Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Filipe Brito Gama (UESB)

Minicurrículo

    Graduado em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos. Professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia nas áreas de Produção, Mercado e Política do audiovisual, atuando também na área de Documentário. É realizador audiovisual, participando de diversas produções de curtas-metragens.

Ficha do Trabalho

Título

    O mercado exibidor no Brasil e na Bahia

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidade e artes da projeção no Brasil

Resumo

    Dentre os elos da cadeia produtiva do audiovisual, a exibição é o que faz a mediação com o público consumidor. Compreendendo o mercado exibidor de salas de cinema no Brasil, observa-se nas últimas décadas uma série de transformações em sua estrutura. Tendo como referência o estado da Bahia, nota-se um parque exibidor em crescimento, mas concentrado nas grandes cidades, especialmente com os complexos no sistema Multiplex e localizados em shoppings. Mas como este mercado se constitui no interior?

Resumo expandido

    A indústria audiovisual é formada por um complexo sistema de produção, distribuição e consumo de conteúdos, constituída por atividades distintas e interdependentes e por uma multiplicidade de agentes nos seus diversos setores, sendo a cadeia produtiva cinematográfica constituída por três elos principais: a produção, a distribuição e a exibição, tendo como bem simbólico deste mercado o filme (BARONE, 2009). O mercado exibidor é responsável pela venda do ingresso para o consumo do produto, com a função de mediar a relação entre filme e público consumidor. Mesmo com o surgimento de novos segmentos, as salas de cinema ainda são um importante mercado dentro dessa indústria, geralmente marcando o início da trajetória comercial do filme (SILVA, 2010).
    O circuito exibidor brasileiro hoje é formado por uma variedade de empresas de diferentes portes (grandes, médias e pequenas), contando com grandes grupos de capital estrangeiro (Cinemark, Cinépolis e UCI), e também importantes grupos de capital nacional (GSR, Araujo, Cinesystem). Como indica Ikeda (2015), o circuito exibidor nacional transformou-se significativamente nas últimas décadas, como pode ser observado em números: se nos anos 1970 o Brasil possuía “um mercado segmentado, com 3.276 salas (1975) espalhadas pelo país” (DE LUCA, 2010, p. 58) na década de 1990 este número reduz para 1.033, com o progressivo fechamento dos cinemas de rua. No fim desta década, o mercado sofre importantes alterações, com a chegada dos supracitados grupos estrangeiros e a implantação do sistema tipo Multiplex nas grandes e médias cidades, localizados especialmente nos Shoppings. Esta nova configuração apresenta também alterações em relação a mediação com o público, com a exclusão de boa da população do interior ao acesso as salas, além do aumento do preço do ingresso, provocando a redução da presença de espectadores de classes menos favorecidas. De Luca (2010) aponta para um novo perfil de público, jovem e consumidor.
    Ao observar o atual cenário do mercado exibidor brasileiro, observa-se o crescimento no número de salas e de complexos, chegando ao final de 2015 a 3.013 salas (92% digitalizadas), números próximos ao dos anos 1970. Porém, diferente do referido período, atualmente este não é pulverizado em um grande número de cidades, já que, como afirma Barone (2008), 92% dos municípios brasileiros não são equipados com salas de cinema. Analisando o Informe de Acompanhamento de Mercado 2014 divulgado pela Ancine a maior parte dessas salas estava na região Sudeste (1.574 salas), ocupando 55% do mercado. O Nordeste possuía apenas 403 salas, equivalentes a 14,2% e a Bahia 83 salas, o equivalente a apenas 2,9% do total do país. Percebe-se ainda a concentração de salas na capital, com 59 salas em Salvador e as outras 24 distribuídas em 13 municípios da metropolitana e do interior. A presença majoritária das salas nas capitais é uma realidade nacional, podendo ser percebida em todos os estados do Nordeste, por exemplo. A Bahia possui a peculiaridade de ser o estado da região com mais municípios com salas de cinema naquele ano, totalizando 14 cidades, porém deve-se ressaltar que é o estado com o maior número de habitantes no total, além de ser o maior em dimensão geográfica. Observando os últimos anos, o número de salas cresceu de 68 em 2007 para 83 em 2014. A maior parte das salas nas cidades do interior é de grupos independentes, com exceção das cidades de médio porte, como Teixeira de Freitas, Vitória da Conquista e Feira de Santana. Portanto, com relação aos grupos estrangeiros, eles atuavam apenas em Salvador. No ano de 2016, um complexo com quatro salas do Cinemark foi aberto em Juazeiro.
    Com esta leitura preliminar, observa-se na Bahia uma conjuntura semelhante ao que acontece em grande parte do país: poucas salas de cinema, concentradas nas grandes e médias cidades, com a existência de complexos multiplex em shopping, e nas pequenas cidades empresas menores ou independentes e com poucas salas.

Bibliografia

    ALMEIDA, Paulo Sergio; BUTCHER, Pedro. Cinema, desenvolvimento e mercado. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2003.

    BARONE, João Guilherme. Sessões do Imaginário. Exibição, crise de público e outras questões do cinema brasileiro. Porto Alegre, nº 20, Dez. 2008.

    BARONE, João Guilherme. Comunicação e indústria audiovisual: cenários tecnológicos e institucionais do cinema brasileiro na década de 90. Porto Alegre: Sulina, 2009.

    LUCA, Luiz Gonzaga Assis de. Mercado exibidor brasileiro: do monopólio ao pluripólio. In: MELEIRO, Alessandra. (org.). Cinema e mercado. São Paulo: Escrituras Editora, 2010. p. 53-73.

    IKEDA, Marcelo. Cinema brasileiro a partir da retomada: aspectos econômicos e políticos. São Paulo: Summus, 2015.

    SILVA, Hadija Chalupe de. O filme nas telas: a distribuição do cinema nacional. São Paulo: Ecofalante, 2010.