Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Barbara Bergamaschi Novaes (UFRJ)

Minicurrículo

    Bárbara Bergamaschi Novaes é mestre em Artes das Cenas (PPGAC/ECO-UFRJ) dentro da linha de pesquisa Poéticas da Cena: Teoria e Crítica. Sua pesquisa é centrada no estudo das materialidades da Comunicação, com foco em Fotografia e Estética no Cinema. É formada em Comunicação Social (2014) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ) com habilitação em Rádio e TV. Em 2012 morou na França onde estudou Cinema na Universidade de Paris 8. Certificado em Fundamentação Artes Visuais na EAV.

Ficha do Trabalho

Título

    AFETOS ANALÓGICOS O SUPER 8 EM ELENA E ADIEU MONDE

Resumo

    Em “Afetos Analógicos” iremos observar como o uso das estéticas do analógico VHS e Super 8 nos filmes Elena (2012) de Petra Costa e Adieu Monde (1997) de Sandra Kogut se relacionam em especial com a memória. Nesses dois filmes o Super 8 é utilizado tanto como uma prática da reminiscência quanto como produtor de passados fabricados, falsas-ficções que nunca ocorreram como tal no “real”. O analógico pode ser visto como um gesto autoral e performático de resistência ativa do cineasta?

Resumo expandido

    Em “Afetos Analógicos”, iremos observar como o uso das estéticas do analógico VHS e Super 8 nos filmes Elena (2012) de Petra Costa e Adieu Monde (1997) de Sandra Kogut se relacionam em especial com a memória. Em ambos os filmes as diretoras se utilizam de imagens home-movies, vídeos caseiros de arquivos pessoais, bem como de novas imagens recentes feitas com câmeras de video VHS e Super 8. Demonstraremos como a mistura de suportes fílmicos e diferentes materialidades criam obras que invocam as operações complexas da memória e convocam diferentes acepções do tempo. A imagem analógica nos filmes atua tanto como máscara mortuária, fazendo seu papel ontológico de documento, operando como arquivo, prova irrefutável de um acontecimento, um evento; mas também trabalha a serviço do sonho, da criação, da ficcionalização do real, e da realização dos desejos e devaneios de seus autores. De que modo a escolha pelo uso de uma imagem anacrônica transparece problemáticas do contemporâneo? Como o analógico pode ser vislumbrado como experiência do campo do afeto, de um desejo de memória e de presença, de outra ordem que não somente a do documental, histórico e factível? O analógico pode ser visto como um gesto autoral, performático de resistência?

    Afetos Analógicos” demonstramos como a materialidade das imagens analógicas podem representar as complexas operações mentais da memória, como observado por Deleuze, Bazin e Benjamin. As imagens analógicas são capazes de produzir no espectador uma experiência com o tempo, que pode ser rememorado, recriado e re-elaborado. Onde atual e virtual podem conviver em constante presentificacao e atualização no agora. Neste artigo nos concentramos em especial no pensamento de Walter Benjamin sobre a memória, a aura e a perda da experiência. Observamos também como através da materialidade do Super 8 e do VHS, a imagem pode adquirir uma condição de objeto de fetiche e invocam uma “aura” e “experiência” perdidas. Levantamos também o debate de Andreas Huyssen e Jeanne Marie Gaignben sobre o trauma na sociedade ocidental e as suas negociações entre que tipos de memória não podem ser esquecidas e quais são aquelas que precisamos esquecer, demonstrando como a obcessão com a preservação da memória e do passado são características tipicamente contemporâneas.

Bibliografia

    BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1984.
    BAZIN, André. O que é o Cinema. Editora Cosac & Naify; 1a Edição. 2014.
    BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. Magia e Técnica, Arte e Política. Volume 1.Editora Brasiliense, 1996.
    DELEUZE, G; GUATTARI, F. Percepto, Afeto e Conceito. In: O que é a filosofia? Tradução: Bento Prado Jr e Alberto Alonso Muñoz. Rio de Janeiro: 34, 1992.
    DELEUZE, Gilles. A Imagem-Tempo. Tradução Eloisa de Araujo Ribeiro; São Paulo: Brasiliense, 2005.
    GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
    GUMBRECHT, Hans U. Nosso amplo presente: o tempo e a cultura contemporâne
    HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela Memória: arquitetura, monumentos e mídia. Rio de Janeiro. 116p. Coleção Agenda do Milênio. Editora UCAM, Aeroplano, 2000.
    HUYSSEN, Andreas. Culturas do Passado-presente: modernismos…