autores da área da literatura, do estudo dos roteiros e do cinema, no geral, buscando trazer diferentes perspectivas e olhares sobre o assunto que ainda é pouco debatido dentro do meio acadêmico.

ST Cinema e América Latina: debates estético-historiográficos e culturais – Sessão 2: Propostas de análise e discussão historiográfica

18/10/2017 às 11:30 – Sala 1
O ‘Nuevo Cine Latinoamericano’ sob revisão: uma análise bibliográfica
Fabián Rodrigo Magioli Núñez (UFF)
Nosso propósito nessa apresentação é analisar livros publicados na década corrente voltados especificamente ao ‘Nuevo Cine Latinoamericano’ (NCL). Portanto, iremos analisar obras de três pesquisadores, Isaac León Frías, Silvana Flores e Ignacio Del Valle Dávila. Frisamos que o nosso propósito não é avaliar tais obras sob uma suposta verdade, no sentido, de julgá-las qual(is) dela(s) está(ão) mais correta(s), i.e., mais próxima(s) do que “de fato” foi o NCL.
Hollywood é aqui?
Luís Alberto Rocha Melo (UFJF)
Esta proposta tem como objetivo realizar um estudo comparado entre o brasileiro “Berlim na batucada” (Luiz de Barros, 1944), produzido pela Cinédia, e o chileno “Hollywood es así” (Jorge Délano, 1944), produzido pelos Estúdios Santa Elena. Atentaremos para as diferentes formas com que esses dois longas construíram visões ambíguas do “mito hollywoodiano”, oscilando entre a aceitação de modelos culturais e ideológicos importados e a afirmação de uma cultura nacional e popular.
Encenação de gestos – estética na propaganda da Ditadura Militar
Guilherme Bento de Faria Lima (PUC-Rio, UFF)
O presente artigo visa analisar procedimentos de montagem observados em propagandas políticas do período da Ditadura Militar brasileira em diálogo sobretudo com produções do Globo Repórter (Rede Globo) da década de 70. A paragem da imagem, nas propagandas de TV, como artifício produtor de congelamento de tempo que possibilita a visualização mais atenta e detalhada do gesto. Utilização da fotografia como evocação de um passado glorificado e carregado de nostalgia e lamentação.

ST Cinema e literatura, palavra e imagem – Sessão 2 – Questões transversais: da literatura ao cinema

18/10/2017 às 11:30 – Sala 2
Devaneios de um caminhante solitário: o homem das multidões.
Consuelo Lins (UFRJ)
A jornada de um personagem que caminha obstinadamente pela cidade, esforçando-se ao máximo para nunca sair do meio da multidão descrita por Edgar Allan Poe em O homem da multidão (1840), pareceu aos cineastas Cao Guimarães e Marcelo Gomes um bom começo para falar da solidão urbana na cidade de Belo Horizonte. A partir daí, a narrativa fílmica, como é de se esperar, toma outros rumos, mas guarda interessantes conexões com conto do escritor americano.
A representação da vida mental em Alain Resnais e Virginia Woolf
Isadora Meneses Rodrigues (UFCA)
O presente trabalho propõe pensar uma aproximação entre o cinema do diretor francês Alain Resnais e a literatura da escritora inglesa Virginia Woolf a partir de uma análise comparativa do filme Je t’aime, Je t’aime, de 1968, e do romance To the Lighthouse, de 1927. O objetivo é descrever e examinar os mecanismos audiovisuais e literários que ambos articulam em suas obras para a apresentação das características da vida mental de seus personagens.

ST Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil – Sessão 1

18/10/2017 às 11:30 – Sala 3
Na nuca do cinema, cinemas tantos
Nataska Conrado Veiga Braga (UFC)
Ziguezaguear entre cinemas, bailar entre desejos de ver, entre potências inventivas das distrações, como quem descobre ao contar histórias, que verdades e realidades são produzidas; como quem encontra resistência e poesia nos movimentos dos corpos nas penumbras que cercam as telas; como quem se percebe caminhante dos mundos pelas imagens postas a caminhar numa superfície qualquer; como quem se vê a aprender com a pele que recebe o toque luminoso do projetor, algo sobre tempo, dobras e afetos.
O CINEMA PRESCRITO: SALAS, DISPOSITIVO, EXPERIÊNCIA
JOSE CLAUDIO S CASTANHEIRA (UFSC)
A proposta deste trabalho é pensar o condicionamento técnico do dispositivo cinematográfico como uma via de mão dupla. Em um primeiro momento a “novidade tecnológica” exerce a função de maravilhamento, produzindo efeitos de atração e com uma forte tendência a se sobrepor, em alguns casos, à própria questão narrativa fílmica. O perfeccionismo técnico, contudo, exibe uma outra faceta que é a de tentar exercer controle absoluto sobre o espaço e sobre a experiência do filme.
Odeon ao vivo: tradição e inovação num cinema de rua carioca
Wilson Oliveira da Silva Filho (UNESA)Márcia Bessa (Márcia C. S. Sousa) (UFRJ – ECDR)
Esse trabalho procura estreitar a relação entre o Cine Odeon/CCLSR e a Mostra Live Cinema no Rio de Janeiro, levando em conta a importância de um tradicional cinema de rua que se abre a experimentações tecnológicas e em rede da arte contemporânea. Tentamos situar não só a memória e atuação desse cinema nas calçadas da Cinelândia, como um autêntico cinema de rua, mas pensamos como ele se relaciona com os novos movimentos artísticos audiovisuais.

ST O comum e o cinema – Sessão 2

18/10/2017 às 11:30 – Sala 4
De um mito a outro: Pasolini entre os Tikmu’un
André Guimarães Brasil (UFMG)
Imaginemos uma visita de Pasolini, não mais a Àfrica, a Índia ou a Palestina, mas às aldeias tikmu’un (maxakali). O que pensaria diante deste outro cinema, deste cinema do outro (capaz de assumir perspectivas das alteridades com as quais se relaciona): cinema-morcego, cinema-gavião, cinema-lagarta, cinema-mandioca. Especificamente, como repensar a aposta pasoliniana elaborada em suas Notas para uma Oréstia africana, diante destas imagens que parecem vindas do sonho, nascidas do interior do mito?
Modulações da voz off em ‘Wai’a: o segredo dos homens’
Bernard Belisário (UFMG)
Nessa comunicação pretendemos abordar os modos como as vozes off modulam o regime de legibilidade constituído pela narração no documentário ‘Wai’a: o segredo dos homens’ (1988), de Virgínia Valadão. A análise buscará então descrever as relações entre a modulação das vozes e as cenas rituais sobre as quais comentam. A questão de fundo que anima essa investigação está relacionada com a presença dos Xavante não só em campo mas no antecampo do filme.
Segredo, intimidade, comunidade: o cinema como abertura para o outro
Samuel Leal Barquete (UFF)
A partir do filme Oi’ó: a luta dos meninos (2009), de Caimi Waiassé, discutimos como um regime pedagógico das imagens atinge uma certa saturação. A partir das noções de segredo e intimidade, pensamos como a tensão posta na montagem por regimes imagéticos distintos mobiliza o olhar a partir de um contato intenso com o ritual. Isso faz emergir um espaço que o espectador e os meninos filmados podem compartilhar, potencializando o contato intercultural, que se abre para além do próprio filme.

ST Teoria dos Cineastas – Sessão 2 – Cineastas: da câmera ao estético

18/10/2017 às 11:30 – Sala 5
Amador, de Krzysztof Kieslowski, e o cine-olho de Dziga Vertov
Davi Marques Camargo de Mello (UAM)
O trabalho propõe uma análise do filme “Amador” (Amator, 1979), dirigido pelo cineasta polonês Krzysztof Kieslowski. Nesse filme, um operário adquire uma câmera cinematográfica e a percebe como um novo olho capaz de evidenciar contradições do contexto sociopolítico ao redor. Em vista disso, a análise busca uma aproximação do longa-metragem de Kieslowski com o conceito de “cine-olho” desenvolvido pelo cineasta soviético Dziga Vertov.
A jovem passante, a fotogenia e a retomada de imagens
Andrea França Martins (PUC-Rio)
Passeio Público é um curta gestado durante as aulas no curso de cinema na PUC-Rio; um experimento inspirado no conceito de fotogenia como ferramenta ótica e poética capaz de mobilizar a atenção do espectador. O trabalho de montagem com imagens do Rio de Janeiro na década de 1920 ressaltou os aspectos “fotogênicos” da cidade em processo acelerado de modernização; destacou a aparição dos corpos e a relação entre eles: do cinegrafista e da jovem passante, do espectador e dos trabalhadores pobres.
O anatomista especulativo: Filme, Frampton, Frye
Lucas Bastos Guimarães Baptista (USP)
O trabalho propõe uma comparação entre as diretrizes de Hollis Frampton para o pensamento cinematográfico e as fundações teóricas sugeridas por Northrop Frye para os estudos literários. Nos dois casos, a reflexão estética é pautada por critérios como unidade e autonomia, e o autor, neste cenário, torna-se algo como um anatomista especulativo: alguém cujo trabalho alia indução e dedução, o exame concreto das obras e o comentário dos modelos hipotéticos que as cercam.

ST Cinemas em português: aproximações – relações – Sessão 2

18/10/2017 às 11:30 – Sala 6
Beatriz Costa, atriz e comediante portuguesa: a franjinha rebelde
Afrânio Mendes Catani (USP)
Beatriz Costa (1907-1996), atriz portuguesa de teatro e cinema, foi a comediante mais popular do país. Autodidata , aprendeu a ler apenas aos 13 anos; foi ajuntadeira e bordadeira. Debutou como corista aos 15 anos, fez dezenas de revistas e operetas, escreveu 5 livros e filmou 7 vezes – O Diabo em Lisboa (1927), Fátima Milagrosa (1928), Lisboa, Crônica Anedótica (1930), Minha Noite de Núpcias (1931), A Canção de Lisboa (1933), O Trevo de 4 Folhas (1936) e A Aldeia da Roupa Branca (1939).
Trans-posições em “A república di mininus”: alegorias em análise
Morgana Gama de Lima (UFBA)
Embora o discurso alegórico já tenha sido fruto de muitas discussões teóricas, compreender seu funcionamento em produções audiovisuais ainda é um desafio. Considerando que o filme A república di mininus (Flora Gomes, 2011) é uma narrativa marcadamente alegórica, pretende-se observar de que modo as estratégias utilizadas para compor a encenação fílmica contribuem para o que denominamos aqui de “modo de leitura alegórica” ou “alegorizante”, nos moldes da abordagem semiopragmática (ODIN, 2000).

Plataformas transmídia: espaço de experimentação de midias audiovisuai

18/10/2017 às 11:30 – Sala 7
CINE.AR: plataforma transmídia do cinema argentino
João Carlos Massarolo (UFSCar)
Esta apresentação pretende abordar a plataforma transmídia CINE.AR, criada pelo Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais – INCAA, como um espaço de convergências de múltiplas telas para a distribuição de filmes, séries, documentários e curta-metragem, apoiados pelo instituto. Deste modo, o serviço de vídeo sob demanda do INCAA reforça a relação do órgão de fomento do cinema argentino com as audiências do país, o que demanda estudos sobre a sua plataforma transmídia.
Design Transmídia – Modelos de Experiências em Multiplataformas
Dario de Souza Mesquita Júnior (UFSCAR)
A presente apresentação pretende abordar a noção de design transmídia visando o desenvolvimento de projetos para multiplataformas, no qual o audiovisual desempenha um papel estratégico. O estudo do design relacionado a lógica transmídia será feito através da analise de diferentes modelos de propostas conceituais e projetuais de integração de conteudo audiovisual que estimulem a participação e experiêncais de imersão, descritas por Robert Pratten (2015), Gary Hayes (2013) e Nuno Bernardo (2014).
Plataformas transmídia: espaço de experimentação de midias audiovisuais
Joao de Lima Gomes (UFPB)
Vamos colocar em evidência discussões atuais no campo dos estudos das mídias audiovisuais fazendo enlaçe dos debates relativos ao universo transmídia com uma experiência pouco conhecida no nascedouro da televisão seriada nacional que estava articulada com a indústria do entretenimento forte na época (HQs), com a discografia e comercialização de produtos licenciados de vestuário/ adornos em lojas. Ainda inserindo tais experiências num contexto mundial de expansão das mídias audiovisuais.

Crítica, estudo e tradição no cinema brasileiro

18/10/2017 às 11:30 – Sala 8
Dimensões da crítica em Jean-Claude Bernardet e Ismail Xavier
Mateus Araujo Silva (ECA-USP)
A comunicação sugere uma comparação entre as trajetórias e as contribuições críticas de J.-C. Bernardet e I. Xavier aos estudos de cinema no Brasil, atentando para suas convergências e suas diferenças. Suas obras de pensamento nasceram sob a influência comum de Paulo Emílio, e sob o desafio trazido pela emergência do melhor cinema brasileiro moderno (Cinema novo, Cinema marginal e seus desdobramentos), do qual propuseram interpretações que se tornaram nosso patrimônio hermenêutico comum.
Teoria dos cineastas na Saga Filmes: autoria, gênero e grossura lírica
Simplicio Neto Ramos de Sousa (ESPM)
No levantamento da produção escrita publicada de diretores brasileiros, que, a nosso ver, chegaram a criar teorias próprias sobre a “questão realista” no Cinema Nacional, pudemos delinear outra questão correlata, a “questão da comunicação”. As respostas dadas pelo grupo reunido na Saga Filmes de Leon Hirszman serão nosso foco de interesse, e demonstram como esses cineastas elaboraram conceitos únicos, relativos a linguagem, autoria, gênero, e recepção no Cinema, com implicações até hoje
“Das vicissitudes dos estudos acadêmicos de cinema no Brasil de hoje”
Alfredo Luiz Paes de Oliveira Suppia (UNICAMP)Paula Gomes (UNICAMP)
Esta comunicação é livremente inspirada na literatura de Lima Barreto e Nélson Rodrigues, bem como no texto “Estudos de cinema hoje e as vicissitudes da grande teoria”(2005), de David Bordwell. A partir da investigação de alguns “textos-chave”, tentaremos traçar alguns vetores para problemas que acometem os estudos de cinema e audiovisual no Brasil – discutindo inclusive o papel de congressos como a SOCINE no “arejamento” do pensamento cinematográfico no país.

Ficções televisivas I

18/10/2017 às 11:30 – Sala 9
Estilo e autoria nas séries de ficção: uma análise de Fargo
Ludmila Moreira Macedo de Carvalho (UFRB)
Através da análise da série de ficção Fargo (2014-2015), criada pelo roteirista e produtor Noah Hawley a partir do filme de longa-metragem homônimo dos diretores Ethan e Joel Coen, buscaremos verificar em que medida a noção de autoria nas séries de ficção televisivas contemporâneas possui duas dimensões inter-relacionadas: contextualmente, ela atua como uma construção social no campo de produção; textualmente, ela corresponde ao conjunto de marcas estilísticas impressas nas obras.
O Povo vs O.J. Simpson: Continuidade Intensificada nas Séries de TV
Marcel Vieira Barreto Silva (UFPB)
Nesta apresentação, vamos analisar, à luz dos estudos de estilo na televisão e no cinema (BUTLER, 2009; BORDWELL, 2006), o clímax dramático da primeira temporada da série American Crime Story (O Povo vs. O.J. Simpson, 2016). Ao construir a dramaturgia da temporada de modo clássico, em torno do julgamento de O.J. Simpson, a série se vê diante de um dilema: como tornar o clímax dramático num evento de fato potente, se o desfecho já é conhecido? Resposta: com o uso da Continuidade Intensificada.
Memória e narração na tradução televisiva de “Dois Irmãos”
LETICIA XAVIER DE LEMOS CAPANEMA (FIAMFAAM-SP)
Este trabalho busca examinar aspectos da adaptação televisiva do romance “Dois Irmãos” (Milton Hatoum, 2000), realizada por Luiz Fernando Carvalho (direção) e Maria Camargo (roteiro) e exibida pela Rede Globo em 2017. Em particular, coloca-se em relevo as relações entre memória e narração presentes no livro e traduzidas para a minissérie homônima. Para isso, realiza-se uma reflexão sobre a noção de adaptação enquanto tradução, no sentido da transposição criativa entre sistemas sígnicos.

Experimentos sonoros

18/10/2017 às 11:30 – Sala 10
Experimentações com o som na videoarte brasileira nos anos 1970
CLOTILDE BORGES GUIMARÃRS (ECA/USP)
Não nos parece que havia interesse especial em pesquisar a matéria sonora nos primórdios da videoarte, ou de algum contato com a área da música eletroacústica no Brasil de 1970. No entanto, a propriedade intrínseca ao vídeo (de já nascer sonoro) fez com que o experimentalismo das primeiras obras de videoarte brasileiras usasse, vez por outra, o elemento sonoro de forma inusitada. Fato que demonstra a necessidade de uma atenção dos estudos de som sobre esta área da arte contemporânea brasileira.
Campo de neve, ruído branco. O segundo jogo, de Corneliu Porumboiu.
Luiz Garcia Vieira Junior (uff)
A partir de uma fita VHS, o romeno Corneliu Porumboiu realizou O segundo jogo (Al Doilea Joc, 2014). O filme-laboratório consistiu no reemprego integral da gravação de um jogo de futebol, ainda sob a ditadura Ceausescu. O dispositivo procurou convocar memórias para comentar o cenário do país na época. Mas a pouca resolução, a deterioração do VHS, a neve que caía sobre o campo, problemas com o som, interferiram na experiência do filme. Lembranças, embaçamentos, descobertas e cinema em disputa.
O silêncio do ruído
Andreson Silva de Carvalho (ESPM-RJ)
Muito se fala sobre os ruídos existentes no silêncio, mas, e o silêncio do ruído? São vários os exemplos de silenciamento no audiovisual. Alguns contribuem para uma aproximação entre espectador e personagem, buscando representar uma percepção diferenciada e transmitir determinada emoção. Noutros, o ruído parece ser amenizado com o intuito de promover uma despoluição sonora. A paisagem sonora do mundo está cada vez mais ruidosa, mas o audiovisual parece seguir na direção contrária.

Autoficções

18/10/2017 às 11:30 – Sala 11
Autoficção e autoria em “Elena” e “Olmo e a gaivota”
SUÉLLEN RODRIGUES RAMOS DA SILVA (UFPB)
Partindo de diferentes entendimentos do termo autoficção, discutimos tal conceito e a sua modalização para a leitura de obras cinematográficas, sobretudo produções documentais, analisando comparativamente os filmes “Elena” (Petra Costa, 2013) e “Olmo e a gaivota” (Petra Costa e Lea Glob, 2015) enquanto obras exemplares para o fomento de tais reflexões. Sendo a noção de homonímia constituinte da concepção de autoficcionalidade, faz-se oportuno pensarmos acerca da autoria em cada documentário.
Otto e Elena: reciclagens do cinema doméstico no filme-ensaio
Rafael de Almeida (UEG)
Objetiva-se investigar os desdobramentos da adoção de uma linguagem ensaística em filmes que giram em torno ao contexto familiar dos realizadores: Otto (Cao Guimarães, 2012) e Elena (Petra Costa, 2012). Partimos da hipótese de que a linguagem ensaística assumida pelas obras opera uma dupla transformação nos filmes de família originais: por um lado, estrutura-os narrativamente, ressignificando-os; e, por outro, converte a natureza privada dessas imagens em parte de um filme de projeção pública.
Autoria e autobiografia na obra documental de Chantal Akerman
José Francisco Serafim (UFBA)
Esta comunicação tem por objetivo trazer uma reflexão sobre o cinema documental autobiográfico da cineasta belga Chantal Akerman. O documentário autobiográfico e ensaístico é um subgênero que conta na atualidade com uma ampla produção e com um grande número de filmes. Nosso objetivo é refletir sobre esta questão através da análise das estratégias utilizadas por Akerman para a realização de seus documentários autobiográficos, em especial nas obras Letters from Home (1977) e No home movie (2015).

Formas do melodrama

18/10/2017 às 11:30 – Sala 12
A imaginação melodramática: atualidade de um modelo narrativo
Lisandro Nogueira (UFG)
Propõe discutir a atualidade do melodrama no cinema contemporâneo, procurando identificar os elementos estéticos que determinam seu vigor enquanto forma narrativa predominante em filmes contemporâneos da discussão do conceito de “imaginação melodramática”. Estudo comparado dos cânones do melodrama (Griffith, Douglas Sirk) em cotejo com os contemporâneos (Rainer Fassbinder, Mike Leigh, Walter Salles).
O filme histórico e o melodrama: Holocausto e Guerra
Fabio Luciano Francener Pinheiro (UNESPAR Curitiba II)
Buscamos promover um diálogo de dois filmes históricos do cineasta Steven Spielberg, A Lista de Schindler (1993) e O Resgate do Soldado Ryan (1998) com os códigos narrativos e visuais do melodrama, ao mesmo tempo em que discutimos a articulação deste gênero com outros subgêneros aos quais ambos os filmes aderem, o filme de Holocausto e o filme de Guerra. Associamos as análises fílmica e narrativa aos debates motivados pelos dois filmes e sua articulação com o momento em que foram lançados.
Vingança e estética realista em “Matar um Homem”
Ana Ângela Farias Gomes (UFS)
Uma análise do filme “Matar um Homem” (2014), do diretor chileno Alejandro Almendras, que a exemplo de outros filmes latinos recentes, investem num híbrido de estética realista e elementos narrativos de gêneros tradicionais, como a vingança. Se faz sentido a noção de “estética geopolítica” de Jameson (1995), no caso desses filmes a estética realista opera em tom de resistência ideológica. Ao mesmo tempo, marcado pela noção de descentramento, tão própria de nosso cinema recente latino, o filme se

Formas do documentário I

18/10/2017 às 11:30 – Sala 13
Trinh T. Minh-ha: entre a prática e a teoria do documentário
Gustavo Soranz (Uninorte)
Trinh T.Minh-ha ocupa um lugar peculiar no campo do cinema, situada em um intervalo entre a teoria e a prática cinematográficas, conjugando indistintamente ambas as atividades. Sua filmografia e sua produção intelectual surgem em um momento em que a teoria do cinema dedicada ao documentário ainda se consolidava. Pretendemos apontar que ela figura tanto como teórica quanto como objeto de interesse de um movimento em direção ao aprimoramento de uma teoria própria para o cinema de não-ficção.
XAPIRI: O CINE-TRANSE PELAS LENTES E CORES DE UM RITUAL YANOMAMI
Caio de Salvi Lazaneo (USP)Thomaz Marcondes Garcia Pedro (PUC-sp)
Esta comunicação propõe uma análise do filme “Xapiri” (2012), um documentário experimental, poético-obervativo (NICHOLS, 2012) que utiliza de “imagens-eco” (SANTOS; SENRA, 2012), para retratar um ritual xamânico ocorrido em uma aldeia yanomami. Buscaremos compreender “Xapiri” a partir do conceito “cine-transe” (ROUCH, 2003) e possíveis aproximações e disjunções em relação ao filme etnográfico (HIKIJI, 2003; RIBEIRO, 2007) tomando como referência o filme “Os Mestres Loucos” (1955) de Jean Rouch.
O cinema de Sana Na N’Hada, pioneiro na Guiné-Bissau
Fernando Arenas (UMich)
A minha comunicação oferece uma abordagem crítica da obra do cineasta Sana Na N’Hada, um dos maiores vultos culturais da Guiné-Bissau. A fala centra-se nos documentários O regresso de Amílcar Cabral (1976) e Bissau d’Isabel (2005) e nas longa-metragens Xime (1994) e Kadjike (2013). Através da sua carreira, Sana tem construído um arquivo vital abrangendo os períodos colonial tardio e pós-colonial. A fala examina as dimensões éticas, etnográficas e históricas deste importante arquivo fílmico.

PAINEL: Corpo, gesto, performance e mise-en-scène – Coordenação: Jocimar Dias

18/10/2017 às 11:30 – Sala 14
“Manias” na mise-en-scène: a construção gestual de Daniel Day-Lewis
Daiane Freitas Guimarães Gonçalves (UNICAMP)
O presente trabalho pretende analisar o ator britânico Daniel Day-Lewis, enquanto um ator de composição. Verificando seu programa gestual a partir de análises de microgestos, mais especificamente de “manias” de alguns de seus personagens. A partir desses dados pretende-se evidenciar as peculiaridades de construção desse ator para o cinema, dando um espaço a novas teorias sobre o ator cinematográfico.
Eu indecifrável: o ator no underground brasileiro e argentino
Fernanda Andrade Fava (Unicamp)
O artigo propõe uma análise comparativa do trabalho do ator nos filmes O Bandido da Luz Vermelha (1968, Rogério Sganzerla, Brasil) e Puntos Suspensivos (1970, Edgardo Cozarinsky, Argentina). Esta abordagem permite cruzar o estudo da performance, do gestual e do movimento dos corpos em cena com as escolhas de mise-en-scène dos diretores. Pode ser lida ainda na relação de representação e encenação com questões de identidade e alteridade, bem como alegorias e visão de mundo dos cineastas.
A intolerável visão da carne no cinema de Gaspar Noé
Mario Sergio Righetti (UFSCar)
Essa comunicação tem por objetivo refletir sobre os aspectos temático, estético e ideológico da obra do cineasta franco-argentino Gaspar Noé, mais especificamente analisar a maneira como o cineasta filma por meio de uma potencialidade plástica que evidencia a sua força imagética em um caminho batailleano transgressor, para chegar a um cinema com obsessão por uma visualidade explícita e intolerável, exibidora do corpo enquanto carne.
Meio complexo, corpo performático em “Holy Motors” (Leos Carax, 2012)
Isabel Veiga (UFRJ)
No filme “Holy Motors” (Leos Carax, 2012), entramos no domínio da complexidade, isto é, no plano do acentramento, da heterogeneidade e da performance. Nesse movimento de ruptura com um sistema simbólico de representação o filme faz emergir um corpo dotado de novas propriedades e materialidades, cujo trabalho é encenar sequencialmente onze papéis em diferentes contextos. Em um deles, o protagonista encontra seu duplo. O que acontece quando substituímos o mesmo pelo mesmo?

ST Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos – Sessão 1

18/10/2017 às 14:30 – Sala 1
A barbárie da guerra retratada no documentário Fantasmas de Abu Ghraib
Altair Reis de Jesus (SEED-SE)
O cinema é a expressão artística capaz de fascinar os olhares mais diferenciados, pois ao mesmo tempo em que diverte os espectadores pelas imagens em movimento, expõe também, conjecturas sobre a vida social. Neste sentido, se propõe uma abordagem do documentário Fantasmas de Abu Ghraib (Ghosts o f Abu Ghraib, Rory Kennedy, 2007), uma vez que, nos coloca de frente com questões atuais sobre o rumo tomado pela sociedade capitalista sob a liderança dos Estados Unidos.
A infância no documentário – intersecções com as Ciências Sociais
Letizia Osorio Nicoli (UNICAMP)
Este trabalho propõe uma revisão das formas de representação da infância no documentário, observando como as práticas dos documentaristas muitas vezes se aproximam de métodos da Antropologia Visual, da Antropologia fílmica e do cinema etnográfico. Através da análise de exemplos, buscaremos levantar hipóteses acerca dessa relação como uma forma encontrada por documentaristas para lidar com esses sujeitos tão peculiares, com combinações de alteridades múltiplas.
Azov Films: divergências sobre a nudez masculina púbere no audiovisual
João Paulo Lopes de Meira Hergesel (UAM)Carolina de Oliveira Silva (UAM)
Esta pesquisa se propõe a pensar a nudez masculina púbere nos produtos da Azov Films. Questiona-se, com base nas teorias de cinema em conjunto das ciências sociais, se esses filmes se classificariam como documentários sobre naturismo e quais seriam os limites éticos desse fenômeno. Para isso, além de aplicar a análise estilística à mise-en-scène de alguns produtos e discutir seu contexto sociocultural, faz-se um resgate histórico-cultural e do trâmite legal que circunvolve a produtora.

ST Cinema Queer e Feminista – Sessão 1

18/10/2017 às 14:30 – Sala 2
Autorias queer no cinema brasileiro contemporâneo
Dieison Marconi (UFRGS)
A partir de um mapeamento de diretores LGBT brasileiros que apresentam uma trajetória narrativa que tangencia as temáticas de gênero, corpo e sexualidades desde o início dos anos 2000, busco investigar o trabalho desses diretores enquanto modos de autorias queer. Considerando os contornos estéticos, narrativos, políticos, sociais e subjetivos dessas autorias, este texto é um impulso para a construção de um aporte teórico e metodológico para conceber o que são autorias queer no cinema brasileiro.
Quem nos protegeu? Infância afeminada, audiovisual e sexualidade.
VINICIOS KABRAL RIBEIRO (UFRJ)
Como criança afeminada, monstruosa e violentada, demorei muito tempo a entender e a reelaborar certas narrativas que me foram contadas e impostas. Eu sentia vergonha da minha voz, do meu corpo e dos meus desejos. A ausência de imagens, personagens e histórias positivas fora do marco heterossexual acentuavam essa sensação de estranheza e solidão. O objetivo do artigo é buscar um diálogo entre infância, memória, sexualidade, o audiovisual e as marcas desse engendramento em nossas subjetividades.
Queer, Triunfo, Lixo
José Gatti (UFSC)Mauricio Reinaldo Gonçalves (SENAC)
Este trabalho abordará dois filmes realizados nos anos 1980 que assinalam a presença de protagonistas queer: Onda Nova, de José Antonio Garcia e Ícaro Martins (1983) e A Quinta Dimensão do Sexo, de José Mojica Marins (1984). Os dois filmes foram produzidos no contexto da Rua do Triunfo, na Boca do Lixo, conhecida região da zona central de São Paulo na qual se concentravam, nos anos 1980, produtoras de filmes populares, notadamente as comédias eróticas ou pornochanchadas.

ST Cinema e educação – Sessão 1 – Processos Subjetivos, Violência e experiência do fora com Cinema e Educação

18/10/2017 às 14:30 – Sala 3
Cinema e processos subjetivos: a criação em Centros Socioeducativos
Cezar Migliorin (UFF)
A comunicação é um estudo de caso ligado ao trabalho de cinema, educação e direitos humanos em centro Socioeducativos no Recife e em Belo Horizonte. Nos interessa pensar os processos cinematográficos em ambiente bastante específicos, em que meninas e meninos estão privados de liberdade. Os caminhos do cinema por esses espaços nos falam sobre processos institucionais e subjetivos travessados pelas imagens, mas também sobre o próprio cinema, os destinos das imagens e as questões éticas ligadas ao
imagens e violência – cinema em centros socioeducativos
Bruno Paes (UFRJ)Isaac Pipano Alcantarilla (UFF)
Esta breve apresentação surge da urgência de se pensar as políticas socioeducativas dedicadas aos jovens em conflito com a lei. Neste sentido, resgatamos algumas das experiências e relações entre cinema e direitos humanos construídas na primeira e segunda edição do projeto Inventar com a Diferença, em 2014 e 2016. Ao lançarmos luzes sobre a produção audiovisual feita nos centros socioeducativos, buscamos a dimensão ética de suas imagens, trazendo o discurso desses jovens por meio de sua produção
Cinema e Educação: o dentro, o “fora” e o entrelaçado
Gustavo Jardim (UFMG)
Apresentação de análise do cinema em processos formativos junto a professores e alunos. Parte-se de uma formulação teórica para se considerar aspectos relevantes da produção audiovisual engajada na educação. Abordagem de uma perspectiva sobre filmes e experiências colhidas em campo de pesquisa para se pensar sobre os dispositivos criação e os produtos gerados neste contexto. Divididos em três categorias (o dentro, o fora e o entrelaçamento) os problemas se coadunam com imagens cinematográficas.

