Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Adriana Mabel Fresquet (PPGE/UFRJ)

Minicurrículo

    Professora associada da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro é membro do Programa de Pós-Graduação em Educação (FE/UFRJ). Coordena o projeto de pesquisa Currículo e Linguagem Cinematográfica na Educação Básica e o programa de extensão “Cinema para aprender e desaprender” CINEAD É membro fundador da Rede KINO: Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual. Coordena a coleção Alteridade e Criação da Editora Autêntica e o GT Cinema e Educação da SOCINE.

Ficha do Trabalho

Título

    ABECEDÁRIOS AUDIOVISUAIS: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO CRÍTICA E CRIATIVA

Seminário

    Cinema e educação

Resumo

    Inspirada no Abecedário de Gilles Deleuze pretendo refletir sobre a potência de pesquisa, ensino e alcance de espectadores que significa a realização de abecedários audiovisuais, produzidos solicitando aos especialistas em cinema ou educação reflexões a partir de verbetes para cada letra do abecedário. Essa potência que se revela num gesto de produção colaborativa de conhecimento e imediato compartilhamento nas redes sociais. No ensaio, apresentarei alguns verbetes de vogais introduzido pelas

Resumo expandido

    Au commencement, Dieu Créa l’alphabet! Alors furent créés le ciel et la terre.
    “Vingt-deux lettres il les a gravées et les a sculptées, il les pesa et les mis em mouvement selon différentes cominaisons. Par elles, il créa l’âme de toute créature et l’âme de toute parole. […] Vingt-deux lettres fondamentales, fixées sur une roue comportant 231 portails. Et la roue tourne vers llávant et vers l’árriere… Comment les pesa-t-il et les mit-il em mouvement? Marc-Alain Ouaknin

    Etimologicamente, abecedário vem do latim tardio abecedarium. Podemos fragmenta-lo em abecê+ dê+ário, começa com a numeração das primeiras letras do alfabeto latino (A, B, C, D) e termina co o sufixo -ario (pertencimento ou relação) ou seja, que tem relação com as letras A, B, C, D, etc. De fato, abecedário provêm de origem grego, alfabeto, que compreendia as duas primeiras letras do abecedário grego, Alfa e Beta.
    A abecedário de Gilles Deleuze, produzido por Claire Parnet resultou de uma profunda amizade e conhecimento entre professor e discípula, com a condição foi “publicizar pós-mortem”. Outros abecedários tem sido produzidos com formato de livro, dissertações e teses.
    Segundo Paulo Emílio Gomes, no seu texto “O cinema no século” (1970), o cinema e sua história não datam de sua invenção técnica e sim do surgimento do púbico cinematográfico. Para entendermos melhor o que seja esse público “cinematográfico”, o universo do cinema, seu campo conceitual, especialmente com fins de formação de cineastas e professores, tenho gravado alguns verbetes de abecedários audiovisuais com Alain Bergala, Hernani Heffner, Alicia Vega, Vincent Carelli, Ignacio Agüero, Ana Mae Barbosa, Jorge Larrosa, entre outros. Tendo por objetivo investigar e aprofundar conhecimentos em diálogo presencial com pesquisadores de cinema e de educação, ela ganha contornos de ensino e em alguma medida, também de extensão. Trata-se de um gesto de comunicação da educação como resistência, por resistir de forma contundente a dicotomia entre processo produto, por constituir uma abordagem teórico-metodológica sobre as temáticas abordadas e por ativar uma nova forma de ignorância, no sentido de permeabilizar a membrana entre desejo e conhecimento. A potência pedagógica dos abecedários consiste na intenção de tornar acessível o conhecimento compartilhado e em que todos eles foram pensados para um público iniciante. O abecedário se constitui como um dispositivo crítico e criativo de pesquisa que por um lado atualiza o conhecimento investigado pelo autor, e por outro abre uma brecha para o inacabado, apontando rumos e nortes para os quais o entrevistado aponta, permitindo estabelecer uma experiência de aproximação à produção de conhecimento no ato mesmo de produzi-la, apalpando suas possibilidades e ao mesmo tempo, sua incompletude. O conhecimento parece menos “puro”, humanizado, como se pudéssemos assistir e compartilhar parte das dúvidas e das crenças de quem pesquisa algo e é atravessado por dúvidas, por algumas certezas, por desconstruções enquanto reflete sobre o tema proposto.
    A tarefa consiste em oferecer ao entrevistado algumas palavras por letra e deixa-lo livre para decidir se deseja refletir sobre elas ou se deseja propor um verbete diferente, ou simplesmente deixar alguma/s letra/s sem fazer.
    A aparente sequencia das letras gera uma ordem na produção audiovisual de conceitos que a princípio é aleatória, porém ela cria uma organicidade. Os conceitos estabelecem relações entre eles no curso da realização, ao ponto da própria sequencia do abecedário às vezes se tornar necessária, pela menção a conceitos anteriores.
    Os abecedários audiovisuais se constituem como gestos críticos de comunicação e compartilhamento de produção colaborativa de conhecimento. Na apresentação, relacionaremos verbetes das vogais e algo do mistério da sua origem.

Bibliografia

    DELEUZE, Gilles. O abecedário de Gilles Deleuze. Entrevista com G.Deleuze. Editoração: Brasil, Ministério da Educação, TV Escola, 2001. Paris: Éditions Montparnasse, 1997, VHS, 459min KOHAN, Walter Omar e XAVIER, Ingrid Mülller. ABeCedário da criação filosófica. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
    OUAKNIN, Marc Aain. Les mystères de l’alphabet. Paris: Assouline, 1997.
    SALLES GOMES, Paulo Emílio. O cinema no século. São Paulo: Companhia das letrinhas, 2015.