Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Cristian Carla Bernava (USP)

Minicurrículo

    Carla Bernava é mestre (2010) e doutora (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Cinema, Estudos de Gênero e de Sexualidades e Teoria Queer.

Ficha do Trabalho

Título

    “Interseccionalidade” em imagens: uma análise de Pobre Preto Puto

Seminário

    Cinema e Ciências Sociais: diálogos e aportes metodológicos

Resumo

    Esta apresentação tem como objetivo discutir, por meio da análise fílmica, as possibilidades e os limites discursivos presentes na construção das intersecções entre classe, raça e sexualidade em Pobre Preto Puto (Diego Tafarel, 2016), considerando tanto a valorização dos saberes subalternos quanto a crescente importância das abordagens interseccionais para a compreensão das diferenças pelas Ciências Sociais, em especial aquelas que ganham visibilidade também por meio do cinema queer documental.

Resumo expandido

    Esta apresentação tem como objetivo discutir, por meio da análise fílmica, as possibilidades e os limites discursivos presentes na construção fílmica das intersecções entre classe, raça e sexualidade em Pobre Preto Puto (Diego Tafarel, 2016, 15 minutos).
    Para tanto, a análise tem como ponto de partida uma reflexão sobre a valorização dos saberes subalternos e sobre a crescente importância das abordagens interseccionais para a compreensão das diferenças pelas Ciências Sociais, em especial aquelas que ganham visibilidade também por meio de um cinema queer documental no Brasil.
    Se é certo que este cinema pode dar lugar ao corpo e à fala ditas subalternas, tal qual acontece em Pobre Preto Puto, sua apreensão crítica pelo cientista social, como discute Larissa Pelúcio, não envolve apenas participar de um movimento de dar voz e visibilidade àqueles que foram delas privados, mas “mais do que isso, (…) participar do esforço para prover outra gramática, outra epistemologia, outras referências que não aquelas que aprendemos a ver como as ‘verdadeiras’ e, até mesmo, as únicas dignas de serem aprendidas e respeitadas” (Pelúcio, 2009: 399).
    Neste sentido, trata-se, então, de buscar compreender as intersecções entre classe, raça e sexualidade propostas pelo corpo e pela fala de Nei D’Ogum, em Pobre Preto Puto, não apenas como relato legítimo de uma experiência subalterna, mas como expressão de uma confluência de saberes. Saberes estes que lançam desafios políticos e analíticos à própria abordagem interseccional pelas Ciências Sociais, em geral, tão acostumadas que estiveram a abordar classe, raça, gênero e sexualidade como categorias não-consubstanciadas (cf. Kergoat, 2010), mas também à uma Sociologia do Cinema que busca compreender a construção das diferenças sociais por meio das imagens.

Bibliografia

    KERGOAT, Danièle. Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais. Novos Estudos CEBRAP, No. 86, 2010, pp. 93-103.
    PELÚCIO, Larissa. Subalterno quem, cara pálida? Apontamentos às margens sobre pós-colonialismos, feminismos e estudos queer. Contemporânea, Vol. 2, No. 2, 2012, pp. 395-418.