Trabalhos Aprovados 2017

Ficha do Proponente

Proponente

    Marcella Grecco de Araujo (USP)

Minicurrículo

    Marcella Grecco é doutoranda em Meios e processos audiovisuais na USP. Mestra em Multimeios pela UNICAMP, com pós-graduação em Jornalismo cultural pela FAAP e graduação em Comunicação social – habilitação em Midialogia pela UNICAMP, atualmente é professora no curso de Produção audiovisual da Faculdade Metrocamp.

Ficha do Trabalho

Título

    Quem foi a primeira cineasta brasileira?

Resumo

    Questão que norteia nossa pesquisa de doutorado, propomos no encontro uma reflexão acerca da pergunta: quem foi a primeira cineasta brasileira? O título de primeira mulher a dirigir um filme no Brasil é dado à Cleo de Verberena, que também atuou e produziu o longa O mistério do dominó negro, em 1931. Existiram outras antes? E quem foi Cleo de Verberena?

Resumo expandido

    Desde a década de 1980 quando, segundo Joan Scott (1992), começou-se um esforço no sentido de incluir as mulheres nas mais variadas histórias, presenciamos um revisar da história oficial. Alice Guy-Blanché, francesa, nascida em 1873, foi a primeira cineasta do mundo e a primeira pessoa a dirigir uma ficção, fatos desconhecidos por muitos até recentemente, já que por um bom tempo ficou ausente em livros e aulas sobre cinema. O movimento da história das mulheres tem trazido à tona nomes esquecidos no tempo, como os das cineastas pioneiras em várias cinematografias. Recentemente, um documentário dirigido pelas irmãs francesas Clara e Julia Kuperberg, intitulado E a mulher criou Hollywood (2016) trouxe a público informações valiosas a respeito da atuação das mulheres na indústria de Hollywood. De acordo com o documentário, até 1925, metade dos filmes eram dirigidos por mulheres, sendo que a primeira cineasta estadunidense de sucesso foi Lois Weber, tendo dirigido mais de 130 filmes entre as décadas de 1910, 1920 e 1930 . Descobriu-se também que na América latina as primeiras realizações são da década de 1910. As argentinas Emília Saleny e Maria V. Celestini dirigiram, respectivamente, Ninã del bosque (1917) e Mi derecho (1920). No México, o crédito de pioneira é dado à Mimí Derba, que dirigiu La tigresa, em 1917, e era proprietária de um estúdio, o Azteca Films.
    Com relação ao Brasil, o crédito de primeira cineasta é dado à Cleo de Verberena, nome artístico de Jacyra Martins da Silveira (1909-1972). Cleo dirigiu no ano de 1931, bem como atuou e produziu, o longa-metragem O mistério do dominó negro. Propomos neste encontro, portanto, uma reflexão sobre tal pioneirismo, visto que nas outras cinematografias curtas e longas dirigidos por mulheres aparecem desde a década de 1910. Por que no Brasil a primeira mulher diretora surge somente na década de 1930? Será que existiram outras antes? Procuraremos também trazer informações a respeito de Cleo de Verberena, encontradas em jornais, revistas do período e material conseguido com a própria família, que mora na cidade de São Paulo e com a qual temos contato. Tendo sido ou não a primeira cineasta brasileira, Cleo deve ser inserida na história do cinema nacional. Existe pouco material sobre esta importante figura do nosso cinema, sequer uma dissertação inteira sobre ela foi escrita. Durante nosso doutorado pretendemos reunir material sobre Cleo com a sua família e no encontro Socine pretendemos falar sobre este processo e apresentar o que já foi encontrado a respeito dela.

Bibliografia

    BERNARDET, Jean-Claude. Filmografia do cinema brasileiro, 1900-1935: jornal O estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria da cultura, 1979.
    HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Quase catálogo 1 – realizadoras de cinema no Brasil (1930-1988). Rio de Janeiro: CIEC, 1989.
    LEITE, Sidney Ferreira. Cinema brasileiro: das origens à retomada. São Paulo: Perseu Abramo, 2005.
    MUNERATO, Elice; OLIVEIRA, Maria Helena Darcy de. As musas da matinê. Rio de Janeiro: Rioarte, 1982.
    PESSOA, Ana. Carmem Santos – o cinema dos anos 20. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.
    SCOTT, Joan Wallach. História das mulheres. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992.
    SEVCENKO, Nicolau. (Org.). História da vida privada no Brasil República:
    da Belle Époque à era do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
    SOUZA, José Inácio de Melo. Imagens do passado. São Paulo e Rio de Janeiro nos primórdios do cinema. São Paulo: Senac, 2004.