Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    giselle gubernikoff (ECA USP)

Minicurrículo

    Giselle Gubernikoff possui graduação em Cinema (1976), Mestrado em Cinema (1985), Doutorado em Cinema (1992), Livre-docência em Ciências da Comunicação/ Publicidade (2000), pela ECA USP. Professora Titular pela ECA USP em Artes Visuais/Multimídia e Intermídia na especialização Fotografia, Cinema e Vídeo (2002). Tem ampla carreira na área de Produção Audiovisual/ Cinema, com ênfase em Produção, Roteiro e Direção Cinematográficos. Em 2016 lançou o livro Cinema Identidade e Feminismo

Ficha do Trabalho

Título

    A EVOLUÇÃO DO HOMEM FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS – UMA INTRODUÇÃO

Resumo

    Uma análise histórica das diferentes abordagens teóricas sobre a interseção entre Cinema e Arte, Cinema como Arte, define a arte como uma imersão sensorial. As transformações ocasionadas pela revolução industrial com a introdução de novas tecnologias na obra de arte modificam a percepção e a recepção estética a partir de uma nova forma de olhar. Nos anos de 1990, as mutações por que passaram a cultura de massas e a indústria cultural com o surgimento da cultura de mídias ocasionam novas relações de percepção com o meio ambiente.
    A infraestrutura de circulação determina diferentes culturas de cinema. Entre 1910 a 1930, se desenvolve um circuito de cinema como forma de arte, que se delineia a partir de artistas da avant-guard europeia. A imposição do filme narrativo como uma forma basilar do cinema comercial provoca uma divisão formal separando o cinema em dois polos: o cinema narrativo versus o cinema experimental. Mas, o que se vê são apropriações de ambos os lados.

Resumo expandido

    Através de uma análise histórica das diferentes abordagens teóricas sobre a Interseção entre Cinema e Arte, procura-se definir a arte como uma imersão sensorial. Para Chklovsky “estranhar consiste em construir, através da linguagem, circunstâncias singulares de percepção”. Da mesma forma, Brecht utiliza o conceito de estranhamento em sua obra como tentativa de “desautomatizar” a percepção. Já Jacobson discute o conceito de dominante, o elemento que governa e determina uma obra de arte, garantindo a coerência estrutural. Em 1967, a Teoria da Recepção de Hans Robert Jauss coloca o feito artístico no complexo produção/recepção revelando a influência da arte no universo do indivíduo, descondicionando e quebrando a passividade.
    As transformações ocasionadas pela introdução de novas técnicas de reprodução na obra de arte durante a Revolução Industrial modificam a percepção e a recepção estética da modernidade a partir de uma nova forma de olhar. Para Walter Benjamin o cinema era uma arte democrática destinada às massas e seu alto custo de produção estimulou o seu caráter de mercadoria: a experiência do choque do teatro de atrações ampliou-se e observa-se a aplicação da tecnologia como meio de comunicação de massa e a sua consequente apropriação por movimentos artísticos.
    Nos anos de 1990, baliza-se as mutações por que passaram a cultura de massas e a indústria cultural com o surgimento da cultura de mídias, ocasionando novas formas de narrativa e consequentemente novas relações de percepção com o meio ambiente.
    A infraestrutura de circulação determinou diferentes culturas de cinema, com diferentes status simbólicos. Neste sentido, a sala de arte recolocaria o cinema dentro dos contornos da obra de arte. Entre 1910 a 1930, se desenvolve um circuito de cinema como forma de arte, concomitante às vanguardas artísticas, que se delineia a partir de artistas da avant-guard europeia. O cinema como arte ou a narrativa de vanguarda, se esboça a partir da década de 1920, do cubismo ao futurismo, do dadaísmo ao surrealismo.
    Apesar de ser difícil definir os dois percursos, já que alguns cineastas se moviam de uma esfera à outra, esta corrente foi vista como formadora de um novo tipo de cinema, diverso do filme comercial. Esta prática artística envolvia tanto as artes visuais como o cinema.
    Se o ‘cinema arte’ dividia a sua admiração pelo filme americano com o temor da dominação do mercado por Hollywood, os norte-americanos, por sua vez, se tornaram entusiastas do que seria posteriormente denominado de cinema experimental. Este movimento incluía vários movimentos artísticos da época: o expressionismo alemão, o impressionismo francês, o futurismo, o construtivismo e o dadaísmo, além da escola soviética de cinema, com Dziga Vertov, Vsevolod Pudovkin e Sergej Ejzenštein; o cinema japonês de Teinosuke Kinugasa e Jûjiro; e alguns cineastas independentes como Abel Gance, Friedrich Wilhelm Murnau e Carl Theodor Dreyer. Estes últimos, opondo-se ao cinema comercial a favor de um cinema cultural, procuravam um tipo de cinema que se igualasse as outras artes. Na procura de uma “arte pura” buscam a autonomia sobre o meio adotado, daí a experimentação que leva o cinema a uma forma de arte. Por outro lado, artistas plásticos como Man Ray, Marcel Duchamp, Picabia, Fernand Léger, passam a experimentar essa nova linguagem.
    A imposição do filme narrativo como uma forma basilar do cinema comercial provoca uma divisão formal com a avant-garde separando o cinema em dois polos: o cinema narrativo versus o cinema experimental. Mas, apesar destas linhas se manterem como termos opostos, historicamente o que se vê são apropriações e realinhamentos de ambos os lados. O que fica claro é uma divisão entre as diferentes formas e práticas culturais, o valor da cultura de massa e o valor da alta cultura, configurada na dicotomia entre o triunfo do capital versus as salas de arte, e a relação entre arte mimética e a ruptura representacional colocada pelo cubismo.

Bibliografia

    BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In http://ideafixa.com/wp-content/uploads/2008/10/texto_wbenjamim_a_arte_na_era_da_reprodutibilidade_tecnica.pdf (acessado 19/11/2014)
    FARIAS, Agnaldo. A Arte e sua Relação com o Espaço, Universidade de Caxias do Sul (SC), 28.04.1997. Boletim número 16.
    FERRARA, Lucrécia. A Estratégia dos Signos: Linguagem/ Espaço/ Ambiente Urbano. Petrópolis: Ed. Perspectiva, 1981.
    GUBERNIKOFF, Giselle. A Linguagem Cinemática: Uma Nova Linguagem. Conexão: Comunicação e Cultura, v. 12, p. 15, 2013.
    MILONE, Marco. Cinema Experimental. in http://cinemasperimentale.it/2013/08/21/i-circuiti-dell-arte-cinema/?goback=%2Egde_1528147_member_267728674#%21 (acessado em 24 set. 2013).
    SANTAELLA, Lúcia. Culturas e Artes do Pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura.
    São Paulo: Paulus, 2003