ST Corpo, gesto, performance e mise en scène – Sessão 1 – Corpo e coreografia

18/10/2017 às 14:30 – Sala 4
Introdução à noção de cinema como dança
Cristian Borges (USP)
Haveria uma natureza coreográfica do cinema que o tornaria um meio privilegiado não apenas para o registro da dança, mas também para sua efetiva revelação em termos fílmicos? Haveria uma dança que, sem ser explícita, conseguisse fazer vibrar o espectador com sua cadência, seu ritmo, sua fluidez anárquica? Uma dança do cinema que se manifesta não apenas em obras “experimentais”, mas também em filmes convencionais? Haveria, enfim, um cinema que só se manifesta plenamente pela dança ou como dança?
DANÇAS FILMADAS: COREOGRAFIA E COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL
JOUBERT DE ALBUQUERQUE ARRAIS (UFCA)
No cinema, há uma certa imagem de dança que permanece estável o suficiente, atravessando tempos históricos distintos: o corpo competente para dançar. Nessa reflexão, danças filmadas tensionam a coreografia como dispositivo da comunicação audiovisual em filmes “de” dança – Acummulations (1971) e Watermotor (1978) – e filmes “sobre” dança – Flashdance (1983), Billy Eliot (2000) e Cisne Negro (2011). Com eles, questionamos o audiovisual na experiência dançada como uma construção comunicacional.
A evolução dos corpos no abrigo da casa
Ana Lucia Lobato de Azevedo (UFPA)
O objetivo desta comunicação é realizar uma leitura do longa-metragem Órfãos do Eldorado (2015), dirigido por Guilherme Coelho, a partir da articulação entre a forma como é modelado o espaço da casa, um dos ambientes centrais em que a narrativa transcorre, o potencial expressivo da coreografia desenvolvida pelos corpos em seu interior, destacando-se posturas, gestos e movimentos dos corpos em sua inteireza, e a experiência sensorial propiciada ao espectador.

ST Interseções Cinema e Arte – Sessão 1 – Estratégias, modelos e formas da arte no cinema

18/10/2017 às 14:30 – Sala 5
Estratégias em 4000 disparos
Annádia Leite Brito (UFRJ)
A partir da obra 4000 disparos, de Jonathas de Andrade, tanto em sua versão de vídeo instalado quanto em seu formato posterior de livro de artista, tem-se como objetivo analisar as estratégias de realização contidas nas estruturas de seus dispositivos, desembocando em um pensamento disruptivo originado através de choques entre formas, tempos e imagens.

ST Teoria e Estética do Som no Audiovisual – Sessão 1

18/10/2017 às 14:30 – Sala 6
A escola francesa de som direto: Antoine Bonfanti e Jean-Pierre Ruh.
Sérgio Puccini Soares (UFJF)
A comunicação irá abordar aspectos ligados a tradição do som direto no cinema francês a partir de dois de seus principais representantes, os técnicos Antoine Bonfanti e Jean-Pierre Ruh. Pretende-se abordar questões de ordem metodológica, relacionadas à prática da filmagem, além implicações estéticas relacionadas a valorização do som direto observada no trabalho de cineastas como Éric Rohmer, do qual Ruh foi um colaborador fiel.
O som documental segundo Jerónimo Labrada
Glauber Brito Matos Lacerda (UESB/UFBA)
Jerónimo Labrada é um projetista de som cubano com grande contribuição nas trilhas sonoras do cinema latino-americano e no ensino de som cinematográfico na Escuela Internacional de Cine y Televisión (EICTV), onde leciona desde a fundação. A partir dos escritos de Labrada, da coleta de entrevistas e depoimentos e da análise de trechos de filmes que trabalhou, a presente comunicação faz um panorama de como o artista compreende a construção da banda sonora no cinema documental.
A experiência sonora e o processo criativo no filme Eugênia no Espaço
Henrique Gomes (UFC)
Através de análise do processo de pesquisa sonora que desenvolvi no curta-metragem “Eugênia no Espaço”, realizado por mim e Juliana Siebra, busco tensionar a abordagem otocêntrica recorrente na pesquisa sonora em artes, para refletir sobre alternativas à captação de som direto e à gravação de campo, levando em consideração a cooperação dos sentidos na experiência perceptiva cotidiana, como sugere a abordagem de Tim Ingold em seu artigo “Against Soundscape”.

Luz, sombra, corpos

18/10/2017 às 14:30 – Sala 7
Luzes, sombras, corpos: a exposição da pele negra no cinema brasileiro
Felipe Corrêa Bomfim (UNICAMP)
Este estudo apresenta e discute um breve arrazoado sobre as formas de exposição da pele negra. Ao nos debruçarmos sobre dois momentos específicos da cinematografia brasileira – condensados em imagens da revista Filme Cultura e filmes de Zózimo Bulbul – buscamos aprofundar as recorrências de recursos de iluminação em peles escuras, como a subexposição e o brilho, a fim de esmiuçar as nuances e investimentos em estudos formais sobre as formas de representação da pele negra no cinema brasileiro.
Luzes, sombras, corpos: a fotografia de narrativas televisivas negras
Marina Cavalcanti Tedesco (UFF)Emília Silveira Silberstein (ESPM)
Queen sugar e Insecure são séries televisivas exibidas em 2016. Apesar possuírem roteiros bem diferentes apresentam em comum terem sido criadas e protagonizadas basicamente por mulheres negras e darem destaque a questões de gênero e raça. A presença quase exclusiva de atrizes e atores negros e as histórias contadas colocam para a direção de fotografia a necessidade de romper com a lógica que a embasou até então. Nesta comunicação abordaremos em que medida isso acontece nas produções citadas.
Luz, sombra, corpos: subversão fotográfica em A morte pede carona
Matheus José Pessoa de Andrade (UFPB)
Nossa asserção é sobre a fotografia cinematográfica em A morte pede carona, dirigido por Robert Harmond, em 1986. Apontamos para o trabalho subversivo do fotógrafo John Seale, cujos princípios de fotometria e contraluz na ação de iluminar os personagens principais são reinventados diante de alguns métodos fotográficos. Assim, a atmosfera visual mostra coerência narrativa em meio a outros procedimentos não usuais, corroborando ainda com o entendimento dos filmes B enquanto lugar inventivo.

Circuitos da crítica

18/10/2017 às 14:30 – Sala 8
Em mundo de telas: crítica e indústria cultural
Esther Hamburger (USP)
Qual a potência da crítica em um mundo saturado por telas em plataformas diferentes, mas conectadas por mecanismos da indústria cultural? Tendo como base análises da manifestação de 17 de junho de 2013 em Sao Paulo, essa apresentação debate as relações entre crítica, movimentos sociais, espetáculo e indústria cultural.
“Crítica”, comentário e paródia: o “falar de cinema” no YouTube
Jose Maria Mendes Pereira Junior (UFPE)
A indústria cinematográfica aposta cada vez mais no “influenciador digital” para gerar conversação em torno de seus grandes lançamentos, fazendo com que realizem, no YouTube, o endosso pago ou espontâneo de seus produtos. Desse modo, faz com que o cinema não apenas vire a pauta de indivíduos como Whindersson Nunes, por um desejo estratégico, mas também seja pauta, por um ordinário senso de conversa comum em torno desse entretenimento, transformando paródia e comentário em “crítica” legitimada.
Reafirmando a autoridade: a crítica de cinema online no Brasil
Rafael Oliveira Carvalho (UFBA)
Pretendemos apresentar aqui os resultados obtidos com a defesa da tese doutoral sobre a crítica de cinema que nasceu na web. Interessa-nos compreender como essa crítica que se emancipou exclusivamente no espaço online lida com a experiência do seu próprio exercício, agora no contexto da era digital. Buscamos trabalhar em uma perspectiva teórico-metodológica interdisciplinar a fim de pensar os dados textuais e contextuais da crítica de cinema online no Brasil.

Do familiar ao histórico

18/10/2017 às 14:30 – Sala 9
Há sempre uma imagem que falta
Roberta Veiga (UFMG)
O cineasta Rithy Panh busca um arquivo, crianças nos campos de trabalho no Camboja: não há. Retorna a aldeia de sua infância roubada: não lembra. Frente à dupla falta da imagem física e mental, Panh cria uma maquete com bonecos de argila. A essa invenção no presente do cinema, a montagem chama o passado pelos arquivos do regime comunista. Ao unir memória e história, esquecimento e imaginação, pode esse dispositivo lúdico-politico, de A imagem que falta, elaborar o trauma e tornar o luto comum?
VARIAÇÕES DA DESMONTAGEM: ARQUITETURA DA TELA EM “PICTURESQUE EPOCHS”
Patricia Rebello da Silva (UERJ)
A tela como um tabuleiro de montagem sobre o qual imagens de arquivo são dispostas em diálogo e tensionamento é o ponto de partida a partir do qual se desdobra uma reflexão a propósito de “Picturesque Epochs” (2016), de Péter Forgács. A protagonista do documentário é Mária Gánóczy. Nascida em 1927, a biografia de Mária e a da história da arte da Hungria se confundem nos inúmeros quadros pintados pela artista e nos milhares de rolos de 8mm de filmes de família e amadores colecionados por ela.
O cinema autodocumental: revisão crítica de uma época.
Candida Maria Monteiro (PUC-Rio)
O artigo discute a hipótese de que o autorretrato fílmico exerce uma crítica política e cultural de um certo período histórico. A partir do documentário The Family Album, de Alan Berliner, a análise discorre sobre a ressignificação realizada através do found footage. A obra/filme se confunde com a crítica cinematográfica. Ambas, tanto a crítica (reflexão) quanto e a obra (prática) produzem um pensamento que possibilita descobertas linguísticas e estéticas no campo audiovisual.

Intertextualidade e metalinguagem

18/10/2017 às 14:30 – Sala 10
Tarantino: entre a intertextualidade e a pós-modernidade
Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff (FIAM)
Sangue em excesso, humor e referências a outros filmes. O cinema de Quentin Tarantino apresenta essas características e o objetivo do artigo é mostrar como ele se identifica com o pós-moderno, por meio da intertextualidade e do absurdo do cotidiano. A metodologia inclui levantamento bibliográfico, realização de entrevistas e análise em profundidade dos filmes “Pulp Fiction” e “Kill Bill”. O referencial teórico inclui autores como Linda Hutcheon, Douglas Kellner, Lev Manovich e Mauro Baptista.
Aspectos hipertextuais no cinema de Jorge Furtado: Montagem e estilo.
DANILO LUNA DE ALBUQUERQUE (UAM)
Esta comunicação tem por objetivo investigar o uso da hipertextualidade como ferramenta de construção narrativa no cinema de Jorge Furtado, observando suas implicações estilísticas na perspectiva da montagem fílmica. O trabalho centra o foco de análise no curta metragem Ilha das Flores (1989) e no longa metragem O homem que copiava (2003), atentando para correlações formais entre as obras na utilização do hipertexto como artifício para a produção de sentido.
Autorreferencialidades em Saneamento básico: o espectador confabulado
Afonso Manoel da Silva Barbosa (UFPB)
Este trabalho pretende analisar dados autorreferenciais do filme Saneamento básico, de Jorge Furtado, observando a obra em sua porção metalinguística e assinalando sua predisposição em desvelar o discurso ficcional (STAM, 1981) ao utilizar-se da representação de uma comunidade interiorana (ROSENFELD, 2004) em seu primeiro contato com a realização cinematográfica. O estudo buscar observar a relação do filme com a recepção (STAM; SHOHAT, 2005), sobretudo em sua porção ficcionalmente representada.

Cinema em Pernambuco I

18/10/2017 às 14:30 – Sala 11
Fernando Spencer: os primeiros passos de um crítico
Alexandre Figueirôa Ferreira (UNICAP)
O jornalista e cineasta Fernando Spencer foi um dos nomes mais importantes do cinema em Pernambuco e da produção jornalística a ele relacionado. Manteve por 40 anos no Diário de Pernambuco um generoso espaço para noticiar, debater e criticar a produção internacional, brasileira e local. Esse trabalho mostra como, já no início de sua carreira, Spencer implementou nos artigos publicados um amplo olhar sobre a arte cinematográfica, não limitando seus textos apenas ao cinema comercial predominante.
O cinema animado dos artistas plásticos de Pernambuco
Marcos Buccini Pio Ribeiro (UFPE)
Desde sua aurora, o cinema de animação vem sendo visitado por artistas plásticos que enxergam no meio a possibilidade de expandir as propriedades da pintura e escultura ao dotá-las de movimento. Neste trabalho, é realizado um panorama da produção animada feita por artistas plásticos pernambucanos. Ao todo, oito filmes, de três diferentes artistas, são discutidos no texto. Observa-se que estas obras trazem inovações em termos de técnica, uso do dispositivo, processos, conceitos e estética.
Imagens do mar no cinema contemporâneo feito em Pernambuco
Amanda Mansur Custódio Nogueira (UFPE)
O cinema feito em Pernambuco se organiza em torno de um ethos, uma condição dos discursos fílmicos que vincula os cineastas ao lugar onde operam na realização. O cineasta filma por si, mas suas imagens e sons são como liames com esse lugar que é, em geral, circunscrito à cidade do Recife. O objetivo desta comunicação é examinar as características estéticas das imagens do mar em obras do cinema contemporâneo feito em Pernambuco, a partir do expressão do mar utópico proposto por Nagib (2006).

Sexualidade, corpo e política

18/10/2017 às 14:30 – Sala 12
Sexualidade no Cinema Argentino: Olhares sobre a obra de Lucía Puenzo
Lady Dayana Silva de Oliveira (UFRN)
O artigo centra na reflexão sobre o olhar feminino nas questões de gênero e sexualidade representadas no cinema argentino. O foco de análise se volta para a obra da cineasta argentina Lucía Puenzo. Nosso interesse guia-se pelas escolhas temáticas da diretora e pela análise dos elementos estéticos que se destacam em sua obra. Puenzo aborda questões de gênero e conflitos em obras que repercutem pela abordagem crítica e atual.
Dançando no Escuro: panóptico e biopolítica no musical
Nicholas Andueza (PUC-Rio)
Em “Dançando no Escuro” (2000), Lars von Trier usa a função metalinguística típica dos musicais para atacar esse mesmo gênero e, com ele, o próprio cinema, desnudando aproximações de ambos (o gênero musical e o cinema) com dispositivos de controle, especificamente controle dos corpos. O artigo analisa procedimentos de imagem que concretizam formalmente esse desnudamento de uma biopolítica ao distanciarem a estética do filme daquela comumente vista nos musicais.
O erotismo em “Um estranho no lago”
Elcio Silva Nunes Basilio (UAM)
Investigar o erotismo no longa “Um estranho no lago” a partir da obra de Georges Bataille.
Através da crítica e de depoimentos do roteirista e diretor Alain Guiraudie, analisar aspectos do enredo que remetam a Bataille, cujo pensamento ressalta a relação entre Eros (pulsão libidinal) e Tânatos (pulsão de morte); a sensualidade do ato transgressor em contraposição à regulação corporal dos Interditos.
A encenação da nudez como postura estética engajada e a representação democrática dos corpos.

Filme de horror

18/10/2017 às 14:30 – Sala 13
O demoníaco universo audiovisual de Häxan, de Benjamin Christensen
Ana Maria Acker (UFRGS / ULBRA)
A proposta investiga aspectos estéticos e narrativos do filme silencioso sueco-dinamarquês Häxan – A Feitiçaria Através dos Tempos (1922), de Benjamin Christensen. A produção aborda bruxaria e demonologia em exploração audiovisual transgressora para a época. O objetivo é discutir imagens do sobrenatural partir da concepção de horror de Eugene Thacker (2011), de pensar sobre um mundo impensável e o desconhecido. Buscamos ainda perceber rastros da obra em realizações de horror contemporâneas.
Fluxos narrativos acelerados nos remakes de horror contemporâneos
Filipe Tavares Falcão Maciel (UFPE)
Uma das características mais notáveis dos remakes do século XXI responde pelos ciclos narrativos acelerados em comparação com as obras originais de décadas atrás. No entanto, essas mesmas características fazem parte de todo o cinema mainstream contemporâneo. Para compreender esse padrão estilístico e relacioná-lo à cultura dos remakes, pretendemos investigar as formas como o próprio contexto sociocultural impulsiona tais mudanças e suas consequências para a experiência estética dos espectadores.
A(s) câmera(s) e a cena na série cinematográfica Atividade paranormal
Rodrigo Terplak (UAM)Rogério Ferraraz (UAM)
Propõe-se um estudo da série “Atividade paranormal” (2009-2015), conjunto de filmes ao estilo found footage, uma hibridização das estruturas narrativas do cinema documentário e de ficção. Observando o found footage de horror, com características que imitam certa estilística amadora, pretende-se analisar os artifícios utilizados na construção dessa série cinematográfica, especialmente um dos elementos de sua composição, a câmera diegética, que simula vídeos caseiros e de sistemas de vigilância.

PAINEL: Exibição cinematográfica e espectatorialidades – Coordenação: Ana Luisa de Castro Coimbra

18/10/2017 às 14:30 – Sala 14
O cinema digital e a subjetividade no documentário brasileiro contempo
César Ramos Macedo (UFJF)
Este trabalho tem como objetivo verificar a relação existente entre o desenvolvimento das novas tecnologias digitais, utilizadas não só no processo de captação audiovisual, mas também na edição e montagem não-linear e a mudança de perspectiva na abordagem do objeto documental, guiada, sobretudo, através de uma presença mais forte da subjetividade no documentário brasileiro contemporâneo. Segundo essas ideias, discutiremos o filme Os Dias com Ele (Maria Clara Escobar, 2013).
A relação espectador-usuário nos documentários interativos
Gustavo de Oliveira (IA – UNICAMP)
Os avanços tecnológicos relacionados a interatividade e imersão têm cada vez mais influenciado na construção de narrativas não-lineares. Diante desse cenário a função exercida pelo espectador é complementada e ele passa a ser um usuário; o objetivo desse trabalho é investigar essa nova relação espectatorial no campo audiovisual.
Slow Cinema em defesa do tempo e duração na experiência espectatorial
Pablo Gea (Unicamp)
O Slow Cinema refere-se a um conjunto de filmes recentes, caracterizados primordialmente pelo uso exacerbado de planos sequências. Abarcando cineastas de diferentes nacionalidades, a duração, seja nos planos longos ou no tempo de projeção, é o elemento pulsante dessa filmografia. Focando em tal elemento, esboçamos uma aproximação com uma experiência espectatorial que, na diluição da imagem em movimento através de diversos dispositivos, retorna à sala de cinema como local primordial de exibição.

ST Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos – Sessão 2

18/10/2017 às 16:30 – Sala 1
“Interseccionalidade” em imagens: uma análise de Pobre Preto Puto
Cristian Carla Bernava (USP)
Esta apresentação tem como objetivo discutir, por meio da análise fílmica, as possibilidades e os limites discursivos presentes na construção das intersecções entre classe, raça e sexualidade em Pobre Preto Puto (Diego Tafarel, 2016), considerando tanto a valorização dos saberes subalternos quanto a crescente importância das abordagens interseccionais para a compreensão das diferenças pelas Ciências Sociais, em especial aquelas que ganham visibilidade também por meio do cinema queer documental.
O espaço imaterial no cinema de Jia zhangke : uma política do olhar
Camilo Soares (UFPE)
A proposta tem como objetivo analisar a abordagem do espaço no cinema de Jia Zhangke como forma de engajamento de consciência política. A estética de Jia faz do registro cinematográfico a imagem do processo de mudanças da China atual, assim como um espaço construído subjetivamente. Tal cinema faz assim uma crítica sutil, mas contundente, da violenta modernização chinesa e suas paisagens históricas destruídas, perda de referências culturais e estresse social da população à margem da economia.
Cinema, sociedade e emoções: revisitando o amor hollywoodiano
Túlio Cunha Rossi (UFF)
Este texto revisita resultados de minha pesquisa de doutorado, publicada em 2015: Uma Sociologia do amor romântico no cinema: Hollywood – anos 1990 – 2000. À luz de novas reflexões, busca-se sublinhar a importância da mídia cinematográfica na construção e manutenção de modos socialmente legitimados de experimentar e comunicar emoções. Para tanto, parte-se das observações da tese focando no amor romântico como apresentado pelo cinema hollywoodiano, ressaltando suas especificidades narrativas.

PAINEL: Teorias dos cineastas I – Coordenação: Roberto Robalinho

18/10/2017 às 16:30 – Sala 2
O tempo do transe no roteiro de Glauber Rocha
Nayla Mendes Ramalho (UnB)
Nosso objeto é um rascunho do roteiro de Terra em Transe. Este roteiro é gesto, no sentido do texto de Agamben, e traz consigo os rastros do processos de escolha estética de Glauber Rocha, que, por sua vez, estão intimamente atrelados a uma política da diferença. A partir de um encontro com Spinoza e sua ética das intensidades, discorreremos sobre o transe que aqui é construção de um tempo singular, resistência do singular contra a ameaça da uniformização do tempo.
O êxtase segundo Werner Herzog
Gilberto Caetano Manea (PPGCINE/UFS)
Operando esteticamente com a categoria de “imagem de pensamento” (denkbilder), de Walter Benjamin e com as meditações sobre o êxtase em Georges Bataille, pretende-se nesta exposição designar algumas linhas de análise e reflexão crítica sobre experiência-limite e êxtase na obra documental de Werner Herzog. Esta análise colocará em relação duas obras de Herzog, “O Grande Êxtase do Entalhador Steiner” (1974) e “A Caverna dos Sonhos Esquecidos” (2010) em correspondência com o narrador benjaminiano.
Os três mundos de Brian De Palma: Inferno, Purgatório e Paraíso
Matheus Cartaxo Domingues (UFPE)
A revisão da obra de Brian De Palma permitiu a constatação de que ela existe de forma análoga ao universo simbólico definido pela divisão entre Inferno, Purgatório e Paraíso: os seus filmes costumam ambientar-se em mundos corruptos dos quais seus protagonistas participam ou tentam libertar-se. Através da análise dos filmes Um Tiro na Noite e O Pagamento Final, será oferecida uma visão do trabalho desse cineasta para além da imagem de artista eminentemente cerebral que foi cristalizada sobre ele.
Uma luz sobre O Pátio, uma análise do curta-metragem de Glauber Rocha
George Rocha Holanda (UFRN)
Diante de toda a importância e estudo que já se realizou da obra de Glauber Rocha, seu curta-metragem O Pátio não teve a mesma atenção da crítica que seus outros filmes, o que se evidencia pelos poucos escritos sobre aquele e ainda por estes se pautarem apenas numa visão neoconcreta. Mas este curta apresenta discussões recorrentes na obra de Glauber Rocha, merecendo uma revisão que não o relegue ao patamar de uma obra inicial, mas que lance uma nova luz sobre este pátio.

PAINEL: Narrativas seriadas – Coordenação: Dario de Sousa Mesquita Junior

18/10/2017 às 16:30 – Sala 3
As protagonistas de Jenji Kohan: entre o american dream e o crime
Bárbara Camirim Almeida Lopes (UFBA)
O presente artigo propõe analisar a construção das personagens Nancy Botwin e Piper Chapman, nos pilotos das séries Weeds e Orange is the New Black, respectivamente. A apresentação destas personagens através da dualidade american dream versus vida no crime é entendida aqui como uma das marcas autorais da roteirista e produtora Jenji Kohan. Desta forma, pretende-se colaborar tanto com os estudos que pensam a autoria em séries televisivas quanto para os que pensam a personagem ficcional.
O narrador metaléptico em House of Cards
Giancarlo Casellato Gozzi (ECA-USP)
Esta apresentação propõe uma análise da 1a temporada do seriado House of Cards (Netflix, focada na figura do protagonista Frank Underwood. Ele faz constante uso de apartes, quando se vira para a câmera e seus espectadores e comenta a ação exibida, indício de uma certa agência por parte do personagem. Contudo, ainda pertence a mesma, sendo não só vitorioso em seus estratagemas mas também vítima de reveses. Esta apresentação focará nesta contradição, em uma abordagem narrativa e dramática.
CARACTERÍSTICAS DO CINEMA MUMBLECORE NA SÉRIE GIRLS
Bárbara Fernandes Vieira de Souza (UFBA)
O presente artigo propõe uma análise das características do mumblecore presentes na série Girls, a partir das escolhas estilísticas da roteirista, produtora, diretora e protagonista da série, Lena Dunham. Exibida pela HBO, de 2012 a 2017, a série tem 6 temporadas. A temática são as relações afetivas, sexuais e amorosas das protagonistas, longe do glamour da juventude em Nova York. Nesse sentido, identifica-se algumas características do cinema mumblecore, que será explorado no trabalho proposto.
A COR NO FIGURINO DO DIABO DE O AUTO DA COMPADECIDA (2000)
PAULA GUIMARÃES DE OLIVEIRA (UFJF)
A cor e o figurino são elementos da linguagem visual que atuam de maneira importante para construção da narrativa dos filmes. Além de comunicar, o figurino é essencial para reconhecimento das personagens, uma vez que é capaz de delimitar época, classe social, ocupação, idade, personalidade e, aliado as cores, ajudam a alcançar o impacto dramático pretendido. O objetivo desse trabalho é analisar de que maneira a cor auxilia na concepção do figurino do Diabo em O Auto da Compadecida (2000).

ST Corpo, gesto, performance e mise en scène – Sessão 2 – Erotismo e pornografia

18/10/2017 às 16:30 – Sala 4
Films d’amour (1969-89): cinzelamento e erotismo no cinema de Lemaître
FABIO RADDI UCHOA (UTP)
Partindo do contexto da vanguarda letrista, se examinará o conjunto de curtas Films d’amour (1969-89), realizados pelo poeta e cineasta Maurice Lemaitre. Tais filmes compartilham a temática do erotismo e a fragmentação audiovisual. O objetivo é contextualizá-los junto à proposta de um cinema cinzelante (Isidore Isou) e, por outro lado, questiona-los na qualidade de exercícios fragmentares e de assincronia audiovisual, que contribuem para a construção de um erotismo particular a ser definido.
Erotismo e o Abjeto em Carlos Reichenbach: Extremos do Prazer
RODRIGO AUGUSTO FERREIRA DE MORAES (UFRJ)
O presente trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla acerca da representação do erotismo e do uso do abjeto na filmografia de Carlos Reichenbach. Para o presente seminário será utilizado o filme “Extremos do Prazer” dirigido em 1984, no qual o diretor coloca em evidência o debate acerca do feminino e do desejo como formas de representação, além do uso do abjeto através da violência de modo a estabelecer um diálogo entre o sadismo o sangue e o erótico.

ST Interseções Cinema e Arte – Sessão 2 – Instalações e cinema expandido

18/10/2017 às 16:30 – Sala 5
E o desenho animado foi à Bienal de Veneza
Annateresa Fabris (USP)
O desenho animado “Imitation of life”, inspirado no estilo dos estúdios Disney das décadas de 1930-1940, foi apresentado na Bienal de Veneza de 2013. Seu autor, Mathias Poledna, associou ao singelo desenho, os bastidores da produção e um cartaz com os nomes de todos os colaboradores. Qual o significado desse tipo de operação? É uma reflexão sobre a indústria cultural? É um exercício de estranhamento de um gênero codificado a partir da criação de uma figura dotada de atributos anticonvencionais?
Extremidades: abordagem crítica em Station to station de Doug Aitken
Christine Pires Nelson de Mello (PUC-SP)
Com o objetivo de contribuir nos debates sobre o estado da crítica relacionados às intersecções entre Cinema e Arte, a presente comunicação propõe a leitura do trabalho Station to station (2013-2015) de Doug Aitken tendo como princípio a abordagem das extremidades.
O testemunho, a montagem e as margens do arquivo
leandro pimentel abreu (UERJ)
Nos registros de testemunhos, a ênfase nas pausas da fala aparece como um dos recursos para realçar aquilo que permanece restrito à experiência íntima. No trabalho Entre l’ecute et la parole, da artista Esther Shalev-Gerz, e no filme Nuremberg, de Christian Delage, o processo de montagem evidencia a memória que foge a uma narrativa. Ao destacar os gestos e os silêncios nas montagens, o texto busca uma reflexão sobre as imagens e os arquivos como lugares de produção de memória.

Nordeste: cinema e música

18/10/2017 às 16:30 – Sala 6
Timbres e Sons: o diabolus in musica na terra de Santa Cruz
Mauricio Monteiro (UAM)
Esse trabalho propõe estudar as sonoridades do filme “O Homem que desafiou o Diabo” de Moacyr Góes (2007). O diretor explorou vários estilos e gêneros, sempre a contemplar a música característica do nordeste brasileiro. A construção do herói Ojuara vem à maneira do imaginário europeu, mas suas ações são tipicamente brasileiras. O Diabo vira Cão Miúdo e samba. Por um lado, modalismo, tonalismo e impressionismo compõem a saga de Ojuara; por outro, o coco, o xote e o samba, desconstroem o Cão Miúdo
Batatinha, o Diplomata do Samba: De Barravento a Sangue Azul
Marcos Pierry (UFMG / Unijorge)
Como ressurge o universo lírico de um sambista em filmes de diferentes épocas e autores? E como sua lírica opera no sentido de cada filme? As indagações ganham força quando se pensa no baiano Oscar da Penha, o Batatinha, que dos anos 1960 à produção recente pontua, de maneira diversificada, em ao menos treze trabalhos. Ora com suas letras transpostas em diálogos, ora com sua figura em cena em documentários ou ainda em ficções, quando o artista encarna personagens de Jorge Amado e de faroestes.
À escuta de “Sophia”
VIRGÍNIA DE OLIVEIRA SILVA (UFPB)
Análise do som (voz, ruído, música e silêncio) em “Sophia” (fic., 15′, PB, 2013) do cineasta paraibano Kennel Rógis, percebendo-o como elemento essencial para a continuidade de suas cenas, sua ambiência e sua significação. Primeiro, realizamos a Análise de Plano a Plano de som e imagem de “Sophia”, depois, analisamos mais detidamente os efeitos sonoros propostos pelo diretor em consonância com a sua equipe de som, bem como os possíveis desdobramentos de sua recepção estética pelos espectadores.

Filme-ensaio

18/10/2017 às 16:30 – Sala 7
Epifania melancólica do real: montagem e alegoria no filme-ensaio.
Alberto Greciano Merino (IFMA)
A presente proposta discute as marcas de constituição e os dispositivos hermenêuticos do filme-ensaio em diálogo convergente com os modos de produção e fruição que estão se utilizando no contexto brasileiro contemporâneo. A fim de elucidar esse fenômeno, vamos atuar analiticamente sobre três níveis de apreensão: a montagem de fragmentos (mashup) e ruínas (found footage), a epifania do tom melancólico e o uso maneirista das figuras retóricas/forma alegórica.
Vanguardas e filmes-ensaio no cinema brasileiro contemporâneo
Denise Trindade (Unesa)
Em uma tentativa de compreensão sobre a atualidade do filmes ensaio no cinema brasileiro contemporâneo, abordaremos neste artigo os filmes “Diário de Sintra” de Paula Gaitán e “Viajo porque preciso, volto porque te amo” de Karim Ainouz e Marcelo Gomes, procurando estabelecer relações entre os filmes de arte das vanguardas e o ensaio fílmico.
Scénario du film Passion, ensaio sob/sobre a criação audiovisual
Lyara Luisa de Oliveira Alvarenga (ECA/USP)
A presente proposta visa retomar à luz da atualidade o ensaio videográfico do cineasta Jean Luc Godard Scénario du film Passion um conteúdo produzido em vídeo em 1982 sob a encomenda da Télévision Suisse Romande posteriormente a realização do filme Passion também de 1982, que se apresenta como uma obra riquíssima sobre o fazer cinematográfico, uma reflexão audiovisual sobre a própria criação audiovisual. Atualizando uma reflexão sobre o fazer audiovisual no contemporâneo.

