Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    MARIBEL BARBOSA DA CUNHA (UTP)

Minicurrículo

    É graduada em Letras: Português/Inglês (UNISUL), mestre em Ciências da Linguagem (UNISUL) e doutoranda em Comunicação e Linguagens (UTP). É membro da Rede Catarinense de Pesquisadores em Educação (RCPE) e atua como professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no Instituto Federal Catarinense Campus Concórdia (IFC Concórdia).

Ficha do Trabalho

Título

    LETRAMENTO CINEMATOGRÁFICO: UMA NOVA PERSPECTIVA

Resumo

    Este estudo propõe uma reflexão acerca do letramento cinematográfico, embasando-se nos estudos de Soares (2002), a qual afirma que a tela é um espaço de escrita e de leitura e traz não apenas novas formas de acesso a informações, mas também novas maneiras de ler e escrever. Assim, em uma sociedade em que o audiovisual ganhou espaço, saber ler um filme pode ser tão fundamental quanto ler um texto escrito.
    Palavras-chave: Cinema. Letramento cinematográfico. Adaptação literária cinematográfica.

Resumo expandido

    1 Introdução
    Historicamente, Tfouni (1988) foi quem utilizou e apresentou a primeira definição de letramento e uma possível distinção do conceito de alfabetização. A autora afirma que, “Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade” (TFOUNI, 1995, p. 20). Para ela, a alfabetização está mais ligada às práticas individuais de aquisição da escrita em contraponto ao letramento, que está mais ligado às práticas sociais dessa aquisição. Assim, podemos inferir que o letramento é uma prática social de aquisição da escrita que, por sua vez, remete-nos à habilidade da leitura.
    Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo a busca de uma compreensão mais precisa do letramento cinematográfico, pois quando se fala em leitura do cinema, há que se considerar não só a leitura fruto da compreensão do enredo, mas também uma leitura criteriosa, na qual se permita analisar outros aspectos.

    2 O letramento cinematográfico: um passeio pelas telas
    O cinema fala por meio de uma linguagem específica. Como afirma Giacometti (2008, p. 112) “A literatura se firma em forma de palavra escrita, enquanto em uma composição fílmica, a imagem se sustenta em vários elementos […]”. Entende-se que a leitura não se encontra somente no livro, o filme em si faz apelo à capacidade de o espectador ler a imagem e o seu discurso. Para que aconteça o letramento cinematográfico, supõe-se interpretar o ato de ler como o desejo de dar significação ao conjunto de todas essas técnicas que compõem a linguagem cinematográfica. Acrescenta, ainda, Avellar (2007, p. 45) que a leitura de um filme “vai além da superfície do texto, além do que nele se pode ver e ler. Vai ao invisível do texto […]”.
    A linguagem cinematográfica vai além daquilo que podemos ver e só é completa se acionamos aquilo que está implícito aos olhos: a leitura prévia, digo aqui, o letramento cinematográfico, pois o processo de leitura requer um conhecimento anterior do que se está assistindo, que é a compreensão do conteúdo. Atualmente, saber ler um filme pode ser tão fundamental como ler um texto escrito. Bentes (1998) afirma em seu artigo: A universidade concorre com a mídia, que hoje cresce a demanda por educadores preparados e especializados em desenvolver o sendo crítico do seu alunado, pois é fato que há um acúmulo muito grande de informações, dessa cultura audiovisual, já que ainda temos uma maioria significativa de pessoas ditas letradas, mas que não conseguem extrair o mínimo de informação das telas.
    Assim, percebe-se que quando se fala em leitura do cinema, há que se considerar uma leitura criteriosa que permita analisar diversos aspectos. E como artes, a literatura e o cinema carecem de um leitor, assim também, propagando-se a extrema importância da existência de um espectador.
    Portanto, o letramento cinematográfico está ligado a uma prática social de aquisição da escrita que nos reporta a uma habilidade leitora, possibilitando ao espectador/leitor fazer a leitura de temáticas (políticas, sociais, culturais), relacionamentos, embates e discussões, alegrias e tristezas, vitórias e derrotas das cenas apresentadas nas telas.

    4 Considerações Finais
    Grosso modo, o público escolar vê a linguagem utilizada na adaptação carregada de sinônimos depreciativos, parece sempre fazer menção a algo deformado, incompleto, monstruoso, e que precisará engajar-se a uma outra obra para ter sentido. A questão, no entanto, é que o letramento cinematográfico precisa ser repensado e planejado de maneira reflexiva. Pois, quando se fala em uma adaptação literária cinematográfica, parece soar que o professor irá simplesmente “passar um filme”, porém tal ação será o início de uma prática de leitura além livro. Assim, o cinema ganhará espaço na sala de aula, reforçando o letramento cinematográfico como um aliado na ampliação do acervo do alunado.

Bibliografia

    AVELLAR, J. C. O chão da palavra. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
    BENTES, I. A universidade concorre com a mídia. Revista Lumina da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (Facom/UFJF), v.1, n.1, p.77-84, jul/dez. 1998.
    GIACOMETTI, M. V. Tradução fílmica do conto “Au bord du lit” de Guy de Maupassant. 2008. 200f. Dissertação – Curso de Pós-graduação em Letras na área de Língua e Literatura Francesa, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
    SILVA, B. N. S. Cinema e formação: um repensar de ações pedagógicas. Anais da ALB, 16º COLE, Uberlândia, 2007. Disponível em:. Acesso em: 11 janeiro 2010.
    SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 143- 160, dez. 2002.
    TFOUNI, L. V. Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes, 1988.
    ______. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.