Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Luciana Corrêa de Araújo (UFSCar)

Minicurrículo

    Pesquisadora e professora do Departamento de Artes e Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som, da Universidade Federal de São Carlos. No Pós-Doutorado (Unicamp), pesquisou as atividades cinematográficas em Pernambuco nos anos 1920. Publicou, entre outros trabalhos, os livros “Joaquim Pedro de Andrade: primeiros tempos” e “A crônica de cinema no Recife dos anos 50″, e organizou “Estudos de Cinema Socine” VII (2006) e VIII (2007), com Rubens Machado e Rosana de Lima Soares.

Ficha do Trabalho

Título

    A MGM em São Paulo: atrações de palco e tela no Teatro Santa Helena

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidade e artes da projeção no Brasil

Resumo

    Esta comunicação irá abordar as estratégias de exibição empreendidas ao longo de 1927 pelo consórcio firmado em São Paulo entre a Metro-Goldwyn-Mayer e a empresa exibidora Reunidas. Será analisado especialmente o caso do Teatro Santa Helena e seus programas mistos, com atrações de palco e tela, procurando compreender a sala de cinema enquanto espaço privilegiado na articulação de relações intermidiáticas, envolvendo cinema, teatro, música e outras práticas artísticas e culturais.

Resumo expandido

    Em janeiro de 1927 têm início em São Paulo as atividades do consórcio cinematográfico estabelecido entre a Metro-Goldwyn-Mayer e a Reunidas, empresa que desde janeiro de 1924 praticamente dominava todos os grandes cinemas e teatros da cidade (cf. SOUZA). Embora o primeiro grande lançamento, “O barqueiro do Volga” (Cecil B. DeMille, 1926), aconteça já em janeiro no Cine República, a grande investida da Reunidas-MGM se dá a partir de março no Teatro Santa Helena, com a exibição de “The big parade” (King Vidor, 1925). Os jornais anunciam que a sociedade marca “o início dos processos norte-americanos de apresentação dos grandes filmes” (Diário da Noite, 10 jan 1927, p.2). Esta comunicação irá abordar as estratégias de exibição empreendidas pela Metro-Reunidas desde janeiro até novembro de 1927, quando o consórcio é desfeito. Iremos nos deter especialmente no caso do Teatro Santa Helena e nas relações entre as atrações de palco e tela que constituíam os programas deste luxuoso cineteatro, inaugurado no final de 1925. Prólogos cinematográficos, “mise-en-scène própria” (Diário da Noite, 15 jan 1927, p.2) e trupe de variedades estavam entre as atrações que antecediam os filmes, muitas delas especialmente preparadas para proporcionar a atmosfera adequada para o longa-metragem em cartaz. Contribuíam também para valorizar o espetáculo como um todo a iluminação e a cenografia da sala, a decoração do cinema, os figurinos dos funcionários e a performance da orquestra, à qual especial atenção era dedicada, no que diz respeito tanto aos prólogos e espetáculos de palco quanto ao acompanhamento musical dos filmes, que deveria se harmonizar ao clima de cada cena. Ao investigar os vários elementos envolvidos nesses “processos de apresentação dos filmes”, nosso objetivo é estudar a sala de cinema enquanto espaço privilegiado na articulação de relações intermidiáticas, envolvendo cinema, teatro, música e decoração, entre outras práticas artísticas e culturais.

Bibliografia

    ALTMAN, Rick. Sound theory, sound practice. New York: Routledge, 1992.
    CAMPOS NETO, Candido Malta; SIMÕES JÚNIOR, José Geraldo. Palacete Santa Helena – Um pioneiro da modernidade em São Paulo. São Paulo: Senac/Imprensa Oficial, 2006.
    HANSEN, Miriam. Babel and Babylon. Harvard University Press, 1991.
    MELNICK, Ross. American showman – Samuel “Roxy” Rothafel and the birth of the entertainment industry. New York: Columbia University Press, 2012.
    SOUZA, José Inácio de Melo. Inventário dos espaços de sociabilidade cinematográfica na cidade de São Paulo: 1895-1929. – www.arquiamigos.org.br/bases/cine.htm