Cinema e internet

18/10/2017 às 16:30 – Sala 8
A mise en scène da morte na era da proliferação das imagens.
Milton do Prado Franco Neto (Unisinos)
Este trabalho pretende pensar estética e eticamente um dos vídeos mais famosos dos últimos tempos: o assassinato do embaixador russo Andrei Karlov em uma galeria na Turquia. A partir de textos-chave da crítica cinematográfica sobre a representação da morte (especificamente, De L’Abjetcion, de Jacques Rivette e Le Travelling de Kapo, de Serge Daney), propomos a necessidade de uma discussão atualizada de uma antiga questão-tabu no cinema: a morte filmada, só que na era da internet.
Contrato vitalício: Porta dos Fundos, humor e os males do criptotexto
Antonio Carlos Tunico Amancio da Silva (UFF)
Porta dos Fundos é um coletivo de humor com base de operações num canal homônimo na internet, à base de esquetes críticos sobre a sociedade brasileira. Com enorme sucesso on-line, eles criaram um programa na tevê a cabo, uma série e finalmente se aventuraram na produção de um longa metragem. O filme Contrato Vitalício, de 2016, teve uma pífia recepção por parte do público e da crítica. Pretendemos investigar o que esteve em jogo no interior da obra e no site dos analistas da rede.
Cinema brasileiro na Web: novos arranjos produtivos e de circulação
Miriam de Souza Rossini (UFRGS)
Na última década, multiplicaram-se as produtoras que veem a Web como uma de suas estratégias de circulação de produtos. Isso permitiu que pequenas produtoras ou coletivos de produção controlassem o tripé cinematográfico: produção, distribuição, exibição, pois os próprios realizadores podem criar seu canal e disponibilizar seus filmes ou séries, o que deu visibilidades às produções de diferentes lugares do País. A proposta é discutir esse cenário e seu impacto no campo do cinema brasileiro.

Políticas de produção audiovisual

18/10/2017 às 16:30 – Sala 9
Políticas de Regionalização Audiovisual no Brasil: reflexões Iniciais
André Ricardo Araujo Virgens (UFBA)
Esse artigo discute a implementação de políticas de regionalização da produção audiovisual no país. A discussão em torno da possibilidade de ampliação na oferta de fontes produtoras de conteúdo para além do eixo Rio-SP não é recente. Entretanto, esse tipo de política acabou ganhando maior concretude (em tese) com o advento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e da implementação das chamadas políticas de indução regional, estimulando estados e municípios a ampliarem investimentos nessa área.
Documentário e TV pública: o caso emblemático da BBC.
JULIO DE MATOS LIMA (Unicamp)
A BBC tem um complexo modelo de financiamento público, que visa à manutenção tanto da sua independência e imparcialidade, quanto de seus objetivos fundamentais: informar, educar e entreter. O modelo influenciou emissoras e redações mundo afora, remodelando a forma como se fazia jornalismo.
O objetivo do artigo é lançar um olhar crítico sobre em que medida o documentário foi importante para a manutenção do status de TV pública da BBC, traçando paralelos com a TV pública brasileira
LEI 12.485 E AS DIFICULDADES NA COPRODUÇÃO DE CONTEÚDO PARA TV PAGA
MARTA CORREA MACHADO (UFSC)
As consequências que a Lei Federal 12.485/2011 trouxe ao setor audiovisual brasileiro, principalmente na cadeia de produção. Procuramos levantar os problemas enfrentados pelos produtores independentes e os canais de televisão quando negociam acordos de coprodução de projetos. A pesquisa revela que tanto canais como produtores ainda enfrentam várias dificuldades no que se refere à relação na construção de conteúdos competitivos independentes para aquisição e exibição na TV por assinatura.

Autoria e indústria

18/10/2017 às 16:30 – Sala 10
Gênero e Autoria: Algumas Reflexões entre o Western e o Cangaço
Marcelo Dídimo Souza Vieira (UFC)
Estabelecer uma relação entre gênero e autoria não é uma tarefa fácil. Os teóricos costumavam dizer que não há possibilidade de existir autoria no cinema comercial, principalmente em gêneros, e especialmente em Hollywood. O gênero é uma fórmula que se repete, e a repetição às vezes pode se tornar entediante, por isso a variação se faz necessária. E é na variação que os realizadores encontram uma forma de revisitar o mesmo assunto, o mesmo gênero, criando uma abordagem diferente, única e pessoal.
Persistências da autoria nos estudos de cinema.
Gustavo Henrique Ferreira Bittencourt (UFRN)
Esta proposta discute questões de autoria amparadas pela crítica, definindo conceitos relacionados à arte e mercado, levando em consideração sua contextualização histórica. A influência do autor no cinema persiste, apesar dos embates teóricos apresentados desde meados do século passado. Com mudanças ocasionadas pelas tecnologias atuais, princípios autorais são reconfigurados como perspectivas teórico-metodológicas para o pensamento cinematográfico.
Adaptações e transcriações nas indústrias cinematográfica e editorial
Dostoiewski Mariatt de Oliveira Champangnatte (UNIGRANRIO)Anna Paula Soares Lemos (PPGHCA-UNIGRANRIO)
Adaptar uma obra literária para o cinema é um grande desafio, em especial para o roteirista, que é o primeiro a transcriar o texto literário para o texto fílmico, filmável. Este trabalho vai abordar duas forças que agem sobre o roteirista no processo de sua escrita e que determinam seu trabalho no que diz respeito às suas liberdades de adaptação/transcriação: a indústria cinematográfica e a indústria editorial.

Outros corpos

18/10/2017 às 16:30 – Sala 12
Memória e crítica: Coração de cachorro, de Laurie Anderson
Marcos Fabris (USP)
Um cão inicia a reflexão sobre a sociedade norte-americana contemporânea: Coração de cachorro (2016), de Laurie Anderson, narra a relação da diretora com sua rat terrier. O filme não será apenas sobre a morte da amiga canina (ou do companheiro Lou Reed), mas a reunião de memórias e aspectos da história norte-americana artisticamente organizados. Mesclando animação, música, filosofia, arte e cinema, Anderson propõe a questão: preservar a memória histórica e expandir as reflexões estéticas.
Corpo e plasticidade do gesto no cinema de animação
Christiane Quaresma Medeiros (UFPE)
A apresentação propõe um olhar sobre a representação do corpo que é operada na arte da animação. Ao mesclar os atributos do dispositivo cinematográfico (tempo e movimento) a outras artes de representação, como a pintura, o cinema animado engendra uma nova plasticidade para o corpo, a partir da possibilidade de moldar o gesto. A partir daí, a animação se configura como espaço de articulação de novos sentidos e utopias para o corpo, construindo um imaginário particular sobre o mesmo.
As abominações do visível: monstro, excesso e erotismo em La Bête
João Victor de Sousa Cavalcante (UFCA)
O trabalho se dedica a analisar a dimensão limítrofe da monstruosidade no cinema, tendo como objeto de análise o longa-metragem La Bête (1975), do cineasta polonês Walerian Borowczyk. A proposta é discutir o duplo vínculo entre imagem e monstro, a partir de elementos da ordem do erotismo e da bestialidade, temas centrais no filme, que surgem como potências de desarticulação de antinomias culturais rígidas e que problematizam as fronteiras entre natureza e cultura (animal e humano).

Outras experiências

18/10/2017 às 16:30 – Sala 13
Em favor do cinema soviético ordinário: uma curadoria na precariedade.
Alexandre Curtiss Alvarenga (UFES)
Ao partir da ideia de organizar uma ampla mostra e curso de extensão sobre o cinema soviético, que comentasse, através dos filmes, aspectos estéticos, políticos, ideológicos e sociológicos daquele cinema, nos deparamos com maiores problemas do que o previsto, considerando a curadoria desejada. Este trabalho mostra o estado da reflexão alcançada a respeito dos diversos obstáculos a serem superados para a realização da mostra.
Tudo nos trilhos: a experiência do cine-trem na União Soviética
Rafael Fermino Beverari (Unifesp)
No início da década de 1930, um grupo de 32 pessoas – com o apoio do Comissariado do Povo para os Transportes – resolveu percorrer o território soviético através de uma experiência chamada cine-trem. Na ocasião, os envolvidos nesse projeto captavam as imagens, revelavam, montavam e exibiam durante as suas paradas em diversos locais. Diante de um momento pautado pelas demandas do primeiro Plano Quinquenal gerido pelo governo soviético, a comicidade e o bélico se deparam na produção fílmica.
Modernidade e a nova vida: Brasil no cinema alemão nos anos 1950/60
Wolfgang Fuhrmann (UZH)
A palestra vai discutir a imagem do Brasil no cinema alemão na época 1950/1960 tendo como pano de fundo um pequeno grupo de produções de filmes alemão, STEFANIE (Josef von Báky, 1958), STEFANIE NO RIO (Curtis Bernhardt, 1960) e WEIT IST DER WEG (Wolfgang Schleif, 1960). Todos os filmes, como vou argumentar, estão interligados por um motivo comum que coloca o Brasil como um modelo de ponto de referência na agenda política cultural da Alemanha Ocidental após a Segunda Guerra Mundial.

ST Cinema Queer e Feminista – Sessão 2

18/10/2017 às 16:30 – Sala 15
A emergência de discussões feministas na Bollywood contemporânea
Juily Jyotsna Seixas Manghirmalani (UFSCar)
O cinema híndi (Bollywood) está passando por transformações desde o final dos anos 2000. Isso ocorre graças ao grande interesse por questões sociais apresentada por uma nova geração de diretores indianos.
A emergência de um cinema “feminista” é um dos tópicos mais recorrentes, porém está sendo produzido e protagonizado por homens. A premissa dessa apresentação será a visualização dessa nova filmografia e o que realmente acrescenta à militância das mulheres.
Vidas precárias, vidas em trânsito
Alessandra Soares Brandão (UFSC)
A partir de um recorte de precariedade e sobrevivência, este trabalho propõe uma análise da relação entre a perambulação da mulher na cidade em contraste com as forças imobilizadoras do capital. O foco se dá nos modos de sobreviver na e da precariedade quando a falta, o dano, o controle e a vulnerabilidade impulsionam determinadas trajetórias femininas (Dois dias, uma noite; A teta assustada; O céu de Suely, Amor, plástico e barulho) na contramão dos vetores de exclusão do capital.
“Pássaros sem pés”: o que que/e/r o filme lésbico negro?
Ramayana Lira de Sousa (UNISUL)
Partindo do princípio de que o queer forma uma espécie de povo precário que se constitui também no cinema, seja na representação, na criação artística, ou na recepção, esta proposta busca mostrar que um cinema lésbico negro é, antes de tudo, um cinema precário, e que, por isso mesmo, abriga imagens da sobrevivência e atesta a sobrevivência das imagens.

ST Cinema e educação – Sessão 2 – Territórios de Imagens e Cartografias audiovisuais do cinema em educação

18/10/2017 às 16:30 – Sala 16
Cinema e territorialidades: cartografias de som, imagem e afeto
Tatiane Mendes Pinto (UERJ)
O presente estudo investiga experiências de cinema que acontecem em praças públicas e hospitais da cidade do Rio de Janeiro. Através de um percurso cartográfico, observa-se as diferentes instâncias do cinema como possibilidade de criar territorialidades sonoras, visuais e afetivas e assim permitir a vinculação entre os sujeitos. Utiliza-se os pressupostos metodológicos de Virgínia Kastrup (2009) sobre a cartografia, para a qual a tarefa do pesquisador é desterritorializar olhares e conceitos.
Contribuições do atlas para a pesquisa sobre audiovisual e educação
Beatriz Moreira de Azevedo Porto Gonçalves (PUC-Rio)
Esta comunicação insere-se no contexto de uma pesquisa de doutorado que analisa 280 curtas-metragens realizados por instituições da Educação Básica no Brasil, exibidos no Festival do Rio entre os anos de 2000 e 2014. Afastada da decodificação de mensagem e da avaliação técnica/estética de cada vídeo, a organização dos dados em atlas é uma aposta numa forma visual de conhecimento como dispositivo de reflexão crítica sobre o imaginário das instituições de ensino, bem como da pedagogia das imagens.
A(s) pedagogia(s) da imagem em Black Mirror
Ana Paula Nunes (UFRB)
As vanguardas históricas, do início do século XX, representam a manifestação dos primeiros ideais pedagógicos através do cinema, uma pedagogia do olhar. Para Vítor Reia-Batista (1995), há três grandes tipos de dimensão pedagógica da imagem: afirmativa; interrogativa e herege.
Esta comunicação pretende ser um exercício de análise da(s) pedagogia(s) na série britânica Black Mirror, tomando como base três episódios, um de cada temporada: 1) Hino Nacional; 2) Manda quem pode; 3) Odiados pela nação.

ST Teoria e Estética do Som no Audiovisual – Sessão 2

18/10/2017 às 16:30 – Sala 17
As ondas de Martenot e a criação sonora no cinema
Filipe Barros Beltrão (UFPB)
O presente artigo visa investigar a contribuição dos instrumentos de música eletrônica na criação da trilha sonora. Buscamos aprofundar as situações onde a versatilidade de sonoridade encontrada nesses instrumentos propicia uma criação que transcende o lugar da música e invade os efeitos sonoros do filme. Estudaremos particularmente o instrumento musical Ondes Martenot, criado em 1928, utilizado na trilha dos filmes La fin du Monde (1931), L’Idée (1932) e Forbidden Planet (1956).
Análises sobre o uso do sound effect como leitmotiv no cinema
ROBERTA AMBROZIO DE AZEREDO COUTINHO (UFPE)
O artigo pretende problematizar a produção de sentido operada pelo sound effect quando tal elemento é explorado enquanto leitmotiv. Sob a óptica do conceito de “objeto sonoro não identificado”, e por meio da análise fílmica, propomos um estudo desta composição peculiar nos filmes “A mulher sem cabeça” e “Ensaio sobre a cegueira”. Parte-se da hipótese de que estas produções, ao apostarem na inovação dos formatos clássicos do leitmotiv, conferem a este recurso uma intensa potencialidade imersiva
O sopro do vento em Sob a Sombra
Rodrigo Carreiro (UFPE)
Nesta comunicação, pretendemos analisar os usos expressivos do som do vento na produção anglo-jordaniana-qatariana “Sob a Sombra” (2016), do diretor iraniano Babak Anvari. Na obra, os ruídos produzidos pelo vento foram tratados de forma criativa, através de um trabalho de desenho de som ao mesmo tempo tecnicamente simples e conceitualmente sofisticado, para conduzir o espectador em direção a uma experiência afetiva de tensão, desconforto e medo.

19/10/2017


ST Cinema e América Latina: debates estético-historiográficos e culturais – Sessão 3: Documentário latino-americano

19/10/2017 às 09:30 – Sala 1
Documentário moderno brasileiro – o lado B da história
Karla Holanda (UFJF)
Dentre os filmes que compõem a história do documentário moderno brasileiro, praticamente todos têm direção masculina. No entanto, dezenas de diretoras estrearam entre as décadas de 1960 e 1970 e pouco se sabe sobre seus filmes. Isso nos leva a investir na ideia de uma história do cinema moderno brasileiro de autoria feminina como outro lado da história que precisa ser melhor compreendido. É sobre esse outro lado que esta comunicação vai tratar.
Em busca das estaturas miúdas: imaginação e resiliência nos…
denise tavares da silva (UFF)
Em territórios ceifados pela violência, a obrigação da memória – como lembra Sarlo (2007) – parece continuar a se impor, carregando neste movimento, estratégias de quem se sente, de algum modo, apartado da própria história. Tal percepção é travestida de busca das origens em “Abuelos” (2010) e em “Allende, mi abuelo Allende” (2015), e envolvem o modo de narrar, a emersão do espaço biográfico no cenário contemporâneo (Arfuch, 2010) , e certos dilemas que afligem o documentário na América Latina.
VESTÍGIOS DA MEMÓRIA EM NOSTALGIA DA LUZ, DE PATRICIO GUZMÁN
Ana Costa Ribeiro (UERJ)
O trabalho estabelece relações entre memória e paisagem através da noção de vestígio, a partir da análise do filme Nostalgia da Luz, de Patricio Guzmán. No filme, o realizador investiga os mistérios de uma paisagem – o deserto do Atacama – para se questionar acerca da memória de um país – o Chile. Através da observação direta dos vestígios encontrados no céu e na terra do deserto chileno, Guzmán chega à sua principal temática: a memória dos presos políticos desaparecidos na ditadura de Pinochet.

ST Cinema e literatura, palavra e imagem – Sessão 3 – O espaço da palavra no cinema contemporâneo

19/10/2017 às 09:30 – Sala 2
Godard: cinema mundo e adeus à linguagem
Junia Barreto (UnB)
Em Adieu au langage, Godard empreende talvez seu derradeiro exercício de estilo, discurso de larga riqueza de sentidos[incertos]. Marcado pela prodigalidade criativa, empreende na tela colagens e rupturas de imagens, textos e sons. Artista-bricoleur, se despreende de toda convenção fílmica, surpreende com a semiose das artes e a própria biblioteca do mundo, provocando no espectador a experiência do estranho-sublime. Fim da linguagem ou seu devir? Manifesto ou afirmação de um legado? A refletir.
Imagem e narração: Às políticas da memoria nos filmes de Pedro Costa
Marisol Fila (Univ of Michigan)
O trabalho pretende pensar a articulação entre a realidade, a ficção e a memória nos filmes Casa de lava e Juventude em marcha do cineasta Pedro Costa. A partir da análise duma carta que circula através dos filmes e que é constantemente reapropriada, tenta-se demostrar como a carta é capaz de operar como um “discurso para um outro” que se refere não só a um ser amado na distancia, mas a um grupo muito maior de sujeitos marginalizados e, portanto, a um caráter político na transmissão da memoria.
O espaço de palavra e o lugar do espectador no cinema de Rithy Panh
Tomyo Costa Ito (PPGCOM-UFMG)
Propomos pensar os procedimentos cinematográficos de Rithy Panh na filmagem e na montagem de seus documentários que buscam um respeito pela fala de seus personagens e pelo lugar da palavra posta no filme e, em consequência, pelo lugar do espectador. Nossa aposta é que o cineasta cumpre uma exigência ética na produção das imagens, defendida por Marie-José Mondzain (2009), que possibilita ao espectador ocupar um lugar de engajamento com o filme, conferindo-lhe maior espaço no uso das palavras.

ST Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil – Sessão 2

19/10/2017 às 09:30 – Sala 3
ICBA/Bahia 1971-1978 – Espaço de ocupação artística e de resistência
Marise Berta de Souza (UFBA)
Esta proposta tem o objetivo de apresentar o Instituto Cultural Brasil Alemanha, ICBA, como um território de ocupação artística e de resistência política entre os anos de 1971 a 1978. Anos densos em que os artistas enfrentaram o desafio de inventar espaços autônomos de produção e lutar pela liberdade de expressão. Sob a gestão de Roland Schaffner, abrigou experiências de teatro, música, dança, artes visuais e, particularmente, foi um vetor de articulação da cultura cinematográfica.
O mercado exibidor e o vídeo doméstico no Brasil
Filipe Brito Gama (UESB)
A exibição é o elo da cadeia produtiva do audiovisual responsável pela mediação entre público e filme. Além das salas de cinema, as obras cinematográficas circulam por outros segmentos de mercado, visando atingir o público em diferentes “janelas”. Este trabalho trata brevemente da trajetória e das transformações do mercado de vídeo doméstico no Brasil, observando seu declínio nos últimos anos e o crescimento de um novo segmento, através das plataformas de Vídeo Sob Demanda.
Em benefício do cinema, a nostalgia. O caso do Movimento Cine Vaz Lobo
Talitha Gomes Ferraz (ESPM-Rio)
Este trabalho investiga a militância liderada pelos membros do Movimento Cine Vaz Lobo, que, desde 2011, atua em benefício da proteção e reativação das atividades culturais do Cine Vaz Lobo, extinto cinema de rua do bairro homônimo localizado no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro. São observados aqui os modos como as produções de memória e discursos sobre as experiências de ida ao cinema por parte de antigos frequentadores impactam hoje a luta pela retomada do equipamento.

ST O comum e o cinema – Sessão 3

19/10/2017 às 09:30 – Sala 4
Notas para um cinema de ocupação
Pedro Loureiro Severien (UFPE)
A partir de uma outra forma de mobilização social que não inscreve-se mais nos corpos políticos tradicionais hierarquicamente controlados, há também uma reformulação na produção audiovisual enquanto instrumento político. A tese sustentada aqui é a de que a novidade principal diz respeito a uma produção mais horizontal, de autoria compartilhada, que se faz em coletivos audiovisuais emergentes. Ao abordar o Ocupe Estelita enquanto personagem conceitual, é possível falar num cinema de ocupação?
Rememorar para intervir, intervir para rememorar
Vinícius Andrade de Oliveira (UFMG)
Partimos da hipótese de que os documentários engajados que mais sensivelmente abrem suas formas fílmicas aos atravessamentos das lutas sociais travadas nessa década nas cidades brasileiras são aqueles capazes de construir uma legibilidade histórica complexa na abordagem dessas lutas. Analisaremos assim Ressurgentes – um filme de ação direta (Dácia Ibiapina, 2014), com foco em sua articulação entre as temporalidades da urgência e da rememoração, apontando os efeitos dissensuais nele engendrados.
Crônica de um desaparecimento: espaços para um povo em exílio
Maria Ines Dieuzeide Santos Souza (UFMG)
A partir da análise da construção espacial do filme Crônica de um desaparecimento (Elia Suleiman, 1996), nosso trabalho busca compreender as distâncias formais elaboradas no quadro e os modos de ocupar o espaço, articulando-os à discussão do exílio, tanto externo quanto interno – considerando especialmente a disputa territorial e a política de expulsão e despossessão imposta pelo Estado de Israel na Palestina.

ST Teoria dos Cineastas – Sessão 3 – Cineastas: poética e experimentalismo

19/10/2017 às 09:30 – Sala 5
Os filmes e os escritos de P. P. Pasolini: entre a teoria a poética
Marcelo Carvalho da Silva (UFRJ)
P. P. Pasolini assumiu como tarefa não apenas exercer a práxis cinematográfica, como também a teoria do cinema. Em acordo com o que J. Aumont caracterizou como “teorias dos cineastas” (2004), e reverberando discussões levantadas neste ST na Socine de 2016, perguntamo-nos se o pensamento de Pasolini expresso em filmes deveria ser considerado uma poética ou uma teoria: em quais sentidos tais instâncias se distanciariam e/ou se imbricariam?
Teoria experimental na obra de Arthur Omar. Antropolgia Estética
Ivana Bentes (UFRJ)
Uma apresentação das teorias cinematográficas e fotográficas propostas por Arthur Omar a partir de textos e ensaios que acompanham seus filmes, séries fotográficas, instalações. Tendo como ponto de partida o ensaio “O Anti-Documentário Provisoriamente (1972) e o filme-experimento CONGO para chegar na elaboração de uma teoria fotográfica radical no livro “Antes de Ver: Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção (2015). Teorias e obras obre as condições perceptivas do sujeito e do ver.
Roberto Rossellini: em direção a um cinema experimental
Nikola Matevski (USP)
Encontramos no projeto pedagógico de Roberto Rossellini uma redefinição do seu entendimento do cinema como meio epistemológico. Na busca da liberação formal, privando o cinema do acessório e ornamental, Rossellini alcançou depurações e simplificações que desenvolvem uma nova sustentação estética, econômica e política. Iremos analisá-la adotando como objeto o filme “Beaubourg” [1977], buscando aproximações com algumas práticas do cinema experimental.
Jean Renoir: A arte em defesa da unidade
Cícero Pedro Leão de Almeida Oliveira (UFMG)
Os filmes de Jean Renoir são marcados pelo embate entre forças que representam a razão e os sentidos. O filme Rio Sagrado (1951) marca uma mudança em sua obra. Os conflitos permanecem, mas o cineasta passa a se preocupar mais com a posição do artista em uma sociedade segmentada. Criticando a difusão nos tempos modernos e defendendo a unidade de concepção, os últimos filmes de Renoir configuram uma reflexão teórica sobre a arte.

ST Cinemas em português: aproximações – relações – Sessão 3

19/10/2017 às 09:30 – Sala 6
Coproduções no contexto ibero-americano: o caso da produtora Ukbar.
Helyenay Souza Araujo (UERJ/UAlg)
Ao longo de mais de 16 anos, Portugal e Brasil mantêm um intenso relacionamento em torno de produções cinematográficas colaborativas sob o abrigo financeiro do Programa IBERMEDIA. Nesse contexto, uma das produtoras que mais se destaca é a Ukbar, dirigida por Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola, com um perfil transnacional vocacionado para o mercado latino-americano. Esta proposta apresenta uma reflexão sobre esta produtora de alguns dos seus filmes que fazem parte do meu corpus de pesquisa.
Cinemas em português: uma proposta metodológica
Leandro José Luz Riodades de Mendonça (UFF)
Nesta apresentação, logo à partida, define uma categoria, termo comumente utilizado para separar tipos dentro de uma ordem, ou seja, a partir da qual podemos construir uma hierarquização, que serve para organizar um conjunto de noções ou caraterísticas dos objetos estudados. Nesta direção, e recuperando a noção do empirismo lógico onde as categorias são consideradas regras convencionais que regem o uso dos conceitos e nos ajudará a explicar uma metodologia que agrupe esses objetos estéticos.

A semântica da textura na direção de arte

19/10/2017 às 09:30 – Sala 7
Miragens dos afetos: a textura enquanto elemento expressivo em Wong Ka
Elizabeth Motta Jacob (UFRJ)
Este estudo visa analisar como os procedimentos empreendidos pela Direção de Arte de William Chamg nos filmes de Wong Kar-Wai atuam no sentido de amplificar a percepção táctil das imagens através do uso de texturas enquanto elemento expressivo. Tal procedimento que superpõe constantemente estímulos visuais e tactéis visa aprofundar as relações de contato entre as imagens e o espectador provocando vivências sinestésicas neste último.
Texturas da memória e do tempo em Dois irmãos, de L. F. Carvalho
Carolina Bassi de Moura (UNIRIO)
Este trabalho enfocará o caráter háptico da construção da imagem em Dois Irmãos (2017), minissérie transcriada por Luiz Fernando Carvalho para a TV, do romance homônimo de Milton Hatoum. As texturas presentes na obra audiovisual são mais do que necessárias pois significam, nos revelam a história daquela família pelo filtro da memória e nos permitem sentir o tempo, impregnado em camadas em cada traje de cena, objeto ou parede dos cenários, como um palimpsesto.
Favor não tocar. Imagem pungente e impotência em “Amarelo Manga”.
TAINA XAVIER PEREIRA HUHOLD (UNILA)
Esse trabalho lança um olhar para a ambientação cênica do filme “Amarelo Manga” (2003), de Cláudio Assis, com direção de arte de Renata Pinheiro. Busca-se verificar a contribuição aportada pelo uso controlado do elemento visual textura para o efeito provocativo da imagem, na medida em que tal procedimento se apresenta em conjunto com a temática do abjeto e das relações sociais mediadas por opressão, violência e sexualidade.

Cinema brasileiro I

19/10/2017 às 09:30 – Sala 8
Por uma viabilidade autoral – Reichenbach na transição dos anos 80/90
Daniel P. V. Caetano (UFF)
O cineasta Carlos Reichenbach teve trajetória singular entre o dito Cinema Marginal, as produções da Boca do Lixo e iniciativas independentes em diversas fases da carreira. O interesse dessa apresentação é enfocar um determinado período em que Reichenbach, mais uma vez, buscou consolidar uma estrutura que lhe permitisse produzir filmes autorais A fase aqui analisada enfoca a criação de duas empresas: o esforço mal-sucedido da Casa de Imagens e, em seguida, a criação da Dezenove Produções.
Sexualidade, erudição e moralidade: a censura ao filme Anjo Loiro
Caio Túlio Padula Lamas (FRB)
A presente comunicação visa analisar um dos processos de censura mais longevos e emblemáticos de que se tem conhecimento da relação entre o Estado e a pornochanchada, o caso do filme Anjo Loiro. O processo de censura revelou, de forma similar ao de outros filmes já analisados anteriormente, como um filme despretensioso do ponto de vista político poderia ser alvo sistemático da Censura, não só pelo número elevado de cortes, mas pela avaliação mais rigorosa da versão destinada à televisão.
Jabor filma Nelson: tensões entre tragicomédia e pornochanchada
Juliano Rodrigues Pimentel (UFRGS)Guilherme Fumeo Almeida (UFRGS)
Estudo sobre a história do cinema brasileiro a partir de uma análise sócio-estética das confluências entre historiografia e crítica cinematográfica. A reflexão tem como objeto de estudo os filmes O Casamento (1974) e Toda nudez será castigada (1972), ambos adaptações de Nelson Rodrigues por Arnaldo Jabor, como ancoragem empírica para organização de um debate entre as categorias historiográficas de “pornochanchada” e “tragicomédia”.

Cinema negro

19/10/2017 às 09:30 – Sala 9
Cinema Negro Brasileiro. Existe?
Celia Torres (UAM)
A proposta dessa comunicação é a de colocar em discussão a ideia de um cinema negro brasileiro. O questionamento partiu do estudo do manifesto Dogma Feijoada (2000) lançado na 11ª Edição do Festival de Curtas-Metragens, em São Paulo. Para dialogar com as sete propostas do manifesto, será utilizado o filme Barravento (1962) de Glauber Rocha.
Palavras-Chave: Cinema negro, Cinema brasileiro Dogma Feijoada, Barravento.
Odilon Lopez, um pioneiro do cinema negro brasileiro
Noel dos Santos Carvalho (UNICAMP)
Esta comunicação explora a trajetória do cineasta Odilon Lopez. Inicialmente faz uma breve contextualização sobre a centralidade do afro-brasileiro no cinema brasileiro com a eclosão do Cinema Novo e o despontar dos primeiros realizadores negros. Em seguida descreve o percurso cinematográfico de Odilon Lopez na televisão até a realização do seu filme Um é pouco, dois é bom em 1970.
Negritudes, corporeidade e educabilidade no filme Aniceto do Império
Fábio José Paz da Rosa (UFRJ)
O presente artigo tem por objetivo inter-relacionar as ideias de ativismo político, movimentos negros e corporeidades em processos educacionais na trajetória das populações negras. Para isso, trazemos a análise fílmica de Aniceto do Império, em dia de alforria (1981), de Zózimo Bulbul. Se após a abolição, as populações negras tiveram que preservar sua ancestralidade, nos interessa compreender de quais formas o protagonista desse curta-metragem é constituído na atuação sindical e artística.

