Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Erick Felinto de Oliveira (UERJ)

Minicurrículo

    Erick Felinto é pesquisador do CNPq e professor associado na UERJ, onde realiza pesquisas sobre cinema e cibercultura. É autor dos livros A Religião das Máquinas: Ensaios sobre o Imaginário da Cibercultura (Sulina), Passeando no Labirinto: Textos sobre as Tecnologias e Materialidades da Comunicação (EDIPURCS) e A Imagem Espectral: Comunicação, Cinema e Fantasmagoria Tecnológica (Ateliê Editorial), entre outros.

Ficha do Trabalho

Título

    Os Visitantes da Noite: Entre O Fantástico e o Reflexivo

Seminário

    Cinema e literatura, palavra e imagem

Resumo

    Noção exaustivamente explorada no domínio dos estudos literários, o fantástico ainda se manifesta como categoria híbrida e difícil de precisar. Tomando como exemplo e estudo de caso o esquecido filme de Marcel Carné, “Les Visiteurs du Soir” (1942), pretende-se investigar o estatuto das “imagens fantásticas” no cinema e na literatura, esclarecendo suas conexões com as idéias clássicas do espanto (taumaséin) e da perplexidade filosófica.

Resumo expandido

    Noção exaustivamente explorada no domínio dos estudos literários, o fantástico ainda se manifesta como categoria híbrida e difícil de precisar. Não obstante as diversas tentativas de assimilá-lo ao instrumental das teorias da narrativa (Todorov, Viegnes), o fantástico insiste em escapar a toda espécie de sistematização exaustiva, ao modo de outros termos sugestivos com os quais entretém íntimas relações, como “imaginário”, “maravilhoso”, “extraordinário” ou “estranho” (Unheimlich). No cinema, o fantástico emerge como força constitutiva, porém continuamente reprimida pela maioria dos discursos que buscam dar conta de sua história. O objetivo deste trabalho é pensar as possíveis relações que o fantástico mantém com a dimensão do pensamento reflexive e da criação de conceitos. Em outras palavras, trata-se de pensar o fantástico como dispositivo fomentador de uma dimensão filosófica na experiência cinematográfica. Tomando como exemplo e estudo de caso o esquecido filme de Marcel Carné, “Les Visiteurs du Soir” (1942), cujo roteiro foi escrito pelo poeta Jacques Prevert, pretende-se analisar o estatuto das “imagens fantásticas” no cinema, esclarecendo suas conexões com as idéias clássicas do espanto (taumaséin) e a perplexidade filosófica. A proposta central do trabalho é caracterizar o fantástico não como um claro demarcador de gênero, mas sim como uma “ambiência” engendrada pelos recursos possibilitados pelo aparato cinematográfico. No filme de Carné, o fantástico produz no espectador inicialmente uma afecção da ordem do sensível (seus efeitos e imagens engendram “sensações” fantásticas), para em seguida conduzi-lo a uma dimensão reflexiva na qual se propõe questões de ordem moral, existencial e teológica. “Les Visiteurs du Soir” será, assim, caracterizado como obra singular, na qual identificamos exemplarmente o poder das imagens cinematográficas para encenar as ligações, raramente evidentes, entre o maravilhoso (caracterizado tradicionalmente como paixão “corporal”) e o reflexivo. Nesse processo, buscar-se-á também situar a obra de Carné no universe literário e imaginário

Bibliografia

    LUCAS, Gozalo de. Vida secreta de las sombras: imágenes del fantástico en el cine francés. Barcelona: Paidós, 2001.
    MACHADO, Arlindo. Pré-Cinemas & Pós-Cinemas. São Paulo: Papirus, 1997.
    MÜNSTERBERG, Hugo. The Film: a Psychological Study. New York: Dover, 2004 (1˚ ed: 1916).
    WERNER, Marina. Phantasmagoria: Spirit Visions, Metaphors, and Media into the Twenty-First Century. Oxford: Oxford University Press, 2006.
    GUNNING, Tom. “Phanton Images and Modern Manifestations: Spirit Photography, Magic Theater, Trick Films, and Photography’s Uncanny”, em PETRO, Patrice (ed.). Fugitive Images: from Photography to Video. Bloomington: Indiana University Press, 1995.
    TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1992.
    VIEGNES, Michel. L’Envoûtante étrangeté. Le fantastique dans la poésie française (1820-1924). Paris: PUG, 2006.