Trabalhos Aprovados 2016

Ficha do Proponente

Proponente

    Consuelo Lins (UFRJ)

Minicurrículo

    Consuelo Lins é professora da ECO/UFRJ. Mestre pela ECO/UFRJ, doutora e pós-doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade de Paris 3 (Sorbonne Nouvelle); pós-doutora também pelo Birkbeck College, Universidade de Londres. Publicou “O documentário de Eduardo Coutinho; televisão, cinema e vídeo” e, com Cláudia Mesquita, “Filmar o real, sobre o documentário brasileiro contemporâneo”. Dirigiu Lectures (2005), Leituras Cariocas (2009), Babás (2010), entre outros.

Ficha do Trabalho

Título

    Vida sensível na Trilogia da solidão, de Cao Guimarães.

Seminário

    Interseções Cinema e Arte

Resumo

    Nossa proposta é analisar os filmes que integram a Trilogia da solidão, que consolida de vez a importância do artista mineiro Cao Guimarães no cenário audiovisual contemporâneo. A trilogia se compõe dos documentários A alma do osso (2004) e Andarilho (2006) e da ficção O homem das multidões (2013), dirigida em parceria com o cineasta pernambucano Marcelo Gomes. Trata-se de identificar em cada uma das obras características singulares e, ao mesmo tempo, pontos em comum na construção fílmica de mod

Resumo expandido

    Nossa proposta é analisar os filmes que integram a Trilogia da solidão, que consolida de vez a importância do artista mineiro Cao Guimarães no cenário audiovisual contemporâneo. A trilogia se compõe dos documentários A alma do osso (2004) e Andarilho (2006) e da ficção O homem das multidões (2013), dirigida em parceria com o cineasta pernambucano Marcelo Gomes. Trata-se de identificar em cada uma das obras características singulares e, ao mesmo tempo, pontos em comum na construção fílmica de modos diversos de praticar a solidão.

    Captar o modo como a matéria sensível penetra a sensibilidade dos personagens que circulam nos seus filmes e o modo como essas sensibilidades experimentam o mundo vivido; apreender o estado sensível dessas existências obscuras, deixar-se impregnar das percepções e dos afetos de indivíduos à margem do mundo formal, despersonalizados e, ao mesmo tempo, carregando nos próprios corpos e no pensamento estilhaços de uma história pessoal aqui e ali misturados à história do mundo; captar fluxos de vidas imemoriais em imagens e sons, eis o que faz Cao Guimarães.

    Discutiremos ainda como a formação de Cao Guimarães nas artes plásticas – na fotografia, em curtas experimentais e na videoinstalação – foi fundamental para o artista expandir os limites do documentário, operando um deslocamento sutil, mas decisivo, na abordagem de situações e personagens pertencentes às camadas populares no Brasil. Nos indivíduos que filmou, não foram as causas que os levaram àquela condição que o cineasta explora, e sim as relações sensoriais deles com o mundo, os gestos cotidianos, as experiências ordinárias.

Bibliografia

    DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Qu’est-ce que la Philosophie?. Paris: Minuit, 2005;
    DELEUZE, Gilles. A imagem-tempo, cinema 2. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006.
    GIL, José. “As pequenas percepções”. In: LINS, Daniel; FEITOSA, Charles (orgs.). Razão nômade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
    GUIMARÃES, Cesar. “A experiência estética e a vida ordinária”. In: e-compós. 1 (2004). In: http://www.compos.org.br/e-compos. acessada em 05/02/2013
    LINS, C. “Experiência sensível e vida ordinária em Cao Guimarães in Compos 2013. http://compos.org.br/data/biblioteca_2082.pdf;
    PAINI, D. Le temps exposé: le cinema de la salle au musée. Paris: Cahiers du cinéma, 2002.
    RANCIÈRE, J. Malaise dans l’Esthétique. Paris: Galilée, 2004;
    RANCIÈRE, J. Aisthésis: scènes du régime esthétique de l’ art. Paris: Galilée, 2011.
    RANCIÈRE, Jacques. Le fil perdu. Essais sur la fiction moderne. Paris: La fabrique, 2015.
    SCHAEFFER, Jean-Marie. Adieu à l’Esthétique. Paris: PUF, 2000;