Cinema e pintura

19/10/2017 às 09:30 – Sala 10
Direção de fotografia e pintura: da analogia à deformação
Rogério Luiz Silva de Oliveira (UESB)
Partindo do princípio da analogia, preconizado nos estudos sobre a imagem fotográfica estática e chegando às ideias de transcrição – apresentado por E.H. Gombrich -, e deformação – tal como propunha Jacques Aumont -, procuraremos evidenciar um entendimento possível sobre a presença dos traços pictóricos na direção de fotografia, a partir da análise de pinturas e planos cinematográficos paralelamente.
Cleópatra de Júlio Bressane: A Voz, o Incarnado
Adriano Carvalho Araújo e Sousa (PUCSP)
Proponho analisar trechos de Cleópatra, pensando o filme como a tradução de um argumento da literatura, em vez de um texto específico. Dois momentos – o ápice intelectual vivenciado com César e o abismo dionisíaco ao lado de Marco Antonio – levam à composição de uma iconografia pictórica e cinematográfica. O plano fixo e a profundidade de campo ajudam a dar o tom e o ritmo. A voz dos atores e a luz da fotografia levam imediatamente a pensar o cômico, mas também o gesto, o incarnado em pintura.
A Anunciação no cinema: uma análise iconográfica de “As Sombras”
Pedro de Andrade Lima Faissol (USP)
Analisaremos o filme “As Sombras” (1982), de Jean-Claude Brisseau, à luz dos elementos plásticos tomados de empréstimo da iconografia da Anunciação. Veremos em que termos o filme retoma alguns dos motivos formais do consagrado dispositivo da pintura renascentista. Ganhará destaque nessa análise o importante trabalho de Daniel Arasse acerca da afinidade particular entre o tema da Anunciação e o instrumento figurativo da perspectiva renascentista.

Adaptações I

19/10/2017 às 09:30 – Sala 11
Brás Cubas e Dom Casmurro: a adaptação da narrativa autoconsciente e não-confiável
Carolina Soares Pires (USP)
A presente pesquisa propõe o estudo das adaptações para cinema e televisão das obras literárias Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas sob o enfoque teórico da teoria da adaptação, concentrando-se específicamente nas questões da narrativa autoconsciente e não-confiável. Com base nessas análises, pretende-se investigar aspectos preponderantes dessas adaptações no terreno específico da narrativa e elaborar questões relativas às implicações dessas relações na adaptação audiovisual.
O(s) fragmento(s) – adaptação audiovisual, memória e referência
MARCELA DUTRA DE OLIVEIRA SOALHEIRO CRUZ (PUC)
Este artigo propõe um encontro inicial entre os estudos de adaptação literária para o audiovisual e a memória, através dos filmes: Lover’s Discourse (2010) e Des Lunettes Noires (2017), adaptações do livro “Fragmentos de um Discurso Amoroso” de Roland Barthes (1978). Pretendemos entender de quais formas as referências da narrativa fragmentada de Barthes interagem com questões presentes no discurso do texto fonte e nas referências imagéticas geradas pela leitura audiovisual dos fragmentos.
LIN E KATAZAN: IMAGENS DE EDARD NAVARRO, PALAVRAS DE CHICO BUARQUE
Maria do Socorro Sillva Carvalho (UNEB)
A partir do cinema de curta-metragem experimental de Edgard Navarro, em particular, o filme Lin e Katazan, nas duas versões, de 1979 e 1986, ambas inspiradas em fragmento da novela Fazenda Modelo; novela pecuária (1974), de Chico Buarque, busca-se ampliar estudos das relações possíveis entre cinema e literatura, imagem e palavra. Nessa perspectiva, é possível pensar em novos significados tanto para os filmes analisados quanto para o texto que sugere suas imagens.

Produção e subjetividade

19/10/2017 às 09:30 – Sala 12
O produtor no cinema contemporâneo. Cotidiano, partilha e resistências
Mannuela Ramos da Costa (UFPE/UFRJ)
Propõe-se uma revisão do papel do produtor no cinema brasileiro contemporâneo, dadas as relações de porosidade que estabelece com diretores e com o ambiente institucional, deslocando-o da esfera gerencial para a criativa. Parte-se de uma leitura dialética de depoimentos dos profissionais, aliada a contribuições de Michel de Certeau, Jaques Rancière e outros, entendendo-o como um elemento-chave das mediações entre o ato artístico e o ambiente institucional que formam o cinema autoral no país.
O Semiárido nordestino em “Na quadrada das águas perdidas” (2011)
Carla Conceição da Silva Paiva (UNEB)
O Semiárido nordestino ou sertão se apresenta como cenário de filmes que impõe uma única visão de mundo sobre o povo nordestino. Contemporaneamente, catalisadas por movimentos sociais e órgãos políticos, novos discursos eclodem, redimensionando o lugar dos sujeitos e das imagens produzidas sobre esses e a natureza, inclusive, no audiovisual local. Face ao exposto, pretendemos analisar a representação dessa região na produção local “Na quadrada das águas perdidas” (2011).
Documentário rondoniense: filmes, realizadores e contextos de produção
Juliano José de Araújo (UNIR)
Esta comunicação parte de uma pesquisa inicial sobre a produção audiovisual de não-ficção de cineastas de Rondônia, nascidos ou radicados no Estado. Se o olhar que captura a Amazônia tem sido mais um olhar de realizadores de fora do que dos sujeitos locais, reiterando estereótipos, qual a cara e a voz do documentário contemporâneo da região? Pretende-se apresentar uma introdução aos filmes, realizadores e contextos de produção do documentário rondoniense para identificar suas linhas de força.

PAINEL: Cinema queer e feminista – Coordenação: Lívia Perez de Paula

19/10/2017 às 09:30 – Sala 13
Marcas receptivas no discurso da crítica nacional sobre filmes “LGBT”
Katarina Kelly Brito Castro (UFBA)
Entendendo a crítica de Cinema como prática receptiva, buscamos investigar como esta crítica constrói seu discurso em torno de obras fílmicas que representem sexualidades consideradas desviantes no contexto Heteronormativo. Para tal, analisamos as críticas online dos filmes O Segredo de Brokeback Mountain e de Azul é a Cor Mais Quente à luz de Staiger e teóricas feministas, a fim de identificar as marcas receptivas que possam refletir o contexto sociocultural no qual os textos foram produzidos.
O Camp como criação estética de novas formas de vida
Ricardo José Gonçalves Duarte Filho (UFRJ)
Na presente comunicação, gostaria de argumentar, através do filme Madame Satã (Karim Aïnouz, 2002), como podemos ver representado nas artes, aqui especialmente a audiovisual, as potências criadoras do Camp e ver o seu emprego como uma possível tática de subversão queer. Parto da hipótese que as cenas disruptivas aqui analisadas, através da performance e do espetáculo, possuem potencial de criação de novas estéticas e afetos.
Assista outra vez: estratégias revisionistas feministas no cinema
Amanda Rosasco Mazzini (UFSCar)
O trabalho propõe a identificação de estratégias revisionistas audiovisuais feministas. Para tanto, nosso objeto de análise fílmica é a obra cinematográfica “Malévola” (“Maleficent”, Robert Stromberg, 2014), revisitação de “A Bela Adormecida” (“Sleeping Beauty”, Clyde Geronimi, 1959), ambas produzidas pela Walt Disney Pictures. Observamos as possíveis maneiras que um filme pode revisitar outro(s) para dar voz a representações da mulher até então adormecidas ou silenciadas.
Feminismo em Grey’s Anatomy como forma de representação e resistência
Virgínia Jangrossi (UFSCar)
Pretende-se analisar a série Grey Anatomy (Shonda Rhimes, 2005 – ) através de três vieses distintos: uma análise qualitativa da televisão, que aponta que conteúdos direcionados a um público de massa e feminino eram considerados artisticamente inferiores; um panorama narrativo, através do uso de teorias feministas e do estudo de três personagens (Meredith Grey, Cristina Yang e Callie Torres); e um paralelo entre o melodrama como ferramenta política na propagação e resistência social feminista.
Bonnie x Bonnie: paralelos entre Bonnie Parker Story e Bonnie&Clyde
Andressa Gordya Lopes dos Santos (UNICAMP)
Elas dirigem noite adentro, poucas horas de sono e um rastro de morte em seus caminhos, ninguém pode obriga-las a servir. Elas querem conquistar e consumir, nem que seja à força. Possuem amantes, mas são mais apaixonadas pelas pistolas que carregam, pelo poder de destruição que significam. Bonnie Parker trouxe personalidade e terror num período em que ser mulher era condenação. Este artigo analisa as representações de Bonnie em dois filmes: The Bonnie Parker Story (1958) e Bonnie&Clyde (1967).

PAINEL: Ensaios no real I – Coordenação: Coraci Bartman Ruiz

19/10/2017 às 09:30 – Sala 14
Corumbiara: relações entre o documentário, o ensaio e o mundo.
Fabiana de Oliveira Assis (FGV)
Este trabalho propõe uma reflexão acerca da tendência que avança sobre o cinema documentário brasileiro contemporâneo: a aproximação à forma ensaística. A partir do documentário Corumbiara, de Vicent Carelli (2009), proponho evidenciar as relações estabelecidas entre o filme e o ensaio no cinema, utilizando elementos inseridos nesta obra como a narração em primeira pessoa e o uso de imagens arquivos, elementos esses que a diferenciam de filmes que priorizam o registro como documento.
Entre o fora e o dentro da cena, o descontrole na construção do “eu”
Txai de Almeida Ferraz (UFMG)
No curta-metragem No interior da minha mãe (2013), de Lucas Sá, o realizador documenta uma viagem de sua família para uma pequena cidade no Maranhão, por meio de experimento que suscita ambiguidades da prática autobiográfica no cinema. A partir da análise da obra e de entrevista com o realizador, propomos examinar a passagem do “eu de fora” da narrativa para o “eu personagem”, construído no filme, e sua implicação com estratégias de descontrole da escritura fílmica.
A voz do filme: Estudo de caso dos filmes Santiago e Pacific
Laís Lima Pinho (UFSCAR)
A questão central da análise aqui proposta, adotando o conceito de voz do documentário, que foi criado pelo pesquisador norte-americano Bill Nichols (2009), esta pesquisa busca reflexões a cerca da relação diretor – sujeito filmado e entre a montagem cinematográfica como construtora da voz do filme a partir de dois representativos da atual produção brasileira: Santiago (João Moreira Salles, 2007) e Pacific (Marcelo Pedroso, 2009).

ST Cinema e América Latina: debates estético-historiográficos e culturais – Sessão 4: A crítica em foco

19/10/2017 às 11:30 – Sala 1
O Pagador de Promessas e sua recepção crítica
Luiz Augusto Coimbra de Rezende Filho (UFRJ)
Este trabalho apresenta o resultado da revisão de uma série de críticas sobre o filme O Pagador de Promessas, publicadas no início dos anos 1960. Destacam-se a repercussão do filme após a sua premiação em Cannes e os debates e controvérsias que se seguiram, especialmente as discussões que pretendiam estabelecer limites para o reconhecimento do filme como parte do movimento do Cinema Novo. Esses debates revelaram a cisão estética e política que já vinha se preparando há pelo menos uma década.
A “descapitalização” do Rio imaginada pela crítica cinematográfica
Eliska Altmann (UFRRJ)
Como continuidade de pesquisa apresentada na Socine de 2016, em que tratei de verificar amostras sobre imaginações do Rio de Janeiro, enquanto capital, pela crítica cinematográfica brasileira, a presente comunicação investiga como o processo de “descapitalização” do Rio foi descrito pelo campo por intermédio de dos filmes: Rio, verão & amor (1966), de Watson Macedo, e El Justicero (1967), de Nelson Pereira dos Santos.
O PENSAMENTO DE ROGÉRIO SGANZERLA SOBRE O ATOR CINEMATOGRÁFICO
ANNA KARINNE MARTINS BALLALAI (USP)
Este trabalho investiga um aspecto pouco abordado acerca da produção do jovem crítico Rogério Sganzerla nos anos 1960: sua preocupação em pensar o trabalho do ator no âmbito do cinema moderno. A hipótese é a de que podemos verificar no pensamento sganzerliano sobre o ator e a personagem cinematográfica a elaboração de um projeto – no sentido sartriano – de cinema moderno, o qual seria concretizado na realização fílmica, e implicaria em repensar a encenação e o papel do diretor cinematográfico.

ST Cinema e literatura, palavra e imagem – Sessão 4 – Trânsitos cruzados entre texto e imagem: crítica, crônica e roteiro

19/10/2017 às 11:30 – Sala 2
Onde começa o mar? Os roteiros não filmados de Mário Peixoto
Pablo Gonçalo (UnB)
A partir de uma análise do roteiro A alma segundo Salustre, de Mário Peixoto, faremos uma prospecção dos filmes escritos, imaginados mas não realizados por esse cineasta marcado pela poesia. Ao propor um conceito de escrita especulativa, a apresentação almeja contribuir no entendimento ontológico dos roteiros não filmados e apontará para vertentes como a potência, a virtualidade, o acaso, a espera e a demora que oscilam entre a palavra e a imagem em obras que ainda não aconteceram nas telas.
Jonas Mekas e a busca por “lampejos de felicidades”
RAFAEL ROSINATO VALLES (PUCRS)
Este trabalho pretende realizar uma análise sobre o texto “Notas sobre alguns filmes novos e a felicidade”, escrito por Jonas Mekas em 1965 e publicado na edição número 37 da revista “Film Culture”. Partimos aqui do pressuposto de que este texto traz muitas questões referenciais para analisarmos a atuação de Mekas não somente como crítico cinematográfico, mas sobretudo como alguém que colocou questões em perspectiva que anos mais tarde se afirmariam na sua própria obra cinematográfica.
A pecadora cardosiana: da coluna “O crime do dia” a Porto das Caixas
Livia Azevedo Lima (ECA-USP)
O primeiro longa de Paulo César Saraceni, Porto das Caixas (1962), conta a história de uma mulher que para libertar-se de sua condição de vida miserável, mata o marido a machadadas A partir da análise do argumento de Lúcio Cardoso (1912-1968) para esse filme, a comunicação pretende observar o diálogo entre a construção da personagem feminina pecadora na escrita fílmica e na prosa de ficção do autor, sobretudo nos seus textos da coluna “O crime do dia”, mantida no jornal A Noite de 1952 a 1953.

ST Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil – Sessão 3

19/10/2017 às 11:30 – Sala 3
Darwin, o imitador do belo sexo: dos palcos às telas
Sancler Ebert (UFSCar)
Esta pesquisa tem como interesse recuperar a trajetória de Darwin, o imitador do belo sexo nos cineteatros do Rio de Janeiro entre as décadas de 1910 e 1930. Pesquisaremos quais eram os cineteatros em que ele se apresentava, como eram os seus espetáculos e quais eram os filmes exibidos junto a eles. Além disso, como a travestilidade era compreendida na época e como o sucesso de Darwin o levou a participar do filme “Augusto Annibal quer casar!” (1923) de Lulu de Barros.
O enterro da discórdia: notas sobre consumo cinematográfico carioca
Pedro Vinicius Asterito Lapera (FBN)
Esta comunicação pretende analisar a formação de uma cultura de classe média no Rio de Janeiro do início do século XX, considerando as práticas em torno do consumo cinematográfico. Tendo como foco um protesto de estudantes universitários contra um exibidor cinematográfico, lançamos, como questão principal: em que medida a realização de um protesto contra o proprietário de um cinematógrafo revela fontes de tensão entre os exibidores cinematográficos e o público?
Que a Força esteja no Cinema: práticas de fãs nas salas de exibição
Pedro Peixoto Curi (ESPM Rio)
Star Wars é, atualmente, a maior franquia cinematográfica existente, com gerações de fãs pelo mundo. Ainda que deva sua popularidade e longevidade a um universo expandido e à presença em múltiplas plataformas, é na sala de cinema que Star Wars ganha força e conquistas novos espectadores, além de fidelizar e renovar a relação com os antigos. No ano em que a saga completa 40 anos, este trabalho busca investigar as práticas de fãs do universo concebido por George Lucas nas salas de cinema.

ST O comum e o cinema – Sessão 4

19/10/2017 às 11:30 – Sala 4
Imagens de um casamento: o cinema doméstico sob a ditadura militar.
Patricia Furtado Mendes Machado (PUC-RJ)Thais Blank (FGV/CPDOC)
O objetivo é investigar as dimensões do público e do privado em filmes domésticos realizados na ditadura militar. Como as imagens do casamento dos militantes Inês Etienne e Jarbas Marques. Única sobrevivente de um centro clandestino de tortura, Inês saiu do presídio por algumas horas. A cerimônia foi filmada por um cinegrafista amigo da família. As películas permaneceram guardadas por décadas. Baseadas na metodologia de Sylvie Lindeperg, propomos recuperar a história da fabricação dessas imagens
Arquivo e montagem anarquívica em A Imagem que Falta
Marcelo Rodrigues Souza Ribeiro (UFG)
Analiso o filme A Imagem que Falta (2013), de Rithy Panh, com base nos conceitos de arquivo – um dos recursos mais explorados pelo cineasta neste e em outros documentários, em busca das imagens que restam do genocídio cambojano – e de anarquivo – que corresponde ao modo como o arquivo é deslocado por meio de uma série de gestos de montagem que visam a fabricar as imagens que faltam do genocídio perpetrado pelo regime dos Khmers Vermelhos, liderado por Pol Pot, de 1975 a 1979.
Tomada e retomada, militância e ensaio no cinema de Chris Marker
Julia Gonçalves Declié Fagioli (UFMG)
No cinema de Chris Marker não é possível separar o cineasta militante do ensaísta. O cinema militante se aproxima do momento da tomada, enquanto o cinema ensaísta remete à retomada. O que buscamos aqui é compreender de que modo esses dois gestos se aproximam e, ainda, pensar a forma como abriga olhares múltiplos em seu cinema, revelando o caráter ao mesmo tempo militante e ensaísta em quatro filmes: Le joli mai (1962), Até logo, eu espero (1967), O fundo do ar é vermelho (1977) e Sem sol (1983).

ST Teoria dos Cineastas – Sessão especial com convidado

19/10/2017 às 11:30 – Sala 5

ST Cinemas em português: aproximações – relações – Sessão 4

19/10/2017 às 11:30 – Sala 6
A criação de arte na obra de João Botelho: Os Maias.
Nívea Faria de Souza (UERJ)
Nesse trabalho pretendo apresentar a direção de arte como uma construção importante para a criação artística audiovisual. Sua “origem criativa” é essencial para os caminhos da construção da imagem da obra cinematográfica. Pretendo compreender a problemática da direção de arte como uma questão a ser resolvida e desenvolvida a partir da relação criativa com a direção na concretização da obra cinematográfica através do estudo do filme Os Maias, de João Botelho
Idiossincrasias da diversidade no filme português O fantasma
Wilton Garcia (Fatec/Uniso)
Este trabalho organiza uma leitura crítico-conceitual sobre a diversidade no filme português “O fantasma” (2000, 90 minutos), com direção de João Pedro Rodrigues. Tal escopo mostra idiossincrasias da diversidade em suas variantes pontuais, a inscrever alteridade e diferença – entre corpo, performance e fetiche. Como resultado dessa escrita ensaística, estratégias discursivas privilegiam a produção de conhecimento e subjetividade no campo do cinema atual (Stam, 2003; Waugh, 2000; Nagib, 2012).
Figurinos e textura espacial: falamos do cinema de Paulo Rocha.
Caterina Cucinotta (CECC)
A partir do filme “Os verdes anos” de Paulo Rocha (1963), vamos começar um percurso de analise e releitura dos frames tentando inserir o figurino como elemento dramático, fundamental na criação de texturas socio-culturais. Para isso, vamos contextualizar a obra do cineasta com as teorias sobre corpo revestido e tentar dar uma leitura diferente desta obra do Novo Cinema Portugues.

Figurações da violência no documentário

19/10/2017 às 11:30 – Sala 7
“Um dia na vida”: princípio de arquivo e desnaturalização da violência
Mariana Duccini Junqueira da Silva (UNICAMP)
O documentário “Um dia na vida” (Eduardo Coutinho, 2010) compõe-se a partir de fragmentos da programação dos canais abertos da TV brasileira. Em um exercício de compilação dos excertos, o filme apresenta como gesto estético fundamental a constituição de um arquivo, ou seja, a articulação orgânica dos elementos segundo um princípio de enunciabilidade. No processo, revela-se o funcionamento de um imaginário em que a violência conforma o sentido de muitas das práticas sociais contemporâneas.
A performance da violência no documentário
Gabriela Machado Ramos de Almeida (ULBRA)
O trabalho apresenta uma proposta de aproximação teórica a documentários políticos contemporâneos a partir da chave da performance, compreendida, à luz de TAYLOR (2013), como comportamento expressivo que transmite memória e identidade cultural. Busca-se investigar a pertinência da noção de performance para a análise de filmes que abordam a violência do Estado e se valem de procedimentos como reencenação da tortura, entrevistas com carrascos e ativação do arquivo como dispositivo de confronto.
Produção e destruição: a guerra e o método dialético de Harun Farocki
Jamer Guterres de Mello (UAM)
Este trabalho procura investigar o método dialético e arqueológico de produção do cineasta Harun Farocki, mecanismo que busca desvelar o que há de violento no intervalo entre as imagens, em relações que normalmente não aparecem em sua dimensão figurativa mais superficial. Em “Reconhecer e Perseguir” (2003) é possível identificar uma reciprocidade entre a indústria do consumo e os aparatos de guerra e, ainda, perceber que a guerra é cada vez mais feita a partir das imagens e das mídias.

Críticos do Brasil

19/10/2017 às 11:30 – Sala 8
As duas faces de Gustavo Dahl em Uirá: entre o realizador e o crítico
Margarida Maria Adamatti (UFSCar)
Em 1974, o cinemanovista Gustavo Dahl lançou Uirá. Pouco tempo depois, tornou-se diretor do setor de distribuição da Embrafilme. Nesse período, ele atuava como crítico do jornal Opinião e inaugurou a seção com uma autoanálise sobre seu filme. Em torno do debate sobre o cinema político e a resistência, a comunicação realiza um cotejo entre a análise fílmica e a recepção crítica de Uirá na imprensa para avaliar os espaços intersticiais entre a atuação de Dahl como crítico e como realizador.
Paraíba, Crítica & Filmes e o realismo “mágico” da criação do cinema.
José Umbelino de Sousa Pinheiro Brasil (UFBA)
Aruanda (Linduarte Noronha e Rucker Vieira, 1959) foi a ruptura qualitativa ocorrida no cinema moderno brasileiro. Carro-chefe do ciclo paraibano, deu os primeiros sinais de vida ao documentário político e social. Aruanda e seus seguidores foram projetos embasados nas críticas formatadas na imprensa paraibana nos fins dos 50 até a década de 60 do século XX;, também, dos intensos debates e embates ocorridos nos cineclubes e nas salas de arte.
É uma crítica filmada ou um documento sobre as obsessões de seu autor?
Daniela Giovana Siqueira (ECA/USP)
Esta proposta se dedica a apresentar o crítico, jornalista e cineasta, João Maurício Amarantes Gomes Leite (1936-1993), buscando cotejar diversos textos críticos escritos por ele durante duas décadas, com um exercício de análise fílmica feito a partir de seu único longa-metragem, A Vida Provisória (1968). A análise busca perceber como a tessitura fílmica conforma em imagens e sons, a percepção sobre cinema postulada durante anos pelo crítico em seus textos.

Abordagens deleuzianas

19/10/2017 às 11:30 – Sala 9
A noção de estilo na abordagem crítica do cinema para Gilles Deleuze
ANDRE LUIS LA SALVIA (UFABC)
No prólogo da obra Imagem-movimento, Deleuze avisa que os grandes autores do cinema são pensadores e que pensam com imagens-movimento e com imagens-tempo. Durante a obra, Deleuze explica que a montagem é quem agencia as imagens e constitui o fluxo de um filme. E mais, existem diferentes formas de montar e elas são as assinaturas dos cineastas, seus estilos. E é para ela que voltamos o interesse da pesquisa: será que noção de estilo seria um tipo de “método” de análise deleuzeano de filmes?
De dentro do espelho: a imagem-cristal em Laura Mulvey e Agnès Varda
Ana Caroline de Almeida (UFPE)
O artigo analisa como o conceito deleuziano de imagem-cristal potencializa uma leitura feminista de duas sequências cinematográficas que, em comum, além de terem sido feito por duas diretoras feministas, usam espelhos como objetos centrais de cena. As sequências estão nos filmes Enigmas da esfinge (1977), de Laura Mulvey, e As praias de Agnès (2008), de Agnès Varda. A partir delas, será feita uma aproximação entre a ideia de imagem-tempo e o debate sobre a condição existencial de ser mulher.
Tensões entre imagem-movimento e imagem-tempo em Linha de Passe
Cyntia Gomes Calhado (PUC-SP/FIAM-FAAM)
Esta comunicação visa examinar como o procedimento audiovisual de tensionamento dos registros da imagem-movimento e imagem-tempo cria zonas fronteiriças entre as plasticidades da imagem e a narrativa. Utilizaremos como objeto desta análise o filme Linha de Passe (Walter Salles, 2008). Por meio de diálogos com o pensamento de Gilles Deleuze, André Parente e Philippe Dubois, o presente estudo pretende demonstrar como a experiência cinematográfica pode produzir novas formas de subjetividade.

Ficções televisivas II

19/10/2017 às 11:30 – Sala 10
Inovação na telenovela? Uma análise da crítica de “Avenida Brasil”
Inara de Amorim Rosas (UFBA)
Partindo dos conceitos da Estética de Recepção que relacionam obra e espectador, este trabalho tem como objetivo avançar no entendimento de aspectos do contexto atual de produção de teledramaturgia, através de análise de críticas da telenovela da Rede Globo Avenida Brasil (2012), observando como elas dialogam com a novela enquanto produto estético e comunicacional e seu contexto de produção, compreendendo o papel desta obra na produção audiovisual brasileira e na cultura contemporânea.
Mundos em dissolução – tragédia em minisséries brasileiras
mariana maciel nepomuceno (UFPE)
A proposta observa a recorrência do trágico nas minisséries dos diretores Luiz Fernando Carvalho e João Luiz Villamarim com a intenção de demarcar tendências na ficção televisiva brasileira. De que maneira essas obras se articulam com a noção grega do trágico? Que diálogos podem estabelecer entre si e com o próprio contexto em que foram exibidas? Apresento alguns apontamentos que possam demarcar aproximações e distanciamentos entre as propostas estéticas e narrativas dos dois diretores.
Holodeck: Uma parede de vidro da verdade e da ilusão?
Ricardo Tsutomu Matsuzawa (UAM)
A comunicação discute o Holodeck no universo Star Trek. Partindo da hipótese que uma máquina no horizonte extremo da tecnologia se coloca na ambiguidade de apontar para uma transparência absoluta, arauto de um “crime perfeito” e um deslumbramento radical do mundo, uma parede de vidro da verdade e da ilusão. Na relação destes polos divergentes que caminham no fio da navalha entre a linguagem como meio de troca simbólica e o seu desbotamento e fragmentação em um futuro distópico da experiência.

Afetos

19/10/2017 às 11:30 – Sala 11
Afetos e Narrativas Mistas em As Mil e Uma Noites, Volume 1 O Inquieto
Thalita Cruz Bastos (UFF)
A proliferação de narrativas mistas na produção audiovisual contemporânea nos desperta para a combinação de estéticas realistas e o artifício para produzir afetos ao tratar de uma realidade social e politicamente complexa. Na trilogia As Mil e Uma Noites, Miguel Gomes promove o diálogo entre gêneros narrativos diversos a fim de promover uma reflexão sobre Portugal contemporâneo e engajar afetivamente o espectador.
Paisagem, natureza e imanência em Post Tenebras Lux de Carlos Reygadas
Mariana Arruda Carneiro da Cunha (UFRN)
Esta comunicação examina as formas de enquadramento da natureza e das figuras humanas na construção de paisagens fílmicas e afetivas em Post Tenebras Lux (2012) de Carlos Reygadas. O filme insere em sua narrativa várias cenas em espaços desconexos que desorganizam a continuidade lógica da narrativa. Com essa estratégia, Reygadas enfatiza o quadro como o lugar das emoções e dos afetos e como elemento que conecta natureza, humanos e animais, revelando o caráter imanente e corporal do filme.
A beleza que petrifica e a imagem como devir: de Kafka a Sokurov.
Marcelo Monteiro Costa (UFBA)
O presente trabalho é uma incursão na dimensão do imaginário e do devir a partir do cinema de Aleksandr Sokurov e da literatura de Kafka. Em comum, a capacidade em construir, presenças, sensações e afetos de difícil classificação; atmosferas aterradoras que parecem regidas por leis gravitacionais próprias. Imagens devires inspiradoras a um só tempo de beleza e horror. Uma beleza que provoca fascínio, mas quando encarada nos olhos, petrifica.

Formas do documentário II

19/10/2017 às 11:30 – Sala 12
Pela reabilitação da entrevista na prática documentária – parte 3
Laécio Ricardo de Aquino Rodrigues (UFPE)
A proposta dialoga com os trabalhos apresentados nos últimos encontros e integra uma reflexão ampla que visa contextualizar o lugar da entrevista no documentário contemporâneo. Primeiramente, a partir de um recorte histórico, mensuramos o esvaziamento deste expediente; na segunda parte, analisamos algumas obras que investem num emprego renovado da entrevista. Nesta 3a etapa, cabe problematizar a montagem como etapa que deveria restituir, em vez de destruir, a fulgurância dos encontros na tomada.
A anti-hospitalidade que habita o fetiche em “Um lugar ao sol”
Carlos Cézar Mascarenhas de Souza (UFS)
Este estudo consiste na realização de uma leitura transdisciplinar envolvendo uma articulação entre os discursos do cinema, da arquitetura, psicanálise e filosofia a partir do filme-documentário “Um Lugar ao Sol”, de Gabriel Mascaro. Para tanto, abordaremos os discursos proferidos pelos sujeitos entrevistados através do documentário, de modo a apontar possíveis implicações entre as noções de “anti-hospitalidade” e “fetiche”, tendo como amparo as contribuições de Jacques Derrida e Jacques Lacan.
Vestígios do tempo: a memória nos(dos) making ofs documentários
Patricia de Oliveira Iuva (UFSC)
Os making ofs documentários (MDocs) realizados concomitantemente aos filmes dos quais falam sobre, evocam sentidos que reverberam na abertura da constituição de uma dada ideia de memória. Partindo da inflexão fenomenológica de Didi-Huberman da dialética do ver, o trabalho propõe um exercício teórico-metodológico sobre os MDocs Burden of Dreams (1982) e The Hamster factor (1996), a fim de compreender a constituição de imagens críticas e o engendramento da memória numa relação de dupla distância.

PAINEL: Cinema e história – Coordenação: Pedro Vaz Peres

19/10/2017 às 11:30 – Sala 13
Alberto Cavalcanti: entre a produção e a direção de cinema.
Tania Arrais de Campos (UNICAMP)
A pesquisa se concentra em torno da figura de Alberto Cavalcanti repartida nas duas principais funções exercidas em sua carreira, a de produtor e a de diretor de cinema, sobretudo na fase brasileira (1949 – 1954). Para tal, partimos de análises de sua trajetória anterior, na França e na Inglaterra, fundamental em sua formação profissional, e de sua filmografia, observando traços e tendências que delineiam o seu cinema, como a recorrência de filmes que abordam questões sociais.
Benedito Junqueira Duarte e sua atuação no cinema científico
Fernanda Teixeira Mendes (UFJF)
Esse trabalho tem por objetivo lançar um olhar sobre o cinema médico-científico produzido pelo paulista B. J. Duarte, especialmente durante a década de 1960, quando mantém uma produção mais dedicada à área. Procuramos compreender a sua carreira como cineasta e mais particularmente a forma como atuava em suas produções, tomando como fonte principal, para além dos filmes, suas críticas, memórias e fotografias.
Cinema e história na obra de Jean-Claude Bernardet
Bárbara Felice (ECA/USP)
Examinaremos as transformações, continuidades e interrupções, do pensamento sobre história e cinema presente na produção escrita e docente de Jean-Claude Bernardet. A análise compreenderá o período de 1965, quando atua como professor substituto de Paulo Emílio Salles Gomes no curso de cinema da UnB, até a publicação de Historiografia Clássica do Cinema Brasileiro, livro centrado na releitura da obra sobre história e cinema brasileiro de Paulo Emílio Salles Gomes, Alex Viany, e outros autores.
Dos primeiros frames à novas histórias – o início do cinema em Sergipe
Luzileide Silva (UFS)
As produções realmente sergipanas se iniciaram no final da década de 1940 com registros produzidos pelo fotógrafo Clemente Freitas na cidade de Estância. No entanto, na capital, Aracaju, as produções cinematográficas têm início apenas da década de 1960 com os cinejornais de Walmir Almeida e mais tarde com produções do ciclo Super8. A proposta desta análise é traçar observações sobre as características da produção cinematográfica de documentários nestes períodos do cinema sergipano.

PAINEL: Tecnologias e convergências – Coordenação: Manuela Ramos da Costa

19/10/2017 às 11:30 – Sala 14
Interseções entre o cinema e a videoarte feita em Pernambuco
Maria da Conceição Fontoura de Paula Cardoso (UFPE)
Pernambuco tem uma produção audiovisual marcante, onde o cinema e o vídeo, desde a década de 90, encontram-se em grande potência de realização. Em algumas produções recentes, podemos perceber o início de uma convergência dessas formas em obras, o que gera um debate sobre os caminhos e novas possibilidades de produção audiovisual local. Esta pesquisa se propõe a investigar os resultados dessas convergências e seu
O NOVO LUGAR DO TRAILER: CASO HBO BRASIL E GAME OF THRONES NO YOUTUBE
Nathalia Michelle Grisi Rezende (UFPB)
A partir da reflexão sobre o papel histórico do trailer como ferramenta de divulgação dos produtos audiovisuais, este artigo propõe uma análise dos vídeos de divulgação publicados no Youtube pela HBO Brasil no período entre a quinta e sexta temporada da série Game Of Thrones. Através das práticas da emissora busca-se perceber o lugar do formato trailer e suas implicações práticas no atual cenário comunicacional, muito mais híbrido e sem limites definidos.
ANÁLISE DOS ESCRITOS DE CINCO GRANDES TEÓRICOS DO CINEMA SOBRE O S3D
Priscilla Barbosa Durand (UFPE)
O trabalho pretende compreender a posição do S3D no cinema bem como o papel do cinema na prática estereoscópica, através do uso da análise de conteúdo para cinco ensaios escritos por cinco grandes teóricos do cinema. A história do cinema S3D, divide-se em quatro períodos de acordo com a progressão da sua estética, narrativa e tecnologia. Nos primórdios destacam-se os ensaios de Eisenstein e Bazin e na atualidade os de Bordwell, Elsaesser e Brown.
A CELERIDADE DO STREAMING E A MOROSIDADE DE UMA NOVA LEI DE REGULAÇÃO
Ivanildo Araujo Nunes (UFS)
O presente estudo infere sobre o serviço streaming e seu impacto na cultura do audiovisual no Brasil. Desde 2011 tem ocorrido discussões entre as agências regulamentadoras, como tributação a meios e regras de produção. Na ausência de uma legalização nacional, estamos inábeis frente a celeridade de vídeos sob demanda, compartilhados por diversas plataformas de mídias, que influenciam mercados e movimentam receitas exorbitantes.

ST Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos – Sessão 3

19/10/2017 às 14:30 – Sala 1
Huillca: o ator social e a auto-representação no cinema andino peruano
Carlos Francisco Pérez Reyna (UFJF)
São poucas as pesquisas que tem se debruçado para tentar entender sobre as molduras sociais e históricas do cinema andino peruano. Desta vez, tomando como pano de fundo o regime militar de Juan Velasco Alvarado em 1968 levantamos as seguintes questões: de que maneira essa política influência a realização de filmes com temas caros ao mundo andino? E, quem são os atores sociais dos filmes desse tempo?
Memória e Esquecimento: o filme como dispositivo de memória coletiva
Lara Santos de Amorim (UFPB)
Propõe-se uma reflexão sobre memória e esquecimento a partir de abordagem que se situe entre antropologia e cinema. Entendendo a cultura como armazenamento de valores e o filme enquanto dispositivo de memória coletiva e suporte de informação em sua forma estética, pretende-se discutir como o filme atua como catalisador dessa memória, preenchendo rastros de esquecimento relacionados a traumas sociais e políticos. Propõe-se a análise de Setenta (2014) e Galeria F (2016) da diretora Emília Silveira
Breves notas sobre a noção de filme como “dispositivo de alerta”
Mauro Luiz Rovai (Unifesp)
A proposta deste texto é explorar a noção de filme como “dispositivo de alerta”. O ponto de partida é o artigo de Jean Cayrol, de 1956, escrito a respeito de Noite e neblina – filme dirigido por Alain Resnais e para o qual o próprio Cayrol havia feito o comentário. Em seguida, pretende-se discutir se é possível aproximar tal noção de outros dois os filmes de Resnais: As estátuas também morrem (1953) e Muriel (1963).

ST Cinema Queer e Feminista – Sessão 3

19/10/2017 às 14:30 – Sala 2
Estratégias de representação do desejo lésbico
Érica Ramos Sarmet dos Santos (UFF)
Este artigo propõe discutir, à luz das discussões feministas contemporâneas, as diferentes estratégias de representação do desejo lésbico por cineastas lésbicas, tendo como ponto de partida a teorização dos conceitos de indiferença sexual e indiferença social propostos por Teresa De Lauretis. Para isso, atenho-me ao tratamento distinto dado por quatro diretoras à encenação do ato sexual entre mulheres: Chantal Akerman, Donna Deitch, Dees Rees e Maria Beatty.
Desejos carnudos: corpos gordos e o háptico na pornografia gay amadora
Erly Milton Vieira Junior (UFES)
Este trabalho busca compreender, a partir de vídeos e gifs de pornografia gay amadora, centrados no sexo entre corpos gordos, as estratégias de envolvimento espectatorial que regem tais imagens. Discutiremos como o princípio da “máxima visibilidade”, identificado na pornografia tradicional, dá lugar a uma valorização do háptico na imagem, proporcionando ao espectador novas formas de fruição e “ressonância carnal”, tensionando assim as formas de emergência de uma sensorialidade queer nesse campo.

ST Cinema e educação – Sessão 3 – Espaços comuns e devires: Cinema e formação

19/10/2017 às 14:30 – Sala 3
Reflexões sobre a formação da cineasta Mbya Guarani Patrícia Ferreira
Clarisse Maria Castro de Alvarenga (UFMG)
No presente trabalho pretendo abordar a emergência da atuação da mulher no cinema Mbya Guarani, com ênfase em seu processo de formação. Vou me deter no trabalho da cineasta Patrícia Ferreira (Keretxu), professora na aldeia Koenju (São Miguel das Missões, RS) e uma das mulheres mais atuantes no quadro de cineastas do Vídeo nas Aldeias. Para analisá-lo, faço uso dos conceitos de comunidade do filme (Alvarenga, 2005) e comunidade de cinema (Guimarães, 2015).
O feedback como um “espaço comum” na prática do documentário
Douglas Resende (UFF)
No decurso de uma pesquisa realizada junto com moradores de uma ocupação urbana de Belo Horizonte, aderimos à prática do feedback (ou do “cinema compartilhado”) como um modo de se produzir um espaço de partilha de experiências audiovisuais e de produção de comunidade, um “espaço comum” de troca e de aprendizagem mútua a abrigar uma pluralidade de olhares que constitui um território.

ST Corpo, gesto, performance e mise en scène – Sessão 3 – Registros do jogo atoral

19/10/2017 às 14:30 – Sala 4
O parecer e o aparecer do ator : registros do jogo atoral
Pedro Maciel Guimaraes Junior (Unicamp)
Visa apresentar e discutir termos que deem conta da dicotomia proposta na história das artes performáticas entre as lógicas representativa e apresentativa. Voltados para o entendimento do jogo atoral, o “parecer” estaria do lado do representativo, da transparência, da identificação; o reinado da mimese. O “aparecer” seria a vertente apresentativa, a negação dessa dimensão, que visa explicitar os processos de encarnação do ator e barrar as possibilidades de identificação.
A questão Brecht: Ôshima e os signos de teatralidade
Pedro de Araujo Nogueira Tinen (Unicamp)
Misturando estratégias Brechtianas com elementos do teatro japonês, O Enforcamento (Koshikei, 1968) evidencia a teatralidade da justiça ao mesmo tempo em que questiona a possibilidade de identificação através da representação. O filme de Nagisa Ôshima expõe o problema teórico acerca dos modos de representação no cinema japonês. Esta comunicação propõe uma revisão do conceito de ‘modo apresentacional’, de Noël Burch em ‘To the Distant Observer’ (1979), a partir de uma análise textual do filme.
O ator da desconfiança no cinema de Christian Petzold
David Ken Gomes Terao (UNICAMP)
A pesquisa visa apresentar o “estado de desconfiança” expressado pelos atores dos filmes de Christian Petzold onde, a partir de uma atuação minimalista e discreta, em que o distanciamento domina o gesto do ator, a encenação expõe as condições de apatia e solidão presentes na Alemanha contemporânea. Atualizando a incorporação do efeito de estranhamento de Brecht ao melodrama proposto por Fassbinder, Petzold propõe uma nova abordagem a gêneros cinematográficos e uma reflexão crítica do espectador.

ST Interseções Cinema e Arte – Sessão 3 – Memórias e arquivos

19/10/2017 às 14:30 – Sala 5
O avesso dos arquivos na instalação “Natureza Morta/Stilleben”
Eduarda Kuhnert (UERJ)
“O arquivo pode dizer tudo e o seu contrário” (FARGE apud SOUSA DIAS, 2012, p.234), afirma a historiadora francesa Arlette Farge. A montagem dos documentos que um dia foram arquivados reorganiza, recompõe e ressignifica a matéria da história. O presente texto analisa a instalação “Natureza Morta/Stilleben”, da diretora Susana de Sousa Dias, baseada na pesquisa realizada nos arquivos da PIDE/DGS, polícia política atuante durante o regime ditatorial em Portugal.
A memória que se ensaia: Já visto, jamais visto e o tempo experimental
Laís Ferreira Oliveira (UFF)
Este artigo reflete como a memória se ensaia em Já visto, jamais visto(Andrea Tonacci, 2013). Analisamos o seu caráter experimental, entendendo-a como não subordinada à cronologia. Recorremos a Adorno (2003) e a Corrigan (2015) sobre o ensaio. Retomamos as teses de Bergson(1990) sobre a memória e as teses de Deleuze acerca da imagem-tempo, imagem-movimento e imagem-cristal. Investigamos o resgate do tempo de forma voluntaria e involuntariamente pela memória, considerando Benjamin (1989).
Documentários de Scorsese: cinema, teatro, literatura e música
Denize Correa Araujo (UTP)Cynthia Schneider (UTP/IFPR)
O objetivo do estudo é a análise de tres biopics de Martin Scorsese, na possibilidade dos mesmos se tornarem testemunhos/memória para o futuro. Como corpus, figuram “Uma carta para Elia”( 2010), sobre Elia Kazan, diretor de teatro e cinema, “Public Speaking” (2010), sobre a escritora Fran Lebovitz e “George Harrison, living in the material world” (2011), retratando o guitarrista dos Beatles. Como referencial teórico, adotamos os conceitos de Beatriz Sarlo, Nichols, Carroll, Renov e Kristeva.

ST Teoria e Estética do Som no Audiovisual – Sessão 3

19/10/2017 às 14:30 – Sala 6
Fronteiras e Ritornelos em O Passo Suspenso da Cegonha de Angelopoulos
JOCIMAR SOARES DIAS JUNIOR (UFF)
A partir de conceitos de Deleuze/Guattari e Herzog, analisaremos duas sequências de O Passo Suspenso da Cegonha (1991), com o intuito de pensar como Theo Angelopoulos coloca no centro da encenação um movimento recíproco de agenciamentos territoriais que se dão, através da música ou do silêncio, em momentos musicais interrompidos, para filmar intercâmbios de ritornelos que insistem em traçar outros mapas e questionar as fronteiras estabelecidas entre Grécia e Albânia.
Cinema e sound-systems: construindo um gênero musical e o som do filme
Leonardo Alvares Vidigal (UFMG)
Diversos gêneros de música popular como o rock, o reggae, o samba, a chanson e as canções indianas contaram com o poder da indústria cinematográfica, assim como trouxeram um novo público para os cinemas. Esta apresentação investiga os filmes sobre reggae e sobre os sound-systems, equipes e aparatos sonoros que tornaram o reggae reconhecível. A ênfase será em como tais filmes construíram uma relação complexa entre som e imagem, por meio de conceitos como arranjo audiovisual e ponto de escuta.
André Abujamra: música e ruído no cinema brasileiro recente
GEÓRGIA CYNARA COELHO DE SOUZA (USP / UEG)
Reflexão sobre a ampliação das possibilidades composicionais pelo uso da tecnologia sonora digital na diluição das fronteiras entre música e ruído, partindo da música de André Abujamra para o cinema brasileiro, em uma época marcada pela globalização da economia, mundialização da cultura e pela ampliação do acesso a sonoridades diversas. Fundamentam este trabalho o método da análise fílmica, o conceito de ruído em Schafer (1992) e Rodriguez (2006) e estudos sobre som no cinema brasileiro.

Pasolini em três tempos

19/10/2017 às 14:30 – Sala 7
“Pasolini”, um Pasolini
Mariarosaria Fabris (USP)
Willem Dafoe declarou estar representando “não ‘o’ Pasolini mas ‘um’ Pasolini”, ao interpretá-lo no filme de Abel Ferrara, colocando em evidência as várias leituras possíveis de um personagem famoso. Uma afirmação em consonância com as intenções do diretor ao recriar os últimos dias do polêmico intelectual. Uma recriação, de um lado, colada nos momentos finais de Pasolini; de outro, baseada em licenças poéticas, pois Ferrara tenta dar conta também de dois projetos inacabados de seu biografado.
A Índia imaginada por Rossellini e Pasolini.
Flavio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) (PUC-Rio)
O presente trabalho pretende analisar os filmes “India: Matri Bhumi “(1959) de Roberto Rossellini e “Appunti per un film sull’India” (1968) de Pier Paolo Pasolini, a fim de identificar o que se revela e particulariza no olhar dos dois realizadores e intelectuais europeus através de uma experiência de evidente alteridade e o que isso representou no âmbito de suas filmografias.
Em busca do retorno do mútuo: as retratações de Pasolini
Davi Pessoa Carneiro Barbosa (UERJ)
A comunicação tem por objetivo ler a contrapelo o documentário “Os muros de Saná” (1969), de Pier Paolo Pasolini, a partir da noção de montagem, retratação, “appunti”, como método de desvio colocado em prática por Pasolini, para repotencializar certos aspectos de suas ações contra as anarquias do Poder, o qual produz genocídios culturais e mutações antropológicas nas sociedades.

Cinema em Pernambuco II

19/10/2017 às 14:30 – Sala 8
As janelas e as portas de Clara: a questão do espaço em “Aquarius”
Fabiano Grendene de Souza (PUCRS)
A comunicação aborda como o filme “Aquarius” (2016), de Kleber Mendonça Filho, trabalha a questão do espaço, mais especificamente os elementos porta e janela. Para tanto, examina as aparições de cada motivo, levando em conta as esferas narrativas, afetivas e de encadeamento de imagens e sons.
Narrativas de pertencimento nos filmes Aquarius e Boi neon
aline lisboa da silva (UFS)
A proposta tem como objetivo averiguar como se desenvolvem as relações entre território, cultura e identidade nos filmes Aquarius (2016) de Kleber Mendonça Filho e Boi neon (2015) de Gabriel Mascaro, ambos resultantes do novo cinema de Pernambuco. Alicerçado no campo teórico dos Estudos culturais, utilizando como base o multiculturalismo e a questão da identidade cultural em Stuart Hall, o trabalho utiliza a metodologia da análise fílmica, examinando tanto questões técnicas, como estéticas.
Resistência e Memória: A Política e a Recepção da Crítica a Aquarius
Regina Lucia Gomes Souza e Silva (UFBA)Wanderley de Mattos Teixeira Neto (UFBA)
Através das críticas nacionais e estrangeiras de Aquarius (2016) e a partir dos estudos históricos contextualistas de Janet Staiger e David Bordwell, objetivamos compreendê-las como práticas receptivas do filme de Kleber Mendonça Filho em seu contexto lançamento, levando em consideração o momento político do Brasil em 2016 e o ato do cineasta no Festival de Cannes. Percebemos que a obra foi encarada como um estudo de personagem, mas também como uma metáfora do posicionamento do seu cineasta.

Cartografias da crítica

19/10/2017 às 14:30 – Sala 9
Cartografía y lectura crítica de la crítica de cine en Chile
María Marcela Parada (PUC Chile)
Este trabajo toma como base los resultados de la investigación “Mapa de los estudios de cine en Chile (2005-2015)”, proyecto financiado por el Fondo de Fomento Audiovisual de Chile convocatoria 2016. Para efectos de este estudio, nos concentramos en analizar los textos cartografiados que refieren al gran tema de la crítica cinematográfica en Chile. Interesa dar cuenta del estado de campo en esta materia y deslindar, en base a los textos examinados, qué se declara entender por la crítica de cine.
O Estado e o cinema: o Caderno 2 e a Retomada nos anos 1990
Márcio Rodrigo Ribeiro (UNESP -IA – campus S)
Por meio da análise de quatro cadernos especiais do Caderno 2, de O Estado de S. Paulo – publicados em março de 1995, março de 1996, março de 1999 e setembro de 2004, o objetivo desse trabalho é analisar a importância que reportagens e críticas publicadas no Estadão tiveram neste período para que o cinema brasileiro saísse de seu quase total colapso nos anos iniciais da presidência de Fernando Collor de Mello e voltasse a produzir cada vez mais longas-metragens no Brasil entre 1995 e 2002.
Cinéma beur: as impressões iniciais do movimento pela crítica francesa
Ryan Brandão Barbosa Reinh de Assis (UFJF)
Aqui, analisaremos as edições da Cinématographe (nº 112) e da CinémAction (nº 56), que utilizaram a expressão cinéma beur para indicar um conjunto de filmes realizados na França. Logo, a partir de uma reflexão sobre o significado desta terminologia, avaliaremos o conteúdo das publicações e a importância delas apresentarem, ao seu público, um movimento, até o momento, pouco explorado pelas demais revistas especializadas em cinema no país, mas que faz menção a questões urgentes e necessárias.

Formas não-humanas

19/10/2017 às 14:30 – Sala 10
Vida e Morte em “Cemitério do Esplendor”, de Apichatpong Weerasethakul
Henrique Codato (UFC)
A partir da noção do duplo em sua acepção psicanalítica, mas considerando-a também do ponto de vista da antropologia, da filosofia e da literatura, e com o auxílio de alguns importantes autores que se dedicaram a pensar a morte – Roland Barthes, Georges Bataille, Edgar Morin, Jacques Derrida, André Habib – proponho examinar como o binômio morte/vida opera como força motriz para o filme “Cemitério do Esplendor”, tanto no âmbito da narrativa, quanto em seus aspectos formais e visuais.
O “animal” no cinema e as figuras da distância: uma metodologia
Luís Fernando Lira Barros Correia de Moura (UFMG)
Diante de filmes que figuram bichos, tenho me dedicado a descrever formas de articulação da distância entre animais humanos e não humanos, à medida que se cruzam problemas da política da estética e da cosmopolítica em ambiente especulativo próprio à fabulação cinematográfica. Neste sentido, venho discutir proposta metodológica para pesquisa de doutorado, cujo objetivo primeiro é, com atenção à diversidade dos artefatos, ensaiar uma genealogia do que chamo “figuras da distância”.
Como lembrar os vencidos da historia? Uma leitura benjaminiana do “gótico tropical”
Marc Berdet (USP)
Esta comunicação se inspira no método de crítica literária praticada pelo filosofo alemão Walter Benjamin em Origem do drama barroco alemão (1928) para desvelar a origem do gótico tropical colombiano (1982-1986), seja do ponto de vista de crítica social, a energia criativa de um coletivo efêmero de jovens utopistas frente a um mundo abalado por grandes mudanças políticas, seja do ponto de vista de crítica estética, o encontro sulfuroso entre uma crítica social e uma antropologia do mal.

Cinema de longa duração

19/10/2017 às 14:30 – Sala 11
A longa duração em Lav Diaz: obstáculo ou deleite para a crítica?
Lúcia Ramos Monteiro (ECA-USP)
Com filmes de oito ou horas, o cineasta filipino Lav Diaz é um dos pilares da propalada tendência atual do cinema independente à longa duração (DE LUCA e JORGE, 2016). Pretendo abordar a questão sob o prisma metodológico. A prevalência, na crítica, de comentários sobre a duração inabitual em detrimento de outros aspectos indicaria dificuldade metodológica ou deleite cinefílico? Como transmitir, através da reprodução de fotogramas ou trechos, a experiência da duração?
A Longa Duração de Petróleo Bruto, de Wang Bing
Cecília Antakly de Mello (USP)
Wang Bing é um documentarista chinês da geração digital dado à realização de filmes de longa duração, excedendo com frequência o padrão dos chamados ‘longas-metragens’. Minha intenção nessa comunicação será investigar as motivações estéticas e políticas por trás da duração de seu filme mais longo, Petróleo Bruto (Cai You Ri Ji), de 2008, que dedica 840 minutos (14 horas) a um dia na vida de trabalhadores em campos de petróleo no noroeste da China.
Estender o instante: a longa-duração em Out 1 de Jacques Rivette
Maria Leite Chiaretti (USP)
Nesta comunicação iremos empreender um gesto duplo de análise: de um lado, identificaremos a radicalização do método de criação nesta versão “Out 1 – Noli me tangere” (1970, 12h40) em relação à obra de Rivette, e de outro, compararemos Out 1 a filmes longos ou episódicos que influenciaram o cineasta, tais como “Fantômas” [1913], “Les Vampirs” [1915], “Tih Minh” [1918] de Louis Feuillade e “Petit à petit” (1968-1970) de Jean Rouch.

Inovações técnicas e metodológicas

19/10/2017 às 14:30 – Sala 12
A voz da interface no i-doc
Gianna Gobbo Larocca (UERJ)
O documentário interativo é um gênero híbrido que abrange o saber-fazer das áreas do documentário e do design de interação. Na área de design de interação é frequente uma abordagem que prima pela transparência e atua na negação de seu discurso, enquanto no estudo do documentário destaca-se uma filiação do gênero à tradição retórica (Nichols, 2014). Este trabalho visa investigar a “voz” do i-doc a partir dessas tensões projetuais-discursivas, tomando como estudo de caso a obra de Jonathan Harris.
Lifelogging: experiências narrativas do self com câmeras vestíveis
Tarcisio Torres Silva (PUCCAMP)
Este trabalho reflete sobre o uso de novas tecnologias portáteis de captação de imagens, com as câmeras de ação GoPro e Action Cam e câmeras de registro frequente do cotidiano, como a Narrative Clip. Com o advento desses aparelhos em escala comercial, cria-se uma estética em rede digital, voltada para a imagem de si, a produção de arquivos, além das experiências com o corpo e o sentido háptico. Como resultado, apresentamos uma melhor compreensão desse tipo de estética visual em ascensão.
Cinema quantificado, aplicações de métodos de análise audiovisual
Roberto Tietzmann (PUCRS)
A análise fílmica tradicionalmente envolveu mais interpretação e subjetividade de seus praticantes do que aspectos de processamento técnico. A ideia de um filme como uma potencial fonte de dados parte de Salt (1974) e continua a influenciar estudos de Manovich (2002) e Tsivian (2009) entre outros. Nesta comunicação problematizamos a relação entre metodologias de análise de dados audiovisuais e relatamos os resultados de um projeto de pesquisa dedicado à área, suas possibilidades e limitações.

Arquivos, história e memória

19/10/2017 às 14:30 – Sala 13
Imagens do Estado Novo 1937-45: reflexividade e montagem de arquivos
Márcio Zanetti Negrini (PUCRS)
Propomos discutir como Imagens do Estado Novo 1937-45, de Eduardo Escorel, reflexiona sobre o seu processo de montagem. A narrativa relaciona arquivos dos filmes de propaganda do Estado Novo com arquivos do cotidiano das ruas, do cotidiano doméstico de populares, o diário pessoal de Getúlio Vargas e, ainda, arquivos dos cinejornais de governos estrangeiros. A montagem desse filme nos mostra que não esquecer o passado é criar uma tensão sobre o presente por meio da ressignificação de arquivos.
Reflexão sobre imagem e crítica da violência em Marker,Godard e Guzmán
Luís Henrique Barbosa Leal Maranhão (UFRB)
Se a produção contemporânea de imagens é, hoje, sensivelmente atravessada pela reprodução, quais articulações de imagens seriam capazes de romper com a mera reprodução e estabelecer uma crítica do presente? Partindo dessa questão, proponho pensar como, através dos recursos de montagem e do uso do comentário, diretores como Marker, Godard e Guzmán interrogam as imagens e estabelecem, em diferentes obras, uma reflexão sobre a violência, a condição estética e o caráter histórico das imagens.
MEMÓRIA, MÍDIA E CRIMINOLOGIA: casos brasileiros (1988-2016)
Corália Thalita Viana Almeida Leite (UESB)
Este trabalho se destina a apresentar algumas discussões abordadas pela tese de doutoramento intitulada: “Memória, Mídia E Pensamento Criminológico: enfoque em casos brasileiros (1988-2016)”, onde analisamos o impacto dos discursos midiáticos, por meio da chamada Criminologia Midiática, sobre o sistema penal, potencializando a elaboração de leis penais e processuais mais gravosas e/ou a imposição de penas mais severas aos acusados, por ocasião da condenação.

PAINEL: O comum e o cinema – Coordenação: Letizia Osorio Nicoli

19/10/2017 às 14:30 – Sala 14
O documentário alagoano contemporâneo e a figura do sujeito comum
Leandro Alves da Silva (UFS)
O trabalho vai analisar como os documentários alagoanos, emergidos de oficinas de formação audiovisuais, retratam o sujeito comum. A pesquisa consiste em contextualizar a relevância do ciclo de oficinas de formação audiovisuais em Alagoas e a partir de uma primeira incursão empírica, relativa ao conjunto de filmes realizados, chegar à predominância qualitativa de filmes centrados em sujeitos comuns para realizar uma breve análise qualitativa desses filmes.
Em busca dos “Zés-ninguém”: Individuação no cinema de Jia Zhangke
Ítalo Rocha Viana (PUC-Rio)
Em uma época marcada pela massificação midiática e por individualizações mercadológicas, alguns cineastas propõem caminhos distintos ao filmar o outro. O cinema de Jia Zhangke, ao efetivar individuações de anônimos, invisíveis, ao recusar a lógica dos “zés-ninguém”, assinala um gesto estético e político que tensiona a relação espaço-tempo de um mundo em que o presente se torna cada vez mais estranhado. Ante a ficção do progresso, a imagem que se prolonga e resiste.
A tarefa do cineasta: problemas de tradução no filme Kurdish Lover
Ana Luiza Rocha de Siqueira (UFMG)
Como a ausência de um idioma comum, ou a passagem de uma língua a outra, no interior do filme, atuam na escritura de um obra, constituindo-se como elemento produtivo? Através do documentário Kurdish Lover, de Clarisse Hahn, abordaremos a relação entre cinema e tradução, investigando como situações de diferença lingüística produzem efeitos narrativos e de que maneira o filme se constitui como espaço comum ou de compartilhamento, sem que essas diferenças sejam apagadas ou apaziguadas.
A memória da cidade na websérie “Cinema de Rua em Juiz de Fora”
Valéria Fabri Carneiro Marques (UFJF)
Os chamados cinemas de rua, salas exibidoras com as portas abertas para as vias públicas, constituíram-se como uma forma sigular de experiência da cidade. O ritual de ir ao cinema motivou a criação de laços de sociabilidade e de um imaginário urbano intrinsecamente ligado à experimentação fílmica. Esta pesquisa trabalha com a atualização da memória audiovisual da cidade promovida pela websérie “Cinema de Rua em Juiz de Fora”, construída através de imagens de arquivo e depoimentos.

ST Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos – Sessão 4

19/10/2017 às 16:30 – Sala 1
“O Cine-Eu”: ou de como a terra passou a girar em torno do meu umbigo.
Marcius Freire (UNICAMP)
Com o esgarçamento dos valores que serviam de referência ao desenvolvimento humano e ao aprimoramento de sua existência no mundo, o indivíduo viu-se desnorteado ideologicamente, desestabilizado em suas convicções e inseguro quanto ao seu papel na sociedade. O documentário contemporâneo, fazendo eco a esse estado de coisas, passou a gestar um número cada vez maior de micro-histórias pessoais que, algumas vezes, podem reverberar processos sociais ou históricos mais amplos, outras nem tanto.
Revisitando o horror 2: Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer (2012)
Paulo Menezes (USP)
Esta comunicação visa analisar o filme Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer (2012).
O filme foi realizado a partir de entrevistas com membros dos esquadrões da morte buscando entender como se exterminou milhares de pessoas em um dos maiores genocídios da segunda metade do século XX. A proposta é discutir as relações entre cinema e produção de conhecimento nas Ciências Sociais, de modo a destacar problemas de fundo epistemológico e os cuidados metodológicos.
Entre lá e cá, experiências transatlânticas
Henri Arraes de Alencar Gervaiseau (USP)
Pretendo dar continuidade, nesta comunicação, a reflexão desenvolvida em anos anteriores acerca do documentário como meio de expressão da experiência do deslocamento. Neste ano, centrarei o meu foco em filmes que tematizam experiências heterogêneas de deslocamento envolvendo o espaço transatlântico. Buscarei discutir, em cada caso, as estratégias de registro escolhidas bem como os modos privilegiados de composição dos materiais na montagem para dar conta das vivências sócio-históricas evocadas.

PAINEL: Teorias dos cineastas II – Coordenação: Cyntia Gomes Calhado

19/10/2017 às 16:30 – Sala 2
Fronteiras do “Verdear”: o fantástico em Mal dos Trópicos e Droenha
Fabrício Basílio Pacheco da Silva (PPGCOM-UFF)
Este trabalho procura discutir a construção de espaços insólitos no cinema e na literatura a partir do filme Mal dos trópicos (2004), de Apichatpong Weerasethakul e do conto Droenha (1985), de Guimarães Rosa. Para isso, conjugamos a duplicidade do discurso fantástico, que oscila entre o real e sobrenatural, aos conceitos de heterotopia e espaço liso, apontando como as fronteiras estabelecidas entre espaços realistas e alucinantes se revelam porosas diante do trânsito de seus protagonistas.
Encantamento e desencantamento do mundo na trilogia Coração de Ouro
Larissa Malfatti Vieira (UNICAMP)
Analisa-se a trilogia Coração de ouro de Lars von Trier entendendo-a como obra cujo conteúdo estético extrapola a dimensão do artístico e se configura como locus privilegiado de uma reflexão contemporânea sobre os conceitos de trabalho, secularização, desencantamento do mundo e moral cotidiana, a partir da formulação de Max Weber. Partindo de elementos internos à trilogia, explora-se uma aproximação entre o conjunto analítico de Weber e os filmes de Trier.
No limite e no limiar – O hiper-real no cinema de Akira Kurosawa
Edylene Daniel Severiano (UFRJ)
A comunicação proposta é dedicada às películas Rapsódia em agosto (1991) e Sonhos (1990) de Akira Kurosawa. Norteados pelos conceitos de Pós-modernidade, simulacro, simulação, hiper-real e cultura aleatória, buscaremos tecer uma leitura acerca da construção por jogos de cena de um real, já não mais com origem na realidade. Para tal propomos uma leitura do hiper-real, não como matéria, mas como fenômeno inaugural de uma nova fase da humanidade, o caminhar para uma cultura aleatória.
Suspensão do tempo no cinema de Apichatpong Weerasethakul
Lyana Guimarães Martins (UFF)
Este trabalho é uma reflexão sobre a experiência do tempo a qual o público é convidado nos trabalhos do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul. Parte-se da hipótese de que nos seus filme há uma busca pelo despertar de um tempo outro, distinto do tempo corrente, cronológico, uma temporalidade que não é passível à métrica, mas à sensação. Que tempo é esse a que somos levados? Poderíamos chama-lo de suspensão? Essas são algumas das questões que se pretende discutir.

PAINEL: Nas fronteiras dos gêneros – Coordenação: Paula Gomes

19/10/2017 às 16:30 – Sala 3
Monte Hellman e as subversões do Western
Josy Samanta Ramos Correa de Miranda (UNICAMP)
Se utilizando do Western, porém rompendo com as convenções do gênero, Monte Hellman dirigiu dois filmes singulares na década de 1960. Partindo do conceito de “Metawestern” criado por André Bazin, este artigo objetiva analisar os filmes “The Shooting” (1964) e “Ride in the Whirlwind” (1964), sob a ótica da contracultura.
A estetização do horror na série Hannibal
Vanessa Ramos Furtado da Silva (UNISINOS)
O trabalho parte da premissa de que há um procedimento de estetização do horror na série Hannibal (NBC), produzido a partir do investimento na sua visualidade. O apelo visual da obra, construído essencialmente pela fotografia e direção de arte, cria uma ambiência que ajuda a transformar Hannibal em uma espécie de assassino artista. Busca-se compreender, portanto, o emprego de alguns recursos cinematográficos, como luz, cor, objetos de cena e composição, na produção dessa estetização do horror.
Um Expressionismo em Capitu: a apropriação imagética contemporânea
Yasmin Pires Ferreira (UFPA)
Esta pesquisa almeja explicitar o diálogo entre a minissérie Capitu, produzida e veiculada pela Rede Globo em 2008 sob a direção de Luiz Fernando Carvalho, com um dos movimentos que compôs o quadro das vanguardas artísticas da década de 1920, o expressionismo alemão. Para tanto, a análise propõe uma abordagem crítico-teórica que envolve a compreensão do modernismo europeu, da conjuntura contemporânea de produção artística e dos desdobramentos e potencialidades da indústria cultural.
O mal-estar do viajante na Trilogia da Estrada de Wim Wenders
Cesar de Siqueira Castanha (UFPE)
A proposta deste trabalho é analisar os filmes Alice nas Cidades (1974), Movimento em Falso (1975) e No Decurso do Tempo (1976), que compõem a trilogia da estrada, de Wim Wenders. A análise parte de uma observação de como os filmes apresentam a sensibilidade do viajante, e mais precisamente o seu mal-estar de “não pertencimento”. Para pensar esse mal-estar, o trabalho parte dos estudos de John Urry, Susan Sontag, Richard Sennett, Jean-Luc Nancy e Zygmunt Bauman.

ST Corpo, gesto, performance e mise en scène – Sessão 4 – Atores e personagens no cinema brasileiro

19/10/2017 às 16:30 – Sala 4
O corpo partido: conformações no cinema brasileiro recente
Raul Lemos Arthuso (ECA-USP)
Partindo da análise dos filmes Se Eu Fosse Você (Daniel Filho, 2006) e Filme de Aborto (Lincoln Péricles, 2016), o presente trabalho ensaia algumas formulações sobre as questões de gênero e entendimento do outro no cinema brasileiro recente. Ao investigar as conformações e deformações de corpos masculinos e femininos na mise-en-scène das duas obras, busca-se revelar algumas fagulhas, atritos e tensões que são atenuadas ou acentuadas pela narrativa ficcional.
A ética do ator experimental no cinema
Sandro de Oliveira (UEG/ UNICAMP)
Este trabalho apresentará, através de figurações em filmes espraiados pela história de cinemas marginais, underground, “de poesia” e experimentais, alguns exemplos de procedimentos atorais considerados experimentais que os ligam a uma ética que perpassa estas aparições. O conceito de ética aqui é o das ciências normativas de Charles Peirce. Alguns destes princípios éticos são: porosidade entre ator-persona-personagem, relação anômala com o dispositivo, um novo limite do corpo e do casting.

ST Interseções Cinema e Arte – Sessão 4 – Cinema instalado

19/10/2017 às 16:30 – Sala 5
Múltiplos ecrãs: narrativas de deslocamento e visualidade háptica
Ruy Cézar Campos Figueiredo (UFCE)
Objetiva-se contextualizar a produção de instalações cinematográficas com múltiplos ecrãs em relação ao recorrente interesse dessas por questões que envolvem lugares específicos, processos de deslocamento e interculturalidade. Articula-se, por meio dos referenciais teóricos e de comentários sobre instalações experienciadas pelo autor, relações recorrentemente estabelecidas entre as características formais dessas instalações com uma visualidade háptica e narrativas de deslocamento.

Novo cinema brasileiro

19/10/2017 às 16:30 – Sala 6
Cinema do entrelugar: um estudo sobre limiares e fronteiras
Angelita Maria Bogado (UFBA)
A potência do termo entrelugar, enquanto um espaço de contato, nos permite adotá-lo nos estudos de cinema justamente pelo seu caráter agregador. O conceito de cinema do entrelugar possibilita um vasto campo de conexões, para este artigo nos concentraremos nas ideias de limiar e fronteira. A proposição fornece uma importante reflexão para percebermos como os cineastas operam formas de saltar entre tempos e espaços, tidos a priori como fronteiriços, comunicando-os.
O Novíssimo Cinema Brasileiro e a Afirmação de uma Qualquerização
felipe maciel xavier diniz (UFRGS)
Este texto visa problematizar as operações de linguagem empreendidas nos filmes do chamado Novíssimo Cinema Brasileiro, através de uma hipótese de que tais produções são pressionadas por um desvio à qualquerização no modo como expõe suas imagens. Esta qualquerização está amparada por três variáveis que são: o fora como mediação, a desdramatização como encenação e o espaço-qualquer como território. Ao aprofundarmos essas variáveis compreenderemos como esta qualquerização se expressa.
Entre a passagem e a permanência: estética do desaparecimento em Linz
Camila Vieira da Silva (UFRJ)
Dentro de uma pesquisa de imagem que busca tensionar a relação entre passagem e permanência, o longa-metragem “Linz – Quando Todos os Acidentes Acontecem” (2013), de Alexandre Veras, propõe uma experiência do fracasso como catalisadora de um cinema que pensa uma estética do desaparecimento. Trata-se também do esforço em compreender de que modo tal estética considera uma dialética entre presença e ausência, bastante singular dentro do cinema contemporâneo brasileiro.

Crítica, estudo e tradição

19/10/2017 às 16:30 – Sala 7
Siegfried Kracauer crítico, ensaísta, teórico e historiador.
Rubens Luis Ribeiro Machado Júnior (ECA-USP)
Em seu conhecido ensaio “De Caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão” (1952) o exilado Kracauer propunha análises comparadas duma filmografia que já houvera resenhado no entre-guerras como cronista e crítico em jornais de seu país. Seu esforço ensaístico-interpretativo o inspira porém, em seus 2 livros seguintes, a estudos teóricos que parecerão se distanciar do credo ensaístico anterior — “Theory of Film” e “History”, este sobre filosofia da história, publicado postumamente.
A PSICANÁLISE EXPLICANDO O CINEMA: O QUE RESTOU DESSE DISCURSO?
Carlos Gerbase (PUCRS)
Na clássica antologia “A experiência do cinema”, lançada em 1983, Ismail Xavier, organizador da obra e autor do texto introdutório à terceira parte (intitulada “O prazer do olhar e o corpo da voz: a psicanálise diante do filme clássico”), afirma que, entre as três grandes bases teóricas capazes de estudar a narrativa cinematográfica – a semiologia, o marxismo e a psicanálise – apenas esta última resistira aos grandes embates epistemológicos dos anos 70. Perguntamos: será que ainda resiste?

Imagens da intimidade

19/10/2017 às 16:30 – Sala 8
O PASSADO, ESTE PAÍS ESTRANGEIRO
Maria do Carmo de Siqueira Nino (UFPE)
No filme intitulado 45 anos, filmado em 2015 pelo diretor britânico Andrew Haigh a partir de um conto de David Constantine, a narrativa, nunca autoconsciente, é direcionada para os personagens, filmados em confronto errático com espaços que os circundam, abalados por um súbito fantasma do passado, pouco abaixo da superfície. Revisitaremos o filme com base em uma leitura dos conceitos de Bachelard em seu livro A terra e os devaneios do repouso, ensaio sobre as imagens da intimidade.
A paixão de JL: os arquivos pessoais na construção de microhistórias
Gabriel Filgueira Marinho (ESPM)
O documentário “A paixão de JP” é constituído quase integralmente de arquivos. Nele, o diretor interage imagens das obras do artista plástico José Leonildo com um conjunto de gravações sonoras do mesmo, realizadas como um diário pessoal entre 1990 e 1993.
Ao apostar em arquivos dessa natureza, o diretor Carlos Nader afirma sua opção pelos registros de natureza familiar.
O Ensaístico no Cinema de Carlos Nader
Francisco Teixeira (UNICAMP)
Marcada por uma disposição decididamente experimental, quase toda a filmovideografia de Carlos Nader é pontuada de traços ensaísticos, intensificando-se desde o curta Carlos Nader (1999), Pan Cinema Permanente (2008), Homem Comum (2014) e A Paixão de JL (2015). O propósito da comunicação é centrar o foco nos dois últimos filmes nos quais a construção ensaística ganha contornos inéditos.

Cinema na Itália

19/10/2017 às 16:30 – Sala 9
Cinema neonoir italiano: a perspectiva hedonista em Romanzo criminale
Alexandre Rossato Augusti (UNIPAMPA)
Pensando-se a contextualização do cinema neonoir italiano, propõe-se, para esta comunicação, uma análise do filme Ligações criminosas (Romanzo criminale – Michele Placido, 2005), com base na perspectiva hedonista, inerente ao cinema noir clássico e também ao cinema neonoir, destacando-se algumas particularidades do gênero em questão no contexto italiano, a partir sobretudo da atuação da femme fatale. As observações sobre o filme são conduzidas com a orientação da análise fílmica.
Figuras na neblina. Paisagem e melancolia no cinema da Emilia Romagna
Angela Freire Prysthon (UFPE)
A partir de um panorama conceitual sobre a paisagem no cinema, que implica na distinção entre uma concepção cênica e territorializada em contraposição a uma função mais contemplativa e material do espaço, o objetivo desta apresentação é analisar e discutir cinco filmes de ficção italianos ambientados na região da Emilia-Romagna – “O grito” e “O deserto vermelho” de Antonioni, “A noite do massacre” de Vancini, “De punhos cerrados” de Bellocchio e “O jardim dos Finzi-Contini” de De Sica.
Guerra de Estrelas?: O Star-System e as Revistas Italianas(1938-1944)
Cid Vasconcelos de Carvalho (UFPE)
Pretendo analisar o star-system tal como vivenciado nos anos finais do regime de Mussolini, a partir de revistas de cinema italianas. Mesmo levando em conta que o modelo hollywoodiano também foi imperativo durante o regime ditatorial o período que vai de dezembro de 1938, com o boicote das produtoras hollywoodianas até o final da Segunda Guerra, proporciona um momento para a solidificação de seu equivalente italiano, devido a ausência da concorrência do modelo dominante.

Estudos de narrativa

19/10/2017 às 16:30 – Sala 10
Um sadismo singular
César Takemoto Quitério (USP)
A comunicação vai propor uma leitura do cinema de Sergio Bianchi a partir de um conceito modernista de alegoria, levando em conta seu uso e compreensão cinematográficos em uma de suas matrizes clássicas, Alfred Hitchcock, em especial o que se vislumbra através do trabalho de William Rothman, em especial The murderous gaze. É essa concepção de alegoria que nos permitirá desentranhar a relação propriamente perversa entre espectador e autor que está em jogo em ambas as cinematografias.
O sagrado e o profano no filme “Cavaleiro de copas” (2015)
Sander Cruz Castelo (FECLESC/UECE – UAM)
Analisa-se como o sagrado e o profano são expressos no filme “Cavaleiro de copas” (2015), de Terrence Malick. Os materiais da pesquisa consistem no filme supracitado e em entrevistas, reportagens, críticas e obras acadêmicas sobre ele geradas. Teórica e metodologicamente, a investigação se esteia em obras clássicas sobre o sagrado (Rudolf Otto e Mircea Eliade), em trabalhos que o investigam na literatura (Eugene Weeb) e no cinema (Luiz Vadico), e em textos de teoria, narrativa e estética fílmica
Narrativa audiovisual em videoclipes e filmes de Xavier Dolan
Rodrigo Oliva (UNIPAR)
Este trabalho discute pontos comuns entre a linguagem do cinema e a do videoclipe, com ênfase no debate sobre a narrativa audiovisual. A partir de um desdobramento que verifica uma ampliação de aspectos narrativos em videoclipes. Propõe-se a discussão do conceito de “narrativas dilatadas” em videoclipes. A análise se projeta para os videoclipes dirigidos pelo cineasta Xavier Dolan, estabelecendo um diálogo com seus filmes.

Glauber e o cinema na Bahia

19/10/2017 às 16:30 – Sala 11
Robatto, Glauber e o mar: primeiros tempos do cinema na Bahia
Ana Luisa de Castro Coimbra (UFMG)
A partir dos filmes produzidos por Alexandre Robatto Filho, propomos para este trabalho observar como os movimentos cinematográficos se consolidaram na Bahia até resultar no chamado Ciclo de Cinema Baiano. Além disso, pretende-se notar como o legado robattiano influenciou cineastas ainda em formação, inclusive Glauber Rocha. Servindo de inspiração para produzir filmes ou partindo da ideia de superá-lo, entendemos que Robatto Filho foi referência para uma geração de realizadores daquela época.
Glauber Rocha e Roberto Schwarz: aproximações
Arlindo Rebechi Junior (UNESP)
Em 1970, Roberto Schwarz publica seu célebre texto “Cultura e política, 1964-1969”, na revista Les Temps Modernes. Em 1967, Glauber Rocha coloca em circulação seu filme alegórico Terra em Transe. Ambos os autores, cada um ao seu modo, fomentam uma discussão sobre arte e política. Esta comunicação procura realizar uma análise comparativa entre o texto de Roberto Schwarz e o filme de Glauber Rocha, partindo da hipótese de que o filme antecipa várias teses presentes no referido ensaio.
A FORÇA DE TERRA EM TRANSE. 50 ANOS DEPOIS.
João Guilherme Barone Reis e Silva (PUCRS)
Esta comunicação propõe revisitar Terra em Transe (Glauber Rocha, 1967), por ocasião do seu cinquentenário de lançamento. O objetivo é retomar as dimensões mais essenciais desta obra, aquelas relacionadas com a força que faz com que alguns filmes atravessem os tempos, mantendo a sua integridade e, ao mesmo tempo, ganhando novas significações. A proposta é voltar o olhar para os elementos narrativos e estéticos da estrutura do filme e também para o seu significado como marco do Cinema Novo.

Cinema norte-americano

19/10/2017 às 16:30 – Sala 12
Woody Allen e a crítica de cinema na Trumpland contemporânea
Marcos César de Paula Soares (USP)
Esta fala pretende fazer tanto uma análise do filme “Café Society” (2016) do cineasta Woody Allen – que será lido como uma tentativa de figurar o clima ideológico de crise aguda do liberalismo norte-americano e de ascensão da era Trump e sua ênfase na “política espetacular” – quanto uma avaliação da produção da crítica sobre o filme. Procurarei refletir sobre os pressupostos teóricos e ideológicos dessas críticas, geralmente negativas, para demonstrar o acerto do diagnóstico do cineasta.
Woody Allen e sua relação com a crítica e a autocrítica
Myriam Pessoa Nogueira (IFG)
A comunicação mostra a conturbada recepção do filme de Woody Allen “Memórias” pela crítica norte-americana e como este filme devia sua gênese a outros cineastas, assumidamente ou não. O mesmo filme gerou outros filmes de Allen posteriores, como “Desconstruindo Harry”, “Dirigindo no Escuro” e “Celebridades”, numa rede intertextual, que remonta a contos do próprio Allen. Porém, Allen faz autocríticas em seus filmes, na metáfora do diretor cego e do diretor sem foco e do escritor em crise.
Logan: os super-heróis e o drama
Vilson André Moreira Gonçalves (UTP)
Desde o boom de produções dos anos 2000, filmes de super-herói constituem uma grande parcela das produções hollywoodianas. Estes apresentam elementos em comum — dependência de efeitos visuais e o enfoque à ação; mas, dada a quantidade, certa variedade pode ser também vista, porque as convenções são flexibilizadas para explorar outros aspectos da narrativa fílmica além da espetacularização. Busco observar como isso se dá em Logan (James Mangold, 2017), a partir de uma análise temática/estética.

Direção de arte

19/10/2017 às 16:30 – Sala 13
TRÊS ESTÁGIOS DA DIREÇÃO DE ARTE: REPRESENTATIVO, BELO E SIMBÓLICO
Ivan Ferrer Maia (UAM)
Este estudo pretende refletir sobre três estágios da Direção de Arte – o representativo; o belo; o simbólico – e analisar as possíveis relações com os regimes das imagens de Rancière (2009). Será necessário estabelecer pontes com o simulacro de Deleuze (2000), que o vê como uma potência poética. Rancière (2012) chamará a independência da imagem de pós-representativo que, ao desvincular com o modelo, aponta caminhos autônomos à Direção de Arte e possibilita vivência para além do já sentido.
Estética, Cor e Direção de Arte em Meu Pedacinho de Chão
Milena Leite Paiva (UNICAMP)
Este artigo apresenta uma análise estética da telenovela Meu Pedacinho de Chão (2014), dirigida por Luiz Fernando Carvalho e veiculada pela Rede Globo de Televisão, com foco no emprego conceitual e técnico da cor nos processos da direção de arte e na sua expressão na visualidade da obra. Serão aplicados o conceito de imagem de Aumont (1993) e as ideias de Block (2010) acerca da construção da narrativa visual no audiovisual, além de fundamentos da teoria das cores, conforme Guimarães (2000).

ST Cinema Queer e Feminista – Sessão 4

19/10/2017 às 16:30 – Sala 15
Interseções entre classe e gênero no cinema brasileiro contemporâneo
Mariana Souto (UFMG/UNA)
A comunicação aborda as interseções de gênero e classe no cinema brasileiro contemporâneo. Observa, na ficção e no documentário (em filmes como Doméstica, Trabalhar cansa, O som ao redor, Casa grande, Aquarius) uma notável presença do emprego doméstico (um deslocamento da figura do operário, no passado, para a da doméstica, no presente). Questões vindas do cinema influenciado pelo horror – como o medo da independência da mulher e sua consequente punição pela narrativa – também serão abordadas.
Vida e morte em “Meu corpo, minha vida” (2017) de Helena Solberg.
Mariana Ribeiro da Silva Tavares (UFMG)
Esta comunicação pretende analisar o mais recente filme da cineasta brasileira Helena Solberg, “Meu corpo, minha vida” (2017) à luz de sua filmografia, tentando identificar, em que medida, ela retoma nesse longa documental, procedimentos de suas fases anteriores. E sobretudo, reitera as personagens e temáticas de sua predileção: as mulheres e questões relacionadas ao seu corpo, à sua liberdade de expressão e posicionamento, neste caso, frente a um tema tabu na sociedade brasileira: o aborto.
Encarceramento feminino no Brasil: construções no cinema documental de
Gabriela Santos Alves (UFES)
A partir dos documentários brasileiros de curta metragem “Bagatela”, “As mulheres e o cárcere”, “O cárcere e a rua” e “Se eu não tivesse amor”, objetiva-se uma reflexão sobre representações da mulher num ambiente específico de clausura institucional: a penitenciária. O objetivo desta proposta, além da análise fílmica dos documentários, é também contribuir para a reflexão sobre o sistema penitenciário do país, apontando como esses filmes constróem as várias realidades de mulheres detentas.

ST Cinema e educação – Sessão 4 – Infância e Diferença: Cinema para uma educação-outra

19/10/2017 às 16:30 – Sala 16
Câmera também é brinquedo: cinema na escola e culturas infantis
Karine Joulie Martins (UFSC)
No ato do brincar, as crianças se apropriam dos objetos ao seu redor para criar mundos e viver neles as suas aventuras. Partindo da experiência de uma oficina de cinema na escola, esta comunicação é uma reflexão inicial sobre a apropriação que as crianças fazem da câmera e dos momentos de “fazer cinema” enquanto manifestação das suas culturas infantis.
Cinema e infância e pesquisa: em modos de re-existência
César Donizetti Pereira Leite (UNESP)
O presente trabalho tem por propósito desenvolver uma discussão em torno de três temas: pesquisa, educação e produção de imagens por crianças no espaço da Educação Infantil, tomaremos como ponto de partida filmes produzidos por crianças, essas produções foram realizadas em pesquisas em escolas da Rede Pública e possuíam como objetivo refletir o poder da imagem realizadas por crianças no espaço de uma creche e de uma pré-escola entre os anos de 2011 e 2014. Será trabalhado as relações entre infâ
Se o relatório fosse do Victor? Exercícios para uma Educação Selvagem
Fernanda Omelczuk Walter (UFSJ)
O texto compartilha a tentativa de criar relações inventivas com o filme O garoto Selvagem de François Truffaut junto à disciplina “Psicologia da Educação”. Serão analisados dois trabalhos audiovisuais realizados após a proposta de imaginação sobre como seria o filme se o relatório de base para o roteiro fosse do Victor e não do Dr. Itard. Nesse contexto, vislumbro a aprendizagem de cinema como política inventiva alternativa ao modelo desenvolvimental historicamente dominante nessa disciplina.

ST Teoria e Estética do Som no Audiovisual – Sessão 4

19/10/2017 às 16:30 – Sala 17
Performances musicais em filmes de Godard, Truffaut e Rohmer – anos 60
Luíza Beatriz Amorim Melo Alvim (UFRJ)
Analisamos sequências de performances musicais diegéticas em três filmes do final dos anos 60 de Jean-Luc Godard (Weekend à francesa, 1967), François Truffaut (A noiva estava de preto, 1968) e Éric Rohmer (Minha noite com ela, 1969), considerando aspectos como: o modo de inserção de tais performances dentro da diegese do filme, o tipo de mise-en-scène e a relação ou não dessas sequências com certo “efeito de real”, discutindo também este conceito, assim como os de performance e mise-en-scène.
O MÚSICO, A MÚSICA E A CENA: PERFORMANCES MUSICAIS DE JARDS MACALÉ
Cristiane da Silveira Lima (UEM)
Propomos refletir sobre as performances musicais do compositor Jards Macalé no cinema brasileiro, a partir da análise de fragmentos de filmes pinçados de diferentes contextos, formatos e estilísticas. Qual o papel que o corpo do músico exerce nessas obras? Como esse corpo se articula à música? Interessa-nos compreender como Jards se configura como um artista do cinema, não apenas pelas trilhas presentes em inúmeros filmes desde os anos 60 até hoje, mas também por sua participação em cena.
O “gringo” é outro: pandeiristas e seus peculiares “mundos” no cinema.
Suzana Reck Miranda (UFSCar)
Esta comunicação aborda a trajetória de três pandeiristas brasileiros em filmes das décadas de 1940 e 1950. Estes músicos secundários, embora pouco notados, promovem encontros intermediais e diálogos transnacionais complexos, capazes de evocar uma rica gama de interpretações. Trata-se de resultados parciais da pesquisa que desenvolvo junto ao projeto Toward an Intermedial History of Brazilian Cinema: Exploring Intermediality as a Historiographic Method.

20/10/2017


ST Cinema e América Latina: debates estético-historiográficos e culturais – Sessão 5: Imaginários sobre América Latina nas telas

20/10/2017 às 09:30 – Sala 1
Latinas do tráfico, senhoras das mídias: versões de La reina del sur
Maurício de Bragança (UFF)Hadija Chalupe da Silva (ESPM/UFF)
Pensando uma cartografia midiática latino-americana construída pela indústria do entretenimento, analisaremos as duas versões audiovisuais do romance La Reina del sur, de Arturo Pérez-Reverte. Veremos de que maneira tais produtos são produzidos (no viés narrativo e de realização), como circulam no mercado das teleseries e como se estabelecem as relações de recepção com os dois textos, sobretudo na perspectiva de como se constrói o texto estelar das duas atrizes: Kate del Castillo e Alice Braga
A metrópole latino-americana no cinema contemporâneo
Alisson Gutemberg (UFRN)
Analisaremos imagens de quatro metrópoles, a saber: São Paulo, Caracas, Cidade do México e Cidade do Panamá, através dos filmes: Linha de Passe, Pelo Malo, Amores Brutos e Sequestro a Domicílio. O intuito é compreender de que maneira essas cidades aparecem imbricadas e como formam uma paisagem simbólica ininterrupta e um único ambiente imaginário, a cinecidade. Um espaço composto por desigualdade social, desemprego e violência.
Estrangeiros – O documentário institucional dos Corpos da Paz na AL
Fernando Weller (UFPE)
A comunicação analisa dois documentários institucionais produzidos pela agência norte-americana Corpos da Paz, filmados no Brasil e Colômbia no fim dos anos 1960. São eles: The Foreigners e One Step at a Time. Os filmes pertencem a coleção audiovisual dos Corpos da Paz nos EUA e revelam as contradições da política modernizante dos EUA para a América Latina na década de 1960, simbolizada pela chamada Aliança para o Progresso.

ST Cinema e literatura, palavra e imagem – Sessão 5 – Em primeira pessoa: autobiografia e autoficção

20/10/2017 às 09:30 – Sala 2
A extenuação das certezas: primeira pessoa e política em Nanni Moretti
Gabriela Kvacek Betella (UNESP)
Boa parte dos filmes de Nanni Moretti trazem a aparente autenticidade da autobiografia e da desenvoltura ficcional por meio de um rompimento com a objetividade e conservação de um ponto de vista narcísico. Também oferecem reflexões políticas e éticas a partir da autoexposição como mecanismo estético, crítico e autocrítico. Demonstramos como esses procedimentos se modificam ao longo da obra do diretor italiano, estabelecendo relações entre Caro diario (1993), Aprile (1998) e Il Caimano (2006).
Irmãs Jamais, imagens pálidas de (uma) família
Julia Scamparini (Uerj)
Para realizar Irmãs Jamais (2010), Marco Bellocchio optou por unir uma necessidade prática a uma operação afetiva: ao mesmo tempo em que usou a matéria-prima imagética que tinha por perto – seus próprios filhos e irmãs – para ensinar seus alunos do Laboratorio Fare Cinema, fez um registro de sua família em filme. Ao realizar esta ficção de si, deslocou a fricção banal entre ficção e realidade e rumou a reflexões outras, principalmente sobre a imagem, por meio de uma escrita pessoal indireta.
A mãe, imagem impossível: Perlov, Barthes e a tarefa do luto
Ilana Feldman (Unicamp)
Nos diários de David Perlov, a busca pela “imagem fatal” de Anna, mãe do cineasta, aquela de quem ele não pode falar e muito menos mostrar, é o que estrutura a tentativa de tradução do trauma para o cinema. Contemporâneo dos diários, Roland Barthes escreve o seu “A câmera clara”, onde reflete sobre a dificuldade de olhar para a fotografia de sua mãe, cuja imagem também não consegue publicar. Em ambos os casos se impõe, junto a uma reflexão sobre os limites da imagem, a tarefa do luto.

ST Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil – Sessão 4

20/10/2017 às 09:30 – Sala 3
A Hollywood hispânica na crítica cinematográfica brasileira (1930-35)
Isabella Regina Oliveira Goulart (USP)
Esta comunicação apresenta um levantamento de versões em espanhol e português cuja produção, circulação ou exibição foi mencionada em Cinearte, A Scena Muda, Correio da Manhã e O Estado de São Paulo nos anos 30. A partir deste trabalho, é possível ter uma dimensão dos estúdios hollywoodianos que se engajaram na realização das versões que circularam pelo Brasil, dos critérios para sua produção, do material humano envolvido neste episódio e de estereótipos de latinidade construídos neste processo.
SNUFF À BRASILEIRA: MARKETING DE EXPLORAÇÃO NO CINEMA DA BOCA
Tiago José Lemos Monteiro (IFRJ/UAM)
Tomando por objeto o thriller policial Snuff, vítimas do prazer (1977), produzido e dirigido por Claudio Cunha e escrito por Carlos Reichenbach, este trabalho tem por objetivo discutir os métodos e estratégias de promoção adotados por alguns produtores e cineastas da Boca do Lixo, a partir de uma perspectiva teórica que busca o estabelecimento de interfaces entre a produção da Boca e aquilo que usualmente é reconhecido como estética da exploração (ou exploitation).

ST O comum e o cinema – Sessão 5

20/10/2017 às 09:30 – Sala 4
Pontos cegos no olhar sobre o olhar: Mate-me por favor
Amanda Brum de Moraes Ponce Devulsky (UERJ)
Reflexão sobre a recepção crítica ao filme Mate-me por favor (Anita Rocha da Silveira, 2015) enquanto possível sintoma de zonas opacas que formam obstáculo para uma partilha da experiência que não se completa pois não se vê o outro. Com base nesse caso, propomos que tal invisibilidade não decorre de questões de tema ou identidade especificamente, mas do imbricamento entre estética e política que instaura vieses, os quais buscamos mapear.
Curadoria da perspectiva das mulheres
Amaranta Cesar (UFRB)
Um testemunho sobre uma experiência de curadoria e programação em cinema, orientada pela franca adoção de um posicionamento de gênero como postura crítica. A intenção é abordar alguns impasses na relação com as obras surgidas no desenvolvimento de uma curadoria da perspectiva das mulheres. Presume-se que a reflexão sobre este percurso pode nos conduzir a uma revigorada articulação entre as questões e noções de gênero e o cinema em seus modos de agenciamento de visibilidades e apagamentos.

ST Teoria dos Cineastas – Sessão 5 – Cineastas: etnografia e crítica

20/10/2017 às 09:30 – Sala 5
Spike Lee: a identidade negra na construção de imagens e ideias
Aida Rodrigues Feitosa (UnB)
Ao estudar os depoimentos, os comentários e as obras filmicas de Spike Lee percebemos como as questões de negritude impactam sua produção cinematográfica. A presente comunicação procura pensar uma teoria do cineasta Spike Lee em que a identidade racial tem importância crucial para o entendimento de mundo e o fazer cinematográfico. Dialogando com os autores Aumont, Biette, Deleuze, Ayfre, Mulanga e bell hoks, busca-se o protagonismo dos cineastas negros no pensar do próprio cinema.
Imagens de si e construção social no cinema em língua portuguesa
Maria Beatriz Colucci (UFS)
Este trabalho investiga o cinema contemporâneo em língua portuguesa, tendo como objeto de estudo os filmes A toca do lobo, (2015), de Catarina Mourão e a A cidade onde envelheço (2016), de Marília Rocha. Busca-se problematizar, com base nas proposições da Teoria dos Cineastas, os conceitos de ensaio fílmico e etnografia, relacionando-os ao processo de realização cinematográfica e à construção teórica proposta pelas cineastas-pesquisadoras.
David Neves: senso de concretude na transmissão da crítica moderna
Pedro Plaza Pinto (UFPR)
O diálogo entre a escrita de David Neves e a moderna crítica oriunda do modernismo na literatura situa-se no espectro mais amplo de definição de estratégias e instrumentos para o seu próprio trabalho como crítico de cinema e discreta liderança do Cinema Novo. A amizade com Joaquim Pedro, Alexandre Eulálio e Paulo Emilio Salles Gomes são decisivas neste espectro, mas é a leitura de Antonio Candido que apresenta ao jovem crítico balizas para o seu senso de concretude na relação com os filmes.

Políticas públicas do audiovisual: desafios

20/10/2017 às 09:30 – Sala 6
OS GÊNEROS DOS PROGRAMAS TELEVISIVOS
Angélica Coutinho (ANCINE)
Tradicionalmente, o corpo da teoria de gênero produzida nos estudos literários e cinematográficos é considerado como referência para a análise da produção televisiva. Esse tipo de “taxonomia” se encaixa para rotular programas em categorias genéricas sem considerar outros fatores como audiência, práticas culturais e industriais e, em geral, serve como referência no campo público para a decisão de investimento em projetos. Esta comunicação revê a “taxonomia” em tempos de hibridismo.
Protagonistas e Figurantes da Política Nacional do Cinema (2001-2016)
Ricardo Cardoso Silva (Unicamp)
O objetivo é analisar os interesses e estratégias dos principais atores políticos envolvidos no jogo de definição das políticas de fomento e regulação federal do setor cinematográfico e audiovisual brasileiro. O recorte temporal inicia com a institucionalização da Política Nacional do Cinema, ocorrida com a promulgação do novo marco legal do setor – em 2001 – e termina em 2016, ano no qual se completam 15 anos dessa política pública e 50 anos de atuação do Estado, no plano federal, no setor.
Tese, tema, narrativa e dramaturgia na avaliação de projetos audiovis.
Daniel Vidal Mattos (FACHA)
Desde a tradição do mass communication research e da crítica da cultura, passando pela disputa entre as teses do livre comercio e da proteção à diversidade cultural, a dicotomia entre dois diferentes métodos de abordagem influenciam a forma de avaliar e selecionar projetos de obras audiovisuais. De que forma essa tensão provoca sinergias e contradições em projetos de obras brasileiras e nos processos seletivos oficiais no Brasil?

Cinema brasileiro II

20/10/2017 às 09:30 – Sala 7
Os intelectuais e o pensamento cinematográfico independente brasileiro
Maria Cristina Couto Melo (Unicamp)
O pensamento cinematográfico independente brasileiro possui estreita relação com os teóricos e críticos cinematográficos e com a “tomada de posição” dos realizadores em defesa da existência de uma prática cinematográfica contraposta à dominação estética e mercadológica do cinema estrangeiro. O presente trabalho propõe a reflexão a respeito de sua conformidade como grupo de intelectuais e qual foi o lugar ocupado por eles no período de 1952 a 2001.
A reinvenção do passado: as páginas teóricas de Julio Bressane
Fabio Camarneiro (UFES)
Em seus textos, Julio Bressane elege o ato de ler, citar ou traduzir como possibilidades de se reinterpretar a própria História e de se reinventar uma tradição para o cinema brasileiro. O Brasil – por seu aspecto “negativo”, a relativa “ausência” de uma tradição cinematográfica – configuraria assim território fértil para tal empreitada, a partir de um cinema que tenta “antever” o passado, recriando, nesse processo, uma tradição cinematográfica, baseada no signo da invenção.
Análise da versão restaurada do filme “O padre e a moça”
Débora Lúcia Vieira Butruce (USP)
Este trabalho pretende investigar a versão restaurada de “O padre e a moça”, de Joaquim Pedro de Andrade (1965). A partir da identificação de como os conceitos de restauração audiovisual foram assimilados no Brasil, procuraremos entender qual a implicação desta compreensão no processo de restauração do filme. Além disso, compreender em que medida a viabilização de sua reapresentação pública, através da ação de restauro, possibilitou a ressignificação da obra na história do cinema brasileiro.

Gênero e sexualidade

20/10/2017 às 09:30 – Sala 8
Intermidialidade à serviço da transexualidade e travestilidade
Cristina Teixeira Vieira de Melo (PPGCOM/UFPE)
Através de contos, vídeos e ensaios fotográficos, Chico Ludemir retratou 11 mulheres trans e travestis. Na tentativa de chegar a uma representação mais próxima do “em si” dessas personagens., inicialmente, entrevistou-as e fotografou-as; depois, escreveu os contos; por fim, convidou todas elas para que pudessem ler/ouvir/performar para câmera suas próprias histórias, agora ficcionalizadas. Interessa-nos pensar como essas diferentes materialidades operam na construção das subjetividades em cena.
Corpo e sexo: estratégias de resistência num auto-retrato gay
Coraci Bartman Ruiz (Unicamp)
No filme “chUrchroad”, de 2016, o holandês Robin Vogel investiga a sua relação com uma das boates sexuais mais populares de Amsterdam, o Club chUrch, da qual é frequentador assíduo. Este artigo busca relacionar a narrativa construída pelo diretor à uma estratégia de resistência à norma por meio da ampliação do campo de possíveis, tomando como base as colocações do filósofo Vladimir Safatle no texto “O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo”.
Just “Looking”: analisando um passo adiante da intimidade gay na TV
RODRIGO RIBEIRO BARRETO (UFSB)
O trabalho propõe a análise do projeto televisivo Looking – série (2014-2015) e filme (2016) –, parceria criativa entre Andrew Haigh e Michael Lannan. As obras são investigadas como exemplos de renovação e arejamento da representação da intimidade gay. Tal desdobramento de pesquisa investe na interseção entre metodologias poéticas, abordagens autorais com delimitações do contexto produtivo e escrutínio de representações genérico-sexuais.

Arte e cinema

20/10/2017 às 09:30 – Sala 9
Entre acumulação e passagem: imagem em movimento na arte contemporânea
Eduardo Antonio de Jesus (UFMG)
Tomando referências históricas do cruzamento entre arte e imagem em movimento, o artigo analisa as formas do audiovisual que se movem entre cubo branco e caixa preta. Obras de Barbara Wagner, Leon Hirszman, Jonathas de Andrade, Grada Kilomba, Rosa Barba e o Video nas Aldeias apresentadas na 32ª Bienal de Arte de São Paulo nos mostram como a duração, as formas de exibição e o constante diálogo entre os espaços reconfigura dinamicamente o cinema e seus desdobramentos contemporâneos.
O flicker no cinema experimental e a música como estrutura
NINA VELASCO E CRUZ (UFPE)
Usualmente o flicker film é associado à desconstrução da figuração e da narrativa fílmica. Mesmo quando se reconhece o caráter estrutural resultante da técnica, pouco se aprofunda sobre a relação desses filmes experimentais com a composição musical . Pretendemos tornar clara a relação entre essas duas linguagens, evidenciando os momentos de encontro e de afastamento, buscando ultrapassar o comentário superficial em que a analogia é feita.
Notas Flanantes: por uma estética do fragmento no audiovisual contempo
osmar gonçalves dos reis filho (UFC)
Desde as bienais de Veneza de 1999 e 2001, é possível identificar uma série de cineastas e artistas visuais que tem experimentado com obras curtas, breves, com filmes e instalações que se apresentam como pequenos “mundos interrompidos”, pequenos “pedaços de vida” arrancados ao fluxo das coisas. Nesse trabalho, gostaríamos de pensar o que está em jogo nessas pequenas formas, nesse gesto de redução minimalista, nos colocando em diálogo com a obra Ventania (2016), de Igor Câmara.

Adaptações II

20/10/2017 às 09:30 – Sala 10
Direção de fotografia: a luz expressionista em O veneno da madrugada
Ana Carolina Roure Malta de Sá (UnB)
O veneno da madrugada (2004), de Ruy Guerra, é uma adaptação do romance La mala hora, de Gabriel Garcia Marques. A direção de fotografia de Walter Carvalho é realizada a partir do diálogo intermidiático com as artes plásticas. O trabalho investiga, a partir do conceito de anacronismo de Didi-Huberman (2015), como traços expressionistas da xilogravura de Oswald Goeldi e de Käthe Kollwitz se reconfiguram no tratamento da luz desse filme e de que modo a iluminação atua na construção da narrativa.
Por uma “Poètika kino”: uma análise de “A Hora da Estrela”
Fernanda Aguiar Carneiro Martins (UFRB)
Nesse início de século, o Formalismo Russo e o modo todo especial de investigar a narrativa a partir de Gérard Genette não poderiam deixar de ser celebrados. Imbuídas de um espírito interdisciplinar, essas homenagens nos fazem descobrir a atualidade de postulados teórico-metodológicos, capazes de renovar nossa percepção das obras e do mundo. Eis os fundamentos que nos conduzem a uma análise de obras emblemáticas da cultura brasileira “A Hora da Estrela”, a novela e o filme.
Robert Stam, leitor de A hora da estrela
Luiz Antonio Mousinho (UFPB)
Robert Stam, em seu A literatura através do cinema, ressalta que um dado importante para os eventos das adaptações é a relação do filme com o modernismo, aspecto que aprofunda ao ler a relação entre A hora da estrela e sua adaptação cinematográfica. Vamos acompanhar o debate de Stam, procurando suplementá-lo na abordagem crítica das duas obras. Dentre as categorias que pretendemos mobilizar na abordagem, destacamos o amparo teórico nas conceitos de dialogismo, narrador e personagem.

Imagens em disputa

20/10/2017 às 09:30 – Sala 11
Um pato no caminho: a FIESP e a disputa do território no audiovisual
Adil Giovanni Lepri (UFF)
Pretende-se produzir uma reflexão acerca do audiovisual produzido para a internet durante as manifestações a favor e contra o impeachment em março de 2016. Tomando exemplos de grupos mais à direita e à esquerda será feita uma análise da disputa do território da Av. Paulista em São Paulo, tendo a sede da FIESP como peça central, revelando similaridades e diferenças entre cada discurso audiovisual e a presença da retórica do excesso em ambos na articulação de diferentes plasticidades do lugar.
Terrível e belo, cinema: imagem e barricadas
Roberto Robalinho Lima (UFF)
Em uma noite em julho de 2013 o bairro do Leblon foi tomado por uma multidão e barricadas em chamas. Nesta noite uma série de planos sequências produziam um relato do acontecimento. Esta comunicação gostaria de pensar a relação entre o cinema e as barricadas. Porque o plano sequência? De que forma esta unidade de linguagem do cinema incorpora uma experiência das ruas insurgentes? Estas imagens ao compor com o cinema inventam uma nova ética da imagem que por sua vez produz sujeitos e política?
Disputas de memória urbana: os casos de Remoção e Domínio Público.
Gabriel Neiva (PPGCOM UERJ)
A comunicação procura analisar os documentários Remoção e Domínio Público (2013 e 2014, respectivamente). Situados em momentos históricos diferentes, estes apresentam, de forma contundente, as transformações que as perenes remoções forçadas operaram sob a paisagem da cidade do Rio de Janeiro. Dessa forma, tais registros fílmicos constroem discursos de memória que se opõem às versões governamentais, iluminando aspectos antes “esquecidos” ou “silenciados” pelas falas oficiais.

Estudos de mise-en-scène

20/10/2017 às 09:30 – Sala 12
Entre documentário e ficção, a encenação no cinema brasileiro
Elizabeth Maria Mendonça Real (ANCINE)
O interesse desta pesquisa é perceber, na relação entre teatro e cinema, modos de interação que desvelem proximidades e diferenças no processo criativo de ambas as formas de expressão, e que permitam entrecruzar instrumentos de análise, percebendo como as trocas efetuadas são impactadas pelo contexto cultural e artístico mais amplo.Nesse sentido, parte-se da análise de filmes que acompanharam montagens teatrais, num registro que mescla o domínio documental, ficcional e ensaístico.
Encenações humanistas: de Ken Loach aos Irmãos Dardenne
Alexandre Silva Guerreiro (UFF)
A encenação no cinema adquire, com alguns realizadores, traços de um humanismo ético. Contudo, as especificidades de cineastas como Ken Loach e os irmãos Dardenne apresentam similitudes e rupturas que colocam em xeque uma visão redutora do que seja ética e humanismo no cinema. Através do cruzamento desses conceitos, propomos uma reflexão sobre mise-en-scène (MOURLET, 2008; RIVETTE, 1961) e humanismo ético-sociológico (PEGORARO, 2005), considerando as proposições de uma encenação humanista.
A relação da mise en scène e rostocopia nos filmes Waking Life e Tower
João Paulo Feitoza Clementino Palitot (UFPB)
A mise en scène é para o cinema e teatro a força pujante da atuação, mas como dizem os autores Bordwell e Aumont, não é apenas a atuação a força motriz da categoria, existem outras categorias incluídas como o figurino, cenário, luz e câmera. Pretendemos investigar como o uso da rotoscopia, animação de quadro frame a frame, em filmes gravados com atores reais podem auxiliar a mise en scène.

PAINEL: Teoria e estética do som no audiovisual – Coordenação: Debora Regina Opolski

20/10/2017 às 09:30 – Sala 13
Características do cinema musical na tevê: o caso Cheias de Charme
Hanna Nolasco (UFBA)
Pretende-se realizar aqui um estudo de caso sobre as características do gênero musical cinematográfico presentes na telenovela Cheias de Charme, veiculada pela Rede Globo no ano de 2012. A telenovela teve a música como um elemento central na construção da trama, sendo os personagens principais cantores e os números musicais uma constante nos capítulos. Dessa forma, identifica-se uma aproximação com o gênero musical, que pretende-se explorar mais detalhadamente no trabalho aqui proposto.
Deus é um DJ: A música diegética em A Árvore da Vida
Guilherme Augusto Bonini (UFSCar)
Propõe-se nessa comunicação uma reflexão sobre o uso do som como elemento fundamental da construção narrativa do filme A Árvore da Vida, do diretor norte americano Terrence Malick, de 2011, destacando a música diegética como uma das principais ferramentas de potencialidade narratológica, que se configura através da sua montagem em sobreposição aos ruídos de fragmentos temporais da diegese, a fim de pontuar o estado emocional dos personagens em um gesto poético do criador.
Pradões estéticos do som do horror nos videogames
Vicente Reis de Souza Farias (UFBA)
Neste trabalho pretendemos verificar padrões recorrentes na construção sonora dos videogames do gênero de horror, levando em consideração a natureza interativa e não linear deste produto cultural e a influência da tecnologia de desenvolvimento no som. Em nosso processo metodológico faremos comparações com o cinema, construindo nossa compreensão do gênero de horror a partir deste.
Casa Grande e Senzala na Obra de Kleber Mendonça Filho
Leon Orlanno Lôbo Sampaio (UFBA)
O presente artigo propõe uma reflexão sobre a paisagem histórica brasileira a partir da análise de sequências dos filmes “O Som Ao Redor” (2012) e “Recife Frio” (2009), dirigidos por Kleber Mendonça Filho. O foco da análise será a montagem e o som, a validade e os efeitos de determinados cortes e ruídos, que ora denotam uma continuidade das relações opressoras no contemporâneo, ora fazem emergir o dissenso.

PAINEL: Ensaios no real II – Coordenação: Felipe Corrêa Bomfim

20/10/2017 às 09:30 – Sala 14
Documentário brasileiro, invisibilidade e encenação
Daniel Brandi do Couto (UFJF)
O presente artigo investiga a opção do uso da encenação no documentário ‘Juízo’ (Maria Augusta Ramos, 2007). Discute-se a intervenção da diretora não somente como forma de lidar com uma imposição legal no registro de jovens infratores, mas como estratégia capaz de potencializar o registro da realidade, dando visibilidade a uma parcela da população marginalizada pelo sistema e retratada em diferentes condições pelas narrativas audiovisuais brasileiras contemporâneas.
A imagem política em Leona Assassina Vingativa: três suspeitas
Álvaro Andrade Alves (UFMG)
Atento à proposição da crítica Nicole Brenez, de que é imprescindível buscar “novas formas de expressão” entre os filmes feitos por pessoas comuns e publicados na internet, esse trabalho se propõe a pensar os vídeos Leona Assassina Vingativa, publicados no Youtube em 2009. O trabalho parte do conceito de imagem política e da noção de figuras do engajamento, do pesquisador Cezar Migliorin, para entender a potência desses vídeos para intervir no visível e no enunciável (RANCIÈRE, 2004: 241).
O porvir da contemplação: “Em Nome da Razão” e a reforma psiquiátrica.
Iago Rezende de Almeida (UFJF)
O cunho político do discurso sanitarista fez com que diversas práticas eugenistas tomassem forma nas práticas psiquiátricas brasileiras. O Hospital Colônia, situado em Barbacena, tornou-se conhecido a partir do documentário “Em Nome da Razão: um filme sobre os porões da loucura”, de Helvécio Ratton, que denunciou os maus tratos em nível nacional. Este estudo pretende compreender de que maneira a documentarização da prática manicomial se tornou aliada no processo de luta contra a exclusão social.

ST Cinema e América Latina: debates estético-historiográficos e culturais – Sessão 6: Sujeitos “marginais” no cinema contemporâneo

20/10/2017 às 11:30 – Sala 1
El Club, de Pablo Larraín, ou como esconder padres em uma praia fria.
Marina Soler Jorge (Unifesp)
Esta comunicação analisa o filme El Club, do cineasta chileno Pablo Larraín, lançado em 2015, sob o ponto de vista das estratégias plásticas que dão suporte à narrativa. Procuraremos mostrar como alguns elementos estéticos – a filmagem em contra-luz, o uso de lente grande angular e a paleta de cores fria – ajuda a construir a imagem desbotada e distante de um grupo de padres criminosos, imobilizados no tempo e encerrados confortavelmente no cinzento litoral chileno.
Sujeitos à margem e exílio no cinema latino-americano contemporâneo
Bárbara Xavier França (UFMG)
A partir de filmes dos diretores Lisandro Alonso e Pablo Trapero, associados ao chamado “minimalismo expressivo” do cinema argentino do século XXI, o trabalho propõe discutir possibilidades de se abordar novas expressões do exílio no cinema latino-americano contemporâneo. Percebendo a recorrência de temas e estratégias envolvendo ausência, marginalização e migração na produção audiovisual do presente, toma-se o exílio como chave para pensar cultura, política e violência na América Latina.
Violência e ressentimento em O Som ao Redor e História del Miedo
Fernanda Sales Rocha Santos (USP)
Serão traçadas conexões temáticas e estéticas entre o filme brasileiro “O Som ao Redor” (Kleber Mendonça Filho, 2012) e o argentino “Historia del Miedo” (Benjamín Naishtat, 2014), focando dois aspectos interligados: o ressentimento social e a violência. Para tanto, utilizaremos a teorização de Ismail Xavier (2001) sobre a figura do ressentido no cinema brasileiro, assim como considerações sobre a expressão da marginalidade no cinema argentino por autores como Borgondi e Guzmán (2011).

ST Cinema e literatura, palavra e imagem – Encerramento com Paloma Vidal – Viagem ao país da infância: escrevendo com Roland Barthes

20/10/2017 às 11:30 – Sala 2

ST Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil – Sessão 5

20/10/2017 às 11:30 – Sala 3
Recepção e difusão cinematográfica na obra de Paulo Emílio (1941-1959)
Rafael Morato Zanatto (UNESP/ FCL Assis)
Pretendemos demonstrar como as reflexões históricas de Paulo Emílio acerca da recepção da cultura cinematográfica é indissociável de uma nova modalidade de exibição, forjada a partir dos trabalhos de prospecção e difusão de instituições de preservação do patrimônio audiovisual nos anos 1940 e paradigma que irá adequar ao contexto nacional ao realizar as retrospectivas do I Festival Internacional de Cinema no Brasil, cursos, etc., voltados à formação de críticos, realizadores e público.
A PRÁTICA CURATORIAL NOS FESTIVAIS DE CINEMA BRASILEIROS – REFLEXÕES
Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) (UFF / UERJ)
Nos últimos anos estamos assistindo a transformações nos festivais de cinema no que tange à questão da seleção dos filmes. Com a crescente digitalização a atividade curatorial irá sofrer consequências inevitáveis. Pretendemos descortinar diferentes papéis atribuídos à figura do curador de festivais de cinema, buscando compreender, não só os bastidores do processo de seleção das obras audiovisuais, mas também de que maneira a atividade curatorial pode ser vista como uma forma de pensar o mundo.

ST Teoria dos Cineastas – Sessão 6 – Cineastas: corpos, gestos e retratos

20/10/2017 às 11:30 – Sala 5
Cláudio Assis e a imagem que faz sintoma
Bruno Leites (IFRS)
Investigamos o projeto de Cláudio Assis nos seus dois primeiros longas, Amarelo Manga e Baixio das bestas, julgando ver ali a concepção de uma imagem que pretende fazer sintoma em civilização. Essa sintomatologia se define pela conjunção entre o desconforto (estética da crueldade, violência da sensação) e a satisfação (prazer da imagem, tipicidade dos corpos). Assim, a imagem é pensada para ensejar no espectador o sentimento de partilha com a doença de mundo que o realizador acredita revelar.
A (DES)CONSTRUÇÃO TÉORICA DO GESTO NO DOCUMENTÁRIO DE EVALDO MOCARZEL
Cristiane do Rocio Wosniak (UNESPAR)
A obra documental de Evaldo Mocarzel é atravessada por experimentos cinematográfico-coreográficos. Suas Cartas de Montagem reiteram a desconstrução gestual do movimento e da sequência dançante na constituição de sua práxis cinematográfica. A partir da Carta enviada ao cineasta Marcelo Moraes e da análise de excertos do filme Canteiro de Obras: São Paulo Companhia de Dança (2010), pretendo demonstrar como um pensamento autoral se reveste em uma teoria posta em prática na montagem cinematográfica.
Caminhar sobre os cacos da linguagem: Mario Handler e Aloysio Raulino
Victor Ribeiro Guimarães (UFMG)
A partir da comparação entre Carlos, cine-retrato de un “caminante” en Montevideo (Mario Handler, 1965) e Teremos Infância (Aloysio Raulino, 1974), busco investigar como essas duas incursões notáveis na tradição do retrato fílmico na América Latina são igualmente o lugar de interrogações teóricas densas, que buscam mergulhar na crise da interação entre cineasta e sujeitos filmados, problematizar a condição do espectador e questionar o estatuto do encontro no cinema.

ST Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos – Sessão 5

20/10/2017 às 11:30 – Sala 6
De prosa com as imagens – pela etnografia visual e da duração
Roberta Simon (PUCRS)
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre as contribuições do aporte metodológico da etnografia da duração para compreensão dos fenômenos fílmicos. O objeto de análise é a crônica vídeo-etnográfica “De Prosa com as Imagens – narrativas, paisagens e movimentos em Porto Alegre”. Como proseamos com as imagens? De que forma as narrativas diante das imagens em uma exposição são entrelaçadas pelas narrativas biográficas dos personagens e seus contextos socioculturais?
Faceless, reapropriação de imagens de câmeras de vigilância no cinema
Viviana Echávez Molina (Unicamp)
Partindo do filme Faceless (UK, 2007) da diretora Manu Luksch, pretendemos analisar as estratégias estéticas usadas no tratamento de imagens provenientes de câmeras de vigilância. Nos adentraremos na análise da chamada retórica do índice temporal que domina a narrativa desse tipo de imagens e estabeleceremos uma relação com os conceitos de cinema de vigilância e documentação compulsiva (ZIMMER, 2015).
Cinema brasileiro: o uso da sociologia para se pensar o hegemônico
Vanessa Kalindra Labre de Oliveira (PPGCOM-UFRGS)
Esse trabalho faz uso dos estudos advindos da sociologia como ferramentas para analisar o modelo de produção e de representação de Daniel Filho, produtor e diretor cinematográfico que tem participado de grande parte dos maiores sucessos de bilheteria da contemporaneidade. Para tal, os conceitos de campo, fator de moldagem e hegemonia fazem um tripé teórico para considerar sua produção, não apenas artística e economicamente, mas a partir do capital simbólico que infere ao mercado.

ST Cinema Queer e Feminista – Sessão 5

20/10/2017 às 11:30 – Sala 7
A experiência do coletivo feminista Mulheres no Audiovisual PE – MAPE
Yanara Cavalcanti Galvão (UFS)
O presente trabalho realiza uma breve contextualização histórica do cinema produzido em Pernambuco com ênfase na formação e trabalho colaborativo dos grupos de cinema para em seguida focar no audiovisual contemporâneo do Estado e investigar a relação entre política, estética e colaborativismo a partir da experiência do coletivo feminista Mulheres no Audiovisual PE – MAPE.

Cinema contemporâneo; Coletivo audiovisual; Feminismo; Estética; Política

A resistência das mulheres na crítica: a experiência das Elviras
Maria Castanho Caú (UFRJ)Samantha da Silva Brasil (UFRJ)
Desde seus primórdios, a crítica (assim como a realização cinematográfica) esteve mantida nas mãos de homens, sendo um ambiente muitas vezes machista e hostil às intervenções de mulheres. A partir desse panorama, nos propomos a investigar a recente experiência das Elviras (Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema), grupo fundado no Brasil em 2016 que busca uma maior representatividade feminina no amplo espaço da crítica, da curadoria de mostras e festivais, e nos diversos veículos de comunicação.
Um olhar feminista sobre a crítica cinematográfica
Bárbara de Pina Cabral (UnB)
Este trabalho se fundamenta na análise das críticas cinematográficas de três filmes brasileiros contemporâneos com protagonismos femininos: Era uma vez eu, Verônica (2012), de Marcelo Gomes; O Olmo e a gaivota (2015), de Petra Costa e Mate-me, por favor (2016), de Anita Rocha da Silveira. Os textos escolhidos encontram-se nos sites das revistas Cinética e Contra Campo, no portal Omelete e no site da Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

ST Cinema e educação – Sessão 5 – Experiências com cinema e educação: Produção e criação como exercício

20/10/2017 às 11:30 – Sala 8
ABECEDÁRIOS AUDIOVISUAIS: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO CRÍTICA E CRIATIVA
Adriana Mabel Fresquet (PPGE/UFRJ)
Inspirada no Abecedário de Gilles Deleuze pretendo refletir sobre a potência de pesquisa, ensino e alcance de espectadores que significa a realização de abecedários audiovisuais, produzidos solicitando aos especialistas em cinema ou educação reflexões a partir de verbetes para cada letra do abecedário. Essa potência que se revela num gesto de produção colaborativa de conhecimento e imediato compartilhamento nas redes sociais. No ensaio, apresentarei alguns verbetes de vogais introduzido pelas
APONTAMENTOS SOBRE O CINEMA NA ESCOLA:O MINUTO LUMIÈRE COMO EXERCÍCIO
Andreza Oliveira Berti (UFRJ)
Considerando os últimos acontecimentos políticos no Estado brasileiro em que presenciamos a violação dos direitos educacionais, a conjuntura nos exige encorajamento para uma tomada de posição em prol da construção de caminhos éticos e estéticos que impulsionem novos movimentos. Nessa direção, esse trabalho pretende anunciar a potência do cinema na escola, sob o ponto de vista da alteridade, na relação entre criação, ação e resistência; por meio do exercício com o Minuto Lumière.

ST Corpo, gesto, performance e mise en scène – Sessão 5 – Corpos, gêneros e afetos

20/10/2017 às 11:30 – Sala 9
Horror, erotismo e violência: prazeres e afetos do feminino monstruoso
Mariana Ramos Vieira de Sousa (UFF)
Partindo dos filmes “A Marca da Pantera” (1982, Paul Schrader), e “Em Minha Pele” (2002, Marine de Van) a apresentação pretende explorar as possibilidades e afetos dos corpos femininos monstruosos e/ou abjetos, em momentos de uma performance sexual violenta, dentro de um regime de “pornificação” do horror, que permita perscrutar as fissuras discursivas e as potências de uma organização particular sistema do excesso que nasce da interpelação desses gêneros.
Do homem-máquina: jogos de máscaras na ficção científica
João Vitor Resende Leal (ECA-USP)
A partir de filmes de ficção científica, pretendemos analisar a tradição do personagem androide, levando em consideração o trabalho atoral e as estratégias narrativas que habitualmente o constituem. Personagem não-humano que, interpretado por um ator humano, não raro tenta se passar por um ser humano, o androide complica e coloca em evidência relações entre ator, corpo, personagem e figura no cinema, possibilitando assim um outro modo de se explorar a complexidade do personagem cinematográfico.
Dente Canino e Miss Violence: a violência dos afetos
Catarina Andrade (UFPE)
Este artigo analisa os filmes Dente Canino (Yorgos Lanthimos, 2009) e Miss Violence (Alexandros Avranas, 2013), a partir das teorias do corpo e da perspectiva da estética performativa da chamada Greek Weird Wave, buscando entender o espaço familiar nessas obras enquanto microcosmo político de uma sociedade fundamentada na violência. Propomos pensar o corpo performático enquanto espaço ideológico, e de que modo sua performance e mise-en-scène instauram em cena uma “violência dos afetos”.

ST Interseções Cinema e Arte – Sessão 5 – Representação e auto-representação

20/10/2017 às 11:30 – Sala 10
Olivier Culman: a fotografia e o autorretrato nos limiares da ficção
Maria Teresa Ferreira Bastos (UFRJ)
A experiência artística contemporânea já não delimita realidade/ficção como questão dicotômica e nem necessita destas fronteiras como horizonte hermenêutico de análise, mas sim, como observação de seus fenômenos. A partir do trabalho do fotógrafo francês Olivier Culman, intenciona-se observar a construção estética que evidencia esta questão e também traz à tona possibilidades de reflexão sobre retrato e autorretrato entre uma vocação identitária clássica do gênero, ao seu uso contemporâneo.
Autorretrato e performatividade: o ensaio no cinema de exposição
Rodrigo Corrêa Gontijo (UNICAMP)
O ensaio audiovisual possui uma estratégia estética distinta, marcada sobretudo por uma narrativa não-linear, fragmentada e pessoal. Este trabalho visa refletir sobre a dimensão ensaística do cinema de exposição, a partir das características autorretratísticas e performativas das obras Me and Rubyfruit (Sadie Benning, 1989), Why I never became a dancer (Tracey Emin, 1995) e Confessions (Marina Abramovic, 2010).
O filme-ensaio como acontecimento em Ex-Isto de Cao Guimarães
Marco Túlio de Sousa Ulhôa (UFF)
O artigo analisa o filme Ex-Isto, do cineasta e artista-plástico Cao Guimarães, a partir de suas aproximações com o filme-ensaio, conforme os estudos de Timothy Corrigan. Relacionando o legado literário e a abrangência filosófica como elementos imprescindíveis ao ensaio cinematográfico, o texto aborda o romance que embasa a realização do filme, estabelecendo os aspectos que permitem que este seja apontado como um “acontecimento”, em analogia à maneira como Deleuze e Guattari definem a filosofia.

ST Teoria e Estética do Som no Audiovisual – Sessão 5

20/10/2017 às 11:30 – Sala 11
A voz no cinema, “Família Rodante” e o significado fora da palavra
Debora Regina Taño (UFSCar)
A expressão de um som vocal que não diz, ou quando diz não possui um destinatário certo. Tal prática nos dá a possibilidade de pensar a voz no cinema fora da centralidade da palavra, do conteúdo. Por meio da análise das primeiras cenas de Família Rodante (Pablo Trapero, 2004) propomos pensar como a voz, mesmo estando no centro sonoro de entendimento, claramente compreensível, pode não ter a função de comunicar algo objetivo, mas sim ser parte de um personagem ou ação.
O ato da fala como gerador da violência em filmes brasileiros
debora regina opolski (UFPR)
Essa comunicação pretende discutir a performance vocal nos filmes brasileiros contemporâneos de ficção comercial que possuem como temática o tráfico de drogas. Traçando uma analogia com o que Kozloff (2000) chama de filmes de gângster, pretende-se demonstrar que essas produções são verborrágicas e centradas na palavra falada. Ainda, pretende-se evidenciar que a representação da violência é constituída pelos atos da fala dos personagens (AUSTIN, 1962) e não pelas imagens.
Não-sincronia: a dublagem criativa
Joice Scavone Costa (FACHA)
Em 2013 – em meio ao mercado cinematográfico que vê na dublagem uma solução para a acessibilidade a filmes estrangeiros ou técnica para correção de problemas na captação de som direto – dois diretores brasileiros pensam a técnica da dublagem como uma referência histórica do cinema de invenção e um recurso estético cinematográfico que diferencia a materialidade da voz de seus personagens em “Doce Amianto” (Parente; dos Reis, 2013).

O cinema de Saraceni e Hirszman

20/10/2017 às 11:30 – Sala 12
Leon Hirszman ao gravador: as origens estéticas do filme Black-tie
Reinaldo Cardenuto Filho (FAAP)
Embora nunca tenha publicado um texto, Leon Hirszman deixou várias gravações em torno de suas ideias. A partir desses áudios, gravados de 1973 a 1986, verifica-se um realizador disposto a repensar seu cinema, sobretudo o modo como o popular deveria ser representado. Dialogando com autores do Teatro de Arena, Hirszman busca fazer uma obra que exponha as contradições vividas pelo Brasil durante a ditadura. Da análise de suas falas, esboça-se uma genealogia do filme Eles não usam black-tie (1981).
Narrativas do improviso em ‘Partido Alto’ (Leon Hirszman, 1976-1982)
Albert Elduque (UoR)
Pensar o partido-alto em termos cinematográficos deve situar o improviso como forma central: explorar de que modos articulam-se versos espontâneos, narrativa, imagem e som. Nesta apresentação gostaria de investigar como o documentário ‘Partido Alto’ (1976-1982), de Leon Hirszman, aborda o problema do acaso, considerando algumas ideias de Jean-Louis Comolli sobre o free jazz: o vínculo entre o improviso e o fora de quadro, por um lado, e o improviso como forma de vida e morte, pelo outro.
Drama Inacabado, recitado: políticas do antinaturalismo em duas obras
ROBERTO RIBEIRO MIRANDA COTTA (UFMG)
“São Bernardo” (1972), de Leon Hirszman, e “O viajante” (1999), de Paulo César Saraceni, forjam para si estruturas de encenação impregnadas por formas distintas de antinaturalismo. Partindo de uma elucubração manuscrita por Jean-Marie Straub, a pesquisa aproxima esses dois filmes brasileiros para analisar as modulações políticas existentes no movimento desdramatizado que a mise en scène deles engendra frente o confronto com o ponto de vista desvelado por seus protagonistas.

Cinema expandido

20/10/2017 às 11:30 – Sala 13
Concerto para Super-8
Patricia Moran Fernandes (ECA/USP)
A jovem dupla carioca Gustavo Torres e Felipe Nokus, em sua pesquisa atual privilegia esmaecimento da imagem, sua impossibilidade de existência ou de visualização, conferindo singular importância à materialidade e à presença dos aparatos produtores de imagem e som. A imagem é manipulada até sua destruição física, poesia do desaparecimento em presença. Os projetores, estão organizados de modo a constituir uma sinfonia relacionada ao timbre de cada projetor.
ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E CORPORIDADE NO CINEMA EXPANDIDO
CRISTIANE MOREIRA VENTURA (IFG)
A comunicação aborda a investigação em torno da recepção sensório-corporal em instalações audiovisuais, e como os dispositivos tecnológicos multiplicam as capacidades sensoriais, dilatando as percepções. Analisamos como obras de cinema expandido em composição com espaço, corpo, áudio e vídeo se alinham gerando efeitos sensoriais no observador de modo difuso e rizomático, sendo diferente percepção “verticalizada” experienciada nas salas de cinema.
ZAUMDATA e a arte pós-aurática
Fernando Gerheim (UFRJ)
A proposta desta comunicação é apresentar as questões em torno do trabalho ZAUMDATA, realizado durante processo de pesquisa prático-teórico, tendo como eixo a apropriação pelo vídeo do cinema e da imagem informática. Dialogando com as múltiplas telas onipresentes das mídias digitais e, ao mesmo tempo, com a linguagem cinematográfica, o trabalho está menos centrado no objeto do que em questões que permitem sua atualização sob diversas formas, numa forma de intermitência.

PAINEL: Cinema e ciências sociais: diálogos e aportes metodológicos – Coordenação: Roberta Nabuco de Oliveira

20/10/2017 às 11:30 – Sala 14
James Dean: Mito e herói em Juventude Transviada
Guilherme Popolin (UEL)
O filme Juventude Transviada (1955) foi pioneiro ao retratar as transformações em curso na sociedade do pós-guerra. Este trabalho analisa algumas nuances do filme que contribuíram para a formação do mito midiático James Dean. As perspectivas históricas, antropológicas e midiáticas demonstram a formação do mito, com apoio das teorias de Edgar Morin e Joseph Campbell. Com status de herói e mito midiático, Juventude Transviada projetou James Dean ao Olimpo Moderno.
Identidade social e a representação da epilepsia no cinema
Fernanda Sayuri Gutiyama (IA – UNICAMP)
O objetivo desse estudo é trazer novo viés à pesquisa sobre representação da epilepsia nos cinemas, discutindo a questão de alteridade, identidade e representatividade social da pessoa com epilepsia. Com base na visão biopolítica de Michel Foucault, sociologia do cinema e estudos em antropologia médica, discorremos sobre corporalidade e expressão de subjetividades: o que é ser saudável e como os discursos das instituições sociais nos filmes moldam a realidade de quem possui epilepsia.
Santo Forte: um diálogo entre Eduardo Coutinho e a história oral
Helena Oliveira Teixeira de Carvalho (UFJF)
O artigo pretende fazer um estudo da relação entre a entrevista presente no filme Santo Forte (1999), do diretor Eduardo Coutinho, e a metodologia da história oral.Durante o filme, podemos observar, na condução e no tratamento das entrevistas, alguns aspectos característicos da história oral. A sua maneira, Coutinho nos permite estudar as interfaces da narrativa audiovisual e sua relação com a história e a memória.
Etnografias fílmicas da cidade em filmes de ficção brasileiros
Wendell Marcel Alves da Costa (UFRN)
Na Antropologia o uso de imagens fílmicas na pesquisa etnográfica tem se valido para enfatizar narrativas visuais dos lugares da cidade. O uso de imagens fílmicas na pesquisa etnográfica do espaço urbano constitui-se num processo de ressignificação do próprio método antropológico. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo discutir o elemento da imagem fílmica no contexto da produção do conhecimento etnográfico a partir de filmes de ficção brasileiros que tratam da cidade do Recife-PE.

ST Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos – Sessão 6

20/10/2017 às 14:30 – Sala 1
Raça e cinema: considerações metodológicas
Ana Ligia Muniz Rodrigues (UFPB)
O cinema é uma instituição emblemática da vida moderna. Produto comercial e ao mesmo tempo criador de representações se tornou uma das maneiras mais populares de se falar da sociedade. Nesta perspectiva, este trabalho tem por objetivo inferir algumas reflexões sobre a pesquisa sociológica no campo do cinema. Através do relato sobre os procedimentos metodológicos e as dificuldades durante pesquisa de doutorado sobre relações raciais e cinema brasileiro.
Processos sociais da imigração nos filmes “A última estação” e “Iván”
Roberta Nabuco de Oliveira (UFPR)
Equipara-se em uma análise sociológica a construção fílmica em “A última estação” e “Iván, de volta ao passado”. Ambas, produções da década de 2010, abordam o regresso de um personagem imigrante à sua terra natal. Elege-se como parâmetros comparativos os seguintes aspectos: a construção do personagem imigrante, a relação deste com o passado, a noção de pátria, a relação com outros personagens e, por fim, o desfecho dado ao personagem imigrante.
Ancestralidade e Memória na construção identitária no documentário
Guilherme Rezende Landim (UFJF)
Partindo do princípio do argumento de Claudine de France (1998), de que o registro audiovisual “permite que a tradição oral se fortaleça a partir da apreensão das manifestações visuais do sensível” propõe-se investigar a oralidade, a ancestralidade e a memória, por meio das narrativas orais/visuais no documentário “Batuque: (en)cantos de luta”, narrativas que pressupõem a reunião e análise de um conjunto de entrevistas, fotografias, filmagens, arquivos sonoros e textos.

ST Cinema Queer e Feminista – Sessão 6

20/10/2017 às 14:30 – Sala 2
A performance queer na dupla encenação do filme The Watermelon Woman
Marília Xavier de Lima (UAM)
The Watermelon Woman (1996), Cheryl Dunye, é um modelo híbrido de ficção/documentário. A dupla encenação vai da busca de uma atriz negra do cinema mudo ao cotidiano da própria diretora/personagem. Uma associação entre forma e conteúdo permite igualar-se à representação da personagem o deslocamento dos gêneros cinematográficos, tornando o filme uma performance queer, em que a história sobre a vida da mulher-melancia e a realidade de Cheryl se mesclam, dando visibilidade à mulher negra e lésbica.
A voz do corpo feminino negro: afeto e ancestralidade em cena
Geisa Rodrigues (UFF)
Na figuração das relações entre mulheres negras em três curtas contemporâneos brasileiros destaca-se a utilização de elementos caros às culturas africanas ancestrais, bem como ao Candomblé, religião afro-brasileira de origem iorubana, o que sugere a potência política de tais utilizações. Ao dar voz e corpo às experiências dessas personagens, os filmes em questão também se aproximam de certa linha do feminismo negro norte-americano, que valoriza a articulação entre teoria e experiência de vida.
O cinema de Lizzie Borden: feminismo e frontalidade
KENIA CARDOSO VILACA DE FREITA (UCB)
Nesse trabalho nos propomos a analisar três filmes da cineasta Lizzie Borden: Born in Flames (1983), Working Girls (1986) e Love Crimes (1992). Esses filmes de gêneros e estilos diversos trazem em comum narratividades diretas e cortantes, que nos parecem apontar para um cinema feminista e de frontalidade. Assim, o texto apontará como essa frontalidade narrativa e imagética é construída em cada um desses filmes.

ST Cinema e educação – Encerramento

20/10/2017 às 14:30 – Sala 3

ST Corpo, gesto, performance e mise en scène – Sessão 6 – Corpos na tela, corpos na sala

20/10/2017 às 14:30 – Sala 4
O Encarar a câmera e os afetos partilhados
Mariana Baltar (UFF)
A proposta desta comunicação é pensar o gesto de encarar e interagir com a câmera no interior das obras marcadas prioritariamente no campo da ficção como um instante que estabelece uma relação de cumplicidade e afeto com o espectador. Nossa hipótese é que tal gesto – instante quase supérfluo e fragmentário no interior do tecido fílmico – acaba por instaurar uma outra ordem de engajamentos com o espectador, mobilizando relações de cumplicidade, “partilhamentos”, afetações e atrações.
O gesto químico: uma subversão da forma no cinema
Andrea C. Scansani (USP/UFSC)
A partir do diálogo entre as obras fotográficas La Nébuleuse e Penthesilée (1938) de Raoul Ubac com os filmes Mu(e)s e Esquisse (2015) de Frédérique Ménant, investigaremos a subversão da forma na imagem cinematográfica como propulsora do pensamento desencadeado pelo gesto químico.

ST Interseções Cinema e Arte – Sessão 6 – Passagens entre meios, técnicas e procedimentos

20/10/2017 às 14:30 – Sala 5
Destruição e criação: temporalidade nas naturezas mortas de Ori Gersht
Manuela de Mattos Salazar (UFPE)
Este trabalho investiga as relações temporais resultantes do uso de diferentes linguagens – pintura, fotografia, vídeo – e de novas tecnologias em três trabalhos do artista israelense Ori Gersht. Ao contrapor o fator estático das naturezas mortas, gênero ligado à ideia de transitoriedade, com os movimentos velozes e explosivos, o artista propõe uma renovação nesta tradição pictórica com um debate a respeito das relações entre vida e morte, mas, sobretudo, entre beleza e violência.
Entre meios e médiuns: espectros em Séances de Guy Maddin
Rodrigo Faustini dos Santos (USP)
Discutirei Séances (2016), obra baseada em projetos não realizados de cineastas do passado, remixados em sessões online únicas. O resgate da fantasmagoria pela obra será cruzado com o uso Gunning (2004), do phantasm como emblema para a ontologia fotográfica, entre o material e imaterial. Logo, aproximo-me da “arqueologia de mídias” discutida por Parikka (2013), que privilegia histórias alternativas e hipotéticas, cruzamentos e divergências na história do meio – elementos estruturais em Séances.
Pintescrituras : Memória, Imagem , História(s) em Greenaway
Marco AntônioVieira (UnB)
Intenta-se aqui iluminar algumas das complexas fronteiras que a obra do cineasta e artista multimídia Peter Greenaway mantém com programas narrativos presentes na Arte Contemporânea. Seus curtas e média-metragens H is for House (1973) , Vertical Features Remake (1976) e A walk through H : the reincarnation of an ornithologist (1978) adquirem sua peculiaridade tropológica precisamente por travestirem-se de uma forma híbrida que se apropria parodicamente do gênero documentário.

ST Teoria e Estética do Som no Audiovisual – Sessão 6

20/10/2017 às 14:30 – Sala 6
Vozes e sons ambientes sobre telas azuis, negras, imagens fixas
Fernando Morais da Costa (UFF)
Há um conjunto de filmes, entre menos recentes ou mais, que carrega uma particularidade: eles põem nas telas um mínimo de imagens e, ao mesmo tempo, sonorizações elaboradas. Filmes cujas imagens se resumem a uma tela azul, como Blue, de Derek Jarman; negra, como Wochenende, de Walter Ruttmann: poucas imagens fixas, como Branca de neve, de João Cesar Monteiro. O que há em suas vozes e sons ambientes quando as imagens pouco lhes servem como ancoragem, tencionando a própria análise fílmica?
Experimentalismo sonoro no cinema latino-americano
Damyler Ferreira Cunha (ECA/ USP)
O que é experimentalismo sonoro no cinema? Quais as relações existentes entre cinema experimental e música experimental?
Neste artigo me debruço sobre tais perguntas com o objetivo de propor a análise de obras que tentaram trazer para o primeiro plano da cena audiovisual latino-americana uma experiência acústica que apontava em direção à organização dos ruídos do mundo em som musical.
Processo de criação do som em Medo do Escuro
Marina Mapurunga de Miranda Ferreira (UFRB)
Este trabalho analisa o processo de criação do som do filme Medo do Escuro (de Ivo Lopes Araújo), o qual realiza o som em tempo real. Nosso objetivo é entender como ocorrem essas construções e planejamentos para execução do som em tempo real, pensando os elementos sonoros, o posicionamento físico e intenções da banda do filme e suas relações com o público durante as exibições. A cada exibição Medo do Escuro ganha complexidade, se reconfigura, se adaptando aos espaços e aos novos sons.

Distopias contemporâneas: “Black Mirror”, tecnologias e subjetividade

20/10/2017 às 14:30 – Sala 7
Distopia em tons pastéis: afetos e resistências em Black Mirror.
Diego Paleólogo (UFRJ)
As distopias, no final do século XX e início do XXI, adquirem novas espessuras. A série Black Mirror esta em fina sintonia com as questões suscitadas pela ubiquidade tecnológica, distopias e as novas configurações dos corpos e das subjetividades: as possibilidades abertas por novas tecnologias tecem tramas que narram desde a ideia de tecnologia como arma política até a possibilidade de softwares que simulam mortos. Diante do fim dos tempos, quais e subjetividades tornam-se resistência?
O zumbido das abelhas: contágio social e ética em “Odiados na nação”
Ericson Telles Saint Clair (UFF)
As relações entre ética, contágio social e mídias digitais são pensadas a partir do episódio “Odiados na nação”, da série Black Mirror. O episódio permite-nos refletir sobre as novas modalidades de exercício de poder que têm nas redes sociais um importante catalisador. Na esteira de conceitos de Gabriel Tarde, Nietzsche e Foucault, sugere-se que o veloz contágio de crenças e desejos na rede atualiza a moral de rebanho, aqui figurada como enxame de abelhas-drone em zumbidos hipnóticos.
“Queda livre” nos labirintos da avaliação
Maria Cristina Franco Ferraz (UFRJ)
A discussão sobre o episódio “Queda livre” enfatizará a lógica de funcionamento da avaliação, atrelada às mídias sociais. As tecnologias serão entendidas em sua adequação a modos de vida pautados pelo capitalismo financeirizado e pelo modelo empresarial. Iremos explorar a tematização do “diagrama da avaliação” (José Gil) e as reflexões de Büttgen e Cassin sobre avaliação de desempenhos. Por fim, serão enfatizadas diferenças entre tal diagrama e o sentido nietzschiano de avaliação.

Cahiers du cinéma: cineastas e críticos

20/10/2017 às 14:30 – Sala 8
A função crítica segundo Serge Daney e os Cahiers
Ricardo Lessa Filho (UFPE)
Como pensar a crítica do cinema senão a partir da geração que fundou uma nova forma de olhar para os filmes? A crítica e toda a sua função, acreditamos, deve estar ligada à “cinefiliação” proposta por Serge Daney, aquilo que trespassa a cinefilia (a paixão) e acaba por instaurar uma filiação (sanguínea): o cinefils, os filhos do cinema, como uma aceitação e exigência que deve reger todo o gesto cinematográfico, seja ele de escrever sobre, seja de curadoria, seja de realização.
Philippe Garrel: entre duas desconstruções no pós-Maio de 68
Leonardo Esteves (PUC-Rio)
O trabalho visa investigar a obra do diretor Philippe Garrel no período Zanzibar à luz de duas desconstruções erigidas pela crítica no pós-Maio de 68 sob a influência das ideias de Louis Althusser. Uma desconstrução em torno da dilatação do “cinema direto”, articulada pela Cahiers du cinéma; e outra desconstrução que toma corpo no projeto teórico defendido em Cinéthique, a de um cinema marxista-leninista cuja ênfase recai sobre a montagem.
O Cinema Brasileiro em Carnets Brésiliens de Pierre Karst.
Alessandra Souza Melett Brum (UFJF)
Este artigo tem por objetivo analisar a sequência dedicada ao Cinema Brasileiro no documentário L’Amazonie, Belem, Manaus, le Nordeste, le cinéma brésilien do cineasta francês Pierre Kast. Trata-se de uma das séries que compõem Carnets Brésiliens composta por quatro partes produzida para a Televisão pública Francesa exibidas entre janeiro e março de 1968.

Cinema no contexto da ditadura militar

20/10/2017 às 14:30 – Sala 9
Iracema, Cinema e Colonização Amazônica
Claudio Aurelio Leal Dias Filho (IFMT/UFMT)
O trabalho tem por objetivo analisar como a ocupação da Amazônia brasileira na década de 70 foi abordada no filme Iracema Uma Transa amazônica, de Jorge Bodansky e Orlando Senna. A análise está relacionada às teorias culturais e análises históricas do período da ditadura militar. Esse viés possibilita um debate sobre as representações da identidade cultural e os conflitos ocorridos dentro desse processo que marcou a história recente do Brasil.
“O jardim das espumas”, de Luiz Rosemberg Filho
Renato Pannacci (Unicamp)
Durante a comunicação será empreendida uma análise fílmica de “O jardim das espumas” (1970), segundo longa-metragem realizado por Luiz Rosemberg Filho. Rodado no auge da repressão imposta pelo regime militar no Brasil, o filme é identificado com o período do Cinema Marginal – sobretudo devido à verve experimental inerente à sua forma e conteúdo –, mas possui também preocupações de de cunho social e político próprias ao Cinema Novo.
Histórias de vida: o documentário biográfico brasileiro
Flávia Seligman (Unisinos)
Este trabalho faz parte da pesquisa de pós doc, A ESCRITA CRIATIVA NOS DOCUMENTÁRIOS BIOGRÁFICOS, que está sendo desenvolvida no PPGL da PUCRS, iniciada em janeiro de 2017. Vamos tratar de documentários sobre a história do Brasil como uma forma de constituir/construir memória. Escolhemos para isto estudar filmes sobre personagens participantes de alguma forma da história do país durante a Ditadura Militar (1964-1985), como o ex presidente João Goulart e o líder guerrilheiro Carlos Marighella.

Cinema em Pernambuco III

20/10/2017 às 14:30 – Sala 10
PAISAGENS E LUGARES DISTÓPICOS NO CINEMA DE KLEBER MENDONÇA FILHO
Maria Helena Braga e Vaz da Costa (UFRN)
O trabalho reflete sobre as distopias envolvidas na produção das imaginações, visibilidades e espacialidades geográficas da paisagem e do lugar postas em ação no cinema do pernambucano Kleber Mendonça Filho. Discute-se assim sobre uma geografia fílmica que se constrói a partir da construção da paisagem e do lugar fílmicos associada ao “lugar da distopia”. Para isso, é desenvolvida uma análise da paisagem e do lugar distópicos em Recife Frio (2009) e O Som ao Redor (2012).
Kléber Mendonça e a ciranda de todos nós: configurações espaciais e re
Genilda Azeredo (UFPB)
Propomos a discussão dos filmes Recife frio, O som ao redor e Aquarius, do diretor Kléber Mendonça, tendo como foco a questão espacial, considerando a cidade do Recife captada entre a fantasia distópica de Recife frio e as conotações realistas de O som ao redor e Aquarius. Os três filmes aqui abordados configuram espaços que vão desde a cidade (Recife frio), o bairro, à rua (O som ao redor), culminando na interioridade da casa (Aquarius). Que gestos de resistência os espaços indiciam?
Registros híbridos:uma análise dos filmes O Som ao Redor e Recife Frio
Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz (UFS)
Este artigo aborda os filmes “O Som ao Redor” e “Recife Frio”, do cineasta Kleber Mendonça Filho, que expõem a problemática das transformações urbanas da cidade do Recife. A análise se divide em duas partes: a primeira visa a construção das estruturas narrativas dos dois filmes, às quais são realizadas por um hibridismo entre os Gêneros Ficção e Documentário concebido de modo assaz autoral. Na segunda, a análise abordará o conteúdo das questões propostas como crítica ao modelo urbano da cidade.

Mulheres no cinema brasileiro

20/10/2017 às 14:30 – Sala 11
Quem foi a primeira cineasta brasileira?
Marcella Grecco de Araujo (USP)
Questão que norteia nossa pesquisa de doutorado, propomos no encontro uma reflexão acerca da pergunta: quem foi a primeira cineasta brasileira? O título de primeira mulher a dirigir um filme no Brasil é dado à Cleo de Verberena, que também atuou e produziu o longa O mistério do dominó negro, em 1931. Existiram outras antes? E quem foi Cleo de Verberena?
Superando a invisibilidade: cinema de mulheres a partir de 1990
Lívia Perez de Paula (ECAUSP)
Este estudo reflete sobre os mecanismos, fatores e processos – políticos, históricos e sociais – que contribuíram para a crescimento considerável da autoria feminina no cinema brasileiro a partir dos anos 1990. Além de levar em conta aspectos internos como a criação da Lei do Audiovisual em 1993 e a criação da ANCINE em 2002 o trabalho também considera aspectos externos que podem ter influenciado esse quadro como a chamada quarta onda do feminismo.
Tornar-se cineasta no Brasil nos anos 1960: o caso de Gilda Bojunga
Sheila Schvarzman (UAM)
Vamos enfocar a carreira de Gilda Bojunga, cuja filmografia esparsa entre -1967 e 1980 – fala sobre os caminhos e entraves de afirmação da mulher como cineasta nos anos 1960-70 no Brasil. Trabalhando no INCE, Gilda convive com Humberto Mauro e cinemanovistas, passa por uma formação com Jean Rouch e filma Humberto Mauro e Paulo Emílio Salles Gomes, em 1976 entre outros filmes. Os laços sociais e culturais são sua porta de entrada para uma produção que continua, atualiza e questiona essa herança.

Cinema e resistência

20/10/2017 às 14:30 – Sala 12
Cinema comunitario e Revolucao Molecular: novas potencias políticas
Andrea Molfetta (CONICET)
Neste trabalho, exponho os resultados do Projeto CONICET, “El cine que nos empodera: mapeo colectivo, antropologia visual y ensayos sobre el cine comunitario del Gran BsAs y Córdoba”, especialmente os referidos ao impacto produzido pelo cinema comunitario nas populacoes de baixa renda das periferias a partir da producao das suas proprias narrativas. No contexto da Lei de Meios (2009), o trabalho relata e interpreta os cambios produzidos como “revolucao molecular” (Guattari, 1978).
Paulo Leminski e o cinema americano: moral do comportamento e romance
Maria Cristina Mendes (UEPG)
A contribuição de Paulo Leminski para os estudos de cinema é o mote da pesquisa, cujo corpus é um plano-sequência do documentário Ervilha da Fantasia, uma ópera leminskiana (Schumann, 1985). No filme o poeta enfatiza que aprendeu o comportamento moral e o romance no cinema americano. Diante das tranformações no ensino público do país, se faz mister valorizar a educação pelo sensível e compreender as possíveis relações entre educação e cultura (Teixeira Coelho) na contemporaneidade (Agamben).
ESCOLA DE CINEMA CINEMENTO
DANIELE C GRAZINOLI (UFRJ)
As realizações da CINEMENTO têm como horizonte a experiência do cinema como parte das vivências na e da escola, através dos encontros com os filmes e das ações de criação audiovisual das quais participam bebês, crianças e adultos da comunidade escolar (famílias, responsáveis – parentais ou não – e servidoras/es da EEI-UFRJ), conforme seus desejos e tempos, já que não se trata de uma atividade cuja participação é obrigatória.

PAINEL: Arquivo e ensaio – Coordenação: Alexandre Guerreiro

20/10/2017 às 14:30 – Sala 13
Passeio pelos rios aquerônticos da História: ensaísmo e arte
Álvaro Renan José de Brito Alves (UFPE)
O ensaísmo como forma e procedimento constitui o modo privilegiado com que se realiza a obra de alguns artistas da seara contemporânea, tanto no audiovisual, quanto na literatura. A presente comunicação pretende investigar, a partir de certos eixos temáticos (testemunha, memória e história), diálogos possíveis entre diferentes artistas (Chris Marker, W.G. Sebald, Godard etc.) que aderem ao ensaísmo em suas obras para redimensionar o pensamento histórico, bem como a própria definição de arte.
Uma reflexão sobre o reuso das imagens de arquivo no documentário
Vanessa Maria Rodrigues (UFJF)
Até pouco tempo atrás os filmes domésticos ficavam restritos ao ambiente familiar e ao convívio da memória daquele grupo. Mas com o passar dos anos, muitos diretores perceberam o potencial desse tipo de arquivo para a construção de documentários de caráter mais subjetivo, que abordam tanto questões de cunho pessoal quanto coletivo. O artigo pretende discutir a valorização dos filmes de família e refletir sobre a importância da sua reutilização e consequente preservação.
Montagem e sobrevivência: os arquivos em Retratos de Identificação
Letícia Marotta Pedersoli de Oliveira (UFMG)
Propomos analisar a partir de alguns trechos do filme Retratos de Identificação, de Anita Leandro, como o cinema se mostra como um dispositivo relevante na reconstituição do passado a partir do presente pelo uso dos arquivos. Analisaremos como este documentário nos convoca, como testemunhas e espectadores, a partilhar este passado histórico comum, a ditadura militar, ressignificando a história através da experiência cinematográfica pela montagem.
O ensaio nos arquivos: “Sinfonia e Cacofonia” e “Cinemacidade”
Jefferson Bruno de Sousa Cabral (UFRN)
O presente trabalho parte da reflexão dos filmes “São Paulo, Sinfonia e Cacofonia” (1994) e “São Paulo, Cinemacidade” (1994) para discutir as tensões existentes entre os domínios do cinema documentário e cinema ensaio. Nesse sentido, a passagem entre imagem e documento nestes filmes de montagem proporcionam um elemento de tensão entre as formas, contribuindo para a problematização dos filmes ensaísticos e seu desenvolvimento no Brasil.
O efeito de real nas séries de tevê: o uso da imagem de arquivo
Melissa Fontenele (UFPB)
Esta apresentação propõe um exame do papel estilístico e narrativo da imagem de arquivo em duas séries televisivas contemporâneas, Narcos (Netflix, 2015-) e The People v. O. J. Simpson: American Crime Story (FX, 2016-). Para tal, o trabalho parte da concepção de efeito de real proposta por Roland Barthes adaptando-a às obras audiovisuais. Com isso, procuramos observar como o real e a ficção se confluem em um jogo de validação e simulação do texto narrativo.

PAINEL: Teoria e crítica – Coordenação: Rafael Oliveira Carvalho

20/10/2017 às 14:30 – Sala 14
A crítica de cinema como sistema promotor de crises
LUIZ GUSTAVO VILELA TEIXEIRA (UTP)
Ao eleger critérios de abordagem, a crítica se torna um olhar epistemológico, um meio possível pelo qual se chega ao cinema, refletindo sobre seu impacto no mundo. Através do exame da crítica enquanto sistema social, partindo de José Luiz Braga (2006) em diálogo com pensadores clássicos como André Bazin (2014) e Jean-Claude Bernardet (1986), pode-se compreender como a mesma se articula diante do cinema e da sociedade e quais são os mecanismos que operam estes sentidos.
Olhar, sentir, curar: o cinema de garagem e a crítica contemporânea
Diego Morais Vieira Franco (UFRJ)
O trabalho pretende esboçar certas características da crítica contemporânea de cinema que nasce da sua relação com a curadoria, a partir dos movimentos que culminaram na realização da mostra Cinema de Garagem, realizada no Rio de Janeiro e em Fortaleza, sob curadoria de Marcelo Ikeda e Dellani Lima.
Problemas acerca da cultura hermenêutica na crítica cinematográfica
Alan Campos Araújo (UFPE)
Esse trabalho parte da hipótese de que a crítica cinematográfica, bem como os estudos de cinema em geral, tendem excessivamente para uma cultura da interpretação ultra subjetiva em seus modos de refletirem obras audiovisuais. Problematizar esse estado dos estudos culturais se torna imprescindível para o trabalho, enxergando o caráter muitas vezes nocivo dessa abordagem como sendo redutora ou precipitada, bem como incapacitada de refletir satisfatoriamente novas estéticas cinematográficas.
O ideal órfico de Kubrick a partir da crítica de Godard a The Killing
Caio Menezes Graça de Carvalho (PUC-SP)
A partir de uma crítica de J. L. Godard ao filme The Killing (O Grande Golpe, 1956) de S. Kubrick, o trabalho a ser submetido empenha-se em discutir o quanto o ímpeto por originalidade em Kubrick foi desenvolvido de forma a jamais impor-se caso a capacidade da arte em surpreender fosse sacrificada. Tendo como ponto de partida o modus operandi da crítica estilística, coloca-se em foco, assim, um jogo de posicionamentos diante das potencialidades de relação entre imagem e palavra no cinema.

Palestra com Ismail Xavier (USP)

20/10/2017 às 16:30 – Sala
TOTAL: 157 SESSÕES